Já estava quase apto em duas semanas, as aulas não pareciam mais tão desafiantes, e os amontoados de quartos,campos e salas não eram labirintos, a comida parecia mais tragável e até mesmo os professores cm seus olhares de reprovação já não eram tão medonhos.
Aos poucos o lugar foi ficando com cara de "lar", com Gaby e Heitor cada vez mais presentes.
Não que eu quisesse ficar ali, estava ansioso por sair, mas já não me parecia mais um castigo estar ali, e com esses pensamentos eu acordei. Embora preferisse morrer do que levantar, sabia que tinha que tomar um banho rápido e trocar de roupas para acompanhar o ritmo rápido de meus colegas de quarto.

Heitor:-Você já levantou?! Que droga. Adoro te derrubar da cama com travesseirada na cara de manhã.-Ele ria.

É ele ficou me atormentando com isso todo santo dia até eu começar a acordar mais cedo para isso não ocorrer.

Ken:-E é por isso que eu acordei...-Também acabei rindo e fui me aprontar.

Mas mesmo tentando alcança-los, eu ainda era mais lerdo. Enquanto eu quase corria pra chegar na cantina os dois me acompanhavam caminhando enquanto riam de minha cara vermelha. Esse é o preço por ficar só comendo biscoito e não praticar exercício, o vida.

Tomamos café rapidamente para não chegarmos atrasados no dojo. Era aula de combate corporal.

Não tem como começar melhor essa aula do que chegar suado e cansado da corrida entre o refeitório até o dojo, o professor (como todos os outros) sustentava aquele odioso olhar de reprovação.

Como eu odiava aquela aula. Sempre apanhava, mesmo se fosse contra Heitor ou Gaby. Eles não facilitavam nada e ainda tiravam uma da minha cara no final da aula.
O professor aplicava golpes em um auxiliar e pedia para que repetissemos, o que, principalmente, Gaby e Heitor faziam com uma enorme facilidade, enquanto eu não tinha a mínima ideia de como fazer.

Com o professor não aguentando mais ver meu fracasso, me ajudou a executar alguns simples golpes, muito melhor do que nada.

No final da aula eu estava totalmente dolorido, com a sensação de ter sido atropelado por um caminhão, e saí praticamente rastejando.

Heitor:-Cara, você ta péssimo!-Gargalhou.

Eu:-Obrigado pela parte que me toca.-Estava dolorido demais para aguentar a zoação deles, mas vocês acham que eles ligam?!

Gaby:-Fica assim não, Ken... Você só precisa começar malhar e treinar mais.-Disse após parar de rir.

Malhar mais?! É verdade que nos fins de semana alguns alunos tiram o dia para fazer isso, mas eu só utilizei para descansar mesmo. Será que esse era meu erro?! Se bem que amanhã já é sábado, eu podia começar a fazê-lo.
Estava decidido, amanhã iria começar a fazer musculação!

Mas falar é muito mais fácil do que fazer, caminhei até a próxima aula tentando imaginar o estado em que me encontraria amanhã.

Entramos em uma pequena sala de paredes brancas cm um enorme quadro negro, aula de física, uma coisa que sou realmente bom.
O professor atividades complexas no quadro, quais eu respondia rapidamente a todas enquanto o resto da sala ficava surpresa.

Mas como sempre, Akira tinha que fazer uma de suas piadinhas.

Akira:-Ah claro, tinha que ser o quatro-olhos nerd para responder tudo correto, né senhor "Ratinho de Laboratório"?!-A sala toda riu.

Eu já não aguentava mais ele no meu pé. Havia me decidido. Iria começar a treinar e me dedicar mais para me tornar o melhor daqui, ou pelo menos para fazê-lo retirar tudo o que disse!

Professor:-Senhor Akira, peço que não atrapalhe minha aula, ou serei obrigado a lhe retirar de sala.-Falou seriamente, mas não parecia pelo que ele disse mas sim por ele ter feito tumulto na sua aula.

Apesar de todas as provocações, me divirto vendo eles pirarem com as atividades mais simples enquanto eu já havia terminado todas as outras, e pela primeira vez, o olhar de reprovação não era para mim, mas sim para Akira.

Logo essa aula terminou e fomos para aquele mesma pista de treino e a percorremos pelo resto do dia. Já estava melhorando muito nela. Embora ainda precisasse de ajuda.

Toda a minha raiva eu descontava com as pernas, como se correr fosse me levar pra longe de todos os problemas.
Já havia alguns minutos quando reparei que Gaby e Heitor já haviam parado e me olhavam fixamente, diminuí o passo e fui até eles e perguntei o porquê de me olharem tanto.

Gaby:-Você mudou tanto em tão pouco tempo. Mudanças boas... Já não é mais aquele garotinho fracote que eu protegia.-Falou com emoção na voz.

Heitor:-Isso mesmo carinha, você já é quase um de nós.-Fez um joinha com a mão.

Confesso que me senti meio lisonjeado. Agradeci timidamente e voltamos juntos para os dormitórios, como sempre. Fiz minha higiene e fui dormir, amanhã começaria minha verdadeira mudança!