Dear Diary - Anne Roberts escrita por Milena Everton


Capítulo 8
Meu porto seguro?


Notas iniciais do capítulo

GENTEE, desculpa pela demora, ainda não to de férias e to cheia de trabalhos! :'(
Mas tá ai mais um cap pra vocês, tentei fazer maior e com mais detalhes, mas to um pouco sem tempo. As férias já vem ai, então eu compenso tá? :)
Boa leitura!



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Algumas pessoas afirmam que não existe um ser supremo que tem tudo nas mãos e sobre controle, mas eu tenho certeza que este ser existe. Afinal, quem mandaria alguém tão especial como Nikola para me ajudar? Era impressionante como ele me fazia bem e me deixava mais leve. Com ele a carga parecia menos pesada, e os sentimentos menos confusos. Tudo parecia controlado e calmo dentro de mim, aquela sensação de tranquilidade era tão boa que eu desejava tê-lo perto sempre.

– Eu achei que não, mas... Você já ajudou.

O garoto sorriu ao ouvir minhas poucas e sinceras palavras, depois nos abraçamos e eu pude mais uma vez me sentir segura.

Ficamos por ali o resto da manhã, Nikola fazia de tudo para que eu sorrisse e aquilo não era muito difícil, afinal ele era palhaço por natureza. Com o passar dos minutos fui esquecendo o que me corroía por dentro e a confusão foi dando lugar para a alegria. Corríamos pela areia e brincávamos de brigar, coisa que eu fazia com James na fazenda quando tudo era mais simples. James... Ele poderia roubar meu sorriso tanto para o bem quanto para o mal. Ele não sabia, mas tinha total controle sobre minhas emoções, sobre meus sonhos... Sobre mim.

– Ah! De novo?! – resmungou Nikola em tom de brincadeira – Esse cara veio mesmo só pra roubar minha Anne sorridente, é?

Ele sorriu e eu sorri em resposta tentando fugir dos pensamentos atormentadores.

Nikola sentou-se e bateu duas vezes de leve na areia ao seu lado pedindo para que eu sentasse junto a ele e assim eu fiz.

– Vocês não são irmãos, não é mesmo? – quis saber.

Olhei para Nikola sem saber se eu respondia o que eu sabia ou o que eu sentia. Eu sabia que nós não éramos irmãos. Éramos primos criados juntos. Desde criança eu conhecia James e eu achava que gostava dele apenas como irmão, até claro, eu decidir complicar minha vida e me apaixonar pelo meu primo. Mas eu sentia que não tínhamos nenhum parentesco, que na realidade éramos almas destinadas uma para outra. Almas gêmeas. Entretanto, o que eu sabia era um pensamento racional e o que eu sentia era um pensamento emotivo, sem nexo e completamente fora da realidade. Era um sonho irreal e que não tinha chances de tornar-se verdade um dia. Então preferi dar-lhe a resposta menos idiota.

– Somos primos. Fomos criados juntos.

Nikola ergueu as sobrancelhas franzido a testa levemente mordendo seu lábio inferior. Ele parecia refletir para falar, quem sabe, algo para melhorar minha vida.

– Anne, é normal se apaixonar por primos.

– Não estamos apaixonados! – falei na defensiva.

– Claro que estão. Você não percebe como ele te olha? Eu até achei estranho, porque eu não olho assim pra Jullie e não conheço nenhum outro casal de irmão que se olhem da maneira que vocês se olham. – ele fez uma pausa esperando que eu dissesse algo, mas naquele momento eu queria mais ouvir do que falar então ele prosseguiu – Não é bacana ficar com primos por que... Você sabe, vai que os filhos de vocês nasçam com algum problema! – eu ri pela maneira desconfortável que ele falava do assunto – Sério, mas tipo, eu já fiquei com uma prima minha. Na verdade com duas, mas foi só isso mesmo. Só quero te dizer que se você acha que vale a pena, vai em frente.

Fiquei meio minuto raciocinando aquelas palavras, mas e meus pais? Eles nunca apoiariam tal loucura. E meus filhos? Conheço casal de primos que até hoje se arrependem, pois os filhos nasceram com problemas de formação. Mas e se não desse certo? Agora que eu tenho dezesseis anos, é possível uma menina com essa idade amar incondicionalmente pela vida inteira? E James, será que ele jogaria ao léu todos seus próximos anos pra viver com uma garota só? E se o que ele sente é passageiro? E se o que eu sinto for passageiro? E se ele se apaixonar por outra?! Suspirei fundo sem saber responder minhas próprias perguntas e apoiei a cabeça no ombro de Nick.

– Esse é o problema Nick. Não sei se vale a pena.

Depois de algum tempo junto a Nick fomos para a casa de Emm almoçar. Chegando à grande varanda com piso e objetos decorativos de madeira – pelo menos a grande maioria – vimos à senhora Summer – que odiava ser chamada de senhora – estava pondo as comidas à mesa com a senhora Roberts, mesa redonda branca com seis cadeiras, enquanto meu pai e James assistiam futebol americano na sala. Como eles eram parecidos! Pensei ao vê-los na torcida pelo seu time favorito.

– Nikola, estamos querendo ficar até a noite e ir amanhã cedo para casa. Vai ter uma festinha na praia e eu tenho que ir! – disse Emm bastante empolgada trazendo alguns pratos para a mesa – Será que sua mãe se importa?

– Não sei, mas eu não trouxe roupa adequada...

– Sem problemas! Vou buscar roupas mais tarde e você pode ir comigo. Se preferir não vir à noite você pode até ficar por lá. Mas não sabe o que vai perder! – disse balançando os quadris em uma dancinha. Nós rimos.

– Você poderia trazer a Jullie também! – sugeri.

– Então tudo bem! – disse animado.

– Ótimo – disse Emm rodopiando pela varanda.

– Quem é Jullie? – falou James sério encostado na porta que parecia pequena devido a sua estatura.

– É a irmã do Nick. – falei tentando normalizar o clima entre nós.

James ergueu as duas sobrancelhas dando fim ao assunto. Aquela situação estava muito desconfortável para mim, naquele momento estávamos parecendo dois estranhos.

No momento seguinte Emm chamou todos para almoçar. Com todos já à mesa, quem mais falava como sempre, era a senhora Summer, meu pai a cortando e ela retrucando, pareciam duas crianças, eu ria com a cena. Passando-se alguns minutos de “discursões” entre meu pai e minha tia, minha mãe se pronuncia já no fim da refeição.

– Então, como todos sabem, eu amo romance – minha mãe inicia e eu já previa que boa coisa não vinha – e sabem que eu sempre estou do lado do amor...

– Desembucha logo Esme. – resmungou minha tia.

– Acalme-se Emm. Então, estão namorando?! – minha mãe disse empolgada olhando para Nikola e eu.

O loiro arregalou os olhos e eu me engasguei com a comida. O senhor Roberts e James bufaram com o que ouviram e Emm me encarava esperando qualquer resposta que fosse - de preferencia a que ela queria ouvir.

– Mãe! – retruquei ainda tossindo.

Nikola apenas riu depois do susto e deu algumas batidas de leve nas minhas costas. Ele era o único que conseguia ri naquela situação.

– Diga querida. Seu pai não precisa aceitar nada. Aqui velhos ranzinzas não tem vez!

– Além de velha doida agora é cúpida também? – retrucou meu pai.

– Vamos menina, responda! – disse Emm ignorando o senhor Roberts.

– Se é que eu possa responder, não temos nada... – Nikola falou ainda se divertindo com a situação – pelo menos ainda não temos nada.

Emm e Esme se entreolharam com sorrisos de orelha a orelha, pareceram gostar do que ouviram. O senhor Roberts franziu a testa e permaneceu com os braços cruzados sem nenhuma emoção, apenas assentiu em negativa. Olhei para Nikola que ainda passava a mão nas minhas costas e ele encarava alguém com um sorriso largo nos lábios, virei o rosto para saber de quem se tratava. James. Lógico! Levantei-me apressada e fui para cozinha atrás de agua, ainda engasgada com a comida, nem tive tempo para me explicar deixando Nikola sozinho com duas feras e duas casamenteiras.

A cozinha tinha um tamanho adequado, porém, quase não tinha mobília. Apenas um grande armário, fogão, geladeira e um balcão com um espelho gigante preso à parede.

– Agora é oficial? – disse James invadindo o ambiente – que palhaçada foi aquela Anne?

Ainda tomando água perto do balcão, mantive-me calada acompanhando seus passos pelo reflexo do grande espelho. Seu semblante estava carregado de fúria, seus músculos estavam enrijecidos e seus punhos fechados. Parecia que poderia tirar a vida de qualquer um com socos firmes.

– Você sabe que ele não falava serio. – disse pondo o copo em cima do balcão permanecendo da mesma maneira.

Senti que ele estava mais próximo e que apenas centímetros separavam nossos corpos, mas não ousei levantar o rosto. Suas mãos tocaram meus braços subindo até os ombros, senti sua respiração perto da nuca e um arrepio subiu a coluna. Sua boca encostou-se à minha orelha e eu sentia um frio na barriga, borboletas no estômago. Fechei os olhos.

– Eu não to nem ai pra aquele fedelho. – sussurrou em meu ouvido e eu pude sentir seus lábios brincando na minha orelha. – Desde que você escolha a mim e não a ele.

Abri os olhos, reflexiva. Onde ele queria chegar? Porque ele age como se fosse a coisa mais natural do mundo? Porque ele fala sustentando meus sonhos irreais se ele nem os conhece?

Virei-me e o olhei nos olhos.

– James não há nada que possamos fazer. Se formos irmãos ou primos isso não importa, isso que nós sentimos é... Errado. Ninguém vai nos apoiar. Nosso destino já foi traçado e mesmo que doa... O melhor é que nós nunca mais ficássemos juntos de outra maneira. Estava tudo tão bem entre nós, não precisamos complicar tudo. – eu tentava passar a ele uma certeza que eu não tinha. Eu queria que ele acreditasse, talvez fosse mais fácil, mas só Deus sabe o quanto aquilo doía e o como eu queria que ele não aceitasse ficar longe de mim.

Poucos milímetros nos separavam. Olhei para aqueles olhos lagrimejantes, pude ver a dor que cada palavra que eu dizia causava a ele e era simplesmente a mesma que elas me causavam. Mas se não fosse naquela hora seria mais tarde, não adiantaria continuarmos prolongando uma coisa que não tem futuro.

James me olhou avaliando minha expressão, eu tenho certeza que ele sabia o quanto aquilo também era difícil pra mim. Colocou as mãos no balcão que estava por trás de mim me deixando presa entre seus braços e inclinou seu rosto para perto de meu ouvido. Minha face ficou perto do seu ombro e eu inalava aquele cheiro que eu tanto amava, como eu iria conseguir ficar sem ele? Olhei para seu pescoço, sua orelha, me surgindo uma vontade devastadora de mordê-lo e beija-lo como se fosse a ultima vez, então fechei os olhos tentando me conter. Ele roçou o nariz pela pele exposta me causando turbilhões de sensações e aproximou os lábios da minha orelha.

– Quem decide o nosso destino somos nós mesmos, e às vezes o que parece ser não é. Estava tudo bem entre nós, nós apenas decidimos fazer melhor.

James roçou os lábios quentes em minha nuca com urgência, como na noite passada e os pensamentos voaram para longe incluindo minha racionalidade. Passei as mãos velozmente pelos seus músculos indo parar em sua raiz capilar, puxei os curtos fios escuros o trazendo para mais perto. O garoto mapeou toda a minha costa e eu matei todo meu desejo beijando e mordendo a pele exposta da sua nuca próxima à orelha, ele pareceu satisfeito. Sem notar eu já estava sentada no balcão em um beijo quente com meu primo. A língua dele conheceu todo o céu da minha boca e quanto mais ele me beijava mais eu o queria. Eu não tinha forças suficientes para afasta-lo de mim, eu não queria afasta-lo.

James enfiou as mãos por baixo do tecido de minha blusa agarrando com segurança a minha pele e eu suspirei alto, o prazer me dominava, cada toque, cada beijo, o calor que ele emanava. Tudo era bom.

Então ouvi aquela voz invadir o ambiente e senti que tudo o que eu estava fazendo, era errado.

– Sorte de vocês que quem veio buscar a sobremesa para os pais de vocês fui eu.

Afastei-me depressa de James ao ver Nikola parado perto da porta da cozinha.

Eu nem acreditava que tinha me rendido, praguejei mentalmente minha falta de força.

James com a respiração ofegante e Nikola o encarando com os braços cruzados com o semblante sério. Não sei se foi impressão minha, mas ele pareceu insatisfeito.

Eu não fazia ideia do que falar, não tinha em mente nenhum argumento que me salvasse, então permaneci em silêncio.

– Pode me ajudar Anne? – disse Nikola nos dando as costas indo em direção a geladeira.

Assenti que sim.

Olhei para James que me encarava confuso, talvez pela naturalidade em que Nikola estava. Certamente ele achava que o loiro levaria um susto se caso visse aquela cena entre os irmãos Roberts.

– É... Nikola, eu posso explicar...

– Me explicar? – respondeu Nikola para James sem virar-se – Não preciso de explicações.

– Não se preocupa James. Tá tudo bem. – tentei acalma-lo.

– Não quero te causar problemas. – explicou.

Nikola o lançou um olhar ameaçador.

– Não vou contar nada aos pais de vocês. E se não quiser realmente causar problemas, basta se afastar dela. – Nikola alertou.


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Notas finais do capítulo

Me desculpem qualquer coisa, fiz as pressas. Mas... Não esqueçam de comentar, ok?
Beijão linndas!



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