Dear Diary - Anne Roberts escrita por Milena Everton


Capítulo 4
Romeu e Julieta


Notas iniciais do capítulo

Oii gente, voltei. Queria agradecer pelos comentários novamente e dizer que isso é muito importante pra mim porque eu sou sim movida a reviews (risos)
Esse capítulo eu vou dedicar a minha querida leitora Mirela Everton - que tem o nome super parecido com o meu - porque ela completou 19 aninhos ontem (14/12) Viva ela! Uhu.
E pra todas as que acompanham minha história, ai vai mais um!



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– Eu posso ser Julieta. – Nem eu acreditava que estava mesmo dizendo aquilo. Todos voltaram à atenção para mim, e o silêncio gritou no local. Ouvi alguns que sussurravam “certamente ela destruiu o vestido pra ficar com o papel. Que menina baixa!”. Fiquei com vergonha e raiva, não gostei da imagem de mim que o chilique de Benson tinha criado na cabeça de muitos alunos, mas os minutos vitais estavam passando então ignorei os comentários, respirei fundo e continuei a falar. – Eu, é... Eu sei as falas e... Bom, se quiserem...

–... Claro! – gritou a diretora com mais euforia na voz do que de costume, e ela sorriu, coisa que raramente fazia – vá vestir a roupa da primeira cena. – voltou a atenção para a professora - Senhora Samatha, é possível encontrar um vestido que sirva para a cena do baile a tempo?

– Eu tenho um vestido. – falou timidamente alguém no canto da sala. Era Viola. A menina ruiva levantou e caminhou devagar até onde estava a maior parte dos alunos, parou e ajeitou os grandes óculos no rosto – minha mãe tem vários vestidos, ela trabalha com isso, e... Bom, tem vários e... Tenho certeza que algum servirá para a cena.

Sem muito interrogatório a professora Samatha arrasta a menina pelo braço e pede para que ela a leve até sua casa. Saíram as duas pela pequena porta (e única) do local.

Jullie me ajudou a vestir o primeiro vestido, ele era longo e de acordo com o século em que a história se passava, por tanto, era um vestido simples antigo, porém elegante, pois Julieta era filha de um homem muito rico chamado Capuleto. A primeira cena que eu iria apresentar se passa quando Julieta esta na sala com sua ama, e seus pais chegam com um jovem rico chamado Paris que pede sua mão em casamento. Após essa cena era o grande baile e tínhamos um curto período de tempo até Viola e a professora chegar com o vestido. É com aquele vestido que Julieta conhece Romeu e se apaixonam, porém não podem ficar juntos, pois suas famílias estão a pé de guerra. Vivem um amor proibido, aquilo era tão... Lindo. Aquela história mexia comigo.

A minha vez chegou, entrei naquele palco e tentei com todas as forças não olhar para aquelas pessoas que me fitavam com os olhos. Cabeça baixa, tentei dizer as primeiras falas, sem sucesso, mas aos poucos o nervosismo foi indo embora. Eu nunca havia me apresentado pra tanta gente, na verdade eu nunca tinha me apresentado a ninguém! Cantar em uma roda para a família não era bem uma apresentação. Era um robe, uma coisa natural.

Acostumei-me com a plateia mais rápido do que imaginei e o vestido chegou em cima da hora. Troquei-me rapidamente e me senti uma pop star enquanto Viola me maquiava e Jullie arrumava meu cabelo em um coque alto com alguns fios soltos. Ao fim do processo de embelezamento, eu estava realmente linda e não pude deixar de perguntar por que Viola maquiava tão bem e não se arrumava, aquilo poderia ser até pecado ter tanto talento e não usar em si mesmo. Ela apenas sorriu timidamente.

Quando entrei novamente em cena não pude não notar os olhares para mim, olhares admirados enquanto eu caminhava lentamente pelo “baile”, eu podia ouvir os cochichos na plateia “ela esta linda”, “que vestido lindo” entre outros, eu não costumava ouvir aquilo e confesso que gostei, gostei muito. A melhor parte foi o encontro de Romeu e Julieta, vocês não sabem como o Nikola me fitava, e eu sabia que aquilo não era “apenas o personagem”, não, Nikola estava realmente admirado comigo. Ele me olhava de cima abaixo e eu não conseguia evitar o sorriso que se fazia no canto de meus lábios. Continuamos a seguir o roteiro até chegarmos a parte em que Julieta aparentemente morre – Ela se recusa a casar com Paris e vai implorar ajuda a Frei Lourenço e ele lhe da um remédio que fará todos pensarem que a mesma faleceu para depois fugir com Romeu, porém, não avisado pela mensagem do Frei, volta à Verona atordoado com a notícia da morte de sua amada. Disfarçado como um monge, ele entra no mausoléu e, vendo Paris sobre o corpo de Julieta, o mata. Acreditando que ela está morta, Romeu dar-lhe um beijo - Nikola se aproximou lentamente e quando eu já sentia sua respiração ele fez uma breve pausa, talvez ele pensasse que não pudesse me tocar, afinal, nos ensaios nós nunca nos beijávamos, mas eu nunca havia sentido tanta vontade de beijar alguém como estava sentindo naquele dia. Eu disse em sussurro, ainda com os olhos fechados - beije – foi quando senti aqueles lábios macios pressionarem os meus, minha vontade era de prolongar aquele beijo o máximo que pudesse... Mas o que eu estava pensando? Nikola era meu melhor amigo. Cheguei a raciocinar se existia ou existe alguma garota mais estranha que eu, pois se tiver, por favor, se apresente! Minha respiração estava pra lá de anormal, e a vontade de agarra-lo era quase que impossível de controlar, foi quando lembrei que havia muitas pessoas acompanhando aquele momento e uma súbita vergonha me apunhalou. Nick se afasta lentamente como se não quisesse, e confesso que aquilo me deixou feliz, em seguida deu continuidade ao drama – Romeu se envenena. Julieta acorda, e vendo seu Romeu sem vida, se suicida também com um punhal, pois não pode viver sem seu grande amor. – Todo o “elenco” vai para o palco para receber os aplausos, e lá de cima, bem mais tranquila, pude ver meus pais sentados ao lado da tia Em, a alegria me invadiu e eu não pude deixar de sorrir.

– Filha, você estava linda! – falava minha mãe com um sorriso de orelha a orelha entrando no camarim, já com roupas de “Anne” corri e a abracei eu estava com muita saudade, abracei meu pai o qual não estava com os melhores humores e eu já imaginava por que.

O senhor Roberts ainda tentou entrar no assunto do tal “beijo” de Romeu e Julieta, mas minha mãe o interrompeu me fazendo um interrogatório das ultimas semanas, ela queria saber todos os detalhes, e eu também tinha muitas perguntas e a primeira era “onde está James?”, porém ouço uma voz rouca me chamando. Pedi licença e expliquei que contaria tudo em casa, minha tia os chamou para jantar e me deu o endereço para eu ir depois que terminasse de falar com meus “amigos”, ela piscou para mim após olhar Nikola me esperando perto da entrada/saída e eu não pude deixar de sorrir com aquilo. O senhor Roberts ainda tentou não ir, mas ele não pode contestar com Em e Esme juntas. Era demais para ele.

Nikola me conduziu até a sacada do prédio, onde a vista da cidade era perfeitamente linda. A noite estava estrelada e a lua estava tão brilhante quanto no último dia que eu estive na fazenda... Tudo fazia lembrar-me de lá, e aquilo, em parte, não era nada confortável.

– Pensamento longe... – Nikola falou com aquela voz inconfundível que só ele tinha, ele estava ao meu lado com as mãos nas grades de proteção semelhante a mim. Eu não sei dizer a quanto tempo ele me olhava e confesso que aquilo me deixou sem jeito. Pela primeira vez eu fiquei sem jeito perto de Mion. – aqueles eram seus pais? – quis puxar assunto. Assenti que sim.

– Depois os apresento a você. Tenho certeza que vai gostar. Talvez não do meu pai... Pelo menos não de principio – rimos – ele meio antigo, mas você acostuma. – Eu tentava disfarçar, mas eu não vi James com eles, eu não estava bem. James estava me maltratando muito nas ultimas semanas sem dar noticias, estava a cada dia mais distante e eu tinha medo de que nunca mais pudéssemos pelo menos nos falar, pois como antes, eu já sabia que seria impossível só se acontecesse alguma espécie de milagre. Senti os dedos de Nikola delicadamente no meu rosto, ele colocava alguns fios de cabelo para trás da minha orelha, aquilo me fez arrepiar levemente. Ele começa a falar baixinho com sua voz tão tranquilizadora, tão segura, tão Nikola.

– Você não esta bem. – afirmou - O que aconteceu? – Não, eu não estou bem, estou afundando, morrendo, estão me matando aos poucos. Estou cheia de duvidas, confusa, me sinto sozinha mesmo com você aqui do meu lado sempre, eu estou afogando Nikola, preciso de ajuda, estou morrendo!

– Esta tudo bem... – uma lágrima escapou. Escapou em hora e lugar improprio. Quantas vezes eu já não disse que só podiam cair quando eu estivesse no quarto, e sozinha? Elas não me respeitavam. Rapidamente passei a mão no rosto afim de que Nikola não visse, mas creio que agi um pouco tarde. Em poucos segundos eu já estava envolvida em seus braços confortantes, seu queixo estava no alto de minha cabeça e meu rosto assim como minhas mãos estavam em seu peitoral. Ele dizia “vai ficar tudo bem”, e eu tentava acreditar naquilo, eu tentava com todas as forças, mas parecia impossível ser verdade. Nikola apertou seus braços ao redor de minha cintura o que fez lembrar-me do ultimo abraço que James me deu na varanda da nossa casa na fazenda, consequentemente, mais lágrimas, a camisa do garoto loiro já estava toda molhada, então me afastei devagar permanecendo minhas mãos no mesmo local – molhei toda sua camisa – ele sorriu e eu tentei, fiz meu melhor, ele merecia todos os sorrisos do mundo. Levantei a vista tirando os olhos da camisa e os levando até os olhos de Nikola, ele permanecia com as mãos na minha cintura e seus olhos estavam nos meus, conectados, sintonizados. Não pude não deixar de ver seus lábios, tão rosas, e logo me veio a lembrança de quando os mesmo tocaram os meus, tão macios. Nikola tirou uma mão de minha cintura e a levou para minha nuca, seu polegar, delicadamente, contornava minha bochecha até chegar perto da boca. Levei minha mão do seu peitoral até seu pescoço e devagar o menino se aproximava, eu estava completamente em êxtase, como se eu estivesse hipnotizada e não pudesse mover nenhum milímetro, eu não conseguia mais pensar em mais nada além de Nikola. Seu nariz roçou no meu me fazendo ter uma tempestade de sensações, segurei seu queixo aplicando mais delicadeza do que força. Ele me girou lentamente fazendo minhas costas encostarem-se à grade de proteção. Ele passou o polegar pelos meus lábios e quando eu já estava esperando sua boca ele se afastou. Aquilo me deixou meio que atordoada, mas logo tive um choque de realidade. O que eu estava fazendo? Eu ia mesmo beijar meu melhor amigo? O garoto acabou de sair de um relacionamento, que espécie de gente eu sou? Aproveitando-me da carência dos outros? Ele deveria estar se perguntando algo bem semelhante. Seu semblante estava confuso. Com uma das mãos na cabeça ele não olhava para nenhum lugar especifico. – Desculpe Nikola eu...

–... Não Anne. De jeito nenhum, sério, é que sei lá, você estava triste, eu terminei com Cat a poucas horas... Eu não devia me aproveitar disso. – ele falava fazendo gestos com as mãos e completamente inquieto. – Sério, me desculpa você. Eu sou um idiota.

– Não Nick, nada disso. Está tudo bem. – Eu queria mesmo te beijar, te agarrar, matar minhas mágoas, beijar sem que ninguém atrapalhasse. Você não tem culpa, a culpada aqui sou eu! – amigos? – estendi a mão e dei um sorriso, o melhor que consegui. Ele sorriu de volta e me puxou para um abraço, ele afogou seu rosto em meu cabelo e eu sentia a respiração dele na minha nuca, meus braços envolveram seu pescoço e ficamos por algum tempo ali. Longe de todos os problemas, longe de tudo.

Fui para o restaurante onde minha tia e meus pais me esperavam, eles bebiam algum tipo de refresco quando cheguei, já tinham jantado então como eu demorei eles pediram para embrulhar minha refeição para jantar em casa. Chegando a casa levei a sacola até a cozinha e meus pais ficaram conversando na sala com minha tia. Abri o embrulho e tinham duas refeições, estranhei, mas achei que tivesse sido engano ou que minha tia tivesse trago para comer depois, dei de ombros.

– Saudades? – senti aquele hálito quente perto do meu ouvido. Minhas mãos gelaram e eu fiquei completamente imóvel, era como se eu estivesse caindo em um abismo. Um arrepio subiu minha coluna e minhas pernas insistiram em tremer, não só elas, meu corpo todo. Virei lentamente e dei de cara com ele, camisa preta e bermuda bege, olhos castanhos profundos, cabelos pretos lisos e pele morena. Aquele cheiro de primavera, tão bom, tão entorpecente. Aqueles músculos, sorriso travesso, aquela boca... Em questões de segundos meus pensamentos todos se voltaram a somente um ser, eu nunca tinha sentido aquela sensação tão devastadora em toda minha vida. Era arrebatador, era inédito, era incrível como somente sua presença me causava todo esse efeito. Era ele, era James Roberts.


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Notas finais do capítulo

E ai, o que acharam? Sejam sinceras, e comentem por favor, preciso saber o que estão achando!
Beijocas



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