Dear Diary - Anne Roberts escrita por Milena Everton


Capítulo 3
Sabotagem


Notas iniciais do capítulo

Eu queria primeiramente agradecer as pessoas que estão acompanhando e dizer que eu fico muito feliz quando alguém comenta! Mas... vamos parar de "nhenhenhe" e ai vai mais um capítulo. Let's go!

No capitulo anterior Anne conhece os irmãos Mion e se tornam amigos. Vai para seu primeiro dia de aula e é rejeitada por algumas garotas. James não manda noticias e Anne acha que ele esta a ignorando.



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As noites escuras e congelantes eram o cenário perfeito para uma adolescente confusa e estranha em cima de uma cama com os braços abraçando as pernas e o queixo apoiado nos joelhos. A janela estava fechada para que nenhum garoto bonito e extremamente carismático me chamasse para conversar e fizesse com que eu esquecesse a dor que me corroía por dentro. Eu não queria sorrir, não queria fingir que estava tudo bem e eu só conseguia fazer isso quando minhas únicas companheiras eram as lágrimas. A solidão me abraçava enquanto eu tentava resolver o enigma “porque James não me manda noticias e porque isso me machuca tanto?”. Há semanas eu ligava para meus pais e vice-versa, perguntava por James, mas ele se recusava a dar noticias, a única coisa que sabia era que estava bem, segundo minha mãe estava tudo bem. James estava feliz e eu me acabando porque ele nunca me dava noticias. Eu me estranhava e tinha vergonha de conversar sobre isso com alguém. - Seria isso que eu sentia apenas carinho de uma irmã mais nova abandonada? Se eu contasse pra alguém certamente a resposta seria “não”, mas pode alguma garota se apaixonar pelo seu irmão? Sendo que na verdade somos primos, mas... Apaixonada? Claro que não. – eu balançava a cabeça a fim de afastar o pensamento que me perturbava. Fui até o banheiro e lavei meu rosto, já estava cansada de me torturar. Abri a janela e dei alguns passos pela pequena sacada, ficando perto das grades. O vento calmo balançava os fios soltos de meu cabelo amarrado em um rabo de cavalo frouxo. La estava ele de camisa verde e bermuda fina de cor azul fraco, ele me olhou e sorriu de canto, abriu sua janela e começamos a conversar. Era incrível a capacidade de ele me fazer esquecer meus anseios sem ter conhecimento de nenhum, com ninguém era assim. Nikola me fazia ri de tudo, ele era a pessoa mais interativa e engraçada que eu conhecia, não demoramos muito para nos tornamos melhores amigos. Saber que o lugar de James aos poucos era ocupado por alguém me entristecia, pois era como se ele nunca mais fosse voltar, e realmente era isso que parecia que iria acontecer. Parecia que James era um passado que nunca mais voltaria. Nas férias eu iria visitar a família e ir embora depressa, ele não matinha contato e embora aquilo doesse, talvez fosse a melhor maneira de nos machucarmos menos... Nos? Não, não. Talvez aquela fosse a maneira de me machucar de uma só vez e que ao passar dos anos eu fosse esquecendo que tinha um irmão. Irmão... Porque aquilo não entrava mais na minha cabeça?

Nikola e eu conversamos por horas e depois fomos dormir. Ele era meu tranquilizante, meu porto seguro, era alguém que eu conseguia confiar. Com Nikola eu conseguia ser eu, aquele garoto não sabe o bem que me fez durante aqueles anos.

Todas as tardes, despois da escola nós ensaiávamos a peça teatral que ele encenaria com Benson, mas com Benson mesmo ele só ensaiava na escola. A garota loira de olhos azuis e de voz aguda e irritante era capitã das lideres de torcida que faziam aquelas coreografias chatinhas de abertura do campeonato de Futebol Americano o qual Nikola também estava inserido. Ela passava a maioria das tardes ensaiando com outras meninas magricelas que se achavam a ultima Coca-Cola do deserto, enquanto eu repassava as falas com “Romeu”.

– É amanhã! – falava o garoto loiro que andava de um lado com a mão na cabeça na sala de sua casa enquanto Jullie e eu riamos baixo da cena. – Gente, é amanhã. Todos vão estar lá, inclusive meu pai! – O senhor Edward Mion, segundo comentários de seus filhos, era um homem rígido e autoritário. Morava em New York mais ou menos duas horas de voo até aqui. Nikola realmente queria fazer bonito pela necessidade de impressionar seu pai ausente e ocupado. Sua mãe, ao contrário do pai, era doce e delicada sempre apoiando os filhos. A senhora Carly Mion era separada do marido há dois anos por motivos não revelados a mim até então. – E se acontecer algo errado? Nem sei se Cat esta ensaiando essa peça. E se ela errar? – dizia o menino inquieto mais nervoso que nunca.

– Você acha mesmo Nick que Cat irá dar esse motivo para todos zombarem dela? Claro que não. Tenho certeza que vai da o seu melhor, do jeito que ela faz questão de receber aplausos... – dizia Jullie sentada ao meu lado. O garoto avaliou o que acabara de ouvir e suspirou depois se sentou ao sofá jogando a cabeça para trás, pareceu convencido. – Vai da tudo certo. – finalizou a menina de cabelos castanhos.

A peça seria apresentada no Theater Two Face, no mesmo bairro onde moramos, era um teatro bem refinado e que tinha nome na sociedade, várias pessoas de outros lugares vinham assistir as peças apresentadas no mesmo, e como a Diretora Mary Maia não perdia uma oportunidade para divulgar sua escola tratou de conseguir permissão para que seus alunos apresentassem-se lá.

Viola, – uma nerd de cabelo ruivo e óculos grandes – Sabrina – uma garota metida a gótica que quase não conversava – e eu ficamos responsáveis pelos figurinos das peças. Naquela noite seriam apresentadas quatro peças tendo “Romeu e Julieta” como “gran final”. Todos estavam ansiosos e inquietos dentro do camarim e eu terminava de organizar as roupas com Viola, Sabrina ajudou nos dias anteriores, mas naquele dia não deu as caras.

Praticamente todos os personagens já estavam dentro da grande sala – que se tornou pequena devido à quantidade de pessoas dentro – faltava apenas Benson. Seu vestido era o mais lindo, pois eu e Viola que o enfeitamos pessoalmente. Não vá pensando que fiz isso por causa de Benson, porque obviamente não foi. Caprichei no vestido, pois quanto mais bonito estivesse maior seria minha nota bônus em todas as matérias. Embora a senhora Halle fosse uma ótima professora, os conteúdos da nova escola eram de roubar as noites de sono de muitos alunos, inclusive as minhas, quando não estava me torturando com perguntas e lembranças eu estava quebrando a cabeça com uma pilha de livros na mesinha ao lado da cama.

O tempo passava e nada de Benson chegar. Todos já estávamos preocupados, afinal “Romeu e Julieta” era a atração principal.

– Anne, onde está a Cat? – Nick perguntava enquanto eu roía as unhas de tanta preocupação sentada em uma cadeira de madeira.

– Não se preocupe – tentei acalma-lo – tenho certeza que ela deve esta a caminho. – não, eu não tinha tanta certeza. E a primeira peça já iria entrar em cinco minutos.

Antes mesmo que eu pudesse terminar minha fala entra uma Benson aos prantos com um vestido – ou alguma coisa que já foi um vestido um dia – nas mãos.

– Porque você fez isso, Roberts? – a garota com rímel e lápis borrados caminha furiosa em minha direção, joga o “vestido” em cima de mim, sem entender eu encarava o vestido e a Benson descontrolada a minha frente – você destruiu o meu vestido! Mas porque garota? Por quê? – seus olhos azuis faltavam saltar de suas pálpebras e o nervosismo tomava conta de mim enquanto todos da sala observavam aquela cena.

– Mas do que você esta falando? – falei cautelosamente, peguei o vestido e notei que não era aquele o que Viola e eu decoramos com tanto esforço. No vestido tinha escrito de batom “revenge”, também tinha escrito “Ass.: Julieta”. Whats? Porque ela achou que eu teria uma ideia tão fútil como essa? Encarei-a incrédula e levantei ficando frente a frente com a Barbie psicopata – não fui eu que fiz isso com seu vestido! – a garota soltou uma gargalhada irônica e aquilo fez meu sangue ferver, mantive a calma, entretanto, não sabia até que ponto aguentaria.

– Pois fique sabendo Roberts, que graças a sua gracinha não terá “Romeu e Julieta”! – a menina anunciou.

– O que esta acontecendo aqui? – gritou a diretora Mary Maia com seu coque de sempre, entrando na sala com seus saltos de quinze centímetros e saias até os joelhos. Todos os alunos se mantiveram em silencio e uns ainda ousaram falar “Roberts quer roubar o namorado de Benson” minhas bochechas queimaram e eu deveria estar da cor de um camarão, o constrangimento e o nervosismo tomavam conta de mim, e mais uma vez a maldita vontade de chorar me dominava enquanto eu dizia mentalmente que não cederia as provocações. As risadas tomaram de conta do local até a diretora Maia os lançar um olhar intimidador. Todos silenciaram. – O que houve senhoritas? – ajeitou seus óculos no rosto aguardando uma resposta. Já ia abri a boca pra falar quando Nick se pronuncia.

– Só um mal entendido, diretora não se...

–... Mal entendido? – gritou Benson – Mal entendido é uma ova! – a garota arrancou o vestido de minhas mãos e eu ainda tentei evitar, depois o exibiu para a Sr.ª Maia – ela destruiu o figurino de Julieta diretora. – a menina colocou uma das mãos na cintura achando que o jogo já estava vencido. A Sr.ª Maia olha o vestido e me encara com os olhos mais abertos que o normal.

– Que vandalismo é esse, senhorita Roberts? Não tem mal um mês na escola e já quer iniciar uma rebelião? – alguns alunos riram e eu com a cabeça baixa dei um inseguro passo a frente e respirei fundo, eu realmente nem tinha ideia de como me defender, mesmo sabendo que não tinha culpa. Isso nunca me aconteceu antes. Levantei a cabeça e a olhei nos olhos.

– Ela esta mentindo. – afirmei – Não tenho motivos para fazer isso e... Viola esta de prova. – todos voltaram os olhares para a menina ruiva de óculos sentada em uma cadeira na parte escura da sala, ela deu um sorriso de canto e acenou depois desfez o sorriso e se encolheu – nós decoramos esse vestido e não estava dessa maneira pela tarde. - A diretora parecia refletir minhas palavras e olha novamente para Benson como se quisesse arrancar alguma informação. A menina loira continua com a mesma afeição e ainda tenta retrucar, mas é interrompida.

– Diretora Mary, eu acho que descobrir quem foi o culpado agora é o de menos, a primeira peça já se iniciou e... Não temos tempo a perder, temos que aprontar Julieta. – falou a professora de artes.

– Exatamente. E eu tenho certeza que a Anne não é culpada e nem Viola. – Nick afirma. Ele estava incrivelmente lindo de Romeu e tinha tudo pra acreditar em Benson, afinal, além de ser sua namorada a menina não parecia estar mentindo, ela realmente acreditava no que dizia. – Tenho certeza que houve um engano. – Benson encarava Nick com a as sobrancelhas levantadas e a boca aberta em um O, e parecia se recusar a acreditar que seu namorado não estava, como de costume, repetindo o que ela dizia e afirmando, mesmo que não fosse verdade, tudo o que ela quisesse.

– Pois fique sabendo Nikola Mion – ela caminhava em sua direção com o dedo indicador em direção ao garoto que dava passos incertos para trás na medida em que ela se aproximava – que eu não vou aceitar essa humilhação perante todos os alunos. – o garoto ainda abriu a boca para falar, mas foi interrompido – Cala a boca! Quero que você decida agora. Quer ficar comigo ou com sua amiga roceira? – meu coração estava a mil e já estava me preparando para mais uma humilhação publica. O menino encarava a loira, completamente confuso, e imaginar que seu pai estava lá na plateia certamente fazia a situação piorar muito. Mas quando menos imaginamos o menino se desembesta a falar.

– Quer saber Cat, – ele segurou os braços dela e a encarou sério – Já chega de fingimentos – a menina olhava para os lados meio desconfiada com o semblante assustado – Chega de tudo. Chega desse namoro que não vai mais pra frente, chega de mentiras, falsidade, egoísmo! Chega de infantilidade. Cat Benson, porque você não cresce? Porque você não ver o interior das pessoas? Porque não percebe que suas palavras e seu jeito de ser machucam as pessoas, inclusive eu! Já chega de ser seu cachorrinho, eu cansei. – eu nem acreditava que estava ouvindo aquilo. Eu fiquei tão feliz! Alguém tinha que dizer alguma coisa para aquela garota mimada, e ninguém melhor que Nikola Mion. – A-ca-bou Cat. – finalizou e soltou a garota em um empurrão leve, depois saiu da sala. Todos começaram a vaiar a pobre Benson, porém, como alegria de pobre dura pouco, a diretora Maia os lançou mais um daqueles clássicos o que fez todos calarem-se, mas eu estava muito contente, eu estava radiante. Acho até que ela merecia muito, muito, muito mais!

– Vamos começar logo a ajeitar esse vestido pra...

–... Vocês pensam o que? – disse Benson interrompendo a professora de artes – pensam que eu vou ser humilhada assim sem mais nem menos? – ela encarava a todos e falava como uma doida, seus olhos marejavam, mas não desciam lágrimas. Ela parecia estar furiosa, mas, aparentemente controlada. – A senhora sabe que meu pai é o maior patrocinador dessa porcaria de escola, não é senhora Maia? – a diretora engoliu seco e se fez silencio por uns segundos até a garota começar a gritar – então como a senhora deixa aquele moleque me humilhar dessa maneira?!? Hein?!?

– Senhorita Benson, eu...

–... Não quero ouvir nada! – a menina tapava os ouvidos – eu vou pra minha casa, e a senhora agradeça se amanhã mesmo meu pai não estiver batendo na sala da diretoria!

A diretora ainda tentou falar, mas a menina saiu em passos ligeiros em direção à porta. A professora de artes lembra que a segunda peça já estava sendo apresentada e só faltava mais uma para “Romeu e Julieta”. Múrmuros se iniciaram, os alunos estavam preocupados, afinal trouxeram seus familiares para ver a apresentação e, além disso, todos gastaram dinheiro e tempo com suas roupas, principalmente eu. Mas o que mais me preocupava era saber que o pai rígido e frio de Mion estava lá na plateia, e o quanto o garoto queria agrada-lo, essa era a chance que ele tanto almejou. Nikola não merecia isso. Eu tenho que fazer alguma coisa! Mas o que?


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Notas finais do capítulo

E ai o que acharam? Aceito criticas e - claro - elogios também! Não deixem de comentar, a opinião de vocês é muito importante pra mim. Beijocas, fiquem com Deus!



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