O que Hermione estava pensando? Pela primeira vez, agradeceu Pansy por ter a interrompido. Se ela não tivesse parado de falar, teria contado toda a verdade para Draco. Burra! Pensou a garota.

Estava andando depressa pelo corredor, até que uma mão segurou seu braço, a forçando a parar. Ela olhou por cima do ombro e viu Rony. Tentou parecer despreocupada e sorriu, mas Rony percebeu que tinha algo de errado.

– Mione, posso falar com você?

Ela balançou a cabeça, afirmando. Os dois começaram a andar pelos corredores. Inconscientemente, os dois começaram a caminhar para a biblioteca. Era engraçado, mas Rony já sabia que aquele era o lugar favorito de Hermione e, também, um dos melhores lugares para matar aulas.

Quando chegaram lá, se dirigiram para um canto mais afastado, onde praticamente ninguém pudesse vê-los ou ouvi-los. Escorregaram pelas estantes de livros até se sentarem no chão.

– Mione eu andei pesquisando sobre sua situação e...

– Você pesquisou, Rony? – Hermione o interrompeu, com um sorriso sincero e feliz no rosto. – Fez isso por mim?

Rony corou feito um pimentão e continuou:

– Sim. Bem, Georgia não pode fazer nada com você a partir do dia em que você estiver dezoito anos. Inclusive te impedir de ir para a faculdade.

Hermione deu um sorriso doce, que fez Rony suspirar e sorrir.

– Eu sei disso, Ron – ela disse, colocando, solidariamente, sua mão em cima da dele. – Isso acontece com todos, a não ser aqueles que não têm capacidade de corresponder por seus atos, isto é, os deficientes.

– Então pronto, Mione! Você está livre para fazer o que quiser, inclusive, ficar com Draco – ele falou a última parte com certo nojo.

Hermione balançou a cabeça, negando:

– Não é fácil assim. Georgia é muito poderosa e rica. Com certeza vai dar milhões para algum médico par que ela minta e diga que eu sou inapta a tomar minhas próprias decisões. Ou seja, prisão para o resto da vida. E, se eu entrar na justiça, não vou ter advogado nenhum, enquanto ela vai ter os melhores...

– Mas você pode se defender sozinha! Iria ser uma ótima advogada, Gina sempre diz isso! E então, finalmente, você poderia ficar com o nojento do Malfoy. Ele não te merece, Hermione, digo isso para o seu bem.

– Por que diz isso, Rony?

– Por favor, Mione! Ele confundiu você com Pansy. Eu nunca te confundiria com ela. Saberia na hora que Pansy não era a garota que tinha conhecido no baile.

Hermione sorriu mais uma vez, o mesmo sorriso que encantava Rony.

– Obrigada.

– Não, Mione. Você não entendeu. Eu... eu... eu gos... eu gosto de você, Hermione.

– Ah... – ela disse, sendo pega de surpresa.

– Tudo bem. Não precisa dizer nada agora. Só queria dizer que... estou disposto a ficar do seu lado. Acho que sou o suficiente para fazer você esquecer o Malfoy. Sei que posso não ser muita coisa, não sou rico, não sou um poço de emoções, mas...

Hermione viu que ele realmente se esforçava. Rony não era muito de falar o quanto gostava de alguém e, muito menos, de fazer pesquisas. Por isso, o calou com um beijo na bochecha do garoto, perto da boca.

– Eu vou tentar, só vamos com calma, okay? – Ela disse.

Rony sorriu bobo e Hermione se levantou, falando que já estava atrasada demais para a aula. Ela perguntou se o garoto queria vir com ela, mas ele negou e falou que precisava terminar o dever de geografia.

Draco estava escondido atrás da prateleira de livros, ouvindo toda a conversa. Ele andara muito confuso ultimamente. Não podia negar, sentia atração por Pansy, afinal, ela era linda e seu corpo... maravilhoso. Mas sentia algo ainda mais forte pela meia-irmã de sua namorada. Hermione mexia com ele, estava ficando louco. Uma hora ela o beijava, na outra ela se afastava... Draco não sabia mais o que fazer.

E agora ainda tinha outros dois fatores: o primeiro era que, ao ouvir a conversa, descobriu que Hermione também gostava dele. Porém, o segundo fator era desanimador, ela estava disposta a esquecê-lo e, o pior disso tudo, com o Weasley.

Quando a viu saindo, ele se esgueirou pelas estantes de livros e a puxou pela cintura para a última fileira de livros, que estava em reformas. Muitos livros antigos e inúteis estavam sendo retirados para dar lugar a novos, assim como as antigas estantes. Por isso, ninguém ia para lá.

Hermione levou um susto e estava prestes a gritar. Mas a mão de Draco tapou a boca da garota, enquanto a outra permanecia na cintura de Mione. Ele foi andando para trás, puxando Hermione consigo até chegar à parede da biblioteca.

As luzes daquela parte estavam apagadas, por isso, demorou um pouco até os olhos de Hermione se adaptarem a escuridão. Depois de alguns segundos, ela conseguiu identificar Draco. Ia gritar com ele, mas lembrou que eles não podiam estar ali e, se descobrissem eles poderiam ser suspensos. Isso não seria bom para ela.

– O que pensa que está fazendo?!

– Você gosta de mim. – Falou Draco, cruzando os braços, dando um sorriso de lado e maroto e se apoiando na estante.

Hermione deu uma leve risada sarcástica e, ao mesmo tempo, nervosa.

– Draco, por favor, de onde você tirou isso? Caso você não se lembre, você é o namorado da minha meia-irmã.

O garoto se desencostou da estante e deu um passo para frente, ficando ainda mais próximo da garota.

– E caso você não se lembre, nos beijamos ontem – então chegou sua boca perto do ouvido de Hermione e continuou, sussurrando – e acho que quer me beijar de novo.

Hermione se arrepiou e Draco deu uma leve risada. Ele olhou nos olhos da garota, tentando decifrá-la, mas Mione era uma garota difícil de entender, e Draco sabia disso. Por isso, tomou coragem e, mesmo tendo a chance Hermione recuar, ele a beijou.

Assim que os lábios se encontraram, Draco girou, segurando Hermione pela cintura e a forçando a ficar entre ele e a estante, sem poder fugir. Mas a garota nem pensaria nisso. O hálito de Draco era de bebida alcoólica, o que preocuparia Hermione, se ela estivesse em seu perfeito juízo.

Draco colou ainda mais os corpos dos dois ao pressionar Hermione contra a estante. O garoto mordeu o lábio inferior dela e puxou. Hermione apertou os ombros de Draco, contendo um gemido, e ele começou a descer os beijos pelo pescoço da garota quando ela recuperou o juízo.

Hermione empurrou Draco para longe e praticamente gritou:

– O que foi isso?!

– Um beijo. Atração física. Você sabe, quando duas pessoas gostam muito uma da outra elas... – Hermione impediu que Draco terminasse a frase.

– Você está bêbado?

– Não. Quer dizer, bebi uma garrafa e meia, mas...

– Draco, ainda são nove horas da manhã! Não pode beber esse horário!

– A culpa não é minha se você está me enlouquecendo! – Ele tentou se defender.

Hermione balançou a cabeça e deu um leve tapa em sua própria testa.

– Quer saber? Não vou ficar me preocupando com isso. Isso é trabalho para sua namorada.

Então a garota começou a se retirara do recinto e, no caminho, tomou uma decisão:

– E eu estou com Rony agora!

Antes que ela saísse, Draco falou:

– Você não pode fugir de mim para sempre, Hermione Granger!

Ela se virou, ainda andando, e falou:

– É? Isso é que vamos ver. – Então continuou a andar.

– Você vai voltar para mim! – Ele gritou, mas a garota já não ouvia mais. – Todas voltam... – a última parte foi sussurrada, mas ele sabia que era mentira, porque Hermione não era como todas.

~*~*~

Hermione caminhava para sua sala pensando na sua decisão. Seria certo usar Rony para esquecer Draco? Bem, o ruivo tinha deixado bem claro que sabia que a garota gostava do Malfoy e que estava disposto em fazê-la esquecer, então, qual seria o problema? Ou o problema seria ela? Ela, sequer, queria esquecer-se de Draco?

Ela balançou a cabeça diante tamanhas dúvidas. Não iria voltar atrás, pensou, Rony será muito bom para mim, ele foi tão doce hoje mais cedo... e eu retribuí beijando Draco! Está decidido, vou dar uma chance ao Rony e o Draco voltará a ser o Malfoy do início do ano, aquele que eu sequer pensava em me aproximar, por não gostar dele.

Quando chegou a sua sala, bateu na porta e mentiu, falando que estava na enfermaria. Ela tinha sorte, a maioria dos professores a adoravam. Hermione se dirigiu ao único lugar vago, ao lado de Lilá, uma garota que ela não gostava muito e atrás de Gina.

Hermione começou a observar à ruiva. Antes, contava tudo para a amiga, mas agora não podia mais fazê-lo com tantos detalhes quanto antes. Agora, o irmão dela estava envolvido. E, com certeza, não seria legal contar que tinha acabado de beijar Draco enquanto prometera que iria tentar esquecê-lo para Rony.

Sem mais restar outra opção, Hermione deu um longo suspiro. Pelo visto, esse ano ainda iria durar uma eternidade...

~*~*~

Quando acabou a aula, Gina imediatamente perguntou para Hermione onde ela estava, a morena apenas falou que estava com dor de cabeça e ficou na enfermaria. Se sentia mal por estar mentindo para a melhor amiga, mas não podia fazer nada quanto a isso. No momento, ela só queria encontrar Rony.

As duas começaram a se dirigir para o armário de Hermione, ponto de encontro dos quatro amigos. Mas, infelizmente, o armário de Draco era em frente.

Os passos de Mione eram mais ansiosos e acelerados do que o normal. Quando ela chegou ao seu armário, fingiu que não viu Draco, mas ele não fez o mesmo. Pelo o contrário, encostou-se no armário e ficou a encarando.

Hermione começou a ficar nervosa. Os meninos não chegavam e Draco não parava de encará-la, com um sorriso no canto do rosto. Ela começou a guardar suas coisas na mochila e depois brincou com os dedos. Tudo para se manter ocupada e evitar contato visual com Draco.

Felizmente, os meninos chegaram. Rony logo percebeu, irritado, o olhar de Darco dirigido a Hermione. O ruivo passou o braço ao redor da cintura da garota, possessivo. Então, talvez para provocar – Hermione não sabia ao certo –, ela ficou na pontinha do pé e deu outro beijo na bochecha de Rony.

Sendo assim, os dois saíram pela escola, abraçados. Gina e Harry ficaram apenas olhando, chocados, mas logo deram de ombros e seguiram Hermione e Rony para fora da escola.

Quando chegaram ao lado de fora, Harry e Gina foram em direção a onde o carro estava estacionado, mas Hermione parou no meu caminho.

– O que foi Mione? – Perguntou Harry.

– É... bem, eu queria ir andando hoje. Tem problema? – Ela perguntou, depois lançou um olhar a Rony.

– Claro que não! Eu vou contigo – disse Rony.

Harry percebeu o que estava acontecendo, e apenas deu um sorriso de canto.

– Muito bem, sendo assim, eu levo Gina para casa – disse Harry.

Por sua vez, Gina lançou um sorriso malicioso a Harry. Era claro que eles não iam chegar à casa da ruiva tão rápido quanto costumam.

Enquanto isso, Hermione e Rony caminhavam lado a lado.

– Eu já tenho uma resposta – anunciou Hermione.

– Ah, é? E qual seria?

– Estou disposta a tentar Rony, se você me permitir.

Rony parou de andar, segurando as mãos de Hermione a fazendo a garota ficar de frente para ele, olhando em seus olhos.

– Eu estou disposto a qualquer coisa para ficar com você. Só peço que me avise caso não consiga de vez esquecer aquele nojento do Malfoy, ok?

– Não precisa se preocupar com isso, Ron – Hermione disse.

Então, ela começou a se aproximar dele até os dois selarem seus lábios. Não era nada como o beijo do Draco de mais cedo, pensou Hermione, era o oposto. Este era calmo, como se tivessem todo o tempo para fazerem o que quiser. O outro era muito mais feroz, como se o mundo estivesse acabando naquele momento e aquela fosse a última oportunidade deles.

Depois de um tempo, eles se separaram e continuaram a andar. Mais tarde, Hermione não soube dizer quando, mas os dois deram a mão e continuaram assim o resto do caminho inteiro.