Estar nos braços de Peeta novamente me parece a maior das dádivas. Ele está calado, mas sei que ainda não está dormindo.

-Você me ama. Verdadeiro ou falso? –pergunta ele

-Peeta...-começo. Percebo que ele fica triste e parece surpreso quando respondo- Verdadeiro.

Um sorriso enorme aparece em seus lábios. Aqueles lábios, como senti falta deles, só agora percebo isso. Senti falta de Peeta e de tudo o que ele representa para mim. Sem perder mais tempo eu o beijo. No início ele se assusta, mas depois corresponde. Sinto de novo aquela coisa da praia, mas agora tenho certeza sobre meus sentimentos.

Volto a me deitar nos braços de Peeta e mais feliz impossível, caio no sono.

A Capital está tirando-o novamente de mim, imagens dos diferentes modos de tortura que ele pode sofrer passeiam pela minha mente, de modo que acordo aos berros.

-Tudo bem? –pergunta Peeta. A visão de seus olhos azuis e seu cabelo loiro perfeito me acalmam –Quer falar sobre isso?

-Bom – começo –posso dizer que estava perdendo você.

Ele deixa escapar um riso pelo canto da boca. Imagino que tenha se lembrado de quando me perguntou isso e me disse que tinha pesadelos sobre me perder.

-Agora a situação é inversa –digo rindo. Fico séria novamente - Só não quero que você fuja.

-Não vou –agora quem ri é ele- só vou até a cozinha assar alguns pães de queijo. Posso?

-Pode –rio também

Peeta começa a demorar então desço de pijama mesmo. Ao chegar à cozinha percebo que ele está agarrado às costas de uma cadeira. Fico triste por ele, deve ser mais um daqueles horríveis flashbacks. Ando até ele e paro bem de frente. Ele parece não me notar, mas quando seus olhos perdidos parecem voltar ao ambiente, sua face adquire uma expressão de puro ódio de modo que ele pega um copo de vidro e atira em minha direção. Desvio e caio sentada no chão. As costas na parede. O copo se estilhaça ao meu lado e um pequeno caco de vidro faz um corte um pouco abaixo do meu olho.

Peeta parece um pouco controlado, mas ainda parece ter ódio de mim. Seguro seus braços e o pressiono contra a parede.

-Ei! Sou eu! – grito como se tentasse procurá-lo- Eu estou aqui, se acalma.

Ele para e parece perdido novamente. Os poucos passos que ele consegue dar antes de atingir a inconsciência são o suficiente para que eu o coloque de novo em minha cama. Deito ao seu lado e o abraço na região do abdome. Dou-lhe um forte e demorado beijo na região da costela. Pretendo ficar ali até ele acordar, mas acabo caindo no sono de novo.

Um leve sacolejo no colchão é o suficiente para que eu desperte. Me solto de Peeta e deslizo para cima na cama até que nossos olhos se encontrem na mesma linha. Dou um pequeno sorriso.

-Katniss –diz ele sobressaltado colocando delicadamente a mão no pequeno corte em meu rosto- eu fiz isso. Não foi?

-Peeta, você- pauso um pouco, tentando amenizar o choque, então prossigo o mais calma possível- você teve uma recaída, mas nada de mais.

-Nada de mais? –grita ele se sentando, vejo lágrimas presas em seus olhos- Como isso é nada de mais?

-Não se preocupa, vai ficar tudo bem.

-Como é que você sabe disso? – a dor é tão presente em sua voz que sou eu quem tem lágrimas nos olhos – eu sabia que isso não iria dar certo.

-O que você está querendo dizer? –pergunto assustada.

-Que eu não sou a pessoa mais segura do mundo para você ter um relacionamento.

-Então é isso? Você vai embora? Vai me deixar de novo? –eu estou gritando, não posso perdê-lo, não agora que o tenho de volta.

-Eu só não quero fazer mais mal a você. Isso foi só o começo, quem sabe o que eu ainda sou capaz de fazer? –agora vejo que há uma lágrima escorrendo em seu rosto. Aquela visão me destrói. Vê-lo chorar é devastador.

-Eu não vou deixar você ir –agora estou implorando. Com uma das mãos entrelaço nossos dedos e com a outra percorro seu rosto enxugando a lágrima –Eu não vou deixá-lo ir porque –engasgo um pouco nas palavras. Me aproximo dele e o beijo. Fito seus olhos azuis e começo a me perder, mas volto à realidade o mais rápido possível –porque eu te amo.