Brazilian Superman escrita por Goldfield


Capítulo 1
Prólogo e Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Atenção: Esta é uma história de ficção, qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência.



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Brazilian Superman


O que aconteceria se a história do Superman se passasse no Brasil?

Atenção: Esta é uma história de ficção, qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência.

Prólogo

Jor-El suspirou, apoiando seus braços na bancada. Estava exausto mentalmente. Por mais que tentasse, aqueles homens se recusavam a ouvir seu aviso, que agora já se transformara em apelo. Krypton explodiria em pouquíssimo tempo, e o cientista estava de mãos atadas devido aos inertes membros do Conselho. Mesmo sabendo que qualquer esforço de sua parte para convencê-los seria em vão, Jor-El tentou uma última vez:

–         Vocês precisam acreditar em mim! Krypton é um planeta condenado! Nosso sol vai explodir em poucos dias, engolindo todos os planetas ao redor dele! É preciso que um plano de evacuação em massa seja imediatamente colocado em ação, senhores! A sobrevivência de nossa raça depende disso!

–         A decisão do Conselho foi unânime, Jor-El – disse um membro idoso da assembléia. – Nenhum de nós acredita nessa sua previsão tão repentina e duvidosa. Não colocaremos os habitantes de Krypton em pânico por causa disso, e proibimos terminantemente que o senhor o faça!

–         Mas vocês não entendem! Todos morrerão!

–         Já chega! – berrou um outro ancião. – Retire-se agora, Jor-El, se quiser manter a dignidade que lhe resta!

O cientista deu um soco na bancada, fechando os olhos. Imaginou o momento em que o planeta seria engolido pela explosão do sol. Pôde ouvir os gritos desesperados dos kriptonianos, pegos de surpresa por tamanha desgraça. Crianças, doentes, idosos... Todos seriam transformados em poeira cósmica...

Ainda sem enxergar, Jor-El percebeu que dois guardas haviam lhe agarrado pelos braços. Resignado, deixou que eles o arrastassem para fora do local, enquanto os membros do Conselho faziam comentários irônicos sobre a suposta loucura do homem que os viera alertar...

Assim que seu marido entrou em casa, Lara correu até ele e abraçou-o com força. Em seguida se fitaram nos olhos, tornando desnecessárias quaisquer palavras. A esposa de Jor-El sabia que o Conselho não lhe dera ouvidos. Lágrimas escorreram pelo rosto da mulher, enquanto o cientista caminhava até uma espécie de leito, no qual estava deitado um bebê de poucos meses de vida.

–         Kal-El, meu filho... – suspirou Jor-El contemplando o menino. – Eu salvarei sua vida!

Usando um aparelho parecido com um telescópio, o marido de Lara observava atentamente o sol. Logo o fim teria início. Assim como todas as estrelas do universo, aquela ao redor da qual girava Krypton nascera, amadurecera e agora morreria, levando consigo todos os mundos que a circundavam... Era o ciclo de vida cósmico, através do qual tudo se renovava...

Virando-se, Jor-El deparou-se com a esposa, que tinha em seus braços o pequeno Kal-El. O bebê sorria, sem suspeitar do terrível destino que aguardava seu planeta e todos que nele viviam.

–         Eu descobri um lugar para onde poderemos enviá-lo! – disse o cientista com grande determinação em sua voz. – Trata-se de um mundo com campo gravitacional baixo que gira ao redor de um sol amarelo, e tais fatores dariam a Kal-El poderes extraordinários, garantindo sua sobrevivência!

–         Você já programou a rota da nave?

–         Sim, de acordo com meus cálculos nosso filho viajará algum tempo pelo espaço, até pousar no hemisfério norte do planeta... Você já esteve lá em suas viagens de exploração, Lara. É o local conhecido como...

–         Terra – completou a mulher.

Ambos olharam para o bebê. Em breve ele seria o último dos kriptonianos...

No dia seguinte todos no planeta despertaram alarmados. Estranhos fenômenos na superfície do sol denunciavam que o processo que levaria à destruição de Krypton começara. Infelizmente não havia mais tempo para que os pobres habitantes do planeta pudessem fugir... A não ser o filho de Jor-El e Lara Lor-Van...

–         Rápido, vamos colocá-lo na nave! – gritou o cientista, correndo com o bebê no colo.

Os pais de Kal-El acionaram rapidamente os controles do veículo espacial, enquanto a temperatura de Krypton subia mais a cada instante. Completamente suados, Jor-El e sua esposa colocaram o filho dentro do transporte, suas lágrimas se confundindo com as gotas provocadas pela transpiração.

–         Eu te amo! – disse Lara entre soluços, beijando a testa do filho, o qual se encontrava envolvido numa espécie de cobertor verde e amarelo.

–         Assim que atingir a maturidade, saberá o que ocorreu, e tomará conhecimento de nosso sacrifício para que sobrevivesse... – murmurou Jor-El colocando junto do menino uma espécie de cristal que possuía o emblema de sua família: algo como um losango possuindo um “S” no centro.

Súbito, tudo começou a tremer. Os pais de Kal-El olharam uma última vez para o filho e fecharam-no na nave, iniciando a seqüência de lançamento. Das ruas vinham os gritos e lamentos dos demais kriptonianos, os quais devido ao Conselho acabaram privados da mesma oportunidade que o frágil bebê. Jor-El e Lara acabaram desmaiando, ao mesmo tempo em que um curto-circuito nos controles do transporte alterava levemente a rota deste...

Segundos depois, o veículo espacial foi lançado, deixando rapidamente a atmosfera do planeta. Logo em seguida o sol explodiu, engolindo Krypton e os demais planetas ao seu redor como uma fera insaciável. A nave carregando o pequeno Kal-El se afastava mais e mais, iniciando a longa viagem que o levaria a um mundo totalmente desconhecido...

Capítulo 1

A chegada.

Município de Casa Branca, interior de São Paulo, Brasil, 1980 d.C.

Uma caminhonete maltratada seguia em alta velocidade pela estrada que ligava a cidade de Vargem Grande do Sul a Casa Branca. Ela era dirigida por Jonas Gusmão, fazendeiro, que tinha ao seu lado a esposa, Mariana Gusmão. Ambos haviam ido ao município vizinho para comprar mantimentos, já que lá os preços eram menores.

–         Muito boa aquela mercearia, pudemos comprar bastante coisa! – disse o motorista sem descuidar da direção.

–         É verdade, foi muito bom o conselho do Rossi – concordou Mariana. – De agora em diante sempre faremos nossas compras lá!

O casal estava quase chegando à fazenda “Rio Verdinho”, onde residiam. À direita da estrada, um tanto distante, estava o centro de reabilitação conhecido como “Cocais”. Tudo era tranqüilidade, a rodovia estava deserta e não havia outro som além daquele emitido pelo motor da caminhonete... Até que Mariana viu algo que a fez estremecer.

–         O que é aquilo? – exclamou a mulher, apontando para cima através da janela ao lado de seu assento.

Jonas olhou, e também se surpreendeu. Algo parecido com uma bola de fogo descia velozmente pelo céu azul daquela tarde. Antes que os dois fazendeiros pudessem elaborar qualquer teoria sobre o estranho fenômeno, o objeto flamejante colidiu com a estrada cem metros à frente, provocando grande explosão.

O marido de Mariana afundou o pé no acelerador. Precisava descobrir o que era aquilo. Assim que o veículo se aproximou o suficiente, o casal percebeu que o impacto gerara enorme cratera no meio da rodovia. Logo depois que Jonas freou, ele e a esposa saíram da caminhonete, tossindo devido à intensa nuvem de fumaça provocada pela explosão.

–         Hei, tem alguma coisa lá! – disse o fazendeiro apontando para o interior do buraco.

Os dois desceram pela abertura no meio do asfalto, tomando cuidado para não tropeçarem. A terra fervia. Havia algo no centro da cratera, e Jonas, que já assistira a vários filmes de ficção científica, deduziu o que era:

–         Mas é uma nave!

O casal se aproximou, imensamente receoso. Súbito, uma espécie de compartimento se abriu no veículo espacial, revelando conter um frágil e indefeso bebê que aparentemente tinha dois anos de idade.

–         Jonas, como isso é possível? – indagou Mariana, surpresa e confusa.

Seu marido não respondeu. Apenas abaixou-se ao lado da nave, apanhando a criança em seu colo, a qual estava envolvida num cobertor verde e amarelo. Ao fazer isso, o fazendeiro percebeu que algo caíra no chão. Tratava-se do cristal colocado por Jor-El junto a seu filho. Jonas recolheu o artefato, guardando-o num dos bolsos, para em seguida levantar-se com o menino nos braços.

Mariana sorriu ao olhar para o bebê, que admirava o ambiente com aparente espanto e curiosidade. Jonas fitou o ser em seu colo por alguns instantes e depois olhou para a esposa, dizendo em tom de fascínio:

–         Ele... Não é deste mundo!

–         E o que faremos com ele?

Essa com certeza era uma pergunta difícil de responder. Jonas e Mariana sempre sonharam em ter um filho, mas devido à infertilidade da mulher, isso nunca fora possível. Eles já haviam pensado em adotar uma criança, porém toda a burocracia brasileira os desencorajava. Até que, sem mais nem menos, um bebê caíra do céu bem na frente deles!

–         Não sei se podemos levá-lo conosco... – murmurou o fazendeiro por fim.

–         Mas que mais poderíamos fazer por ele? – perguntou Mariana. – Não há orfanatos em Casa Branca! Se esse menino ficar sob custódia da lei, pode acabar indo parar na FEBEM!

Jonas olhou mais uma vez para o bebê, que começou a rir graciosamente. Não podia negar que, assim como a esposa, estava encantado por aquela criança. É, talvez Mariana estivesse certa.

–         Está certo, vamos ficar com o pequeno! – disse ele. – Porém, acho melhor o mantermos escondido por enquanto, para depois dizermos aos outros que o adotamos! Precisamos tirar essa nave daqui também, pois ninguém pode saber como o encontramos!

A mulher assentiu com a cabeça. Após colocar o menino na caminhonete, o casal apanhou a nave e com certa dificuldade ocultou-a sob um plástico negro na traseira do veículo. Por sorte a estrada continuava deserta. De volta ao assento do motorista, Jonas perguntou a Mariana, que tinha o bebê no colo:

–         E então, que nome daremos a ele?

–         Eu pensei em Cláudio, o nome do meu falecido pai!

–         Cláudio... É bonito e impõe respeito, assim como um legítimo Gusmão deve ser!

E assim a caminhonete prosseguiu na direção da fazenda Rio Verdinho, trazendo consigo um novo e pitoresco morador...

A propriedade rural onde o casal Gusmão residia era grande e acolhedora. Nela havia várias casas, que formavam as chamadas “colônias” da época do café. Jonas e Mariana viviam numa delas, sendo vizinhos da família Rossi, que possuía um filho da mesma idade de Cláudio, chamado Pedro. Ali também existia um grande açude onde era possível nadar e pescar, sem falar de outras dependências.

Dessa maneira o pequeno Cláudio foi crescendo. Junto com Pedro Rossi, que logo se tornou seu melhor amigo, o filho adotivo dos Gusmão vivia mil aventuras na fazenda, seja explorando a mata ao redor dela ou brincando com os animais. Em suma, descobria o mundo ao seu redor. Tudo seguia naturalmente, até a ocasião em que os espantosos poderes do kriptoniano começaram a se manifestar...

Era uma ensolarada tarde de verão. Cláudio tinha cinco anos de idade, e em poucos dias seria matriculado numa pré-escola localizada na parte urbana de Casa Branca. Dentro da casa dos Gusmão, Mariana conversava com sua vizinha Glória Rossi, ambas sentadas ao redor da mesa da cozinha.

–         Então você vai colocar o Cláudio naquela escolinha? – perguntou a mãe de Pedro.

–         Sim, seu marido me disse que você também matriculou o Pedro lá!

–         Eu matriculei sim! Que bom, os dois são muito amigos, assim se acostumarão mais rápido!

–         É mesmo...

–         Dê-me licença, vizinha, preciso usar seu banheiro! – disse Glória se levantando.

–         Fique à vontade!

A senhora Rossi caminhou até o sanitário, ao mesmo tempo em que Pedro entrava rapidamente pela porta da cozinha, escondendo-se sob a mesa no centro do cômodo, pois estava brincando de esconde-esconde com Cláudio.

–         Dona Mariana, não diga ao Claudinho que eu estou aqui! – pediu o menino se ocultando atrás da toalha que cobria o móvel.

–         Pode deixar, Pedrinho! – sorriu a esposa de Jonas.

Instantes depois foi a vez de Cláudio ganhar a cozinha pelo mesmo local que Pedro havia entrado. O filho de Mariana olhou brevemente ao redor procurando o amigo, até que seguiu na direção da mesa.

–         Eu sei que você está aí, Pedrinho! – exclamou ele.

Para espanto da mulher, Cláudio segurou duas das pernas do móvel com as mãos e ergueu-o acima de seus ombros, demonstrando força sobre-humana, ainda mais para uma criança. Pedro também viu o que ocorria e ficou boquiaberto, até o momento em que o filho dos Gusmão colocou novamente a mesa no chão, rindo como se o que fizera fosse a coisa mais normal do mundo.

–         Como ele fez isso, dona Mariana? – indagou Pedro, olhos arregalados.

A mãe de Cláudio não sabia o que responder. Definitivamente aquele menino peralta e risonho era uma criança muito especial...

E assim o tempo passou, e Cláudio foi crescendo. Apenas seus pais e Pedro Rossi tinham conhecimento de seus extraordinários poderes, e concordaram em guardar segredo sobre eles. Quando o filho dos Gusmão completou dez anos de idade, seus pais lhes mostraram a nave na qual chegara ao planeta (ela fora enterrada pelo casal nos fundos da casa onde viviam), revelando-lhe a forma como o haviam encontrado. Jonas também lhe entregou o cristal que possuía o símbolo de sua família kriptoniana, dizendo que talvez algum dia aquele artefato pudesse revelar a Cláudio suas verdadeiras origens.

Mais alguns anos se passaram, com o menino estudando na cidade e vivendo feliz na fazenda, até que ele atingiu a adolescência...

Continua... 


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