Céu Selvagem escrita por Ariadene Caillot


Capítulo 11
Os últimos dias tranquilos


Notas iniciais do capítulo

Olá queridos leitores. Obrigado a todos que estão acompanhando a história e queria pedir desculpas pela demora. Mas sabe quando um escritor entra em conflito com sua própria história? Isso é perfeitamente normal e bem eu estou passando por isso. Eu sei como fazer os fatos, mas a tantas ideias para o desenrolar que eu tive que escrever várias vezes. Mas consegui e me inspirei tanto que escrevi quase que os 2 capítulos. o/

Espero que gostem deste capitulo. O capitulo 12 já está praticamente pronto, na verdade eu quase juntei ele com o 11, mas ia ficar muito longo. Daqui alguns eu posto ele para vocês. ;)

Boa leitura ^^



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Mais tarde, naquele mesmo dia ao final da aula. Dois jovens estavam esperando seu amigo voltar do vestiário. Estavam sentados no gramado perto dali.

–Você ainda está zangado comigo Gokudera-kun? Você é pior que mulher!

–Cale a boca! Você está causando poluição sonora.

–Você é Retardado!? – Patrícia se exalta.

–Apenas estou usando o vocabulário adequado para você.

Ela rosna. – Não tenho culpa se você é um virjão que fica de frescuras para ficar com a garota que gosta! - ela fala baixo apenas para ele ouvir.

–O QUEEEE!?- suas bochechas queimam. -E você é uma intrometida que não sossega nem por um segundo...- Hayato percebe que a atenção de Patrícia foi desviada. Seu olhar estava direcionado para o telhado da escola. – O que foi?

–Parece que um vulto estava passando pelos telhados.

–Vulto? “ Um possível inimigo?”- pensava ele.

–Gokudera-kun...- Patrícia entrelaça as mãos dela, com o rosto corado.

–Sim?

–Falou com ele? – pergunta sem olhar para o rapaz.

–Falei.

–E?

–Eu acho que ele vai tomar alguma iniciativa.

–Sério!?- ela levanta em um pulo.

–Não chame atenção idiota!!!- ele sinaliza para ela sentar novamente.

–Foi mal. – ela senta.- Está falando a verdade?

–Claro! Aquela anta não havia percebido.

–Eu não creio!!! –coloca as mãos na cabeça. -Ele é lerdo como você disse.

–Eu avisei!

–Pronto, voltei!- os dois pulam de susto.

–Por que demorou tanto maníaco do beisebol?- Gokudera rosna qualquer coisa para disfarçar.

–Não estava achando meus livros, hahaha.

–Pra quê? Você nem usa eles. Vamos! O décimo está esperando na saída do colégio.

–Sabe Gokudera-kun, às vezes eu me pergunto sobre algo.

–Não quero nem saber.

Patrícia ria. – Calma, eu queria saber por que você chama Tsuna-kun apenas de “Décimo”.

Yamamoto e Gokudera calam-se.

–Por que para todos que eu pergunto, ficam estáticos?

–Então...- começa Yamamoto mas sem conseguir continuar, rindo em seguida.

–Fizemos uma aposta eu perdi e o acordo era que o perdedor viraria um subordinado e teria que chamar o outro apenas de “décimo”! – Gokudera despejou antes que se enrola-se e deixa-se a amostra que era mentira.

–Que aposta foi para você acabar perdendo?

–Não te interessa.

Ela ria debochando dele. – Tadinho, como que você conseguiu perder justamente para o Tsuna-kun? – ela continuava a rir.

–O décimo é muito forte, mas uma idiota como você não conseguiria entender.

–E você Yamamoto? Não participou disso não é?

–Hahaha, mais ou menos!

Ela engancha nele. –Você não o chama desta forma, então você conseguiu vencer.

–Errr... Hahaha. – Takeshi não conseguia pensar com Patrícia tão próxima dele.

“Idiota!”- Gokudera observava incrédulo.

–Olha o seu amor ali Gokudera-kun!- Patrícia aponta para Haru.

A morena estava conversando com Tsuna, Kyoko, Ryohei e Hana. Gokudera a observa, ela conversava sorridente sem fazer esforço algum. Tsuna e Kyoko estavam perfeitamente normais com a presença dela ali.

Quando Haru o avistou, ela correu para os seus braços e sorriu. Hayato contribui com um sorriso e a abraçou de forma discreta, afinal todos estavam olhando. Pela visão de canto, ele via Patrícia sorrindo orgulhosamente para ele. Algumas garotas, seguidoras de Gokudera, demonstravam sua insatisfação em sua face.

Mas as atenções estavam divididas. Seus outros amigos estavam curiosos ao ver Patrícia enganchada em Yamamoto vermelho como uma suculenta cereja. Parece que muita coisa tinha rolado, enquanto o grupo esteve afastado.

Observavam surpresos, mas felizes, o grupo estava se regenerando e isso que importava. Mas de todos, a mais aliviada era Kyoko. Por mais que Haru era sua melhor amiga, os sentimentos que ela possuía por Tsuna deixavam a ruiva preocupada. O medo que ela rouba-se o rapaz dela era imenso.

Nunca se esqueceu do dia que Tsuna havia contado que conversou com Haru e conseguiram retomar a amizade. Ela nunca sentiu tanto pavor. Quando sugeriu que ambos conversassem, era para ela estar presente, mal esperava isso ocorrer de forma reservada.

Seu coração apenas se acalmou ao ouvir as indignações da Patrícia acerca de Gokudera e Haru. Mal sabia a moça o quanto isso a tranquilizava até certo ponto, mas ela teria que comprovar pessoalmente, pois não sabia se Haru correspondia ao guardião da tempestade. Mas, após aquela cena do casal, a ruiva finalmente poderia dormir tranquila.

Por muitas vezes ela se perguntava a origem do grande medo que sentia. Lembrava o quanto Haru estimava Tsuna e deixou isso totalmente claro para ele, quanto a ela, sequer havia percebido os sentimentos do rapaz. O medo surgiu ao não saber levar o namoro e Tsuna cair nos braços de Haru, que parecia lidar melhor com a situação. “Afinal”- pensava Kyoko enquanto caminhava com o grupo.-“ Ela conseguiu conquistar Gokudera-kun!”

–Aonde vamos hoje?- indagou Ryohei animadamente.

–Tem aquele fliperama que inaugurou há alguns dias. –Comentou Tsuna.

–Sério décimo!? Quanto tempo eu não vou a um assim.

–Eu jogava extremamentebem nessas maquinas antes!

–Todos estão de acordo? Quando tivermos fome, escolhemos alguma lanchonete por aí.

Todos concordam e partem para a loja. Era engraçado analisar como o grupo andava, pois todos pareciam casais. Yamamoto ficou duro o caminho todo de vergonha, pois a loira não largou um segundo do braço dele, o que foi motivo de piada interna entre Gokudera e Haru.

–Patricia-chan é realmente ciumenta. – comentava Haru em tom baixo.

–Ela está fazendo de proposito. Vamos ver se hoje aquela anta faz alguma coisa.

–Hã? Fazer o que?

Gokudera a olha incrédulo. – Como não percebeu que ela gosta dele!?

–Ehhhhh!!! – Patricia olha para traz, observa Haru e Gokudera e sorri de forma maliciosa. A loira podia ler nos olhos de Gokudera ele a chamando de idiota. Sorriu em resposta e voltou a conversar com Yamamoto.

–Ela gosta?

–Sim. E é reciproco.

–Ela me falou que tem ciúme de vocês dois. Não entendo.

–Com certeza falou para disfarçar, quem ela tem ciúmes é de Yamamoto. “Com certeza esse “ciúmes” que ela se refere, é não deixar ninguém chegar perto de mim por causa da Haru.” – pensa Gokudera.

–Mas por que ela não se declara?

–Ela quer que Yamamoto faça isso. Mas ele é uma anta, vai ser difícil.

–Pa-Patricia-chan.

–Sim, Yamamoto-kun?

–É...Hahaha...é...vai ter um festival ... final de semana então...

–Eu ia adorar ir com você!- afirma ela vendo que o rapaz não ia conseguir completar a frase.

–Sério!? Quer dizer... que bom!Hahaha!!!

–Haru me contou um pouco das atrações e se você conseguir ganhar em dois jogos, eu te darei um beijo como recompensa.

–Hahaha...- ele fica sem palavras e ela se aconchega ainda mais nele. Sentia que não ia conseguir andar de tanto nervosismo, mas a situação não estava nada ruim, até que finalmente chegaram ao fliperama.

–Hahaha! Haru venceu Gokudera-kun! – estavam ambos em uma maquina de luta.

–Eu apenas te dei uma chance! Não conte com isso nas próximas vezes!

–Eu nunca fui boa nessas maquinas de tirar bichinhos!- Reclamava Hana.

–Então eu tirarei um ao extremo!!! Qual você quer?

–O pinguim!

–Ahhhhhh, Sr. Pinguim você não é páreo para mim!!! EXTREMOOO!!!

–Não grite seu idiota! Todos estão olhando.

–Por que Ryohei-kun é tão...tão... extremo? –Patrícia não encontrou as palavras certas.

–Hahaha, não sei, mas é divertido.

–Meu irmão é muito animado. - comenta Kyoko.

–Percebe-se. – afirmava Patrícia.

Tsuna apenas observava a cena constrangido, tentava fingir que não conhecia Ryohei nesses momentos extremos dele.

As duas garotas saíram para jogar outra coisa, deixando Tsuna e Yamamoto a sós, ocasião que se tornou rara desde o namoro do futuro jovem chefe. Gokudera mesmo percebendo este fato e não o agradando como sempre, escolheu ficar com Haru, até certo ponto, ele estava acostumado a estar mais afastado do seu precioso décimo desde que ele iniciou o namoro com Kyoko e com certeza, o chefe precisava de momentos de privacidade.

“Não, não é isso! É apenas uma desculpa.”– pensava ele.

O jovem ainda não aceitava o fato, mas a verdade era que ele simplesmente não conseguia trocar a garota que ele gostava pelo seu chefe. Parecia um absurdo até mesmo para ele, mas seu coração queria permanecer ali ao lado dela. Ele ria ironicamente de si mesmo, não acreditava no que Haru estava fazendo ele se transformar.

Tsuna e Yamamoto começaram andar pela loja, olhar alguns jogos e conversar. Foi no final de uma partida de jogo de corrida quando Tsuna resolveu sanar a sua curiosidade.

–Yamamoto-kun, você e a Patricia-chan estão juntos?- o tom dele demonstrava muita curiosidade.

–Hã? Ah, não, não. Somos apenas amigos.

–Vocês parecem um casal!

–Hahaha, sério? –por algum motivo isso deixava o rapaz feliz.

–É a mesma coisa com Gokudera e a Haru. Todos estão achando que eles estão juntos, só não assumiram.

–Hahaha. – Yamamoto preferiu não contar o que sabia. Com certeza Gokudera o mataria por isso.

Outra partida de corrida começou, mas ambos mal prestavam atenção no jogo.

–Eu sinto falta de sairmos com o grupo todo junto. Tornou-se algo muito raro agora.

–Eu sei. Hum... acho que o festival é esse final de semana. Podemos ir todos juntos.

–É sim, Kyoko –chan não para de falar nele. É uma ótima ideia Yamamoto.

–Está combinado, se encontramos lá.

–Feito!

–Tsuna-kun!

–Kyoko-chan! – Tsuna viu os outros atrás dela.

–Eu e as meninas estamos com fome.

–O que!? Fomos consideradas meninas também!?- Ryohei se referia a ele e a Gokudera.

–Não onii-chan! É que vocês não estão com fome.

O grupo todo foi a uma lanchonete que ficava diante da loja. As meninas pediram para sentar em uma mesa de quatro lugares, pois queria ter uma conversa apenas de mulheres. Os garotos sentaram duas mesas depois delas, tanto Gokudera e Yamamoto escolheram ficar de costas para as garotas, para os outros dois amigos não perceberem eles observando as garotas que faziam seu coração acelerar. Hayato só teve que fazer o sacrifício de ficar sentado longe do décimo.

–Décimo, como está aquela marca em sua mão?

–Dormente. Não ativou sequer uma vez depois daquele dia.

–Kyoko havia ficado preocupado com você.- comenta Ryohei.

–Eu sei. Não era a minha intenção.

–Conseguiram achar Talbot?-perguntava Yamamoto.

–Sem noticias dele. - Tsuna lembra-se de Mukuro, ele ainda estava encucado com o que ele queria dizer. Já fazia dias que o jovem estava pressentindo algo ruim e hoje estava ainda pior.

– O que vamos fazer depois de comer, Décimo?

–Huh? Ah, poderíamos ver um filme ou passear pelo parque. Vamos decidir depois com as meninas.E bem, faz um tempo que eu gostaria de agradecer a vocês dois, Gokudera-kun e Yamamoto-kun.

–Hahaha, pelo o quê Tsuna?

–Em relação à Haru e a Patrícia. Ambos estiveram ao lado delas. Se não fosse por tudo o que fizeram, elas não estariam aqui hoje.

Ambos sorriem, mas não conseguiam explicar porque se sentiram desconfortáveis.

–Não a necessidade de agradecer Décimo, apenas era minha função como seu braço direito.

–Hahaha, devemos sempre ajudar os amigos.

Mais tarde após o lanche, as garotas liderando o grupo, decidiram ver as vitrines de algumas lojas e ir até um parque próximo. Os garotos estavam logo atrás, conversando assuntos aleatórios. Tsuna e Gokudera ficaram mais atrás, pelo jeito aquele era o dia para o Décimo esclarecer muitas de suas curiosidades.

–Gokudera-kun, eu sei que talvez eu não devesse perguntar isso mas...- ele passava a mão no pescoço mostrando-se desconfortável.

Hayato o observa inseguro. Normalmente ele diria: Sem problemas Décimo. Você pode perguntar o que quiser! Mas, como todos estavam supondo coisas na sua relação com a Haru, o jovem estava cauteloso. O rapaz decidiu falar alguma coisa, o seu silêncio só comprovaria o que ele pensava.

–Pode perguntar, Décimo. – Gokudera não conseguiu disfarçar sua insegurança no tom de voz e isso não passou despercebido por Tsuna.

–Até hoje eu não consigo entender por que você se aproximou da Haru.- Tsuna praticamente despejou a curiosidade.

Gokudera procurou escolher muito bem as palavras. –Eu sabia que você gostava da Kyoko-chan e suas declarações não obtinham sucesso. Como sendo o seu braço direito, vi que eu nunca havia o auxiliado neste assunto, na verdade eu achava que não devia me intrometer em algo tão pessoal. Mas, indiferente deste fato, eu também sou o seu amigo e assim decidi ajuda-lo.

–Ajudar-me? Foi graças a você que eu consegui ficar com ela?

–Creio que não. Admito que não fiz algo de sucesso.

–O que você fez?- Tsuna simplesmente para na calçada.

–Devemos continuar seguindo o grupo Décimo. – e assim voltam a andar. - Lembra-se de quando fomos treinar nas montanhas?

–Sim.

–Eu apenas o ajudei a ficar conversando com ela praticamente a sós. Os acontecimentos que levaram ao fato de você a beija-la, eu não tive nada haver.

–Se eu não estou enganado, você sugeriu levar as meninas para o treinamento.

–Sim, com segundas intenções. Para você se aproximar mais da Kyoko-chan. Eu não esperava que vocês dois avançassem tão rápido aquele dia.

–Puxa, eu não esperava por isso Gokudera. Obrigada pela ajuda. Aquele dia foi maravilhoso para mim. Você ajudou sim.

–Obrigado.

–Mas o que isso tem haver com você se aproximar da Haru?

–Como você sabe, eu e ela vimos quando vocês se beijaram.

–Como você...

–Haru me contou toda a conversa de vocês. – Surgiu um pingo de arrependimento no rapaz depois que viu a expressão surpresa do amigo.

“Eles viraram amigos tão íntimos assim?” – pensava Tsuna.

–Eu me senti culpado pela dor dela, por torcer para que você e Kyoko-chan ficassem juntos. Eu havia esquecido que Haru detinha de sentimentos por você. Era uma forma reconforto para mim, mas, acabamos nos aproximando muito.

–Então foi isso? É que ainda acho estranho você se doar desta forma para ela.

–Até para mim é muito estranho. Mas acho que Haru acabou se apegando a mim enquanto ela estava triste e eu não via uma maneira do nosso relacionamento não passar disso, quando tomei conta, este vinculo havia surgido. Mas a meu ver, quando ela se curar totalmente, nossa amizade vai retornar como era antes.

–Como assim Gokudera-kun?

–Ela irá retornar a andar com Kyoko-chan. Com certeza começaremos a sair menos até tudo voltar ao normal.

–Não pense assim! Se vocês conseguiram criar um laço profundo não deixe acabar.

–Isso não parte somente de mim, Décimo! Mas enfim, irei aproveitar enquanto este vinculo existe.

–Mas...- Tsuna parecia pensar muito bem no que dizer, Hayato praticamente previa sobre o que era. -Vocês dois não estão juntos?

–Ele riu.- Parece que Patrícia andou iludindo vocês.

–Não foi pelo que Patrícia diz de ambos! Eu vi que vocês se olham de forma diferente.

Bingo! Gokudera havia esquecido que Tsuna percebia os fatos ao contrario de Yamamoto. Era fácil mentir para ele, já o Décimo ia ser difícil convence-lo do contrario.

–Forma diferente? Bem, agora somos amigos mais íntimos. Talvez o que você vê em nosso olhar é... – Gokudera não percebe, mas seu olhar perdeu-se no cenário, o que Tsuna entendeu que ele devia estar pensando muito bem no que falar.- É uma espécie de confiança depositada um no outro.

Gokudera começou a torcer que chegassem logo ao parque, mas as garotas não paravam de olhar vitrines. Estava começando a ficar difícil disfarçar que ele estava apreensivo com as perguntas de Tsuna. As perguntas estavam cada vez mais difíceis.

–Não, é mais que isso.

“Décimo, será que você só vai desistir quando eu afirmar que gosto dela?”- pensou o rapaz -Hã? Como assim décimo?- Gokudera estava estranhando Tsuna estar tão determinado a saber sobre o assunto. A insistência dele começou a irrita-lo.

–Você gosta dela?

A pergunta realmente espantou Hayato, ele não esperava que fosse de forma tão direta. A expressão e tom de voz de Tsuna estavam estranhas, Gokudera não conseguiu definir se era raiva, ódio ou revolta.

–Aonde você quer chegar?- perguntou ele seco.

–Eu quero ver a Haru feliz Gokudera-kun. – engoliu em seco e tomou folêgo. - Eu quero vê-la bem. Eu já feri o coração dela...- ele demonstrava indignação.- Infelizmente eu não correspondia os seus sentimentos. Mas desta vez eu vejo que ambos se gostam, então por que não assumem logo o que sente um pelo outro? Assim como não me perdoo pelo que fiz a ela, eu não te perdoaria se vier a magoa-la também.

Uma raiva interna surgiu em Gokudera. Até o seu precioso décimo iria pressiona-lo agora? Custava deixar os fatos ocorrerem no ritmo que ambos queriam?

–Eu não sou você!- acho que nunca Gokudera falou tão ríspido com o Tsuna como agora.- Não jogue sua indignação em mim.

–Gokudera-kun eu...

–Por que todos se metem na minha vida? As pessoas seguem um ritmo, apressa-las pode causar danos que não seriam sofridos caso seguissem o ritmo normal. Por que não deixam então aproveitar esta fase que eu e ela somos amigos mais íntimos? Está muito boa se quer saber. Eu não quero acabar com isso e por mim não acabaria nunca!- Havia revolta no seu tom de voz.

–Me desculpe...

–Eu não quero me desentender com você décimo, mas isso realmente me irrita.

–Não, não! Está tudo bem!- Tsuna não esperava esta reação de Gokudera especialmente com ele. Eu não devia ter falado aquelas coisas. Só queria que tudo fosse esclarecido.

–Tudo bem. - falou Gokudera dando a entender que queria encerrar de uma vez a conversa.

E aquele assunto não voltou à tona naquele dia. Ambos começaram a conversar sobre outros assuntos. Mas para Tsuna, não tinha sanado todas as suas dúvidas, já que Gokudera não afirmou nada sobre o que sentia em relação à morena. Estava também surpreso, apesar de ver seu amigo todos os dias na aula, faziam certo tempo que não conversavam direito. Gokudera já estava com sinais de amadurecimento a seu ver, o jovem não estava tão impulsivo e muito menos praguejando tudo. Tsuna nem sequer imaginaria que a conversa recente seria em um ritmo tão calmo quanto a este e Gokudera, se queria esconder alguma coisa dele, havia conseguido, já que não sanou as duvidas do décimo.

Certamente, a tempos atrás, Hayato iria ficar vermelho, encabulado e falaria coisas sem sentido, caso sentisse algo pela Haru. Notou também que o termo “décimo” parecia que estava desaparecendo do vocabulário dele, sendo substituído por “você”. Tsuna ainda torcia que algum dia, ele o chama-se pelo o seu nome, a forma que Gokudera remetia a ele era por muitas vezes era vergonhosa na frente das pessoas. A surpresa foi a postura calma do rapaz, tirando que ele ficou indignado certo momento, mas isso Tsuna culpa-se, até ele se irritaria se alguém houvesse falado o mesmo que o futuro chefe fez. Aquele conversa lembrou Tsuna por segundos quando encontrou com a Hayato dez anos mais velho quando foi ao futuro.

O fato era que seu guardião da tempestade sempre foi um pouco carente de amigos, carinho e atenção. Tsuna conhecia o seu passado. Começou a supor a teoria que Haru havia suprido o que faltava para o seu amigo e vice e versa, gerando um elo profundo entre ambos. Talvez fosse por isso que Gokudera comentou que um dia acabaria quando Haru se encontra-se novamente no grupo e que tudo voltaria como era antes. Tsuna previa um amigo decepcionado se isso acontece-se, a morena havia mudado Gokudera de alguma forma e isso deixaria rastros mais tarde. Ela foi a única garota que ele havia deixado se aproximar dele, não seria nada difícil o guardião estar gostando dela.

–Décimo Vongola. Finalmente!- era uma voz masculina, Gokudera conseguiu reconhecer o sotaque italiano.

–Quem é você?

–Não interessa, quero falar com ele. O Décimo Vongola.

–Décimo o que? – fingia o guardião de desentendido.

–O que está havendo aqui?- perguntava Yamamoto.

–Esse cara estranho veio falar conosco.

–Não adianta fingir-se de desentendido guardião da tempestade, Gokudera Hayato. – Era Basílio, que retira suas pistolas apontando para Tsuna e Yamamoto o protege rapidamente. - Eu sabia que eram vocês. Décimo Vongola, eu lhe desafio.

–Brilhando como novas!- falava Adelina para sua espada recém-lustrada. Ela estava sentada em uma mesa, de pernas cruzadas deixando à amostra as suas coxas e acentuando seu busto. O pano que usou para limpar a arma, antes de ela queimar, tinha manchas de sangue.

No fundo, podiam-se ouvir gemidos de dor.

–Quem mandou você levantar?

Os gemidos vinham de uma jovem loira. Ela estava caída completamente no chão com as roupas manchadas de sangue. Podia-se ver hematomas no seu braços e alguns lugares das pernas. Ela tentava se apoiar nos braços para levantar. Adelina só joga um globo que estava na mesa nas costas da moça para ela voltar ao chão.

–Isso é consequência do seu trabalho mal feito! Quase colocou tudo a perder! Você me disse que só dele ver as fotos começou a querer lembrar-se de tudo? Então é realmente verdade o que me falaram, você é a mais fraca do seu grupo. Você vai se afastar dele imediatamente. Voltaremos com a formação anterior.

A moça começa a chorar.

–Oh! Não chore Marcella! Não vai resolver! Claudio não virá para salva-la.

–O que... você... fez com ele? – perguntava com dificuldade.

–Está ocupado trabalhando em dobro por sua causa. E sofreu consequências de alguns atos como permitir que Jack e Cielo se encontrassem. Era algo extremamente proibido, mas eu entendo que foi pela insistência daquele espanhol estúpido.

“Claro, após nos castigar você compreende. Irônico.”- pensava a moça.

–Claudio você está bem?

–Sim Jack. Tive apenas tontura. - o rapaz estava apoiado no garoto.

–Devia se cuidar melhor, Claudio. - o rapaz sentia o sarcasmo na fala de Lorenzo.

O trabalho dobrado estava esgotando as energias de Claudio. Ultimamente estava com tonturas e sua pele estava mais pálida. Além disso, tinha que enfrentar a relação frágil entre ele e Lorenzo. Tinha medo que em alguma oportunidade, o espanhol sumisse com sua vida. Ele pensou profundamente quais seriam as intenções de Lorenzo para Jack, na sua visão, aquele garoto só estava sendo preparado para ser usado em algum dos lados. Mas se Adelina queria derrotar a Vongola, Lorenzo queria utilizar Jack com qual finalidade? Talvez derrotar Céu selvagem? Era a única coisa que conseguia pensar.

–Jack, eu serei seu parceiro de luta. Claudio pode ir descansar!

–Ficarei muito bem aqui!- ele senta em uma cadeira. Seu ato parecia provocar Lorenzo, mas eram as ordens de Adelina em não deixar Jack sozinho com ninguém.

O garoto conseguia perceber essa mudança de clima entre ambos, algo devia ter ocorrido. Estava um pouco difícil para ele confiar em alguém agora. Os treinamentos estavam mais pesados já que logo ele enfrentaria o futuro chefe Vongola. Ele estava ficando muito cansado graças a esse fato aliado com as noites mal dormidas, ele tinha pesadelos e sonhos estranhos constantes.

–Você está muito distraído Jack! Preste atenção! Quer perder a vida para o décimo Vongola!?

–Não!- retomam o treinamento.

–Perder para o décimo Vongola? Impossível.

–Adelina!?- falava Claudio assustado.

–Já dei um trato na loirinha.

–O que você fez com ela?

–Ela está viva! Seria um fardo demais para você aguentar ambos os serviços, é perceptível pela sua fisionomia. Retomei o cargo dela. Eu preciso de você com plenas forças, vou atrair a Vongola para cá no máximo em duas semanas. Esse foi o tempo estipulado para Lorenzo terminar de treinar Jack.

–Então finalmente vai ser executado tudo o que planejou.

–Você receberá sua recompensa. Eu tenho um pouco de afeição por você, é só não falhar novamente.

“Imagina se não tivesse. Os hematomas do meu rosto comprovam.”

Patrícia estava escondida no banheiro feminino do parque. Escutava as meninas a chamarem, mas por ela, não sairia nunca dali. O seu celular toca algo e ela praguejou por não deixa-lo no silencioso.

–Patrícia eu sei que você está aí. Saia. – suplicava Kyoko.

–Não!-gritava ela.

–Não a mais perigo aqui fora.

A loira abre a porta.

–O que são vocês? E esses poderes?

–Pessoas normais, Patricia-chan. São apenas os garotos que possuem estes poderes.

–Como? Como assim? De onde vem isso?

–Acho que é melhor você não saber...

Kyoko vê que a atenção de Patrícia é desviada para o céu, surgindo uma expressão de medo na sua face. Era Tsuna que voava pelos céus, tomando impulso para atacar Basílio. Ele não tinha vindo sozinho, havia outros colegas lutando contra os outros guardiões. Era estranho para a Loira ver Yamamoto lutando de forma séria, ela não conseguia ligar a imagem de rapaz gentil com o que ele estava fazendo agora. Nunca imaginaria que ele teria tal habilidade. Fechou e esfregou os olhos várias vezes na esperança de ser apenas um sono, mas foi em vão. Quando Kyoko se distraiu observando Tsuna, Patrícia aproveitou para sair correndo dali. Apenas ouvia ao fundo os barulhos da luta.

“Não, não pode ser verdade! Não o Yamamoto-kun!!! Você não pode ter poderes! Eu não consigo acreditar nisso!!!” –pensava ela. Sua corrida foi interrompida por uma barreira. - Mas o que!? De onde surgiu isso?- ela ouviu risadas medonhas vindo detrás dela e seu corpo começou a ficar imóvel. A jovem cai de joelhos ao chão.

Uma mulher ergue sua cabeça pelo queixo.- Temos um trabalho para você garota! – Eram as gêmeas que lutaram contra Gokudera e Ryohei antes.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado e aí algumas ideias? Clareou algo para vocês ou ainda perdidos? ;)
Comentem que isso incentiva muito *_*

Bejinhos
Layla ;)



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