A Caçadora - A Supremacia escrita por jduarte


Capítulo 6
Você vai sobreviver - £


Notas iniciais do capítulo

Desculpem pelo sumiço e tudo mais, mas espero que gostem desse capítulo! Foi escrito especialmente para a Cris (CompulsiveWriter) que recomendou a fic! Você é linda



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Acordei várias horas depois quando meu telefone começou a tocar incansável, parecendo ter sido programado para me irritar. Tateando a cama em busca do maldito som, fui obrigada a abrir os olhos quando não o encontrei.

– Droga! – vociferei me levantando de mau gosto.

Quando achei a origem do som, agradeci mentalmente e desliguei vendo que já tinha caído na caixa postal, me virando para voltar pra cama. Mas vozes baixas vindas da sala me impediram. Pegando a pequena arma e a carregando, sentindo meu coração bater alto demais, abri a porta de meu quarto, ouvindo as vozes ficarem mais audíveis.

Respirei forte algumas vezes antes de criar coragem para investigar quem eram as pessoas dentro de minha casa, e apontei a arma para a sala.

Nada. Só a lareira estava acesa e o piso perto da janela, elevado. Um pavor começou a se expandir por meu peito.

Passos e eu apontei a arma para qualquer pessoa que tivesse dentro de minha casa.

O rosto amigável de Edward entrou em minha visão, assim como o de Nate, que insistia em carregar o sorriso sacana. Gostaria de dizer que ver dois rostos familiares numa hora daquelas era bom, mas a verdade era que eu estava morrendo de vontade de dar um tiro em alguém, ou alguma coisa.

– O que está fazendo aqui? – perguntou Nate.

Carreguei a arma tentando soar ameaçadora.

– Ia fazer a mesma pergunta.

Ele riu.

– Temos assuntos para resolver com Edward.

Levantei uma sobrancelha, confusa com o rumo daquela conversa.

Temos? – minha voz saiu baixa demais para meu gosto.

E antes que ele pudesse responder mais vozes se fizeram ouvidas, seguidas de risadas. Empurrando Nate para o lado e indo em direção à cozinha, de onde as vozes vinham, pude ver que vários homens se empoleiravam na pequena mesa de jantar.

Pigarrei bem alto e todos os olhos vieram parar em mim, deixando o cômodo em total silêncio. Percebi que Jason também estava ali, e tomava uma coisa avermelhada em uma taça. Apontei com o dedo e murmurei:

– Eu realmente espero que isso seja suco.

Pude ver seu pomo-de-adão subir e descer conforme ele engolia a saliva secamente.

– Isso aqui é alguma reuniãozinha que eu não estava sabendo? – perguntei.

Minha voz era ácida e o suficientemente seca para fazer alguns caçadores se entreolharem. Caleb, Nolan, Jake, Sullivan se levantaram devagar e ficaram num canto afastado de mim, como se eu fosse a ameaça.

Greyson parecia tanto quanto um gatinho assustado do lado de meu irmão, Rob quase se enfiava embaixo da mesa, assim como Jaden. Mas Jeremiah foi o único a levantar e vir até mim, com os passos firmes. Pude ver que ele parou, olhou para algo em cima de minha cabeça e sorriu de leve.

Alguns dos caçadores usavam camisetas apertadas que delineavam seus músculos, muito mais apertadas do que uma pessoa em sã consciência usaria num tempo frio como aquele.

– Helena, - Jeremiah começou, batendo uma mão na outra, tentando manter a voz estável. Apertei a arma. – sinto muito pelo acidente.

– Não sente, não. – o interrompi.

Ele pareceu contrariado por alguns segundos e retomou a compostura, tornando a abrir a boca, mas antes que pudesse proferir algo, eu disse:

– Se não tivessem feito aquela aposta imbecil, nenhum de nós estaria aqui agora.

Observei todos eles abaixarem a cabeça e Jeremiah se afastar alguns passos.

Quando o silêncio se tornou algo insuportável, bufei e descarreguei a arma, sussurrando suficientemente alto para que todos escutassem mesmo de longe.

– Que droga, estava realmente esperando que um de vocês me tirasse do sério para que eu pudesse estrear minha arma novinha. – coloquei-a atrás da calça jeans que ainda vestia.

Andei até meu irmão, ciente de que todos observavam meus passos cautelosamente, – eu diria até com medo – esperando por uma explosão repentina, e peguei a taça à sua frente, entornando-a por completo. O vinho desceu por minha garganta com um leve ardor.

– Alguém vai começar a falar o que diabos vocês estão fazendo aqui, ou terei de descobrir sozinha?

Desta vez Jake se pronunciou.

– Creio que sabe sobre nosso segredo... – ele não tinha que terminar para eu saber o que era, mas meu irmão não sabia de nada!

Olhei de soslaio para Jason que se reclinava na cadeira, confortavelmente, brincando com a beirada da taça.

Assenti querendo que ele continuasse logo com o assunto.

– Todos mês fazemos uma reunião com o Guiador para que ele nos dê alguma tarefa.

Cruzei os braços.

– É só isso? – perguntei.

– Sim. – Greyson disse.

– E onde está o seu Guiador? – as perguntas não ficavam em minha boca.

Quando ninguém me respondeu, peguei a arma novamente, carregando-a.

– Eu fui treinada para matar a espécie de vocês, e se não tiver respostas terei de botar a arma para funcionar.

Jason se levantou quase derrubando tudo, e assustando a todos, e arrancou a arma de minha mão sem que eu nem tivesse tempo de protestar.

– Chega, Helena.

O encarei chocada demais para conseguir pronunciar qualquer coisa.

– Eles são meus amigos, e eu realmente não gosto quando ameaçam meus amigos. Mesmo que essa pessoa seja minha irmã. – e com isso colocou a arma em sua calça, cruzando os braços na minha frente.

Ignorei meu irmão como pude, tentando não voar em seu pescoço e tomei seu lugar à mesa, me reclinando como ele, tentando parecer indiferente com toda a situação.

– Então...?

– Não sabemos onde ele está. Não iriamos nem vir para cá, mas seria muito anormal ver lobos passeando pelo Central Park às cinco da manhã. – disse Caleb.

Mordisquei o lábio inferior enquanto decidia se confiava na palavra dele ou não. Mas quando o olhei e vi seus olhos suplicantes e medrosos, não tive dúvida de que algo estava errado.

Muito errado.

– O que aconteceu? – fiquei ereta na cadeira, prestando mais atenção em tudo.

Jeremiah levou um dedo e todos saíram com exceção de Edward e Nate. Meu irmão continuou parado do lado de Edward, como se fosse um cão de guarda, e eu fiz uma careta. Eu deveria estar feliz por meu irmão ter meu companheiro como amigo, mas por que aquilo me incomodava tanto?

– Acharam um corpo em uma floresta perto de Wappinger Falls, completamente drenado, e Kaus Finnik está desaparecido.

Coloquei a mão na cabeça, ficando de pé.

– Como assim Kaus está desaparecido? – gritei. – Por que ninguém me falou nada?

Edward pareceu arregalar os olhos mais ainda e balançou a cabeça.

– Ele sumiu quando você sofreu o acidente, e pensamos que tivesse sido ele o responsável.

Tudo parecia irreal demais para mim. Kaus não teria provocado o acidente, certo? Ele não seria capaz de fazer uma coisa dessas comigo. E muito menos com o irmão dele.

– Eu pensei que tivesse sido o Fitch. – minhas palavras saíram baixas e magoadas.

Jeremiah não pareceu me acompanhar e sussurrou:

– Como assim, Helena?

Era a primeira vez que tínhamos uma conversa fora do ambiente de trabalho e tudo o que falávamos era sobre as pessoas que tinha tentado me matar?

– Quando o carro veio em nossa direção, pensei que Fitch tivesse mandado nos exterminar.

Ele pareceu hesitante.

– Ele nunca faria isso. – Jason balbuciou ao longe, saindo da cozinha.

– Isso não importa agora... – Edward disse. – Os corpos drenados são de quem?

Jeremiah pegou uma papel que estava à sua frente e apontou para a primeira foto. Um casal claramente apaixonado se olhando e sorrindo. Era possível ver o anel em seu dedo anelar da mão esquerda, e não consegui parar de pensar em minha situação. Assim como eu, aquela garota iria se casar.

– Estes são Meena e William. Eles estavam caminhando pela floresta quando se depararam com uma criatura absurdamente demoníaca, de acordo com Meena.

– Ela ainda está viva? – o interrompi.

– Sim. – ele respondeu e passou para a próxima foto.

Era foto de um desenho de um rosto conhecido e monstruoso, cheio de cores escuras e sangue respingado na boca, com veias saltando dos olhos.

Um calafrio passou por mim e eu tive vontade de me abraçar para espantar o sentimento de que era exatamente e pessoa que eu pensava.

– O que é isso? – perguntei pegando a foto, tocando a superfície.

– Isso é o que Meena viu antes de ser atacada e quase morta.

Baixei a foto sentindo meu estômago se revirar, e caminhei pela cozinha, procurando desesperadamente por um copo d’água, mas sem saber ao certo por onde começar a procurar, já que não conhecia nada na casa.

Finalmente achei um copo perdido num dos armários da cozinha e quase agradeci. Tomando um gole grande e engolindo o bolo que se formava em minha garganta, enxuguei o suor invisível de minha testa e me virei para Jeremiah.

– Vocês acham que foi Kaus?

Ele não precisou responder.

A pessoa que Meena tinha descrito era Kaus. Eu reconheceria aqueles olhos em qualquer lugar.

– Isso não é possível! – balancei a cabeça em negação, me apoiando no balcão atrás de mim.

Mas eu sabia, melhor do que ninguém, de que era possível sim. Kaus era bom, mas poderia fazer uma atrocidade daquelas quando bem entendesse. Eu teria que averiguar essa história direito e o mais rápido possível.

– Kaus não é a pessoa que você pensa ser. Ele é um demônio, Helena. Tem sede por sangue e dor. – a voz de Jeremiah era dura e verdadeira, sem nenhum toque de piedade. – O que você conheceu foi uma parte dele, somente. Foi você que fez os irmãos Finnik virarem humanos novamente, mas não quer dizer que os conhecia de verdade.

Abri a boca para protestar e Jeremiah levantou um dedo, me impedindo de pronunciar qualquer palavra.

– Sinto muito por Polux, sinto mesmo, mas precisa esquecer isso. Não foi nossa culpa, acredite, e também queremos saber quem foi o desgraçado que provocou o acidente. Precisa estar bem para voltar ao trabalho e encarar tudo.

Abaixei a cabeça em derrota.

Não tinha mais nada a declarar. Suas palavras já tinham dito tudo e mais um pouco. Eu teria de cumprir com o que meu juramento me propusera, e uma das coisas era: não deixar sentimentos afetivos e/ou pessoais afetarem sua vida. Você vive, a partir de agora, para o trabalho.

Jeremiah se levantou e veio em minha direção, tocando levemente em meu braço. Talvez aquele tivesse sido o único – e último – contato direto que ele tinha feito comigo.

– Você vai sobreviver.

E saiu pela porta da cozinha com Nate, Jason e Edward em seu encalço, deixando-me parada como se tivesse acabado de levar um soco na boca do estômago. Minha cabeça girava e tive de fechar os olhos para não vomitar.


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Notas finais do capítulo

Continua?



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