A Caçadora - A Supremacia escrita por jduarte


Capítulo 26
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Notas iniciais do capítulo

Desculpem a demora!!! Mas aqui está o novo capítulo! Espero que gostem,
Beijooos,
Ju! ♥



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Meu corpo inteiro estava dolorido. Como Adelaide só estaria na empresa no dia seguinte, aproveitei para treinar tudo o que podia.

Tinha sido uma péssima escolha.

Meu corpo implorava para que eu parasse de socar os sacos de areia e fazer abdominais, mas eu não podia me dar esse luxo. Eu tinha que continuar.

A dor elimina pensamentos desnecessários”, de acordo com Jake. A junta de meus dedos estava completamente dolorida e só queria tomar remédios para a dor, depois de um banho quente e relaxante e apagar. E não era nem 20:00hrs ainda.

Peguei meu celular e vi mensagens de Claire, que fiz questão de ignorar. Não por estar brava com ela e nem nada disso, mas porque realmente não estava no clima de responder nada e nem ninguém que estivesse no mínimo feliz por ter conseguido “pegar” o cara bonitinho da boate. Era um assunto fútil que eu preferia deixar para depois.

Edward abriu a porta de casa e me ajudou a subir as escadas, já que minhas pernas pareciam ter esquecido de como andar, e me fez entrar no banheiro.

— Eu estou fedendo tanto assim? – reclamei quando ele fechou a porta e saiu andando.

Encarei isso como um sim e me pus a cheirar menos mal. Liguei o chuveiro sentindo o vapor me engolfar e tirei a roupa.

Enquanto enxaguava o cabelo sentia pouco a pouco a dor muscular dar lugar para ao êxtase. Respirei fundo antes de sair do banho enrolada na toalha e andei nas pontas dos pés para o quarto, fazendo questão de me enfiar em um conjunto de moletom, meias de lã e pantufas fofinhas com a cara de um porco e saí em direção à cozinha.

Meu irmão que estava sentado na bancada comendo um sanduíche, só faltou morrer de tanto rir ao ver meu sapato.

— Isso não é uma piada, Jason. Pode parar de rir.

— Cara, você merece o prêmio ‘Garota Mais Sexy’ do ano! Essa pantufa de porco certamente lhe renderia o primeiro lugar, mana.

Revirei os olhos ao comentário infeliz, pegando o meu sanduíche do prato, praticamente acabando com ele em menos de um minuto. Eu estava morrendo de fome.

Edward ria, mas era de uma maneira contida, enquanto me observava do balcão ao lado de meu irmão, com os braços cruzados no peito. Como tínhamos ligado o aquecedor, ele só estava com uma blusa de mangas curtas e parte de sua tatuagem ficava aparecendo.

— Obrigada por fazer meu sanduíche. – disse beijando seu rosto, tirando a toalha da cabeça, e beijando o rosto de meu irmão que estava vermelho de tanto rir. – Obrigada por ser meio retardado.

Fiz um aceno para os dois e voltei para o quarto. Eu não estava num clima para ser zoada. E usar aquela pantufa era pedir para ser zoada.

Coloquei a toalha atrás da porta do banheiro e penteei o cabelo emaranhado, segurando o sanduíche pela metade na boca.  Voltei para minha cama e notei que minha janela estava aberta. Uma corrente de ar passou por mim fazendo com que eu me arrepiasse totalmente, deixei meu sanduíche em cima da cômoda e fui fechá-la, dando de cara com um lobo completamente preto, de pé na minha frente, quando me virei em direção à minha cama.

Meu coração pulou uma batida.

Meu lobo.

— Oh, merda. – sussurrei.

O Guiador bufou/riu e pareceu revirar os olhos, fungando perto de meu sanduíche. Seus olhos curiosos vagando por todo o quarto e voltando para mim, suplicantes.

— Está com fome? – perguntei com a voz vacilante. Peguei o resto que não tinha comido e estiquei em sua direção. O metamorfo cheirou o que eu estava lhe entregando e abocanhou, por pouco não pegando meus dedos. Puxei a mão para o peito, segurando-a.

Meu coração batia alto e eu tinha certeza que o Guiador conseguia ouvir. Ele se aproximou de mim e eu dei alguns passos para trás, encostando-me no batente da janela. Ele não parou de andar e encostou o focinho em minha perna. Congelei no lugar. O metamorfo raspou o focinho em minha cintura e eu abaixei a mão trêmula para lhe afagar a cabeça.

Merda, eu nunca tinha nem ao menos feito carinho em um cachorro na minha vida inteira, quanto mais em um metamorfo. Edward não me deixava tocar nem suas orelhas, quanto mais me deixar-lhe fazer um carinho direito.

Ele vai arrancar meus dedos, pensei seriamente.

Só tinha o tocado desta maneira uma vez, e eu estava sonolenta demais para lembrar do que tinha feito.

Mas diferentemente do que eu pensei, ele deixou e forçou a cabeça na direção de minha mão para que eu continuasse a lhe fazer carinhos atrás da orelha. Abaixei para ficar na altura de seus olhos fechados e inspirei seu cheiro almiscarado e levemente familiar.

— O que faz aqui? – perguntei baixo.

O lobo abriu os olhos escuros e eu suspirei.

— Você é um Guiador, não deveria estar aqui.

Ele bufou e empurrou sua cabeça contra minha mão, mordiscando meu dedo de leve. Sorri como uma idiota com isso. Ele se endireitou e ficou mais alto do que eu. Aconcheguei-me no chão e sentei com as pernas prensadas no peito, esperando que ele magicamente respondesse. Mas nada. Ele insistia em me encarar e roçar o nariz em minha perna para que eu lhe fizesse carinho. Acariciei mais uma vez suas orelhas e ele fez um barulho engraçado.

O lobo sentou-se do meu lado, me encarando e passou o focinho em meu pescoço. Ele encostou a cabeça em meu ombro e pareceu suspirar.

Sorri.

— Você é meio estranho, mas de um jeito bom. Edward nunca me deixa fazer carinho nele. – sussurrei afagando seu pescoço, sentindo sua respiração pesada e quente e a pressão de seu corpo.

O sono estava me tomando quase que por completo.

— Se Edward pegar você aqui dentro, comeremos sanduíche de metamorfo pela manhã. – balbuciei bocejando, encostando minha cabeça na parede e apagando minutos depois.

O Sol me despertou logo pela manhã. Ele brilhava fraco no quarto, incomodando meus olhos de leve. Espreguicei-me preguiçosamente enquanto abria os olhos devagar, sentindo que algo fugia de minha mente.

E foi quando me ocorreu: Um metamorfo tinha passado a noite comigo. Pela terceira vez.

Ter um metamorfo em minha cama era algo que eu não queria. E depois do aviso de Edward, eu realmente só me importava em manter minha cama livre de pelos de Guiador.

Sentei ereta e minha visão escureceu pelo movimento brusco. Coloquei a mão na cabeça e respirei fundo. Levantei quando consegui enxergar direito, estranhando estar em minha cama e não no chão. Peguei um tufo de pelos escuros em minha janela e instantaneamente lembrei-me da noite passada. Arranquei o casaco de moletom por estar com muito calor dentro da casa e deixei-o em algum lugar, ficando com uma blusa de mangas curtas azul escura.

Vi minhas pantufas de porco no chão, mas não me importei em lhes pegar. O dia estava somente começando, isso eu tinha certeza, e o sol fraco entrando pela janela me deixava saber que eu não estava atrasada para o trabalho. Bocejei e fui em direção à cozinha, na intenção de me fazer um cappuccino fumegante e me arrumar para o trabalho, e acabei encontrando um homem sentado de costas para mim. Meu coração parou por uns segundos, voltando a bater com toda a força. Prendi a respiração.

Seus cabelos louros lhe caíam perfeitamente na altura das orelhas e eu tive que me concentrar para não surtar.

— Fitch? – chamei sem ter certeza se poderia confiar em minhas próprias palavras.

Foi possível ver seus músculos retesarem e ele respirar fundo, como se para se controlar.

E então virou para mim.

Seus olhos azuis estavam abatidos e contidos. Maduros, eu diria.

— O que está fazendo aqui? – indaguei com a voz fraca, de quem luta contra a vontade de chorar. Eu o tinha visto na noite de Natal, com Cali. E depois nada.

Isso me matava e me corroia por dentro.

Ele se levantou e veio em minha direção, me entregando uma xícara com um conteúdo marrom e quente. Cappuccino.

— Soube que tinha saído do hospital e queria ver como estavam as coisas.

Me encolhi.

Tarde demais.

Ah, sim, ele só tinha se lembrado de mim por causa do maldito acidente.

Meu estômago se revirou.

— Ah. – foi a única coisa que saiu da minha boca, e me forcei a encarar o chão.

Ele se aproximou ainda mais de mim e segurou meu queixo de uma maneira carinhosa que me deixava de pernas bambas. Fitch arrumou uma mecha de cabelo que caía em meu olho com a mão livre e sorriu, encostando os lábios de leve meu nariz.

— Mas estou aqui, não estou? – sua voz suave ressonou em meus ouvidos.

Me afastei dele o suficiente para sussurrar roboticamente:

— Sim, está.

Engoli seco, tomando um gole do cappuccino e fazendo um barulho de “ah!” no final.

— Obrigada pelo café. – balbuciei e passei por ele para encostar a barriga na bancada, dando as costas para Fitch. Eu não estava pronta para lhe encarar de frente. Não depois de ter dito que amava Polux quando, na verdade, meu coração somente pertencia à ele.

O ouvi suspirar, parecendo ou cansado ou frustrado e fechei os olhos, apoiando minha xícara na bancada de linóleo. Minhas mãos apertaram a beirada dela. Seus passos se tornaram audíveis, vindo para mais perto de mim. Senti seus braços me enlaçando protetoramente. Seu calor me transmitia paz, e mesmo que eu estivesse brava com ele – mais do que brava, na verdade –, não conseguia negar que à cada segundo que passava, eu ansiava mais por estar ao seu lado. Meu corpo gritava pelo seu.

Uma lágrima solitária escorreu por meu olho fechado e deixei a cabeça pender para frente, somente sentindo o contato de sua pele quente com a minha estranhamente fria.

— Desculpe. – ele sussurrou depois de alguns minutos em silêncio, e mais lágrimas caíram, um soluço veio de algum lugar dentro de meu corpo, e eu xinguei mentalmente. – Desculpe por ter ficado com Cali e não com você, por tê-la deixado ir com Polux quando o que eu mais queria fazer era arrancar a cabeça dele do pescoço. Desculpe por tê-la feito sofrer e não ter dito a verdade. Por todas as vezes que fui grosso e que contrariei suas opiniões.

Suas mãos carinhosamente me viraram para que eu encarasse-o, e deixei minha cabeça pender em seu peito. Ele pegou fôlego e continuou.

— Desculpe por tê-la deixado ir, Helena. É uma coisa pela qual eu nunca me perdoarei. – Fitch sussurrou.

Funguei uma, duas, três vezes até que pudesse falar sem soluçar palavras inúteis e que não acrescentariam nada mais a seu discurso. Eu queria não acreditar em todas as coisas que ele estava me dizendo. Eu queria olhar para Fitch e mandá-lo sair de minha casa, mas eu não conseguia. Não pelo fato de não ter coragem, pois isso era o que eu mais tinha, mas porque eu tinha medo de perdê-lo novamente.

Ou talvez fosse o medo de me perder novamente.

Coloquei a mão em meu peito, sentindo o coração latejar dolorosamente e limpei uma lágrima que insistia em escorrer de meu olho, não importasse quantas vezes eu a enxotasse.

— São muitas desculpas. – eu disse com a voz fraca, e abracei seu corpo, fazendo questão de enterrar a cabeça em seu peito e sentir a pulsação de seu coração em minha orelha. – Por que você não veio me ver? – perguntei.

Ele suspirou.

— Eu fui, Helena, mas tinha que cuidar da empresa. Não podia simplesmente abandonar as coisas. – Fitch murmurou por entre meus cabelos, afagando minhas costas e não me deixando por um segundo. Algo em sua voz dizia-me que ele não estava me contando toda a verdade, mas realmente não me importava por ora. Eu só queria estar com Fitch e nada mais.

Fitch me apertou em seus braços de uma maneira tão forte, que pude me sentir segura pelo menos uma vez, sem me preocupar em sair correndo em disparada para resolver algum problema com demônios ou coisa parecida.

Éramos eu e ele.

Só nós dois, nem um pouco atarefados ou berrando um com o outro, e sim em um ponto de paz que eu desconhecia, mas admirava.

Levantei meu rosto, sentindo sua barba roçar em meu nariz e sorri de canto.

Eu o queria beijar mais do que tudo. Queria saber que, pelo menos por um instante, ele era meu e não de Cali.

Me beije.

— Onde Edward foi? – perguntei num fio de voz.

— Correr com Jason. Estamos sozinhos. Por quê? – ele respondeu rápido demais, como se pudesse ler minha mente.

Coloquei a mão em sua nuca fazendo questão de puxá-lo mais para perto, e fiquei na ponta dos pés.

— Porque posso fazer isso – e selei nossos lábios em um singelo selinho.

Suas mãos foram parar em meu pescoço, puxando-me mais para perto, aprofundando o beijo de uma maneira que eu nunca pensei em ser beijada antes. O beijo era cheio de saudades, de paixão...

Me proteja.

Eu sentia a bancada bater em minhas costas, mas não me importava. Estava entregue àquele momento e nada poderia me atrapalhar.

Cali. Cali. Cali.

Minha mente não parava de entoar esse nome.

Fui obrigada a me soltar dele com a culpa me corroendo por dentro. Merda.

— Não devia ter te beijado. Você tem namorada. – balbuciei ainda transtornada, tentando sair de seu abraço.

A mão de Fitch foi para a base de minhas costas, impedindo que eu me movesse um centímetro sequer, e ele fez questão de afastar meu cabelo do pescoço, distribuindo beijos até minha clavícula, onde parou subitamente. O ambiente era lotado de gemidos de prazer que Fitch parecia se deliciar ao ouvir. Ele sabia como me deixar fraca.

Já tínhamos feito isso antes. Ele sabia exatamente onde me tocar. Onde colocar seus lábios. Da maneira que eu mais gostava e da pressão exata.

Ele sabia, mesmo depois de todo esse tempo. Ele se lembrava.

— Cali não é mais nada minha, Helena. Eu amo você, não ela.

Me ame.

Meu coração pareceu dar um solavanco no peito.

— O que disse? – perguntei sem ter certeza se tinha ouvido mesmo ou se minha mente estava me pregando peças.

— Eu te amo. Cali não significa e nunca significou nada para mim. – sua voz era verdadeira, mas contida, como se ele não pudesse deixar nada escapulir.

Espalmei seu peito, tentando controlar minha respiração pesada, empurrando-o para longe. Suspirei aliviada quando ele se deixou ser empurrado.

— Tem algo que não está me contando. Eu sinto isso. Como posso acreditar em você se sei que está mentindo, Fitch?

Ele abaixou a cabeça para me encarar e deixou seus olhos na altura dos meus.

— Nunca menti sobre meus sentimentos por você. Sim, também tenho meus segredos, assim como você tem os seus, mas nada que tenha que se preocupar agora. – Fitch me assegurou, procurando por meus lábios novamente, impedindo-me de continuar a falar, mas eu abaixei o rosto, deixando seus lábios colarem em minha testa.

Pisquei pesadamente duas vezes antes de afundar meu rosto novamente em seu peito.

— Tem certeza? – perguntei com o tom de voz de uma pessoa incerta.

Fitch hesitou.

— Tenho. Fique tranquila.

Fique comigo.

— Fitch... – minha voz não saiu. Eu não conseguia pronunciar as palavras que estavam presas em minha garganta.

— Sim?

— Promete que vai me contar quando estiver pronto?

Desta vez ele não titubeou.

— Prometo.


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Notas finais do capítulo

Continua?



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