Acordo pulando na cama cantarolando com o Pudim me olhando com uma cara muito “WTF?”, o motivo? É O ULTIMO DIA DE AULA!

Eu sei o que você deve estar se perguntando: Alice acordando no horário duas vezes no mesmo mês? ATÉ EU ESTOU IMPRESSIONADA!

– Filha você pode, por favor, PARAR DE PULAR NESSA CAMA E IR SE ARRUMAR PRO COLEGIO? Antes que eu me esqueça, nessas férias você a Nicole, o Fernando e o Artur vão trabalhar lá no café.

NÃOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO! Filho da fruta! Cassetete! Orifício anal! Merda! Minhas férias foram para o ralo.

Resumindo: minha mãe e a dona Lucia são donas de um café (não se preocupe, minha mãe cuida da parte administrativa e a dona Lucia das comidas). Eu, a Nicole e os irmãos Barbosa já trabalhamos lá algumas vezes. É a maior droga ter que ficar atendendo clientes chatos. Desço as escadas meio andando meio tropeçando fazendo minha saia subir, mas tudo bem, estou de shorts por baixo.

Meu colégio é estranho, ele não é como os colégios brasileiros normais: o uniforme é o mais esquisito de tudo: para as garotas é uma camisa social, daí um vestido que vai ate o joelho por cima e o calçado é opcional. A dos garotos a única coisa que muda é que eles usam calças – sortudos.

MAS ENFIM... Quando chego milagrosamente sem nenhum arranhão na cozinha minha irmã me olha com uma cara de baiacu morto.

– Para de me olhar assim Nicole! Esta me assustando!

– Estou imaginando como você vai ficar no novo uniforme do café. - Mesmo não trabalhando ela continua agindo como fotografa/ jornalista.

– Eu não perguntei- TOMA ESSA NICKS! E ela me mostra o lindo dedinho do meio que na unha estava desenhada o bob esponja. Lindo, mas infantil.

Catei um pacote de bolacha e fui encarar a bruxa/Carmen.

– Tchau mãe, Nicks e Rodrigão que pelo visto acabou de acordar!- Sério esse cara trabalha? Escuto um tchau e tenha um bom dia da minha mãe, um “NÃO ME CHAMA DE NICKS” e eu acho que um Srtª. Delinquente do Rodrigo. Saio pela porta da frente e paro na frente da minha janela.

– TCHAU PUDIM!

– NÃO GRITA!

– PUDIM? É VOCÊ MEU FILHO?

– Não sua anta roxa, sou eu!- Olho na direção da janela do coiso que chamo de vizinho e ta ele lá chato, musculoso e irritante descendo pela arvorezinha.

– Vamos logo ou vai ficar parada ai vegetando?

– É melhor do que encarar a pedófila Carmem logo na primeira aula.

– Vamos logo Alice. - E começou a me arrastar. Eu e o Fernando nos odiamos, mas somos aquele tipo de amizade que briga, mas continua amigo - ou tenta.

– Fernando você já sabe que vamos trabalhar no café nas férias?

– Infelizmente sim.

– EU NÃO QUERO TRABALHAR!

– Muito menos eu!- E assim ficamos reclamando ate chegar ao colégio.

O ultimo dia foi difícil: visitei a Abi três vezes (três aulas com a Carmen), o Fernando grudou chiclete no meu cabelo - tive que cortar um chumaço, tomara que ninguém faça macumba com ele -e sai no tapa com uma garota que queria me bater por cair sem querer no pé dela.

Resumindo: eu quero ser uma tartaruga!