Eu vou.

Assim que sai da casa grande, fui pra floresta. Precisava pensar.
O que era mais importante? Minha segurança ou a paz nos acampamentos?
Obviamente que era a minha segurança. Pelo menos era o que a parte sã do meu cérebro pensava.
Eu andei até uma parte mais escura da floresta, onde ninguém poderia me ver. Me sentei ao pé de uma cerejeira.
Era minha árvore preferida. Única no acampamento. Tess havia plantado ela um mês depois que cheguei aqui, eu a vi pela primeira vez, quando ela cuidava desta árvore. Quando ela saiu, eu me sentei nesse mesmo lugar que estou agora... Para pensar também.
E essa árvore, virou o lugar que eu sempre vinha pra colocar minha cabeça em ordem.
Fechei os olhos, e repensei em tudo que havia acontecido desde os 4 anos em que eu estava ali.
Há 4 anos que eu não saio do acampamento.
Há 4 anos que eu não vejo o mundo lá fora.
Há 4 anos que eu sirvo o acampamento.
Há 4 anos...

Ouvi passos, e abri os olhos rapidamente. Na minha frente estava um par de jeans pretos. Levantei os olhos e vi Daniel. Meu primeiro amigo ali.
Quando Miguel, o sátiro estava me trazendo para o acampamento, encontramos um garoto de pouco mais que 13 anos lutando contra um bando de harpias loucas. Miguel não teve escolha, senão levar Dani conosco. E desde então, ele me protege, e eu o protejo.
Daniel era um filho de Atena... Ele trabalhava para o acampamento desde os 15 anos. Agora ele tinha 18, e continuava ali. Era como um professor... E era muito bem informado.

Sorri quando ele se sentou do meu lado.

– Pensando? – ele sorriu
– Tentando...
– O que houve?
– Nada importante.
– Você não viria aqui se não fosse importante.
– Desde quando, vir pra floresta e se sentar em uma árvore, tem a ver com ter ocorrido algo importante ou não? – perguntei ironicamente, apenas pra deixar Daniel sem respostas. Eu realmente adorava fazer isso.
– Fiquei sabendo da... – ele suspirou – missão.
– Você sabe que eu não posso levar ninguém. Estão me mandando pra uma missão suicida, Dani. Eles não querem realmente que eu volte.
– Não exagere Candy.
– Ah, por favor! – falei exasperada- Você sabe que querem que eu morra. –ri amargamente – Eles apenas temem a ira de Zeus, ao saber que mataram sua filha. Mas... Se me mandarem em uma missão, e eu morrer nela... Não vai ser culpa deles. Devo admitir – sorri – que é algo muito inteligente.
– Isso é drama? – Daniel perguntou
– Aham.
– Candy... – ele riu – você é uma semideusa preciosa no acampamento.
– É por isso que vão me mandar pra outro?
– Não. Claro que não!
– Sabe... Vocês estão me usando como Cavalo de Tróia. – Eu sorri – vão me mandar para os inimigos, como um presente de paz. Apenas para eu destruí-los enquanto dormem.
– E desde quando você se importa se alguém está dormindo ou acordado pra destruir?
– Ér... - Eu ri e escorei a cabeça no ombro de Daniel. – E se me matarem, Dani?
– Zeus pira. – ele respondeu indiferente – E começaríamos uma guerra.
– Estou preocupada... Eu não sei realmente o que vou fazer lá. O que vou dizer?
– Que tal... “ Oi, eu sou a Candy. Sou filha de Zeus, e se não me obedecerem vou jogar um tijolo em vocês * risada engraçadinha * “ – Daniel disse, em uma quase perfeita imitação da minha voz
– Vai se foder, idiota. – dei um tapa no peito dele, rindo – É sério.
– Se você ouvisse o pessoal da casa grande... Bem, você saberia o porquê está indo para o Acampamento Romano.
– Porque nenhum semideus sabe disso?
– Disso... O que?
– Do outro acampamento. O Acampamento Júpiter.
– Ah... Mantemos em segredo pra não haver nenhuma outra guerra.
– Outra?
– Há algum tempo... Bem, você sabe... Gregos e romanos sempre se odiaram. E há muito tempo atrás, quando um acampamento sabia da existência do outro... Houve uma guerra grande. Que não pode ser evitada. Os dois acampamentos ficaram devastados. E tiveram que recomeçar do zero. Mudaram-se para outra região, em segredo... E nenhum sabe a exata localização do outro.
– E COMO RAIOS VOCÊS ESPERAM QUE EU VÁ PARA OUTRO ACAMPAMENTO SEM A LOCALIZAÇÃO?
– Se vira gata.
– Odeio você.
– Sei que me ama. – ele sorriu
– Morra.
– Só se for ao seu lado.
– Se morrer ao meu lado será porque eu te matei.
– Me matará de amores – ele riu
– Não, vou te matar de facadas mesmo.
– AAAAAAAAAAAH CANDY, COMO VOCÊ É FOFA! – ele gritou rindo.
– Vai se foder, Daniel.
– Vem. – ele estendeu a mão pra mim. – vou te levar pra Casa Grande.
– Pra quê? – perguntei, aceitando a mão dele
– Eu sei que já fez sua escolha...
– É... - sorri confiante - Eu vou.