TAILS escrita por Cath Lovelace


Capítulo 14
Rex tenta engolir a mim e a Bela Adormecida


Notas iniciais do capítulo

n morri



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Rex tenta engolir a mim e a Bela Adormecida

Octavian literalmente me arrastou para a enfermaria.

Eu fiz birra, e disse que não iria, então ele começou me puxar escada abaixo.

– QUANTOS ANOS VOCÊ TEM? 8? – ele gritou comigo, quando chegamos à enfermaria
– OLHA AQUI, SE GRITAR COMIGO, VOU DEIXAR OUTRA MANCHA ROXA NESSE SEU ROSTO MAGRO. – ameacei
– VOCÊ QUE ESTÁ GRITANDO! – ele gritou novamente, e tapou a mancha roxa, envergonhado.
– VOCÊ QUE COMEÇOU! – retruquei
– CHEGA! – nos viramos para Reyna, que estava parada na porta da enfermaria – Vocês parecem duas crianças.
– Octavian parece uma criança muito feia. – falei

– E você parece uma criança muito mimada. – ele retrucou
– Cala a boca. – empurrei-o e entrei na enfermaria – Por que eu tenho que ajudar? – perguntei de má vontade
– Porque você se recusou, sem motivo algum, participar dos jogos de guerra. – Octavian respondeu
– Octavian, você não sabe ficar quieto não? – perguntei
– Não. – Reyna me respondeu, e Octavian a olhou incrédulo – Agora vá. – ela disse – Octavian vai te dizer o que fazer.

E ela saiu. Me deixando com o inútil e machucado Octavian.

– Vem. – ele entrou na enfermaria, e eu o segui – Como você é novata, a única coisa que vai fazer, são curativos. Sabe fazer isso?
– Sim. – bufei – vou fazer um na sua boca, pra ver se cala ela.

E sai andando, pegando esparadrapos, pomadas e ambrósia.
Enquanto ajudava outras garotas – que eram filhas de Vênus, e também eram inúteis em jogos de guerra –, notei que Octavian ainda estava ali. Dessa vez, estava em uma maca. Fui até lá.

– O que foi? – ele perguntou quando me aproximei
– Porque tá aqui? – respondi com outra pergunta
– Vai me zoar se eu te disser? – ele respondeu minha pergunta a pergunta dele, com outra pergunta.
– Mas é claro. – falei. Chega de perguntas
– Então não vou dizer. – ele bufou
– Não dou à mínima. – me virei e fui “ajudar” outras pessoas.

Enquanto eu ajudava as pessoas na enfermaria, percebi que ninguém foi ver como Octavian estava.
Então perguntei pra uma garota que estava ali:

– Ei, porque ninguém está cuidando do Octavian? – perguntei
– Porque todas aqui – ela apontou para as garotas – acham ele insuportável, e querem que ele sofra. – ela sorriu
– Entendo-as... – falei – Mas ele está machucado. Alguém devia ir lá, e dar ambrósia a ele...
– Você está com pena? – ela indagou, quase rindo – Vá ajuda-lo então.

Bufei e fui até Octavian, com um pacote de curativos, néctar e ambrósia.

– Oi. – falei, enquanto pegava os curativos.
– Oi? – ele me olhou confuso.
– É. Onde tá machucado? – perguntei sem paciência
– Aqui. – ele apontou na barriga. – O que está fazendo?
– Curativos, lesado. – respondi, levantando a camiseta dele e passando a pomada
– Espera! – ele disse – Porque você?
– Porque eu o que? – perguntei
– Porque você que está aqui, fazendo isso? – ele falou um pouco mais baixo
– Não é por que eu quero, com certeza. – respondi, colocando o curativo, e entregando um pouco de ambrósia a ele.
– Obrigado. – ele disse
– Você sabe agradecer! Estou chocada. – falei, fingindo surpresa
– Muito engraçado. – ele revirou os olhos

Motivos pelos quais eu passei a odiar os gregos:
> Eles me mandaram em uma missão suicida
> Junto com uma galinha de macumba
> E agora, eu estou cuidando de Octavian.

Eu realmente odeio minha vida.

– Você venceu? – perguntei de repente
– Venceu o que? – ele perguntou, tocando o curativo recém-feito.
– O jogo. - respondi

– Ah. Sim... A primeira coorte ganhou de novo. – ele sorriu
– E você se machucou como? – perguntei – Já que não vi ninguém da primeira coorte em batalha.

Ele me olhou surpreso, antes de responder:

– Eu... bem... – ele falou meio envergonhado
– Fala. – eu disse – Não vou te zoar.
– Eu cai da escada. – ele respondeu rapidamente
– Cair da escada não faz isso. – cutuquei o machucado dele.

Eu sou realmente muito cuidadosa.
Octavian gritou, e bateu na minha mão. Eu enfiei um curativo na boca dele, pra fazê-lo parar de gritar comigo.

– Argh. – ele cuspiu o curativo – Você é louca.
– Aham – concordei. – Agora responda a minha pergunta.
– Você não fez uma pergunta. – ele bufou irritado.

– Tá, então como conseguiu o hematoma – cutuquei o olho dele – e o corte na barriga? – perguntei
– Ai! – ele disse quando cutuquei o corte na barriga de novo – Para com isso!
– Desculpa.
– Eu cai da escada... em cima do meu... pilo – ele falou baixinho
– O que? – perguntei segurando a risada – Não ouvi.
– Você ouviu sim! – ele falou irritado e envergonhado.
– Como você é molenga! – eu comecei a rir

(N/Octavian: “ Não vou te zoar” Porque você sempre mente?) QUEM DEIXOU ELE FAZER NOTA? PORRA, É A SEGUNDA.


– Se continuar rindo vou trancar você no estabulo! – ele me ameaçou
– Você não vai sair da enfermaria hoje, Octavian. – avisei
– Que? Porque não? – ele perguntou confuso
– Porque tá machucado ainda. – falei – e como uma boa enfermeira, vou te deixar aqui.
– E vai ficar aqui? – ele perguntou “delicadamente”
– É claro que não, né. Olha bem pra minha cara de quem quer cuidar de você. – falei não tão delicadamente.
– Ah. – ele disse quase decepcionado.

(N/Autora: Vocês já podem shippar.)

– Posso fazer uma pergunta? – perguntei
– Acabou de fazer. – ele respondeu
– Posso fazer outra? – perguntei de novo
– Acabou de fazer, mais uma vez. – ele respondeu rindo
– Vou dar um tapa na sua cara. – ameacei
– Faça. – ele falou, se esquivando um pouco.
– Porque me “apadrinhou”? – perguntei finalmente

– Por que... – ele virou o rosto antes de responder – Você é um perigo para o acampamento. Eu reconheço os perigos... Você é um. – ele afirmou.

Eu olhei pra ele incrédula. Não tão incrédula, na verdade. Todos sabiam que eu era um perigo para qualquer coisa.

– Entendi. – falei me levantando – Boa noite. – e o deixei ali.


Quando finalmente sai da enfermaria, eram mais de 09 horas da manhã. Eu e algumas outras garotas havíamos dormido em um pequeno quarto privado.

Enquanto eu andava, no meu segundo dia naquele acampamento, eu vi um lago.
Não era um lago, era um rio. Como uma criatura das águas, eu deveria reconhecer isso.
E também deveria ser educada e fofa. Mas eu não sigo regras.
E eu também já via visto aquele rio. Mas eu não estava pensando muito hoje...


Eu entrei na água. Imediatamente, senti vibrações nas minhas pernas.
Como se elas ansiassem por alguma coisa. A transformação...
Eu deixei meu corpo afundar na água. E é claro que eu ainda conseguiria respirar lá embaixo. Dã.
Senti a água formando uma pequena onda ao meu redor. A transformação estava começando.
Em alguns segundos, eu iria deixar que minhas pernas se “fundissem” e se transformassem em uma cauda colorida de sereia.
Se você for inteligente o bastante, já terá entendido que eu não sou “apenas” uma sereia.
Não vejo como alguém poderia ser “apenas uma sereia”. Sereias são demais.

De qualquer modo, minha mãe é uma rainha. O que significa que, eu sou uma princesa-sereia.
Minha vida já é suficientemente complicada, e o oceano ainda consegue tempo pra me transformar em uma princesa.
Valeu ai, oceano.

Eu precisava me transformar agora. Fechei os olhos, deixei que aquilo começasse...
A calda brilhante começou a crescer, as escamas brilhavam na água, enquanto meu cabelo também mudava. Como se não bastasse ter uma calda, eu também mudava o cabelo.
Ao invés de um cabelo loiro e ondulado, eu ganhava um cabelo tão grande quanto o da Rapunzel, e sua cor era algo com branco e um azul muito claro.
Eu era uma princesa-sereia-arco-íris.

Pra uma sereia de alga salgada, a água de um rio qualquer não fazia tão bem quanto a água do oceano. Mas era suficiente para recarregar as energias do meu corpo humano.
Você deve entender que ser uma sereia não é simplesmente ter uma calda e falar com os animais. Nada é assim tão fácil na vida de um ser mágico. Muito menos na minha vida.

Quando se escolhe ser uma sereia meio-humana, você deve ter muito cuidado.
Não somos uma criatura das terras. Nascemos na água. Somos da água. Pertencemos à água.
Quando minha mãe decidiu que eu não poderia viver no mar, e me entregou ao meu avô, ela me fez desistir de muita coisa, sem querer.
Desisti de ter uma vida quase-normal no mar, e aceitei viver na terra, onde todo mundo queria me matar.
Uma sereia meio-humana ainda precisa voltar a água. Uma vez por semana, devemos ficar em água de rios/mares por pelo menos 4 horas. Isso recarrega nossa força marinha, nossa capacidade de falar com os animais marinhos, nossa capacidade de controlar a água, e nossa juventude.
Se você um dia conhecer uma garota de mais de 16 anos, mas que tenha uma aparência de 10 ou 11 anos, tenha certeza de uma coisa: Ela pertence ao mar.
Sereias podem parecer extremamente mais jovens do que são. Em algum ponto da vida, todas param de envelhecer, e continuam sempre jovens. Não somos imortais, mas é quase como se fossemos.

Enquanto eu delirava com meus pensamentos, e reabastecia minha energia na água, eu ouvi um grito.
Era um grito assustado. Foi abafado pela água, mas havia sido tão alto, que eu conseguiria ter ouvido mesmo assim.
Emergi e olhei a garota que estava a uns bons 15 metros de distância me olhando assustada. Me perguntei mentalmente como a garota conseguiria se assustar comigo. Eu não era um monstro.

Pequena nota mental: Eu tenho uma calda.

– Calma – falei usando meu charme – Não sou um monstro. Eu não vou te machucar. Acabei de fazer minhas unhas.

Mas infelizmente, a garota não estava assustada comigo, nem com minha calda gigante de peixe.
Um grande tubarão estava nadando em minha direção. E não parecia um tubarão amigável. Eu sabia disso porque tentei controlar a mente dele, e não consegui. Ele era um monstro.

Puxei meu corpo pra cima, tentando sair da água o mais rápido possível.
Mas adivinha? Meu corpo não estava carregado.
Como eu disse, tínhamos que ficar 4 horas na água. Eu havia ficado apenas 3. Isso fazia minha calda pesar muito, e me forçava ir pra baixo. Ela insistia em ficar na água. Era como se a maldita calda tivesse uma vontade própria.

O tubarão se aproximava, e eu me senti em um filme de terror.
Então era isso. Esse seria o meu fim. Mais uma vez, foi como se o tempo passasse mais devagar.
Todas as malditas memórias começaram na minha cabeça, como um filme.

Meu avô; Miguel, o sátiro; Daniel e eu quando nos conhecemos; Minha chegada ao Acampamento; Tess...

– Fodam-se. – murmurei em voz alta – Eu não vou morrer assim. Chupem essa, parcas.

E antes que eu pudesse fazer alguma coisa útil, para afastar o tubarão, um babaca se intrometeu.
O babaca se chamava Octavian. E ele ia morrer.

O ato estupido do Octavian para provavelmente me salvar deu completamente errado. Se minha vida fosse um filme da Disney, Octavian seria a princesa, que eu pretendia deixar na torre, castelo, ou onde quer que fosse.

O tubarão bateu a nadadeira no peito de Octavian, que por algum motivo idiota, não estava de armadura. Ele foi arremessado a 2 metros longe de mim.

– Tô começando a gostar desse tubarão. – falei, enquanto nadava muito mais rápido que ele em direção ao Octavian.

Octavian estava desmaiado. Ele seria uma perfeita bela adormecida. O problema é: Eu não iria beija-lo para que ele acordasse.

– REX! PARA! – gritei com o tubarão, que não me obedeceu, e abriu a grande boca com centenas de dentes afiados, prontos pra triturar a mim e a Octavian.

Graças aos deuses, Octavian ainda estava com seu pilo. Puxei o pilo dele com um braço, enquanto segurava o corpo desmaiado de Octavian no outro.

O tubarão estava muito mais perto, e iria nos engolir. Enfiei o pilo na boca dele, empalando-o pela garganta.
Se tubarões pudessem xingar, garanto que aquele fez isso, enquanto se desmanchava em pó na água do Pequeno Tibre.
Arrastei Octavian até a margem do rio, e o coloquei na terra.

– Acorde, Octavian. – mandei – eu não pretendo te ajudar nisso.

Octavian se mexeu um pouco. Então seu corpo teve um espasmo, e ele começou a cuspir água.
Revirei os olhos enquanto observava a Bela adormecida – agora acordada – olhar ao redor.

– Eu estou no céu? – ele perguntou se virando pra mim
– Não seja idiota – falei – Se o céu ou inferno existissem você iria para o inferno.
– Quem é você? – ele perguntou confuso
– Octavian, você é idiota? – perguntei retoricamente. É claro que ele era idiota.

Quem em sã consciência se meteria em uma briga de uma sereia e um tubarão?

– Ca- Candice – ele gaguejou – você me salvou.
– Não foi minha intenção! – choraminguei


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Notas finais do capítulo

Reviews = capitulo novo.

bjau



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