Ain't No Way We're Going Home escrita por snowflake


Capítulo 24
Praia


Notas iniciais do capítulo

~Olá :3

Demorei né?
Alguns problemas, muita coisa na cabeça, pessoas atrapalhando. Provas e amigos atrapalharam o andamento do capítulo.
Mas aqui está!
Eu gostei muito desse capítulo, então espero que vocês gostem também.

B-Bye ♥

Tem um hiperlink no meio do capítulo, que é a música do capítulo. Sugiro que ouçam. É linda ♥



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Aproximo-me cada vez mais da porta esquecida ao final do corredor da casa da morena.

Minha curiosidade é tanta. O que poderia estar do outro lado?

Paro em frente à porta, vendo que sua madeira já está consumida de alguns cupins pelo tempo, e que sua madeira já está pouco rachada nas extremidades.

Coloco minha mão na maçaneta de ferro meio enferrujada, abrindo a porta.

Um odor de pó e mofo invade minhas narinas, me fazendo espirrar algumas vezes antes de entrar no quarto. Ele está escuro, então tateio pela parede ao meu lado, procurando algum interruptor. Assim que encontro, o acendo.

A luz amarelada leva alguns segundos para ligar totalmente, e continua piscando um pouco.

Há uma cama de casal grande com uma colcha branca encardida. As paredes que um dia já tinham algum tom de rosa, agora estavam desbotadas. Ou sempre foram assim. Em cada um dos lados da cama havia um criado mudo branco. No primeiro, um porta-retratos. E no outro um abajur bonito.

Aproximo-me do porta-retratos, e o pego.

Havia duas crianças (um menino e uma menina), abraçadas a uma mulher com um homem ao lado dela.

Com toda a certeza do mundo, aquela menina era Ally. Eu sempre reconheceria aqueles olhos. O menino provavelmente era Dallas, e os pais dos dois irmãos Dawson.

Eles estavam na entrada do The Florida Aquarium. A pequena Alicia apontava para o grande letreiro do local.

Pego a terceira foto e a comparo com a do porta-retratos.

Aquário. Peixes. Água.

Volto correndo ao quarto da menina, escrevendo na folha de papel que se encontrava intacta na cama.

Aquarium

Fish

Mais tarde quando encontrar Ally, pergunto sobre o tal quarto.

Pego a quarta foto, e tento encontrar algum sentido nela.

Na foto, eu só vejo números ordenados de 6 a 10 em uma meia circunferência. O foco está no número oito.

Eight

Há duas retas perto dos números. Uma maior e outra pouco menor. Relacionado a um relógio.

Clock

Mas também pode ser o horário do baile. Oito horas da noite.

Sheadule

Forço-me a pensar que já encontrei a resposta e passo para a quinta e última foto.

Essa eu consigo reconhecer. E me dói saber que essa foto existe. São os pulsos cortados de Ally. Ela já havia tirado esta foto antes ou... Eu não quero nem pensar nessa possibilidade.

Hurt

Um pingo de curiosidade surge em mim e eu sigo até o banheiro de Ally. Abro as gavetas do armário. Onde está?

Volto até o quarto e olho em suas prateleiras. Não. Ela não deixara isso tão amostra.

Olho para o criado-mudo. Só pode estar ali. Abro a última gaveta, encontrando um pano branco manchado de vermelho. Desenrolo-o encontrando o que eu queria. A lâmina de Ally. Vou levar isso comigo.

Blade

Observo as fotos novamente e olho para o papel.

Primeira letra.

Todas aquelas palavras.

Risco algumas e altero outras.

“Blur”

“Eraser”

“Aquarium”

“Clock”

“Hurt”

Primeira letra.

B. E. A. C. H. Beach.

Praia.

Pego a câmera, as fotos e deixo a lâmina enrolada no pano entrar em meu bolso.

Eu vou te encontrar Alicia.

Assim que desço as escadas, escorrego em algo no chão, mas consigo me equilibrar.
Uma caneta. Se eu tirar alguma foto, vou precisar disso.

Tranco a porta, devolvendo a chave para a caixa de correio.

A luz do sol estava quase acabando. Eu precisava achar Ally logo, antes que escurecesse. O que ela estaria fazendo em Miami Beach?

Cada uma das coisas é colocada ao meu lado no banco do carona. Pego a lâmina delicadamente e a coloco dentro do porta-luvas. Encaixo a chave de Blue na ignição e logo dou partida a toda velocidade em direção à praia.

O sol já não era mais visto, mas sua luz amarelada refletia no céu azul escuro, transformando-o em um lindo degrade azul e laranja.

Parei em um sinal vermelho. Essas coisas só servem para nos atrasar mesmo.

Olho para as fotos ao meu lado, pegando a última que eu havia examinado. Ally teria se automutilado de novo? Depois de tudo? O que pode ter ocorrido para isso acontecer?

Eu não quero que nada de ruim aconteça a essa garota. Se não fosse por ela, eu estaria provavelmente drogado em algum canto desta cidade, ou até mesmo bêbado. Ela realmente me tirou do mundo de sombras que eu vivia, trazendo a luz de volta. Como eu a amo...

Um buzina de carro me tira de meus pensamentos. Devolvo o foto para o banco ao meu lado e volto a dirigir.

Demoraria cerca de meia hora até eu chegar à praia, então aproveito e tento sintonizar a rádio com alguma estação. Assim que ligo o aparelho, está na mesma rádio de quando voltamos de Cocoa.

E vamos agora, com Mads Langer. Com vocês, Last Flower.

Uma melodia agradável, de violão começa, e eu já me sinto mais relaxado.

It's in the way she fights her fears - it's in the way she hides her tears from me

Já vejo uma leve semelhança no meu relacionamento com Ally na música.

It's in her eyes I see the changes - it's in the way she smiles so desperately
She is a wild flower - she is a deep sea - the tide will always bring her back to me
It's in the way she looses her mind - running away leaving everything behind

Algumas lágrimas se formam em meus olhos, e eu aperto o volante para extrair toda a raiva e dor que sinto no momento de mim mesmo.

Baby I know wherever you go I'll always be with you - I'll always be with you

Desisto de segurar as lágrimas e elas somente rolam pelas minhas bochechas. Eu só dirijo, sem olhar para os lados, botando minha vida em risco. Aquilo era muito para mim. Eu não estava mais aguentando.

Novamente em outro sinal vermelho.

— Que porra! – grito contra o volante, desligando o rádio que já estava me tirando do sério.

Como essa garota mexeu tanto comigo?

Antes dela, eu era apenas mais um adolescente viciado. Que, apesar de tudo, tentava lutar contra seus demônios interiores. Depois de Ally, tudo mudou de uma hora para outra.

O sinal abre e eu volto a dirigir um pouco mais calmo. Ligo o rádio novamente, e a mesma música ainda tocava.

Tudo começou quando ela contou que havia sido molestada por Jack. Com aquilo, eu comecei a me aproximar mais e mais dela. Eu vi as lágrimas e a dor dela naquela noite e eu queria ver um sorriso naquele rosto. Como alguém poderia machucar uma pessoa tão bela, tão delicada, tão... Inocente?

A inocência de Ally foi tirada aos poucos. Primeiro quando seu pai acabou com a harmonia de sua família perfeita. Depois Alexia na escola. E Jack, e todos os problemas juntos.

Eu a entendo. Ela simplesmente não aguentou. Estava por um fio, e ele foi arrebentado.

Eu estava assim também.

Eram brigas em casa, eram Charles e Mike discutindo. Era eu, fugindo – ou tentando fugir – da realidade que eu vivia. Eu só queria fugir. Somente sair, andando, esfriar a cabeça. Somente sair andando por aí, me perder e nunca mais voltar.

Mas ela chegou. Ela mudou tudo.
Uma vez, e numa única vez, o Universo esteve ao meu lado, e colocou aquela menina, aquela mulher no meu caminho. E hoje, caminhamos juntos na mesma estrada.

Logo chego a Miami Beach, estacionando perto do calçadão.

Deixo as fotos e a lâmina no carro, levando a câmera e a caneta preta que eu havia escorregado na casa da morena. Retiro o paletó que usava, e fico só com a camiseta de mangas curtas branca.

Por favor, Universo.” – eu pedia, silenciosamente – “Coloque-a no meu caminho novamente!”.

O sol já está quase invisível, e o céu escuro tem um leve rosa alaranjado ao fundo. Está um pouco frio, por causa do mar. O vento balança meus cabelos loiros que estava por cortar, atrapalhando minha visão.

Vou andando pela areia úmida e gelada. Em uma mão levo a câmera e a caneta.

Ao fazer uma curva pela costa de Miami, vejo ao fundo, o céu totalmente alaranjado. Há alguns postos de salva-vidas.

Ao me aproximar, vejo com mais clareza que tem uma garota sentada em um dos postos. Apresso o passo e chego a correr para ver melhor.

Meus olhos se arregalam, e um sorriso aparece em meus lábios. Pego a câmera, e me aproximo o máximo que posso, sem chamar sua atenção. Acho o ângulo e o enquadramento perfeito, tirando a foto.

Assim que ela sai da câmera, a balanço, me aproximando da morena. Vejo a foto já seca. Perfeita.

Subo as escadas do posto salva-vidas de madeira branca enquanto escrevo a legenda da foto com a caneta preta que estava em minha mão.

— Olá garota perdida. – falo e Ally vira seu rosto na minha direção. – Finalmente te encontrei.


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Notas finais do capítulo

Até o próximo.
E comentem! Por favor. Nem que seja um 'continua'. Eu vejo todos aqueles acompanhamentos, mas não sei se todo mundo gostou. Vocês não me dão feedback :(((

Lembrem de comentar, okay? xD

I love you, guys ♥