Heavens Warriors escrita por Shyohako


Capítulo 3
Fire


Notas iniciais do capítulo

Desculpem a demora eu enrolei pra caramba pra escrever esse =X
Vou tentar voltar pro esquema um cap por semana /o/



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/44292/chapter/3

 


Segunda-feira, no colégio, todos olhavam para Clay, mas dessa vez ninguém o cumprimentou. Eles apenas o encaravam e depois cochichavam algo em seus grupos de conversa. Lillian explicara-lhe a história que tinha inventado e, por isso, ele não se importou com toda aquela fofoca que acontecia.


– E aí, Clay! – Seth apressou o passo para alcançar o amigo.


O outro fez apenas um pequeno aceno com mão. Seth passou o braço por cima do ombro de Clay, prendeu-o pelo pescoço e bagunçou o cabelo do amigo.


 ­– Ei, se anima! – disse ainda mantendo o moreno preso. – Nós estamos nas oitavas de final do campeonato estadual!


– Fica meio difícil depois de ser seqüestrado no dia do jogo classificatório. – desvencilhou-se.


– Ah, que isso! Você ‘tá vivo e nós continuamos no campeonato... Olhe pelo lado bom. Não é isso que você vive dizendo?


Clay sorriu de leve. Os dois conversaram até a sala de aula, onde encontraram Lillian conversando com o pessoal do grupo de teatro.


­– Eita! Esqueci um negócio no meu armário! – ele saiu correndo antes que Seth pudesse falar qualquer coisa.


Clay ainda não conseguia encarar sua amiga. Toda vez que a via ele se lembrava da noite em que quase a matara. Isso o corroia por dentro. Ele foi até seu armário e esperou um tempo para tentar se recompor. Pelo resto do dia, evitou ficar perto dela.


Quando finalmente a aula acabou, ele foi direto para casa sem esperar por ela. Na metade do caminho, sentiu como se algo o estivesse seguindo. Apressou o passo. Escutou passos rápidos vindo em sua direção. Naquela velocidade, parecia ser algo de quatro patas, ele pensou. Olhou para trás, mas não encontrou nada. Seus sentidos ficaram mais aguçados, podia escutar as passadas mais alto agora. O cheiro de sangue inundou suas narinas. Seus olhos ficaram cor de rubi e ele pôde ver a uma distância incrível.


Ao longe, avistou um cachorro negro que tinha o tamanho de um humano com as quatro patas no chão. Os olhos do animal eram completamente vermelhos e suas presas manchadas de sangue do tamanho do braço de Clay. Ele quis correr, mas seu corpo não o obedecia. O animal se aproximava rapidamente. O humano finalmente começou a correr, mas era tarde. O monstro se mostrou muito mais rápido.


Clay se lembrou de quando sua mão entrara em chamas em sua discussão com Ryan.


 “Isso pode dar certo”


Ele parou e se concentrou. Pôde sentir sua mão esquentar. O cão se aproximava cada vez mais.


“Vamos! Mais rápido! Pegue fogo!”


Quando a criatura estava a cinco metros de distância, ela saltou para morder seu alvo. Agora ela estava tão perto que Clay pensou que iria morrer. Ele cruzou os braços à frente do rosto em uma tentativa desesperada de se defender.


Ryan saltou por cima da cabeça do garoto, girou no ar e caiu em pé sobre a cabeça do demônio. Este grunhiu quando sua cabeça foi afundada do chão. O homem de capa levantou o braço direito preparando um soco. Por um instante, Clay pôde ver que os olhos castanhos de Ryan estavam vermelhos. Pareciam olhos de dragão. O guerreiro aplicou o golpe ajoelhando-se para aumentar o impacto. Uma pequena rajada de vento passou pelo garoto quando o monstro desapareceu em chamas negras.


– Que cara é essa, garoto? – disse sorrindo. Seus olhos voltaram ao normal.


– Que cara é essa?! Um cachorro gigante estava me perseguindo e quase me matou!


– Mas ele nem encostou em você. Vai precisar treinar muito para recuperar os outros espíritos...


Clay sorriu em deboche. Virou-se e continuou seu caminho para casa balançando a cabeça negativamente. Ryan respirou fundo e foi atrás do garoto. Colocou a mão sobre seu ombro.


– Espera. Clay, não é? – o outro se virou. – Olha, eu sei que deve ser muita informação para você, mas eu ‘tô falando sério. Estou disposto a te treinar para que juntos possamos recuperar os espíritos remanescentes e evitar um desastre.


–Você ‘tá brincando com minha cara, não é? – tirou a mão do homem de seu ombro e começou a falar mais alto. – Eu perco o jogo mais importante da temporada por causa de uma estátua maldita, sou possuído por espírito antigo, quase mato minha melhor amiga e depois sou perseguido por um cachorro gigante e você vem me dizer que eu preciso treinar?!


– Calma, Clay.


– Calma? Você é surdo? Não escutou o que eu acabei de falar? Essa estátua maldita arruinou minha vida! Eu não tenho nem coragem de encarar minha melhor amiga porque, toda vez que a vejo, eu me lembro dela chorando porque pensava que iria morrer!


– Olha, eu sinto...


– Você acha que falar “eu sinto muito” vai mudar alguma coisa? – os olhos de Clay ficaram vermelhos novamente. – Isso tudo é culpa sua!


Ele apontou para Ryan. Para a surpresa dos dois, uma rajada de fogo saiu da ponta do dedo do garoto que acertou o homem em cheio. Este rapidamente cruzou os braços à frente do rosto se protegendo das chamas. Clay deu alguns passos para trás.


– Estou bem. – Ryan batia nas mangas da camisa para apagar as pequenas chamas que restaram.


– Como se eu me importasse. – virou-se para ir embora.


– Você realmente acha que não vai machucar mais ninguém se não aprender a controlar seus poderes?


– Cala a boca. – começou a andar.


– Quem vai ser o próximo a se machucar? Sua mãe?


– Cala a boca! – continuou andando.


– Ou a Lillian de novo?


– Cale essa boca! – não parou.


– Ou quem sabe seu pai? – falou mais alto por causa da distância.


– Cale sua boca, seu maldito! – virou-se e começou a avançar contra Ryan. – Cala essa boca ou o próximo a se machucar vai ser você!


Mesmo achando a foto, Clay não se convencera que Ryan era seu pai e agora tinha certeza disso. Ele já não gostava do homem de capa e agora que seu pai fora mencionado, o ódio tomara conta de sua mente.


– Você não sabe do que está falando! – pequenas chamas saiam de sua boca quando gritava. – Não coloque meu pai nessa história!


– Ah! O que é que foi? Não posso falar do seu papai, não é? Por quê? Você gosta muito dele, é? Sabia que ele vai acabar se machucando se você não aprender a se controlar?


– Cala sua boca, seu desgraçado! – ele socou Ryan com toda sua força.


O soco acertara o homem no queixo. Ele virou o rosto por causa o impacto. Limpou o sangue com a mão e voltou a encarar o menino.


– Isso é tudo que você tem? Seu pai devia se envergonhar de ter um filho tão fraco!


Clay começou a socar o outro sem parar. Ryan não se defendeu, pelo contrário, abriu os braços para mostrar que não iria revidar. O garoto desferiu golpes até toda sua energia se esgotar.


– Meu pai está morto. – dizia ofegante. – Ele morreu antes que eu nascesse.


Ele caiu sentado no chão sem forças. O outro limpou novamente o sangue que escorria de sua boca e ajoelhou-se. Sentia-se mal por falar do pai falecido do garoto, mas não deixava isso transparecer em sua expressão.


 – Agora que você descarregou toda sua raiva em mim, será que poderia me escutar? – perguntou calmamente.


Clay não respondeu. Apenas encarava o homem esperando para ouvir o que ele tinha a dizer. Ryan estendeu a mão para ajudar o garoto a se levantar.


– Venha, essa vai ser uma longa conversa.


Eles começaram a andar sem um destino definido. O homem esperou o outro recuperar totalmente o fôlego para que pudesse prestar completa atenção e, então, começou a explicá-lo sobre a situação em que se encontravam.


– Primeiro, eu acho que você deveria saber que não foi uma coincidência que o espírito do guerreiro entrou no seu corpo. Os únicos que podem suportar o poder dos antigos guerreiros são seus descendentes. Por isso, não me surpreendi quando você falou que tinha o mesmo sobrenome que eu. Nós somos descendentes diretos de Guinevere Griffin, a primeira guardiã do fogo. E, por conta disso, os poderes se manifestam com maior facilidade em nós.  Como você estava perto quando os espíritos foram liberados, o seu corpo atraiu a alma de Guinevere. Depois eu te explicarei melhor a história dos guardiões. O mais importante agora é te ensinar como controlar seus poderes antes que algum acidente mais grave ocorra.


“Todos os seres vivos possuem energia para despertar habilidades especiais, mas essa energia está bloqueada, no caso dos seres humanos, pelos sete chakras. É através deles que a energia flui pelo corpo. Cada chakra é responsável por tipo de habilidade. O nosso, por exemplo, é o chakra do fogo e está localizado na base da espinha. O chakra da terra está localizado abaixo do umbigo, o do trovão fica no estômago, o do vento fica o lado do coração, o do gelo fica na garganta, o da água na testa e, por fim, o das trevas fica no topo da cabeça.”


Clay escutava atentamente e acenava positivamente com a cabeça para mostrar que estava entendendo tudo.


 – Bem, cada chakra é bloqueado por um certo sentimento ou vício da pessoa. Confesso que não sei como liberar todos os chakras, mas, para sua sorte, nós possuímos habilidades baseadas no mesmo chakra. Ele é bloqueado pelo medo e, para controlá-lo corretamente, é necessário enfrentar seus próprios medos.


– É fácil para você falar, não foi você que quase matou uma amiga... E se eu machucar mais alguém?


– Eu não disse que seria fácil. – olhou ao redor. – Aqui está bom, sente-se.


Só neste momento Clay percebeu que estavam na pequena floresta que ficava ao lado da cidade. Era um lugar calmo, sendo impossível ouvir o barulho da cidade de onde eles estavam. O garoto sentou-se e logo depois o outro também o fez.


– Agora, pense em seus medos. Do que você tem medo Clay?


Ele se viu no meio de várias pessoas que o olhavam com desdém, chamavam-no de monstro, algumas apenas olhavam assustadas. Todas estavam queimadas em várias partes do corpo. Depois, as imagens de seu pesadelo passaram rapidamente diante de seus olhos.


– Pronto? Respire fundo e deixe-os de lado.


– Mas e se eu machucar todas essas pessoas?


– Confie em si, você é completamente capaz de controlar as chamas. Basta que deixe seus medos de lado.


Clay começou a repetir para si que era capaz de controlar seu poder e, de uma a uma, as pessoas queimadas foram desaparecendo de sua cabeça. Ficou apenas uma: Lillian. Ela o olhava com os olhos cheios de lágrimas.


“Nunca mais irei te machucar. Eu prometo”, ele disse para a imagem de sua amiga, que desapareceu logo depois disso. O garoto abriu os olhos.


 – Pronto? – o outro perguntou. Clay acenou positivamente com a cabeça. – Bem, agora, o segundo passo é ter controle sobre as chamas.


Ryan pegou uma folha que caíra no chão e entregou ao seu aluno.


­– Impeça que a folha se queime por completo.


Clay segurava a folha com as duas mãos. O outro tocou o centro dela com o dedo indicador. No ponto de contato, a folha começou a queimar lentamente, mas sem criar chamas.


– Como eu devo fazer isso?!


– Você está perdendo tempo! Concentre-se!


O garoto obedeceu à ordem, mas, mesmo assim, não conseguiu impedir que a folha queimasse e ainda queimou os próprios dedos. Sem deixar tempo para reclamações, Ryan lhe entregou outra folha e tocou o centro dela. Repetiram o exercício centenas de vezes e, em cada tentativa, Clay conseguia fazer a queimadura se espalhar mais lentamente até que finalmente conseguiu impedir que a folha se tornasse cinzas. O sol estava se pondo quando ele vibrava por ter cumprido o desafio.


– Muito bom! Mas está ficando tarde. Vamos parar por hoje, amanhã vou te passar outro exercício. – levantou-se. – Sabe voltar para casa daqui?


– Sei sim.


– Então até amanhã. Tenho que resolver umas coisas agora.


– Você vai dormir nessa floresta, não vai? – Clay perguntou, pois não acreditou na história do homem.


– Haha! Realmente não sei mentir... Mas não se preocupe, sou acostumado a acampar.


– Quem disse que estou preocupado? – virou-se e começou a voltar para casa.


No caminho de volta, ele abria e fechava a mão tentando criar pequenas chamas, mas isso se mostrou mais desafiador que imaginava. Na única tentativa bem sucedida, criou uma chama tão minúscula que foi facilmente apagada pelo vento.


Quando ele chegou em casa, encontrou Lillian sentada na frente da sua própria. Parecia estar esperando por ele.


Clay tentou fingir que não a viu e entrar direto em casa, mas ela o impediu.


– Ei, Clay, por que você esta me evitando?


– Eu não tava te evitando, os nossos horários só não bateram hoje...


– Ah, Clay! Inventa outra, nossos horários são os mesmos desde o primeiro ano do colegial! – ela estava nervosa e falava alto.


Ele se calou e desviou o olhar. Ela colocou as mãos sobre os ombros do amigo.


– Clay, se isso é por causa da noite do jogo, eu quero que você saiba que está tudo bem...


– Como está tudo bem? Eu quase te matei, Lillian! – ela se surpreendeu, ele nunca a chamava assim


– Não foi culpa sua. O Ryan me explicou o que aconteceu naquele dia, que você voltou para casa e deixou a gente na frente da escola.


– Isso não muda nada, se eu fosse mais forte, poderia ter controlado o espírito...


– Você está se escutando? Como você poderia ser mais forte se até aquele dia nós nem imaginávamos que esse negócio poderia ser verdade?!


– ‘Pera aí, Lilly, você escutou isso?


­– Isso o quê?


            Clay escutou novamente o barulho que parecia um rugido. No mesmo momento, associou aos demônios.


– Lilly, corre para sua casa agora!


 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado...
E deixem reviews /o/
P.S.: seu dedo na vai cair se digitar um pouquinho =D