Não julgue um livro pela capa escrita por Annie


Capítulo 10
O coração se pronuncia


Notas iniciais do capítulo

"E você aprende que amar não significa apoiar-se, e que companhia nem sempre significa segurança. Aprende a construir todas as suas estradas no hoje, porque o terreno do amanhã é incerto demais para os planos, e o futuro tem o costume de cair em meio ao vão. E aprende que, não importa o quanto você se importe, algumas pessoas simplesmente não se importam… E aceita que não importa quão boa seja uma pessoa, ela vai feri-lo de vez em quando e você precisa perdoá-la por isso. Aprende que falar pode curar dores emocionais. Descobre que se leva anos para construir uma confiança, e apenas segundos para destruí-la. Aprende que verdadeiras amizades continuam a crescer mesmo a longas distâncias. E o que importa não é o que você tem na vida, mas quem você tem na vida. Descobre que as pessoas com quem você mais se importa na vida são tomadas de você muito depressa… por isso sempre devemos deixar as pessoas que amamos com palavras amorosas; pode ser a última vez que as vejamos. Aprende que nem sempre é suficiente ser perdoado por alguém… Algumas vezes você tem de aprender a perdoar a si mesmo. E você aprende que realmente pode suportar… que realmente é forte, e que pode ir muito mais longe depois de pensar que não se pode mais. E que realmente a vida tem valor e que você tem valor diante da vida.”
William Shakespeare



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Eu mal havia chegado à porta quando Ume engatou seu braço no meu, ela sabe o quanto eu não gosto disso, ela me olhava com um olhar malicioso.

– O que aconteceu?

– Nada e com você? – Ela exprimiu os olhos como se tentasse explodir meu cérebro com o poder da mente.

– Nada também

Talvez seja alguma coisa que aconteceu na aula dela que a fez agir desse jeito? Acho que se eu ignorar ela vai parar de fazer essa cara, eu consegui tirar meu braço do dela quando chegamos ao armário de calçados, peguei meu tênis e o calcei, nesse tempo Ume não parou de me encarar daquele jeito e nem foi pegar seu calçado.

– Você quer me dizer alguma coisa?

– Eu estava tentando dar a chance de você confessar, mas já vi que vai ser desse jeito – Ela suspirou e então me encarou firmemente – Eu escutei sua conversa com o Yamazaki-kun, sinto muito, e agora eu sei que você gosta dele tanto quanto ele gosta de você!

– Se você escutou a conversa deve saber que não me sinto assim.

– Você disse que gosta dele como um gato e você ama gatos! – Eu quase respondi, mas parando para pensar ela até que tem um pouco de razão, mas não é como eu quisesse namorar um gato de qualquer jeito, eu acho... – Você até me disse aquela vez em que foi lá em casa que se pudesse casar com o meu gato você o faria! Então essas são as provas que você ama o Yamazaki-kun!

Ela disse essa última frase meio alta, várias pessoas olharam em nossa direção, me senti um pouco constrangida, peguei Ume pelo braço e a levei até seu armário de calçados.

–Você não pode sair por ai falando essas coisas tão alto – Minha cara ainda estava um pouco quente.

– Então eu acertei?

–Não, você não acertou, e dai que eu amo gatos? Eu não vou namorar um, se eu disse isso foi meio sem pensar, não tem nada de mais nos meus sentimentos.

–Isso você já não sabe ao certo, porque quando nós falamos sem pensar quer dizer que o coração está falando por nós e isso significa que você gosta dele, mesmo não querendo.

–Você não está falando coisa com coisa hoje e eu tenho pressa para chegar em casa, se não se apressar vou te deixar aqui.

Ela colocou mais do que depressa suas sapatilhas, chegamos à estação bem na hora do meu trem, nos despedimos e entrei no vagão. Ume é realmente idiota para falar coisas assim, como se o coração pudesse falar por mim. Logo cheguei em casa, hoje é o meu dia de correr tenho que me trocar e ir logo para fazer minhas duas horas de corrida, mas ouvi um barulho na sala, será que a empregada ainda está aqui? Fui checar e tive uma surpresa: Meu pai e o Youta conversando e gargalhando.

– Akane! Que bom que você chegou, minha filha! Hoje eu resolvi tirar uma folga e olha quem aparece aqui, seu namorado veio para te levar em um encontro surpresa, não é legal?

Olhei sem entender o que se passava, Youta se limitou a sorrir para meu pai, caminhar até mim e me dar um selinho, em seguida colocou sua mão sob meu ombro, me encaminhou as escadas, quando chegamos ao meu quarto fechou a porta e seu sorriso desapareceu, surgido uma cara de alivio.

– O que está acontecendo?

– Me desculpe, não era a minha intenção mentir para o seu pai.

– O que diabos está fazendo na minha casa?

– Hoje é a última sexta-feira do mês, é o nosso dia de filmes. Quando eu cheguei seu pai estava aqui e ele realmente me dá medo, não tive coragem para dizer que havia terminado o nosso namoro e que ainda vinha ficar sozinho em casa com você.

– Então nós ainda vamos fazer a sexta dos filmes?

– Claro que sim! Esse dia é o único que tenho certeza de que irei te ver e que iremos nos divertir.

Isso me irritou.

– Se você não se recorda, irei lembrá-lo. Desde que nos terminamos no parque a única vez que nos vimos foi quando se intrometeu em uma conversa minha, você não me enviou nenhuma mensagem, não me ligou, me deixou sozinha como disse que não faria e agora está com medo de dizer ao meu pai que não estamos namorando?

Ele me olhava perplexo, deve ser porque eu nunca dizia nada sobre o que me incomodava e sempre aceitava as coisas do seu jeito. Isso acabou. Eu mudei muito desde que comecei o colegial, meus pais não estão mais juntos, minha amiga teve seu coração partido, uma pessoa tem sentimentos amorosos por mim, um idiota quer me vencer nas notas, a única coisa que tinha certeza que nunca iria mudar acabou mudando e eu me tornei mais forte e independente.

Eu aprendi a me amar mais e não depender do amor dos outros, pois um dia todos se vão e a única pessoa que vai ficar por você é você mesmo. Agora iria deixar meu coração falar mais por mim.

– Desculpe se te deixei sozinha, não era a minha intenção, estava tão preocupado comigo mesmo que esqueci sobre os outros. Me desculpe.

Suspirei cansada, quantas vezes ele já havia me deixado em segundo plano? Somente para quando não tinha nada melhor? Eu sempre me apoiei nele, mas ele não precisava de mim.

– Preciso me trocar, saia do meu quarto.

Sem falar nada ele sai, coloco minha roupa de corrida e quando saio ele ainda está ao lado da minha porta me esperando. Ele parece pensativo, quando me vê dá uma pequena risada.

– Parece que não vai ficar comigo hoje, quanto tempo eu perdi ao seu lado? Você está atualmente uma mulher. Estou me sentindo inseguro agora, nós ainda vamos ser amigos?

– Desde quando paramos de ser? Nós somente paramos de fingir que gostávamos um do outro como namorados.

– Eu nunca fingi na verdade, só percebi meus sentimentos muito tarde. Eu realmente te amo, mas já sei que não sente o mesmo por mim e que estou sendo patético agora.

Isso me pegou de surpresa, me surpreendi ainda mais quando começou a chorar. Não pude evitar abraçá-lo.

– Tinha uma época que se me dissesse isso me sentiria a pessoa mais feliz da face da terra, mas agora estou diferente. Sinto muito que me ame e que eu não possa retribuir seus sentimentos, você é um amigo muito querido a qual meus sentimentos foram direcionados algum tempo atrás, mas agora é muito tarde você demorou demais, meu coração já foi fisgado por outro.

Com isso desci as escadas, meu pai me olhou confuso.

– Não vai sair com seu namorado?

– Youta e eu não estamos namorando há algum tempo, mas continuamos amigos, não fique irritado com isso, sabe que não tem direito de ficar, estou indo correr.

Sai o mais rápido que pude, nem eu estava acreditando que falei tudo o que falei. Tinha admitido em voz alta que gostava do Yamazaki, ou pelo menos acho que sim, mas ainda não sei o que fazer com esses sentimentos que afloraram em meu peito é uma sensação estranha, sinto cócegas em meu peito e um frio na barriga só de pensar em encontrar com ele, isso é mesmo gostar de alguém? Com Youta tudo o que sentia era segurança e estabilidade levava isso como amor, mas acho que estava errada. Parei de correr por estar sem fôlego, coloquei as mãos em meus joelhos, estou tão confusa.

– Akane? Está tudo bem?

Olhei para cima e me deparei com Yamazaki.

– O que faz aqui? – Falei quase sem fôlego.

– Você parou na frente da loja onde trabalho, você está fugindo de alguém?

Ele encostou sua mão em meu braço e eu senti queimar o lugar onde tocava, eu queria abraçar ele e não sair mais dali. Mas não o fiz. Me pus de pé e o encarei séria, estendendo minha mão.

– Se aceitar, gostaria de me tornar sua amiga.


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Notas finais do capítulo

Demorou, mas saiu! Espero que gostem, estou meio apertada com trabalhos, mas tirei um tempo para escrever.
Beijos (=゚ω゚)ノ



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