Longe de casa escrita por Anônima Alana


Capítulo 3
Segunda... Agitada?!


Notas iniciais do capítulo

Esse aqui vai pra Gabi e Maia



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Louise acordou com sua mãe cantarolando algo, aparentemente muito feliz... Mas Louise não estava com nenhuma vontade de se levantar da cama, porém, era segunda. Meu Deus! Quem não ama segunda? Louise! Ela não podia faltar. Mas era o que mais queria.

– Levanta dessa cama, menina! Hoje é s-e-g-u-n-d-a! – soletrou Júlia. Ela realmente amava segunda. Pois (a) ela não trabalhava na “s-e-g-u-n-d-a” e (b) era o dia em que (sempre, semanalmente, estranhamente) ia para o salão (o que Louise achava desnecessário.).

– Eu não quero ir para a aula, mãe. – disse Louise, com voz puxada e olhar sincero. Júlia devolveu o olhar.

– Houve algo filha? – Júlia se mostrava em uma das poucas e raras vezes, interessada.

– Não. Eu só não quero ir. Diferente de você, eu não amo a segunda. – Louise fez uma expressão de cansaço e enfiou a cara no travesseiro.

– Então acha que é assim moçinha? Aaaaah mas não é mesmo.

– Segunda. Eu odeio segunda. Segunda. Argh! – disse dando ênfase a palavra “odeio”, com som abafado no travesseiro, mais pra si mesma do que pra a mãe. Quando, assustada, lembrou de algo. – Eu tenho prova! – levantou sua cabeça para ver a reação da mãe.

– É? Que bom. Assim você sai dessa cama. – disse rindo. – Filha, vou pra o salão. Boa sorte na prova.

Louise voltou a olhar para o travesseiro, era prova de matemática, e... Bem, ela não tinha estudado. A situação de Louise não estava muito boa no colégio. Os problemas de casa às vezes a atrapalhava muito, e ela acabava se desconcentrando. Ela faltava muito as aulas enquanto a mãe não estava presente, faltava para poder falar com o Alam. Apesar da preguiça, Louise se levantou e foi se arrumar para o colégio. Quando estava pronta, pegou sua bolsa, arrumou rapidinho e quando chegou no colégio -atrasada, porque queria faltar a primeira aula de educação física - foi ao encontro de sua única amiga que não esteja à milhas de distância, sua fiel e leal amiga, Gabriela. Louise sentou-se ao lado de Gabi – como a chama – e olhou para ela com uma cara completamente frustrada, já era aula de revisão. Depois do intervalo era a prova.

– Atrasada denovo? Você tem que se ligar! Você tá à beira da reprovação, não pode bobear, e você sabe disso... – falou Gabi, com uma cara visivelmente irritada, cochichando.

– Calma, foi educação física. Não vou reprovar por uma falta.

– Uma? Lu, você tem mais de 10 faltas. Se você quer faltar, porque veio para um colégio tão rigoroso? Você sabia que Ed. Física reprova? – agora dava pra ver seus nervos saltando, ela sempre foi assim, desde a quarta série. Sempre preocupada com “Lu”.

– Eu sei. Mas você sabe o por que... Né?!

– É claro que sei, mas não é motivo pra faltar! Pelo menos estudou para a prova? – agora parecia mais calma, mas Louise sabia que logo ia mudar a expressão de sua amiga.

– E-ér... Não. – ela disse um pouco nervosa, pois sabia o que Gabi ia fazer.

– Louise. Sá. Almeida. Barreto. Você está ciente da data de hoje? – Gabriela sabia que não podia se exaltar, pois a qualquer momento o professor podia parar a “conversinha-paralela-cochichada”.

– Hoje é dia 26 de outubro, não é?! – Louise disse um pouco duvidosa da “pergunta”.

– Você sabe que está terminando o ano, e essa prova é a global, e que você está tremendamente mal na média anual? – disse ela, tentando conter seu desespero, normalmente quando Gabi fica nervosa ela chora e Louise sabia que o que ela odiava mais que ver a Louise daquele jeito, desistindo da vida, era se passar por frágil na frente de um “público”.

– Os boletins não saíram. Como sabe a minha média anual? – disse realmente apreensiva, talvez Louise não demonstrasse, mas ela realmente se importava e às vezes chorava quieta em um canto, sem esperanças de alcançar sua felicidade ideal (Da qual tanto filosofava quando estava só, sua felicidade ideal era ela feliz, bem sucedida, com o Alam ao seu lado e Gabi também, entre outros).

– Eu sei todas suas notas, eu as anoto e vejo sua frequência. Você acha que não me importo com você? Sua idiota! Você acha que é fácil para mim? – agora dava pra escutar o sonoro choro de Gabriela, ela soluçava. Louise sabia do que Gabi estava falando.

Algumas pessoas já olhavam interessadas, então Louise pensou rápido e tirou seu casaco cor-de-rosa (preferido), colocou na amiga de forma que não desse pra ver seu rosto e a levantou. Mais pessoas olharam interessadas. Gabi estava fraca demais para pronunciar palavras ou rejeitar a ajuda de Louise. Louise se levantou e pediu permissão ao professor para sair da sala, a essa altura todos olhavam para elas.

– Professor, por favor, minha amiga está passando mal. Vou ajudá-la, posso? – pediu educada a Fábio, seu professor de matemática.

– Claro, mas voltem antes do toque, a revisão está ajudando muito, ok? – disse Fábio, solidário.

– Obrigada. – respondeu Louise, já saindo.

Louise guiou Gabi para o banheiro e tirou o casaco de seu rosto, observou o lugar e não tinha ninguém por perto, ela fechou a porta e ficou esperando Gabi parar de chorar, mas quanto mais ela via sua expressão, mais chorava.

– Viu o que você fez? – ela disse, esperando que Louise a culpasse.

– Vi. Desculpa. – Gabi se assustou, ela não esperava que Louise admitisse assim tão fácil. Mas Louise continuou. – Eu sei que é difícil pra você perder... os pais e só ter a mim, mas eu sei que você vai superar tudo, comigo ao seu lado. Não se preocupe. Independente de passar ou não, mudar, crescer ou qualquer coisa que você ache que possa nos impedir de termos contato, não vai nos impedir de se falar, se encontrar, eu mudando ou não, vou tá aqui. Você sabe que eu te amo, né? Eu não vou te abandonar, e eu me importo com você também. Desculpa, eu estou um pouco desconcentrada do meu colégio, da minha vida, você sabe... Às vezes esqueço que há vida além do meu mundinho virtual. – Louise, a essa altura, já estava chorando silenciosamente com Gabi.

Gabi enxugou as lágrimas, a olhou como se estivesse observando o fundo de sua alma e me abraçou forte.

– O que seria de mim sem você, em? – disse ela, emocionada.

– Uma bela de uma cdf, nervosinha e dramática. – Louise riu e Gabi acompanhou.

– Eu te devo uma né? Você conseguiu evitar que me vissem... – ela disse, desconcertada.

– Você pode me pagar em dotz, a moeda virtual... – Louise arrancou mais risos de Gabriela.

– Boba, desculpa por te chamar de idiota àquela hora, mas eu estava exaltada e... – Louise a interrompeu.

– Não precisa se desculpar, eu te conheço a 4 anos, jura que acha que eu ia ligar? – Louise disse sincera.

– Pra falar a verdade, não. E precisamos voltar para a aula, vou te dar um resumo do assunto, está fora de cogitação eu poder te perder, tá entendendo? – Gabi disse com um sorriso de leite condensado no rosto.

Elas lavaram o rosto e saíram do banheiro com os olhos inchados e vermelhos, mas com um sorriso amarelo.


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Notas finais do capítulo

Comentem e favoritem, por favor, ajuda muito! Obg *-*