Eu poderia ter trancado a porta do quarto, mas o meu medo de ser estuprada durante a noite por Jason e não conseguir fugir foi maior e eu acordei com Reyna e Leo nos encarando maliciosamente. Supostamente ele dormira ao meu lado no sofá enquanto assistíamos a vigésima temporada de Friends e não conseguimos deitar na cama.

– Você manda kik sugerindo coisas entre mim e o Valdez... E olha como eu te encontrei. - ela falou com o sorriso do gato da Alice estampado na cara.

– Não fizemos nada inapropriado e vocês? - provoquei ainda sonolenta.

– Ainda somos puros, se é isso que está insinuando. - ela falou enquanto corava violentamente.

– Espero que sim. Sempre quis ser a madrinha do casamento de vocês antes de ser madrinha dos filhos de vocês.

– E quem te garante que você vai ser a madrinha dos meus filhos? Ou do meu casamento?

– Porque eu te dei o último pedaço do bolo de chocolate com brigadeiro na sexta.

Reyna riu ironicamente preparada para me retrucar quando Leo se pronunciou.

– Esqueçam essa coisa toda aí. .. A GENTE VAI PRA PRAIA! - ele disse como uma criança de 4 anos quando ganha sorvete.

– Tem praia aqui? Digo, na Academia? - questionei.

– Não, mas todos os finais de semana podemos sair, basta pedir autorização para seus pais ou responsáveis. Eu já tenho a minha para todos os finais de semana.

– O meu vai até o meio do ano. - falou Leo.

– Tenho emancipação. Não preciso disso e Thalia também. - Jason falou passando a mão no cabelo.

– Ok, Percy já mandou uma mensagem dizendo para nos encontramos em uma hora em frente à secretaria.- ela falou - Isso significa que é pra os meninos caírem fora enquanto eu e Pipes nos arrumamos.

– Não me importo de ver vocês se trocando - falou Jason - principalmente, você, Pipes.

– Eu concordo com ele. - falou Leo e os dois trocaram soquinhos.

– Se você não sair agora, eu juro que não vou fazer o que disse que ia ontem, Valdez. - Reyna falou como vilã de HQs.

– E você ainda não tem direito de falar ou fazer nada referente á mim, Grace. Posso acabar com sua chance com apenas duas palavras. Ou menos.

Eles engoliram em seco e saíram rápido gritando algo parecido com "vemos vocês em uma hora". Bati a porta com força e desta vez a tranquei, nunca se pode confiar em Leo Valdez e Jason Grace juntos.

– Pelo visto a noite passada não foi boa só pra mim. O que aconteceu? Pensei que odiava ele. - Reyna falou sentando na beirada da escrivaninha.

–Bom... A festa tava extremamente chata e eu decidi me render e seguir o nosso acordo.

– Nosso acordo não incluía o picachú no meio.

– Acontece que quando eu estava dançando a última música ele chegou e me beijou.

Ela ficou estática sem saber qual cara estampar em seu rosto.

– E depois?

– Bom... - minha voz virou um sussurro - Nós fomos nos beijando até a porta desse quarto.

– O QUÊ? ! - ela gritou - continua.

– Ele estava bêbado e eu cuidei dele, então a gente ficou assistindo Friends até a hora que ele começou a se insinuar pra mim.

Ela começou a rir histericamente.

– Você está dando mais uma chance para ele. - ela falou sorrindo - Isso é bom... Vocês formam um lindo casal.

– Engraçadinha. - falei irônica depois de terminar de me arrumar - Eu terminei aqui, acho que vou preparar uma bolsa com tudo o que eu preciso.

– Ok, a minha já tá pronta mesmo.

Peguei uma bolsa qualquer e enfiei toalha, protetor solar, livro, óculos de sol e uma roupa reserva.

(...)

O grupo todo se dividiu em três carros. No primeiro ia Reyna, Thalia, eu, Annabeth, Rachel e Hazel. O segundo levava Luke, Leo, Jason, Chris, Frank e Percy. O Terceiro trazia Nico, Connor, Travis, Miranda, Kate e Clarisse.

Depois de aproximadamente uma hora, finalmente chegamos à praia que por incrível que pareça não estava lotada.

– Que praia é essa? - reclamou Clarisse - Parece fim de mundo.

– É a parte mais afastada da praia. - respondeu Annie.

– E por que estamos aqui? Desse jeito eu não vou ter gatas do meu lado. - falou Connor que teve a aprovação de Travis.

– Então você quer gatas do seu lado, Travis Stoll? Pois eu vou procurar caras realmente gostosos pra mim! - Kate exclamou com raiva - E nem se dê ao trabalho de me impedir porque agora por mim você fica na seca.

Kate saiu andando e indo em direção ao salva-vidas gato que deveria ter mais ou menos a nossa idade.

– Quer saber? Eu também vou. Não quero te atrapalhar, Connor, de achar vadias por aí. - disse Miranda - KATE ME ESPERA!

Nós encaramos Connor e Travis e depois caímos na gargalhada.

– Vocês são um bocós. - falou Luke - Todo mundo sabe que não se deve falar isso na frente de garotas.

– Principalmente se for sua namorada. - conpletou Chris.

– E agora? - perguntou Travis.

– Agora vocês vão segurar vela. - falou Leo divertido.

– Eu vou é procurar wi-fi. Pelo menos vou poder jogar perguntados. - Connor falou encarando a tela de seu Android.

– Não preciso de wi-fi, sou rico, tenho 3G, mané! - Travis falou erguendo o Galaxy S3.

(...)

Metade das garotas normais quando vão á praia estendem a toalha na areia e passam o resto do dia se bronzeando. Esta não sou eu.

Vou resumir a minha vida. Eu cresci sendo criada por um pai solteiro, minha irmã apesar de tentar esconder também possui um lado masculino e ao total de tudo, eu passava meu tempo livre surfando, vendo MMA, vestindo qualquer roupa que não fosse patricinha demais ou rosa demais e por aí vai. Ou seja, eu estou surfando na crista da onda apesar de não ter tanto equilíbrio assim e Percy está ao meu lado me ofuscando com seu talento.

– Piper, cuidado! - ele gritou tarde demais quando eu coloquei muita força em uma ponta da prancha e caí na água. A maré estava tão forte que me levou de volta para a areia.

Minha cara estava suja de terra molhada, meu cabelo tinha uma alga presa e a parte descoberta da minha barriga tava ardendo por causa da fricção eu&pedrinhas idiotas.

– Quer ajuda? - perguntou Jason na minha frente de pé.

– Não, a areia tá boa. - respondi irônica, mas o garoto não entendeu.

– Você está bem? - estou em busca de um app pra Android que me ajuda a fazer pessoas lerdas entenderem quando eu sou irônica.

– Tá louco? - exclamei irônica mais uma vez - Eu, tipo, AMO levar um caldo enquanto tô surfando e sou levada pela correnteza até chegar a praia enquanto meu corpo arde porque ALGUM DEMÔNIO COLOCOU PEDRINHAS AQUI!

Ele levantou as mãos em sinal de rendição e logo em seguida me ajudou a levantar.

– Pessoas educadas dizem obrigado.

– Não força, eu já te dei a chance de um encontro na sexta. - suspirei - Ok, obrigada, Jason Grace. Feliz?

– Só depois de um beijo. - ele falou abrindo um sorriso malicioso e me puxando pela cintura.

Eu o empurrei de leve.

– Tá rapidinho demais, Grace. Será que eu devo mesmo te dar uma chance?

– Você prometeu. - ele disse e começou a beijar meu pescoço.

– Para com isso, garoto. As pessoas vão ver.

Ele riu contra a minha pele.

– Que riam. Eu realmente não ligo porque estra com você é um prêmio e não uma uma derrota.

– Frase bonita, de qual marca é o caminhão de onde você tirou isso?

– É da companhia eu estou na sua, Piper McLean.

Eu estava sem palavras. Se um dia eu pudesse apontar o lado negativo dele, o primeiro da lista seria o fato de ele não esconder seus sentimentos e me deixar sem palavras. Eu tentava esconder um sorriso, mas era impossível. Ele queria um beijo? Então ele terá, digamos que eu confio na marca do caminhão.

Eu o puxei para um beijo sem intenções. Não era algo do tipo "Ele é gato e eu tô na seca", era mais que isso. Certa vez, alguém me disse que não importava quantas vezes eu beijasse um menino, nunca mudaria o jeito como ele beijaria, mas está errado. Jason era o único bad boy que eu conhecia que não tinha medo de perder a garota por carinho, suas mãos seguravam pela minha cintura para que eu pudesse me apoiar nele e não me deixar incapacitada de fugir. Ele sempre fazia carinho ali como uma pessoa tímida. Sua língua preenchia minha boca de jeito tímido como se ficasse com medo de que eu não gostasse de seu desempenho. Minhas mãos massagearam seu cabelo e o desarrumavam de uma maneira única. Ele me deixava louca.

Ele partiu o beijo.

– Te pego ás sete. - ele falou e eu me repreendi por sorrir.

– EI! CASAL MELAÇÃO! - me virei e percebi que quase todos nos encaravam com caras maliciosas - O QUARTO MAIS PRÓXIMO FICA A UMA HORA DE CARRO DAQUI.

Reyna bateu no peito de Leo levemente em sinal de desaprovação, mas não durou muito porque logo em seguida ela lhe deu um selinho.

– A diferença entre eles e nós é que eu ainda não consegui domar a fera. - Jason sussurrou no meu ouvido.

– Se eu sou uma fera pra você então eu cancelo o encontro. - rebati.

– Não precisa. - ele falou rapidamente me fazendo rir - Quer um sorvete?

– Você paga?

– Claro.

– Ótimo, porque eu tô sem grana.

Ele riu e nós fomos para a barraquinha de sorvete. Eu peguei um de chocolate e Jason pediu de coco.

– Como você consegue tomar sorvete de coco? - perguntei.

– Bom, da mesma maneira que você vai fazer um boquete em mim um dia. - ele disse me encarando.

– Sonhar é bom, mas a hora de ir pra cama ainda não chegou, Grace.

– A gente faz aqui mesmo. - ele disse mais uma vez me puxando para seu encontro, porém antes que ele me beijasse eu virei a cara.

– Não beijo quem está tomando sorvete de coco. - e corri como uma criancinha até a nossa barraca.

Cheguei lá ofegante.

– Viu, Reyna? - Leo se pronunciou - Eu disse que transar na praia era divertido. Observe sua amiga, ofegante e com um sorriso no rosto.

– Não creio que ela tenha dado pro loiro. - Reyna falou - Ela ainda vai esperar pra dar no primeiro encontro.

Juro que se não tivesse tão ofegante mandaria os dois irem se pegar em outro lugar e parar de em encher o saco. Mas isso não vai ser possível.

– Me peçam uma bebida. - pedi me sentando na cadeira.

– Água de coco? - Reyna perguntou.

– Não. - falei me lembrando da cena que acabara de acontecer - Pedi uma coca.

Leo riu negando com a cabeça.

– Acho que eles se pegaram embaixo de um coqueiro, Reyna.

– E eu acho que tudo isso é falta de pau no teu cu, Valdez. - falei entrando na brincadeira.

– Meu tipo é outro. - ele falou abraçando Reyna por trás.

– Leo... - ela não teve chance de terminar, pois ele começou a lhe beijar quase desesperadamente.

Eu bufei com a cena. Fofo? Claro, até porque eu me considero a madrinha do casal, mas pelo menos quando eu estou com Jason eu não fico de vela. Chegou á um ponto que eu tive que interrompê-los.

– Ei. - falei chamando - O motel fica pra lá.

Eles se separaram e Reyna estava corada com o comentário enquanto Leo estampava um sorriso malicioso.

– Só estamos esquentando as coisas aqui, McLean, o resto a gente termina lá. - ele disse com um sorriso de várias intenções.

– Usem camisinha. - alertei.

– Sempre.

(...)

Já era quase pôr-do-sol e apesar de cansados e eu já ter trocado de roupa em um banheiro imundo, decidimos ver a maravilha da natureza.

Encontramos um amontoado de pedras de frente pro mar e todos sentamos lá. Todos em linha reta e esperando a mágica acontecer. Por ironia do universo eu me sentei ao lado dele.

– Well, you only need the light when it’s burning low
Only miss the sun when it’s starts to snow
Only know you love her when you let her go
Only know you’ve been high when you’re feeling low
Only hate the road when you’re missin’ home
Only know you love her when you’ve let her go
And you let her go - ele sussurrava perto de mim e eu só pensava em o quanto ele parecia querer dizer algo com aquilo.

Quando eu finalmente pus minha cabeça no travesseiro, percebi que era assim que eu imaginava que ele ficaria após nosso término, era assim que eu queria que ele ficasse. Eu pensei que quando ele finalmente falasse isso eu ficaria feliz, mas o único sentimento que causou em mim foi a imensa vontade de abraçá-lo e dizer que eu daria quantas chances ele desejasse.

– Minha vida sem ele seria tão bom, mas ao mesmo tempo que eu o quero longe meu corpo clama para que fique perto. - falei.

– De quem você está falando? - Reyna perguntou.

– De Jason Grace.

Ela abriu um sorriso cansado implicitando " torço por vocês, mas digo isso amanhã" e fechou os olhos.

Fui até a varanda e olhei para as estrelas.

– Vovô Tom tinha razão. Correr atrás de um amor nunca vai ser idiotice.