E aqui estou eu. No momento eu estou usando um vestido amarelo de alcinha um pouco acima do joelho que me aperta até a cintura para se desfazer em uma saia rodada.

– Oi, gata. - sussurra no meu ouvido o terceiro garoto que vem me paquerar essa noite - Posso te pagar uma bebida?

Tento ao máximo não parecer indelicada, mas já estou ficando de saco cheio.

– Hmmm, desculpe, mas não pode. Estou sem sede, entende?

O garoto sai como se não tivesse levado um fora meu e me manda uma piscada seguida de um sorriso torto e cheio de segundas intenções.

Hoje é sábado. Sábado de dormir até tarde, sábado de dormir tarde, sábado de música e, acima de tudo, sábado de ficar em frente á televisão com um saco d e salgadinhos na mão assistindo a penúltima temporada de Friends. Mas eu não poderia fazer nada do que costumo fazer nos meus sábados normais porque estou numa droga de festa de boas vindas da academia, na qual Reyna e todas as meninas me intimaram a ir.

Estou sentada em um bar pensando no que acontecera ontem depois que encontrei Reyna e Leo saindo da seca dentro de um armário de zelador que eu quase dividiria com Jason em momentos inconscientes. Descobri que estavam em um affair exclusivo, o que em breve, tipo 3 dias, viraria namoro oficial.

Em geral eu simplesmente odeio festas, odeio até pensar em ir á festas, e essa não era exceção. Acredito que existem dois tipos de festa: a vulgar e a fingida. No momento eu estava numa festa vulgar, classificada assim por causa de:

a) Música alta que variava em apenas dois estilos: pop e eletrônica;

b) Salgadinhos baratos com guaca mole e pizza;

c) bebidas batizadas, bebidas alcoólicas e até mesmo energético;

d) Pessoas dançando de modo completamente imoral com babacas lançando olhares que chegavam á décimas intenções.

– Pipes, não vai dançar? - perguntou Rachel. Rachel vestia um vestido rosa e branco colado com saltos altos e finos. Ela não havia parado um segundo de beber vodka.

– Não. Estou bem aqui. - falei lhe lançando o olhar de "estou bem, apenas esperando pra fugir o mais rápido possível daqui".

Ela riu totalmente bêbada e voltou a dançar com o peguete Nico Di Ângelo de um jeito altamente impróprio.

Finalmente levantei de minha cadeira no balcão de bebidas e segui para uma mesa cheia de pizza de calabresa. Frank, um cara da minha turma de teatro estava lá ao lado de Hazel sua namorada, estavam naquela mesa. Eram bem legais, ambos, e eu decidi me aventurar a experimentar um dos pedaços de pizza.

– Qual a chance de que eu não morra por intoxicação alimentar com essa pizza? - perguntei sorrindo para o casal.

Hazel riu e Frank abriu um sorriso.

– As mesmas que a da Hazel. - Frank disse - Ela também comeu uma dessas.

– Então se ficarmos doentes seremos colegas de quarto na enfermaria? - questionei.

Hazel assentiu rindo. Peguei um pedaço que parecia menos ruim e enfiei goela a dentro. Gostosa, porém fatal.

A música é trocada de Party Rock para Counting Stars. Hazel da um grito e seu namorado apenas abre um sorriso de orelha a orelha.

– É a nossa música. - a garota exclama.

– Quer dançar? - ele pergunta selando seus lábios por poucos segundos. A resposta fica implícita quando os dois me abandonam correndo em direção a pista de dança.

Novamente sozinha. Encaro a mesa de refrigerantes com grande provabilidade de estar batizados. Vale a pena arriscar. Vou até lá e começo a bebericar uma coca, como eu pensava, totalmente batizada e deixando a minha boca com gosto amargo. Deixo o copo de lado e vou atrás de um dos meus amigos.

Sei que todos eles com exceção de Annabeth e Reyna bebem como se não existisse fim. Além de que muitos deles tem sempre um ar de "pegação 24 horas". A minha principal aposta foi começar pelos cantos para depois procurar do lado de fora.

Leo e Reyna estavam basicamente fritando com tanto amasso. Reyna desabotoava alguns botões que iam até a metade da blusa de Leo enquanto o mesmo lhe aplicava mordiscadas no lóbulo da orelha.

Annabeth e Percy estavam se agarrando ao lado da pista de dança. Só Jeová sabe como os dois dançavam e se beijavam ao ritmo da música enquanto Annabeth permanecia com as pernas ao redor de Percy.

Thalia e Luke, bem, se encoxar não é exatamente a definição. A cena pornográfica estava acontecendo do lado de fora com Luke imprensando Thals contra uma árvore e levantava parte do vestido preto rendado que cobria-lhe a coxa.

Rachel e Nico. Frank e Hazel. Como bons adolescentes ficaram na festa apenas com o prazer de as meninas rebolando contra seus corpos e os meninos lhe arrancando beijos longos e chupões. Uma mistura de inocência com uma dose de tequila.

Bufei. Eu nunca me divertia me festas. Eu não bebia, eu não dançava, eu simplesmente gostaria de fugir. E era isso que iria fazer.

Peguei mais um pedaço de pizza do mal acompanhado de coca batizada. Era pra dizer que aproveitei a festa como uma adolescente comum? Bom, eu comia a pizza tentando ignorar o fato de vomitar logo em seguida e dava longos goles na cuba libre que era o refrigerante. Só faltava apenas uma coisa. Fui até a pista de dança e apesar de não saber dançar ou qual música tocava comecei a rebolar e a pular.

Reyna e eu havíamos feito um trato. Coma, beba, dance 3 músicas e pode voltar para o quarto e continuar seu patético plano de sábado á noite. Palavras dela.

2 músicas dançadas, gotas de suor fazendo o vestido colar ainda mais em meu corpo e saltos baixos que já estavam na minha mão esperando apenas serem jogados no chão quando eu voltasse para meu tão querido quarto.

3ª música, a música que significaria a minha alforria, e era uma sacanagem gigante que fosse Toxic da Britney Spears. Essa era a música que eu dancei enquanto fazia o meu quase strip tease na festa de Phobos, essa era a música da festa onde Jason me embebedou e essa era a dança que eu dançava.

Eu rebolava até o chão e mexia meus braços pra cima. Era a última música e eu estava ansiosa pra sair dali, a felicidade estava próxima. De repente mãos pousaram na minha cintura. Elas me conduziam para que eu rebolasse ainda mais.

– McLean, você me deixa totalmente louco. - falou a voz rouca de Jason no meu ouvido seguido do leve odor de alcóol.

– E você está bêbado.

Ele riu pelo nariz confirmando minhas expectativas.

– Eu me prefiro bêbado porque só assim eu tenho coragem de fazer isso.

Ele me virou para si e pressionou seus lábios rudemente contra os meus. Sua língua entrou em minha boca, pois eu havia cedido ao seu beijo. Era quente, era inebriante e tinha gosto de vodka com chocolate. Ele ainda não havia parado de dançar e nem mesmo eu. Ele se separou de mim.

– Vem. - disse e me puxou festa a fora.

A liberdade era doce e Jason segurava me mão correndo e cambaleando até a porta de meu quarto. Ele me prensou contra a parede e voltou a tomar meus lábios. O empurrei depois de analisar toda a situação.

– Por que faz isso? - perguntei - Você insiste em mim, você me machucou antes. Como consegue ser tão insensível?

– Eu estou agindo dessa maneira porque eu te amo, droga! Eu te amo! Quem liga pro passado, Pipes eu só quero você instante. - ele disse com um sorriso debochado.

– Você está bêbado! Você mal se aguenta em pé! Suas palavras não valem nada no momento.

– A inconsciência me leva á loucura, e você é a minha loucura Piper. O mesmo vestido amarelo colando no seu corpo? A mesma música? Tudo o que está diferente é que desse vez eu sou o bêbado da história.

Ele ri mais uma vez pelo nariz.

– Quero um beijo seu. - pede.

– E eu quero que você pare de fazer isso.

– O quê? - pergunta- Isso?

E volta a me beijar. Eu o empurro novamente contra a parede o impedindo de continuar o beijo. Odeio gente bêbada e odeio principalmente ver Jason Grace bêbado.

Abro a porta do quarto.

– Entra. - ordeno.

– Decidiu me dar uma chance? - ele diz abrindo mais uma vez seu sorrisinho de badboy.

– Nem pensar. - eu digo depois que ele entra dentro do quarto - Eu vou te dar um banho e você vai engolir uma xícara de café bem forte.

Eu o empurro para dentro do box de roupa e tudo ligando o chuveiro gelado. Ele grita roucamente por causa da água gelada que o acorda do torpor da bebida e eu o enrolo numa toalha felpuda após desligar o chuveiro.

(...)

Jason está na minha cama apenas de calça com um cobertor roxo o enrolando. Eu lhe entrego um copo de café forte.

– Por que está agindo assim? - pergunta.

Eu abro um sorriso.

– Quer uma chance? Assista comigo a uma maratona de Friends e eu lhe deixo me levar pra sair, ok? - falo.

Eu estava dando uma chance para o canalha que me fez sofrer, eu estava convidando o meu inimigo para assistir uma das minhas séries favoritas no meu quarto. E tudo isso tinha um motivo. Meu lábios inchados e uma possibilidade de que tudo acabasse após Jason vomitar no chão do meu quarto.

Uma mudança de planos pode ser interessante, não?