A Hard Love escrita por Raiane C Soares, Isa Lopes


Capítulo 2
Watching Her


Notas iniciais do capítulo

Oi! Quero agradecer à Thais Davila por estar ajudando. Fiquei feliz, apenas um cap. e três pessoas já favoritaram. =D



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Cheguei na escola cansada, pois meu vizinho havia feito uma festa em pleno dia de semana, o que me deixou a noite toda rolando na cama tentando dormir. Parei em meu armário e algumas das Cheerios acenaram para mim, eu acenei de volta, peguei meus livros e fechei o armário. Entrei no corredor onde estava a sala da minha primeira aula e vi Rachel brigando com seu armário. Ela bateu nele, me aproximei e parei ao seu lado.

– Oi, Rachel.

– Oi. – ela disse com naturalidade sem olhar para mim.

Rachel girou a combinação, bateu em seu armário e rosnou.

– Precisa de ajuda?

– Não.

Me apoiei no armário ao lado, ela fechou os olhos, respirou fundo e os abriu, novamente ela girou a combinação e gemeu de desgosto, por não conseguir abri-lo.

– Deixe que eu abra isso. – eu disse, me aproximando mais.

Toquei na combinação, dei a primeira girada e ouvi Rachel começar a gritar. O corredor já estava vazio, só estávamos ela e eu, e ela não parava de gritar. Me afastei rapidamente e ela parou.

– Hum... Me desculpe, Rachel.

Ela girou novamente a combinação e dessa vez o armário abriu, fazendo-a sorrir.

– Rachel, você está com meu gloss?

– Gloss.

Rachel mexeu em seu armário pegando alguns livros, a vi colocar meu gloss lá dentro, fechou o armário e se virou, indo para a sala de aula.

– Até mais, Rachel. – tentei, mas ela não respondeu.

***

Entrei no refeitório e encontrei as meninas sentadas em uma mesa grande, me aproximei, coloquei minha bandeja em cima da mesa e me sentei.

– O que vai fazer depois da escola, Santana? – ouvi uma delas, perguntar.

– Não sei.

Abri a garrafinha de suco e bebi um pouco, olhei em volta e vi Rachel brincar com um garfo, um sorriso apareceu em meu rosto, apoiei meus cotovelos na mesa e continuei olhando para ela. De longe ela parecia uma garota normal, como qualquer garota da minha idade, não parecia ter uma doença. Mas como a orientadora disse, ela não era doente, apenas tinha um distúrbio, ou algo do tipo. Rachel era normal como todas as garotas. Ela pegou um pedaço de maçã, fez careta e o jogou longe, eu soltei uma pequena risada, me levantei e as meninas me encararam.

– Eu já volto.

Caminhei até Rachel, que ainda brincava com o garfo, me sentei ao seu lado e sorri.

– Oi, Rachel.

Ela olhou para mim, pegou um bacon e colocou em frente à minha boca.

– Não, obrigada.

– Coma.

– Eu não quero, Rachel.

– Coma.

Suspirei e abri a boca, ela colocou o bacon dentro, mas logo o afastou.

– Coma.

– Se você deixar. – respondi rindo.

– Coma.

Novamente abri a boca, ela fez a mesma coisa, eu sorri e peguei outro bacon, direcionei até sua boca e ela o encarou.

– Coma. – eu disse.

Ela abriu a boca, eu fiz o mesmo com ela, o que a fez começar a gritar.

– Rachel, pare de gritar. – tentei. – Todos estão olhando.

Olhei em volta, todos nos encaravam, ela se levantou, pegou sua bandeja com comida e jogou em cima de mim, abri minha boca na tentativa de um grito, mas nada saiu, logo Rachel correu para fora do refeitório gritando e todos começaram a rir de mim.

***

Entrei no banheiro rapidamente, eu tinha cinco minutos para me limpar. Me aproximei da pia, me olhei no espelho e percebi que não estava tão mal assim, peguei alguns papeis para limpar meu rosto, que estava sujo de molho de tomate, tirei alguns pedaços de bacons que tinha em meu cabelo e ouvi o sinal, era hora de ir para a sala de aula. Terminei de limpar algumas sujeiras do meu top das Cheerios e sai do banheiro. Ao entrar no corredor onde ficava meu armário, vi algumas pessoas juntas, parecia que alguém estava brigando, então não liguei e fui até meu armário.

– Oi Santana.

– Oi Kimmy. O que está acontecendo ali? – perguntei, enquanto pegava meu livro.

– Jesse está fazendo o grande discurso do por que ele vai jogar uma raspadinha na Rachel.

– Espere! Rachel?

– Sim.

Fechei o armário e olhei para as pessoas, me aproximei rapidamente, empurrei algumas para me aproximar e vi Jesse pronto para acertar Rachel.

– Pare! – gritei.

Todos olharam para mim, Rachel caiu sentada no chão e começou a chorar, Jesse se afastou dela e eu me aproximei mais.

– O que acha que está fazendo, Jesse?

– Jogando raspadinha na Rachel?

– Não. Você vai sair daqui e ir para a sala de aula.

– Qual é, Santana! Eu...

– Você não vai fazer nada, me ouviu? Vão para a sala de aula, todos vocês!

Eles começaram a se afastar, Jesse passou por mim com raiva, mas nada disse, me aproximei da Rachel e me abaixei, sem tocar nela.

– Você está bem, Rachel?

Ela não respondeu, apenas me deu um tapa no rosto, se levantou e correu. Aquele tapa doeu, mais do que qualquer outro que já tinha levado na vida, não doeu apenas no rosto, mas também no coração, eu não entendia, mas doía. Me levantei com lágrimas nos olhos, peguei o livro que estava no chão e sai dali.

Eu devia ter ido para a sala de aula, mas fui até a sala da orientadora. Bati na porta rapidamente, ela atendeu e olhou para mim confusa.

– Hum... Santana...

– Eu sei, devia estar na sala de aula. Mas eu preciso conversar com você.

– Agora?

– Sim.

Ela suspirou e se afastou para que eu entrasse, assim fiz e, vi Rachel rodopiar pela sala, com um pequeno sorriso no rosto.

– Sente-se, por favor. – a orientadora disse, se sentando. – Sobre o que quer conversar?

– Rachel.

– O que aconteceu agora?

– Você precisa dizer à todos que ela é autista.

– Sem chance.

– Você não entende. Se eles não souberem...

– Você que não entende, Santana. Se todos os alunos souberem, terão pena dela, a tratarão como uma doente, mas Rachel não é doente. A mãe dela pediu para que isso seja mantido em segredo, então estamos fazendo isso.

– Mas se eles continuarem não sabendo, vão maltratar ela, como fizeram à pouco tempo.

– O que fizeram?

– Ainda nada, porque eu não deixei. Mas tenho certeza que, quando tiverem chance, farão.

Rachel parou de rodopiar e colocou uma mão na cabeça, suspirou e voltou a rodopiar.

– Eu terei que conversar com a mãe dela.

– Eu entendo, mas isso tem que ser rápido. Talvez eles não a vejam como doente, mas é melhor eles saberem, assim não farão nada de ruim com ela.

– Está bem. Agora vá para a sala de aula.

Me levantei e olhei para Rachel, ela parou novamente e olhou para mim, ou melhor, para minhas bochechas, deu um pequeno sorriso e acenou.

– Até mais, Santana.

Eu sorri, era a primeira vez que a ouvi dizer mais de uma palavra, abri a porta e ela voltou a rodopiar.


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Notas finais do capítulo

Ficou legal?



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