Em uma manhã ensolarada de domingo, uma jovem e bela mutante já estava acordada. Rebecca estava sentada em um dos balanços que havia no pátio do Instituto. A expressão em seu olhar era de melancolia e indecisão, pois além de seu pai partir naquele dia, ela ainda tinha que tomar muitas decisões para acertar a sua vida.

– Posso me sentar aqui ao seu lado, mademoiselle?

Rebecca apenas olhou para o recém-chegado. Já Remy interpretou o olhar como um sim. Sendo assim, ele se sentou no balanço ao lado da filha, mas de princípio, não falou nada.

– Então... Será hoje mesmo? – Disse a garota sem olhar diretamente para o pai.

– Ouí... Ainda está zangada comigo?

– Eu pensei que fosse você que estivesse bravo comigo.

Remy sorriu levemente. De repente, ele segurou uma das mãos da filha, fazendo-a o encarar, finalmente.

– Olha, eu sei que eu não tenho moral para te dizer o que você deve fazer – Disse ele – Não sou o “pai do ano”, mas saiba que, de alguma forma, eu sempre me preocupei com a sua felicidade e a de seu irmão.

– Eu sei... Não precisa dizer mais nada, pai... – Disse Rebecca enquanto soltava a sua mão.

– Non! Preciso sim! – Remy segurou novamente a mão da filha – Eu cometi muitos erros, Rebecca. E a primeira coisa que eu farei assim que voltar ao futuro será consertar tudo isso! No entanto, não poderei fazer nada sem ter a certeza de que você estará bem.

– Eu sei o que você quer dizer, pai...

– Você sabe?

– Sim... – Disse ela que, em seguida, abaixou a cabeça – Eu sei que você terá que matar o Lucas.

Remy não conseguiu esconder a sua surpresa. De alguma forma, Rebecca sabia sobre o plano do diretor. Talvez o próprio Lucas tivesse contado a ela sobre esta escolha, e a confiaria ao Louis, seu ex-namorado apaixonado e inconformado, para tomar conta dela.

Após o espanto, uma expressão tranquila – já comum em Remy LeBeau – voltou ao seu semblante.

– Não se preocupe, chérie! Eu tenho um plano.

Rebecca o encarou com um olhar curioso e surpreso. Afinal, que plano seria este que pouparia a vida de seu amado? Apesar da curiosidade, Rebecca cedeu e optou por confiar nas palavras do pai. Remy continuava sorrindo. Sendo assim, Rebecca não teve outra escolha a não ser em também sorrir.

– Obrigada, pai!

– Não vai me perguntar qual é o plano? – Disse Remy, que estranhou a tranquilidade da filha.

– Acho que não terá tanta graça descobrir o que vai acontecer em um “futuro passado”.

E, assim, pai e filha passaram a manhã de domingo juntos, confiando suas expectativas um ao outro.

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Já estava anoitecendo quando os preparativos para a partida de Remy finalmente ficaram prontos. Remy, Rebecca, Melissa e Lucas estavam onde era a antiga sala do Cérebro. Após Lucas terminar de aprontar o estranho capacete, ele pediu para que Remy se sentasse em uma cadeira – semelhante àquela em que ele se sentou antes de viajar para o futuro.

– Espere! – Disse Lucas repentinamente, impedindo ao cajun de se sentar.

– O que foi? Há algum problema?

– Não. Mas você ainda não se despediu de todo mundo – Disse Lucas, apontando para a direção detrás do cajun.

Assim que Remy se virou, ele viu algumas pessoas escondidas na sombra. Mas não demorou muito para que os estranhos revelassem suas identidades. Após darem alguns passos à frente, a luz clareou as imagens de Oliver, Logan, Louis, Ray e Aaron.

Todos ficaram imensamente surpresos quando viram os X-Command ali, dentro de seu antigo lar – A propósito, a última vez que todos ficaram reunidos no Instituto foi cinco anos atrás.

– Oliver? Louis? Tio Logan? – Disse Rebecca que não pôde esconder a sua surpresa.

No entanto, a surpresa maior foi a de Remy, já que ele não esperava que o seu filho fosse se despedir dele. Remy não poupou tempo, e foi se aproximar dos recém-chegados.

– Pensei que eu não os veria mais, mon amis!

– Como assim, cajun? – Retrucou Wolverine – Você vai me reencontrar daqui a pouco!

– E por mais que seja estranho dizer isso, nós ainda vamos nascer! – Brincou Ray.

Após rir, Remy voltou a sua atenção para o seu filho mais velho.

– Pensei que o nosso impasse tivesse acabado...

– E não é por isso que eu estou aqui? – Disse Oliver enquanto sorria.

Remy e Oliver se abraçaram fortemente. Mas, de repente, em meio ao abraço, Remy se afastou do filho, olhou para trás, e chamou Rebecca, que apenas os observava. Rebecca correu e se juntou ao abraço de família.

Todos ali olhavam para aquela cena surpresos, mas também felizes. Enquanto isso, Melissa olhou para Lucas, que estava ao seu lado, e sorriu levemente.

– Você armou tudo isso, não foi?

– O quê? – Disse Lucas, que se virou repentinamente para a amiga.

– Você não só pensou em seus objetivos quando trouxe o meu pai – Disse ela enquanto cruzava os braços – Você também queria fazer com que os três se entendessem, e não foi preciso ler a sua mente para descobrir isso.

Lucas apenas sorriu de volta para Melissa. Aliás, ela estava completamente certa.

Voltando à reunião de família, após o longo e caloroso abraço entre pai e filhos, Remy olhou atentamente para eles e disse:

– Eu quero que vocês cuidem um do outro até eu e a sua mãe voltarem.

– Não se preocupe, pai! Eu prometo que serei um irmão mais atencioso – Disse Oliver enquanto abraçava a irmã.

– E eu vou colocar juízo no cabeção deste desmiolado! – Brincou Rebecca.

– E também quero que vocês se deem bem com a sua irmã mais velha.

– Pode deixar, pai!

– Tudo bem... A gente vai tentar – Disse Rebecca não tão convencida, enquanto via a Melissa ao lado de Lucas.

Em seguida, Remy se aproximou de Logan, e eles se despediram com um aperto de mão.

– Acabou que você salvou a minha vida de novo...

– Caso o contrário o Oliver teria feito um bom estrago em você – Brincou Logan.

– Hum... Acho que nós estamos quites agora, mon ami.

– A gente chega lá..!

Em seguida, Remy se despediu de Louis, que estava ao lado.

– Foi um prazer te conhecer, mon ami! E sem querer parecer ofensivo, mande lembranças à Belladonna.

– Éh... Tudo bem!

– Posso lhe dar um conselho? – Disse Remy que, em seguida, se aproximou mais do rapaz, para falar em seu ouvido – Não desista!

Louis não esperava por aquele conselho de seu ex-sogro. Ele olhou discretamente para Rebecca e sorriu. Aliás, ele sentiu um alívio, já que descobrira que tem o apoio de Remy.

Depois disto, Remy se despediu de Aaron e Ray – os primeiros com quem lutara quando chegou ao futuro.

– E o conselho que dou a vocês é que treinem mais! Ainda falta muito para me derrubarem! – Brincou Remy.

– Diga isso ao Aaron, porque quem te derrotou foi eu! – Retrucou Ray.

– Por acaso está me chamando de fraco? Eu estava ganhando até você chegar! – Disse Aaron um pouco furioso com a piada do amigo.

– Ah é mesmo, é? Quem é que estava atirado no chão?

– Bon, acho melhor eu ir embora agora, pois me sentirei culpado por uma guerra! – Brincou Remy que, em seguida, se aproximou novamente de Lucas e Melissa.

– Agora eu tenho que me despedir de você, chérie! – Disse ele à sua filha mais velha.

Os dois se abraçaram tão calorosamente quanto os irmãos mais novos. No entanto, Remy sentira que Melissa estava mais segura em relação à sua partida.

– Tome conta daqueles dois, eu sei que posso contar com você!

– Prometo que darei o meu melhor!

– E lembre-se de cuidar de si mesma também, chérie.

– Não se preocupe! – Disse Melissa, enquanto sorria tranquilamente.

E, por fim, Remy foi trocar suas últimas palavras com o responsável pela sua viagem no tempo.

– Imagino que não tenhamos muito que falar – Disse Remy.

– Seus filhos já são adultos, Remy. Você não tem com o que se preocupar. De qualquer forma, estarei aqui para ajudar a todos. Estarei aqui até o dia em que você...

– Não precisa completar essa frase, mon ami – Disse Remy sorridente – Apenas espere e veja.

Lucas lançou um olhar um pouco preocupante. Ele não queria desconfiar de Remy, mas será que o ex-ladrão não cumpriria com a sua parte do plano?

– Está preocupado? – Disse Remy.

– Não. Curioso, talvez...

– Hum, bon!

E assim, após o seu último sorriso no futuro, Remy LeBeau foi a caminho de seu tempo, de seu verdadeiro lar.