EPÍLOGO

– Sede da Ordem da Fênix -

– Temos um problema... – disse Tonks ao “invadir” uma das reuniões da Ordem, que contava inclusive com a Ministra da Magia e seus Aurores da Elite.

– O que houve? – perguntou Moody encarando-a.

– Morgana escapou.

Moody instantaneamente pensou em Violet e Snape levantou-se rapidamente, um tanto mais pálido que de costume.

– Como?! – exclamou Meryl levantando-se furiosamente.

– Eu e alguns aurores estávamos levando-a para Azkaban, mas no meio do caminho ela conseguiu fazer magia e aparatou.

– Como puderam deixar que algo assim acontecesse Ninfadora? Pensei que fossem bons aurores! – exclamou Meryl claramente furiosa.

– Não foi culpa minha, eu apenas fui assinar a autorização no St Mungus! – respondeu Tonks um tanto assustada, afinal, nunca tinham gritado com ela antes – Ela estava desacordada e amarrada, mas quando deixamos o hospital para aparatarmos ela acordou do nada, atacou o auror que a segurava e logo depois aparatou... Foi muito rápido!

– Vocês são treinados em estratégia! Como foram tão estúpidos a ponto de nem se darem ao trabalho de criar um esquema de segurança?! – exclamou Meryl – Moody, pensei que suas poções estavam deixando-a desacordada e fraca!

– E estava! Eu mesmo me certificava de administrar a poção diretamente em suas veias!

Desde que fora capturada e mantida presa no subsolo do hospital St Mungus os aurores vinham fazendo testes e experiências com a bruxa. A Poção Exstinctio Hypnosis era forte o suficiente para excluir a essência mágica de Morgana, mas seu sangue ancestral não permitiu que os efeitos fossem permanentes. A licantropia, no entanto, permaneceu, e todas as manhãs Alastor injetava um concentrado da poção em sua veia, o que a deixava totalmente indefesa.

– Então como explica ela conseguir derrubar um auror, sozinha, e aparatar?

– Talvez o organismo dela tenha se acostumado... – sugeriu Lupin.

– Como assim? – perguntou Arthur.

– Eu já estudei medicina trouxa e bruxa para tentar alguma cura para a licantropia e certa vez eu li que quando determinada substância entra em contato com o nosso corpo periodicamente ele acaba se acostumando... – explicou Remo - Todos nós sabemos que ela tem sangue ancestral, portanto, é mais forte... Talvez seu organismo tenha se acostumado com a poção em suas veias e o efeito acabou. Não acredito que esteja totalmente recuperada ainda, mas está forte o suficiente para derrubar um auror experiente e aparatar...

– Snape, acha que ela voltaria para Voldemort?

– Não, ela não é idiota o bastante para isso... – discordou o Morcego das Masmorras – Voldemort quer puni-la por suas falhas, ela tentou matar a Violet várias vezes e com isso desobedeceu ao Milorde.

– Então se Morgana estava em débito com Voldemort, ele certamente gostaria de puni-la pessoalmente – comentou Arthur. – Ele não deixaria uma de suas “armas pessoais” à disposição do Ministério ou solta por aí... Ele vai procurá-la.

– Tem razão Arthur. – concordou Meryl - Snape, fique de olho em alguma informação que possa nos ser útil, se Voldemort a quer, vai encontrá-la... Só precisamos fazer isso primeiro.

Severo apenas assentiu e retirou-se da sala de reuniões.

– Snape é de confiança? – pronunciou-se James Krum pela primeira vez.

– Ele não colocaria a vida da própria filha em risco. – respondeu Lupin.

– Perdemos um grande trunfo em nossas mãos... – rosnou Moody – Só teremos outra oportunidade dessas quando capturarmos Bellatrix! E sabemos o quanto é impossível não é?!

– Temos o Malfoy... – disse Pierce – Ele foi capturado hoje de manhã e será encaminhado à Azkaban pela tarde.

– Duvido que ele fale algo, precisávamos de alguém da cúpula!

– O Malfoy é covarde e preza muito a imagem... Se pressionarmos ele abre o jogo – interrompeu Catherine. – Talvez saiba de algo útil...

– Muito bem, teremos que nos contentar com ele por enquanto... – disse Meryl tirando os óculos de leitura – Tonks, reúna os melhores aurores e comece a busca, espalhe também avisos discretos aos membros da Ordem de outros países... Precisamos da Morgana viva para podermos arrancar algo, ela é da cúpula dos Comensais e não a podíamos ter perdido! – exclamou – George, Lupin e Moody, avisem Dumbledore e tragam Violet e os amigos imediatamente. Morgana já nos deu provas de que é perigosa...

******

Morgana ainda estava fraca após aparatar, afinal, recebia uma poção tão forte quanto a Exstinctio Hypnosis diariamente e inúmeros outros sedativos bruxos diretamente na veia. Quando percebeu que a poção já não era tão forte quanto no primeiro dia, Morgana resolveu testar suas forças e descobriu que pouco a pouco a magia voltava para si, e o transporte para Azkaban seria a oportunidade perfeita para conseguir escapar.

Ela sabia que algum auror iria cometer a idiotice de levá-la no colo, afinal, quem se preocuparia com uma mulher debilitada por poções e aparentemente sedada? Ela sabia também que ninguém podia aparatar dentro do St Mungus, então obviamente teria que ser removida do lugar antes de irem à Azkaban, e esse era o momento.

Tudo ocorreu como o planejou, fingiu estar desacordada e, quando colocaram os pés para fora do hospital, Morgana libertou seus instintos lupinos e cravou suas garras na jugular no auror que a carregava, o momento de distração fora criado e a mulher estava livre de contato humano, logo, não perdeu tempo e aparatou.

E ali estava ela, embrenhando-se na famosa Floresta Negra, na Alemanha, conhecida por antigas lendas do povoado alemão. Obviamente o lugar era escuro e não recebia os raios de sol, mas daí a pensar que era assombrado? Só na cabeça de trouxas mesmo.

Seu plano era passar a noite em alguma caverna e pela manhã decidir o que fazer, afinal, não poderia voltar para os comensais depois de suas inúmeras tentativas de matar a garota Snape, seria burrice. Caminhou por horas afinco, suas pernas já estavam cansadas e não havia sinal algum de um esconderijo seguro. Pouco a pouco sentia suas forças e magia voltando, sabia que no máximo em alguns minutos estaria novamente saudável e apta para fugir realmente.

Nesse momento, entretanto, ouviu o barulho de um galho se quebrando e passos se aproximando. Olhou ao redor e não viu ninguém, então, deduziu ser apenas algum animal estúpido. Voltou a caminhar e novamente ouviu passos.

– Quem está aí? – perguntou em voz alta olhando ao redor novamente. Nada.

Morgana nunca se assustara facilmente, mas estar numa floresta escura, sozinha, e ser fugitiva era demais. Ela estava sim assustada e olhava ao redor repetidas vezes. Novamente ouviu passos e galhos se quebrando, e isso foi o suficiente para a bruxa começar a correr. Durante longos minutos Morgana corria entre as árvores, vez ou outra olhando para trás e tentando enxergar algo. Nada.

E então um riso estridente ecoou pela floresta, uma gargalhada debochada e ao mesmo tempo assustadora, porém, a bruxa Pendragon não reconheceu e correu ainda mais, finalmente sentindo medo. Correu, correu e correu até que finalmente encostou-se numa grande árvore para recuperar o fôlego. Estava cansada e correr não foi uma boa ideia.

Olhou novamente ao redor e percebeu que os risos e os barulhos estranhos cessaram, o que indicava que, aparentemente, conseguira fugir de sabe-se lá quem.

– Você conseguiu Morgana, conseguiu... – sussurrou aliviada.

– Eu não diria isso... – disse uma voz feminina fina seguida por novas risadas estridentes.

Morgana assustou-se e virou-se rapidamente para a dona da voz, finalmente vendo seu rosto.

– Bellatrix?!

– Olá Morgana... – respondeu a Black com um sorriso diabólico no rosto – Sentiu minha falta?

– Ora sua...sua...Arg! O que pensa que está fazendo aqui?!

– Nós sabíamos que conseguiria escapar, e pelo visto conseguiu não é? – perguntou caminhando distraidamente com as mãos juntas em suas costas – Só não pensei que seria tão...estúpida...a ponto de pensar que fugir de aurores é a mesma coisa que fugir de comensais...

– Eu estava apenas me recuperando para depois voltar...

– E o que te faz pensar que será aceita? Garotinha tola... – debochou - Lorde Voldemort descobriu sua tentativa de assassinar a escolhida. Não foi nada inteligente de sua parte Morgana... – disse Bellatrix com a expressão repentinamente dura e fechada. – Felizmente eu estava lá para te impedir, e para a sua sorte, o Milorde resolveu não puni-la...

– Milorde é muito misericordioso...

– Oh sim... Mas sua atitude foi inaceitável e irreparável...

– O que quer dizer? – perguntou Morgana repentinamente surpresa.

– Quero dizer que não será o Lorde quem lhe aplicará um castigo...

– E devo concluir que essa pessoa será você? – riu – Sério Bellinha?

– Não me chame assim sua traidora imunda! – exclamou Bella retirando sua adaga do bolso e rapidamente posicionando-se atrás de Morgana, com a lâmina afiada em seu pescoço.

– Você não me dá medo Lestrange... – rosnou Morgana – Na verdade, é patética a ideia de você me castigando... Eu esperava Greyback ou o próprio Milorde, mas você?! Não seja ridícula... – riu.

Bellatrix sentia o sangue ferver de raiva contida, sempre odiou Morgana e, após suas “faltas” com Voldemort, a antipatia ficou ainda maior... Embora este não fosse o único motivo.

Morgana estava pronta para se levantar e usar o pouco de magia que recuperara para deixar a Comensal desacordada, porém, seus planos foram por água abaixo quando a lâmina dura e gélida da adaga de Bellatrix fez um corte em seu ombro, fazendo-a gritar de dor.

– Ninguém vai te ouvir aqui Morgana... Estamos sozinhas! – exclamou Bellatrix enquanto apertava a adaga sobre o maxilar da bruxa.

– V-Você é d-doentia... – sussurrou levando uma das mãos ao corte numa tentativa falha de conter o sangue que escorria.

– Só agora percebeu? – ironizou Bella levantando-se e empurrando a mulher com os pés brutalmente. – Levante-se.

Reunindo o máximo de dignidade que tinha, Morgana levantou-se lentamente e finalmente conseguiu manter-se em pé.

– O que vai fazer comigo? – perguntou encostando-se à árvore mais próxima.

– Da primeira vez que tentou matar A Escolhida, você fez um joguinho não é? – perguntou aproximando-se ameaçadoramente – Um jogo de...sobrevivência? Vou adorar testá-lo... Deve ser divertido assistir sua vítima correr inutilmente para depois ser alcançada e torturada... – disse amargamente – O que acha?

– Não se trata apenas do Milorde, não é? – disse Morgana finalmente percebendo as motivações da comensal á sua frente. – Você está fazendo isso para vingar a garota!

[Soundtrack]

– Calada! – gritou dando-lhe um tapa tão forte que a levou ao chão.

– Você vai pagar por um dia ter desacatado as ordens no Lorde... Levante-se!

Assim que Morgana levantou-se, sentiu uma onda de poder invadir suas veias. Sorriu maliciosamente e levantou a mão esquerda na direção de Bellatrix. Uma ventania repentina invadiu a floresta e o céu escureceu-se rapidamente, a força da licantropia estava voltando.

– Acha que isso vai me assustar Pendragon? – debochou Bellatrix – Terá que fazer melhor se quiser sobreviver...

E então Morgana avançou. Ambas iniciaram um duelo corpo a corpo e sem magia, afinal, Bella queria descontar toda a sua raiva atingindo a mulher com suas próprias mãos. Morgana conseguira atingir um soco no rosto de Bellatrix, que cambaleou para trás e sentiu o gosto de sangue manchar seus lábios.

Por serem as melhores comensais que Voldemort já tivera, foram treinadas de todas as formas que se possa imaginar, eram sim excelentes duelistas, mas como lutadoras eram quase melhores ainda, porém, Morgana não sabia que sua rival era excelente combatente corpo à corpo e avançou novamente com o punho levantado. Bella previu o ataque e, assim que o braço da Pendragon iria atingir a Black, Bellatrix girou o corpo e deu um chute certeiro na base da coluna da mulher, derrubando-a no chão.

– C-Como...?

– Você não é a única que não precisa de varinha Morgana... – avisou Bella limpando o sangue do canto dos lábios – Sou muito melhor que você...

Morgana ainda sentia a dor na coluna e um gosto metálico escorrer de sua boca quando levantou-se lentamente com a mão direita sobre o estomago e respirou fundo, porém, o momento de distração foi o suficiente para que Bellatrix sacasse a adaga novamente e fizesse um corte em suas costas.

– Ah!!!!!!!!!!! – gritou Morgana arqueando a coluna ao sentir a lâmina afiada cortar sua pele e seu vestido.

– Você vai se arrepender por ter entrado no caminho da Violet e vai se arrepender de um dia ter desacatado as ordens de nosso mestre... – disse Bella recuando um pouco enquanto Morgana ficava de joelhos para levantar.

– Como não percebi antes? – debochou limpando o sangue de seu rosto – Você gosta da garota!

Bella foi ainda mais bruta e, girando o corpo, atingiu um chute extremamente forte diretamente no rosto da mulher, que acabou caindo para trás com o impacto.

– Oh sim... Seu silêncio já diz tudo... – riu Morgana levantando-se e arrancando um galho seco da árvore mais próxima, ignorando a dor em sua coluna e o corte aberto que sangrava em suas costas. – Você a ama! O que o Lorde diria se soubesse que você também o desobedeceu? Que se afeiçoou à garota e está disposta à defendê-la?!

– Acha que me intimida?

Morgana segurou firmemente o galho e avançou, porém, por estar debilitada e fraca, não consegui o efeito desejado. Bellatrix agarrou o galho e puxou-o, trazendo Morgana junto. Levou seu punho direito e atingiu o rosto da comensal, que caiu na terra úmida.

– Acha que tenho medo de suas ameaças Morgana?! – exclamou aproximando-se ameaçadoramente.

– Sinceramente? Acho – disse aplicando-lhe uma rasteira e rapidamente ficando sobre a mulher. – Amor é fraqueza Bellatrix e você é fraca por amar aquela pirralha estúpida! – gritou pegando o galho e atingindo-o com todas as suas forças no estômago da Comensal Lestrange. – Aquela garota sempre esteve no meu caminho! Sempre atrapalhando meus planos... – falou novamente a atingindo no rosto. Bellatrix fora pega desprevenida e não conseguia sair debaixo de Morgana. – Ela esta sempre no centro das atenções não é? Pois isso vai acabar. Primeiro... – falou dando um soco na Lestrange – Vou matar você... – outro soco – E depois... – outro tapa – Será ela! Mas não antes de sofrer... – sorriu diabolicamente - Aquela mestiça imunda vai morrer em minhas mãos, lentamente!

Aquilo foi demais para Bellatrix, uma raiva invadiu seu peito e forças que nem sabia que tinha se revelaram. Assim que Morgana tentou dar-lhe outro soco, Bella segurou sua mão firmemente e atingiu seu rosto com a mão livre. Morgana ficou zonza pelo soco, o que foi bem aproveitado pela Black, que com um único movimento conseguiu levantar-se e no outro já agarrava a Pendragon pelo braço e a jogava contra a árvore fortemente.

– Você está certa Morgana... – começou Bellatrix dando-lhe um chute na boca do estômago que a fez se curvar – Eu me afeiçoei à garota. – outro chute – E novamente certa, sim, eu a amo... – disse furiosamente torcendo o braço da Pendragon em suas costas, fazendo-a gritar de dor – Sabe de outra coisa? – sussurrou em seu ouvido - Você não vai encostar nela. - falou empurrando Morgana para a árvore e sacando a adaga. – E sabe por quê? – perguntou aproximando-se rapidamente da mulher e fazendo um corte profundo com sua adaga no rosto da Pendragon, que gritou de dor instantaneamente – Porque eu sou a mãe dela!

Bellatrix então abaixou a adaga e perfurou o peito da mulher sem dó ou piedade, girando logo em seguida e aprofundando a lâmina na pele da Comensal. Sangue escorria do peito da mulher e manchava as roupas e mãos de Bella, que a encarava com um brilho sádico nos olhos.

– E ninguém toca na minha filha... – falou retirando sua adaga do corpo da mulher que caia sobre a terra suja e úmida enquanto sacava a varinha – Avada Kedavra!

Um raio esverdeado saiu de sua varinha e atingiu o coração de Morgana instantaneamente. Bella aproximou-se e observou os olhos da Pendragon se apagarem lentamente enquanto lágrimas solitárias escorriam por eles, pouco a pouco o movimento de sua respiração cessou e finalmente seu coração parou.

Morgana Pendragon estava morta.

Pela primeira vez Bellatrix assumiu o sentimento forte que pulsava em seu peito, e quando finalmente o fez, a parede ilustrada com a árvore genealógica dos Black, na sede da Ordem, ganhou um novo nome. Pouco a pouco letras começaram a se formar e um brilho dourado indicou que a marca naquela árvore seria eterna. Logo abaixo de “Bellatrix Rosier Black”, um novo herdeiro estampava a tapeçaria.

A partir daquele momento, Violet Eileen Evans Prince Snape fazia parte da Mui Antiga Casa dos Black, todos os seus documentos foram magicamente alterados e a certidão de adoção não estava mais em nome de Bella Lestry, e sim de Bellatrix Black.