Capítulo 15 – No Chance!

“Sem chance!”

– Violet -

Assim que voltei para o dormitório e contei às meninas o que McGonagall queria, Alessa encarou-me com um olhar travesso, Mary com surpresa e Sophie um tanto...envergonhada. Não demorou muito para a escola inteira saber sobre o baile. Os garotos começaram a convidar as meninas e as mesmas já planejavam quais vestidos usariam.

Como era véspera de natal, a maioria dos alunos deixava Hogwarts para passar com a família, porém, o time de quadribol sonserino inteiro ficou.

Harry passaria uns dias com os Dursley e depois seguiria para a Toca, Hermione ficaria com os pais durante o natal e logo em seguida se juntaria aos Weasley, onde até mesmo Lupin e Sirius, pelo que soube, estariam. Sophie e Mary passariam o fim de ano com os pais e Alessa com a irmã mais velha, que incrivelmente tinha uma profunda amizade com o Sr. Weasley, logo, faria uma visita à Toca antes do dia 30.

Umbridge, graças à Merlin, passaria o fim de 1995 com os amigos do Ministério, logo, não veríamos sua cara de sapa por alguns dias.

Draco e eu, por outro lado, éramos monitores e tínhamos ainda mais deveres por conta do natal. Além de ajudarmos na decoração de todo o castelo (com o Pirraça desarrumando), supervisionamos o primeiro e o segundo ano e até rondamos os corredores no lugar do Sr. Filch, que afirmava que nessa época os fantasmas duelavam. Porém, nada disso impediu que Gemma reunisse o time todo na sala do meu pai, claro que com autorização.

– A professora McGonagall me entregou o cronograma dos próximos jogos – falou ela entregando uma lista para Zabini, que logo em seguida passou para os outros – De acordo com ela, o próximo jogo é Corvinal e Lufa-Lufa, quem ganhar joga contra a Sonserina e assim por diante, até sobrarem apenas dois times. Eu tenho certeza que ficará Sonserina e Grifinória para a final, afinal os leões são fortes e com certeza vencerão Corvinal e Lufa-Lufa facilmente...

– Ótimo, vou adorar vencer deles de novo... – riu Nott

– A Sonserina precisa ganhar o campeonato esse ano e recuperar a Taça das Casas. – continuou Gemma – Por isso, durante as férias eu pesquisei bastante e encontrei um jeito de ganharmos o jogo sem precisar do pomo...

– Está me chamando de incapaz? – perguntou Draco

– É claro que não Draco, a questão é que se feita corretamente, essa jogada vai nos garantir a Taça das Casas e ainda um passe para a glória e a história de Hogwarts!

– Isso começou a ficar bom... – disse Blás

– Infelizmente, ou felizmente, essa tática nunca foi executada com perfeição nos jogos profissionais pois exige movimentos rápidos e precisos... Porém, se feita corretamente, confunde o time adversário e confere 1000 pontos de vantagem.

– 1000?!! – exclamei

– Então realmente não precisaríamos do pomo... Mesmo que o outro time pegue o pomo de ouro depois que fizermos essa jogada, ainda estaríamos 1000 pontos na frente! – comentou Montague – É genial!

– Mas e se os outros times também souberem desse movimento?

– Eles não sabem. – garantiu com um sorriso – Durante a Copa Mundial de Quadribol eu passei um bom tempo por perto dos capitães dos outros times e, quando o time da Bulgária tentou fazer esse movimento, eles acharam que era apenas uma tática qualquer...

– Você não disse que esse movimento nunca foi feito antes?

– Como eu disse, o time profissional da Bulgária tentou no jogo decisivo da Copa Mundial, mas o último jogador saiu da sincronia e errou o passe... Logo, nenhum time atual já conseguiu executá-lo...

– Se nem os profissionais conseguiram, como nós conseguiremos?

– Treinando. – respondeu como se fosse o mais óbvio – Eu falei com o professor Snape e disse que tinha planejado uma tática que iria garantir a vitória da Sonserina no último jogo e que precisaríamos treinar desde já para ficar perfeito e ele disse que vai conseguir treinos secretos ao menos uma vez por semana no campo, e se quisermos, podemos usar o campo em tempo integral durante o natal... – sorriu

– Nessas horas que eu gosto dele... – debochou Blás

– Blás... - comecei

– Ah, desculpa Violet... Foi mal... – falou assim que eu o encarei.

– Essa é uma “arma” muito poderosa contra os outros times, então precisa ficar em sigilo absoluto! Apenas nós saberemos. Nem mesmo os melhores amigos, os professores, namorados e namoradas, família... Ninguém! – continuou Gemma encarando um a um - Só que antes eu preciso saber: vocês estão dispostos a esse sacrifício? Teremos treinos frequentes e mais pesados... Esse movimento exige sincronia perfeita e muito esforço, então, precisam estar 100% comprometidos.

– Como é o movimento? – perguntei

– Basicamente consiste em trabalho em equipe, porém, exigirá o time TODO, artilheiros, batedores e apanhador.

– Eu também? Mas e o Pomo? – perguntou Draco – E se enquanto eu estou nesse “movimento” o Potter conseguir pegar o Pomo antes?

– Quanto a isso não precisa se preocupar, faremos quando estivermos fora de perigo...

– Então continua, como é esse movimento? – perguntou Theo

– Chama-se “Formação Basilisco”.

– Basilisco é uma cobra... Irônico não? – brincou Blás – Já gostei...

– Como o Blás acabou de dizer, o Basilisco é uma cobra gigante, e como todas as cobras, tem o movimento rápido e preciso no bote, é sorrateira e mortal. Mas, ao invés de nos movimentarmos aleatoriamente, teremos uma posição a seguir durante a formação. - falou desenhando algo no quadro negro - O jogador 1 é o que irá começar, ele lança para o 2, que rebate para o goleiro que manda para o jogador 4, ele então manda para o 5 que manda para o 7, que vai rebater para o aro do meio do time adversário.

– Isso não parece tão difícil... – ironizou Draco

– E o jogador 6? – perguntou Theo

– Aí que entra o problema... Quando o jogador 5 lançar para o 7, não é um passe qualquer, mas sim o “efeito especial” da formação toda... O 6, que estará ao lado do 7, vai segurar seu braço e te girar 360º graus, sendo que você precisa, obrigatoriamente, acertar o bastão na goles e lançá-la para o aro do meio, se for um dos outros o ponto é anulado.

– Uau... É realmente complicado... – falei – E quem serão os jogadores?

– Eu serei o jogador 1, Zabini 2, Bletchey 3, Nott 4, Malfoy 5...

– Espera... Não me diga que... - comecei

– Normalmente o jogador 6 é o maior e mais forte, e o 7 o menor e mais “leve”... Ou seja, Montague e Snape.

– Então a vitória do time estará nas mãos da Violet?! – exclamou Draco – Estamos perdidos...

– Cala a boca Draco! – mandei – Gemma... Tem certeza? Eu não sei se consigo fazer isso... Não pode ser você? Aposto que também é leve...

– Não, eu preciso dar o “pontapé inicial”, e tenho certeza que o Montague prefere segurar você do que um dos garotos...

– Isso com certeza... – concordou ele – Antes uma garota que um homem... Para mim será até fácil, só preciso soltá-la na hora certa...

– E eu acertar a goles e mandá-la direto para o aro do meio... – completei

– Não é só a parte final que é difícil. O time inteiro ficará mobilizado, não podemos perder a goles e não podemos, em hipótese alguma, errar algum lançamento. Precisaremos de uma sincronia perfeita e uma precisão excepcional... Principalmente no final. Ou seja, Montague e Snape ficarão praticamente o tempo todo em campo treinando o giro...

– Esse será um longo treino... – suspirou Montague

– Temos um bom tempo para o último jogo, mas até lá, vamos treinar como loucos!

Como se já não bastasse ter que passar um tempo com o Draco para a dança de abertura do Baile de Primavera, eu tenho que passar um bom período com o Montague para os treinos? É perseguição, só pode! Por que sou sempre eu?!

– 26 de dezembro de 1995 –

Logo após a ceia de natal que Dumbledore insistiu em oferecer aos alunos que permaneceram da escola, recebi um bilhete.

“Encontre-me na sala da McGonagall, precisamos conversar – D.M.”

– O que Draco Malfoy quer... – perguntei entrando na sala e parando assim que vi que ele não estava sozinho - ...comigo... Quem são eles?

– A educação é algo muito bom sabia mocinha?

– Como é?

– Primeiro você se apresenta, depois faz as perguntas – repetiu a mulher com ar severo

– Violet Snape. – respondi - E vocês?

– Eu sou Silena, e esse é meu companheiro Matthew... Somos seus novos instrutores de dança... – disse a mulher aproximando-se

A mulher tinha estatura média, era esguia, loira e mantinha uma expressão severa no rosto. O homem também era loiro e incrivelmente lindo, porém, um sorriso cafajeste enfeitava seu rosto.

– Draco você contratou professores de dança? – perguntei incrédula

– Minha mãe é um tanto quanto...perfeccionista. – falou envergonhado

– Muito bem, não estamos aqui para falar sobre a mãe de ninguém e sim para dançar... – começou a mulher – Fomos contratados para transformá-los em verdadeiros dançarinos, e é isso que faremos.

– Vocês já sabem qual ritmo vão dançar? – perguntou o homem de braços cruzados

– Não tivemos tempo para falar sobre isso ainda... – admiti

– E esperavam decidir quando? Temos apenas dois meses! – disse Matthew ameaçadoramente.

– Há alguma limitação para a dança?

– De acordo com a McGonagall, deve ser dança de salão e nada “pervertido ou sensual”...

– Como se eu fosse ficar me agarrando com ela... – disse Draco

– Melhor ela que um garoto não? – disse Matthew – Ou você prefere um garoto?

Não me contive e comecei a rir abertamente enquanto Draco lançava-me um olhar mortal.

– Não, prefiro garotas – rosnou.

– Ótimo, por um momento pensei que seria o único homem nessa sala... – disse Matthew aliviado, fazendo-me rir ainda mais.

– Felizmente para vocês, eu já tenho o ritmo perfeito e a coreografia montada na minha cabeça... – sorriu a mulher – Mas antes preciso saber se servirá para vocês... – disse analisando-nos

– Pode se aproximar Srta. Snape, eu não mordo... – sorriu o homem

Droga, estou lascada!

– Fiquem um ao lado do outro, por favor... – pediu elaque, assim que me aproximei, começou a nos rondar - Hmm... Ficará perfeito para o que tenho em mente... E esse cabelo ajudará muito! – disse passando as mãos nos meus cachos negros – Certo, agora fiquem em posição.

– Posição?

– De dança... Quando se dança em dupla, precisam se aproximar mais...

– O cavalheiro coloca a mão na cintura da moça, e a dama apoia a mão nos ombros do moço – disse Matthew. – Sr. Malfoy, se quiser se aproximar da Srta. Snape eu agradeceria...

– Ah sim, claro...

Draco aproximou-se de mim rapidamente, envolveu minha cintura com a mão direita e segurou minha mão com a esquerda, porém, manteve-se longe o suficiente.

– Para a dança que estamos planejando vocês precisarão ser muito mais...próximos. – disse a mulher sorrindo – Sr. Malfoy, puxe a Srta. Snape gentilmente, a lateral de seus corpos deve ficar colada...

Draco puxou-me brutalmente e apertou minha mão.

– E algumas meninas ainda te acham um cavalheiro... – rolei os olhos

– Precisam ficar com a coluna ereta – mandou a mulher – Extremamente reta e rígida. Sr. Malfoy!

– O quê?

– Sua mão não deve ficar na cintura dela, e sim um pouco abaixo dos ombros!

Draco subiu a mão que segurava minha cintura até um pouco abaixo de meus ombros, sempre mantendo um sorriso malicioso no rosto.

– Não se atreva a descer essa mão... – sussurrei

– E se ela escorregar? – perguntou divertido

– Se sua mão escorregar a minha também vai, só que na sua cara! - ameacei

– Postura! – gritou o homem, fazendo-nos ficar retos imediatamente.

– Para qualquer dança não basta apenas técnica, mas emoção! – disse a mulher – Vocês precisam mostrar o que estão sentindo... E nessa dança, especificamente, é amor ou ódio.

– Com certeza é a segunda opção – debochou Draco

– Concordo plenamente!

– Deve ser algo forte! Essa dança é totalmente sentimental, precisa ter fogo, paixão!

– Fogo?! – exclamou Draco soltando-me

– Paixão?! – gritei ao mesmo tempo que ele.

– Postura! – gritou a mulher novamente, fazendo-nos voltarmos à posição. – Pelo jeito teremos problemas Matt...

– Eu não acho... A garota tem mais postura que a lagarta ali...

– Lagarta? – repetiu Draco soltando-me novamente

– Sim, você precisa se libertar do casulo! Tornar-se uma borboleta e voar livremente! – disse a mulher

– É Draco, seja uma borboleta... – disse eu rindo – Voe!

– Postura! – gritou o homem e, novamente, Draco segurou-me pela cintura – Suba sua mão Sr. Malfoy!

– Tá, já entendi! Nós vamos ficar nisso até quando?

– Até a mensagem fixar... – respondeu o homem encarando-o ameaçadoramente, o que me fez rir ainda mais.

– Vamos colocar uma música, quem sabe assim eles se soltam um pouco? – sugeriu a mulher

– Boa ideia... – comentou Matt

– Não se preocupem com coreografia, tentem apenas acompanhar as batidas...

– Vamos! – mandou o homem

Imediatamente Draco e eu ficamos em posição e começamos a dançar. Inicialmente foram apenas caminhadas ou passos para o lado, porém, assim que a música começou a ficar mais rápida, Draco soltou minha cintura e passou a me girar várias vezes até puxar-me brutalmente de encontro a ele.

– Eu não sou uma boneca de pano para você me puxar sempre que quiser! – retruquei

– Sr. Malfoy, se tem algo que todos os homens devem concordar é que a mulher sempre tem razão... – disse Matthew

– Era só o que me faltava agora... – reclamou Draco

– Lembre-se Sr. Malfoy, que nessa dança um errinho nos passos da Srta. Snape e suas partes baixas sofrerão... Se ela estiver de salto então, o Sr. provavelmente nunca terá filhos... – debochou Silena.

– O quê? Eu não gostei dessa história... – disse Draco com uma expressão assustada e soltando-me novamente.

– Sabe Draquinho, eu tenho uma mira maravilhosa no quadribol, mas talvez ela não funcione muito bem em terra firme... – murmurei tentando não rir

– Postura!

– Nós... Nós poderíamos mudar o ritmo não é? Que tal algo mais...inocente... – sugeriu ele engolindo em seco

– Acho que ele levou a sério o que você disse Silena... – riu Matthew

– Qual parte? – perguntou confusa

– A parte de ser uma borboleta... – completou fazendo-me rir gostosamente

– Eu não sou uma borboleta!

– Então aja como um homem! – exclamou Matt fazendo o loirinho encolher ligeiramente - Você precisa segurar a garota como se ela fosse o motivo de toda a sua vida... – disse aproximando-se rapidamente da mulher e enlaçando a cintura da mesma – Com todo o respeito, precisa de pegada... – Matt puxou-a contra si e Silena sorriu maliciosamente – Preciso ver, antes de tudo respeito, e depois desejo... Talvez não o que estão pensando, mas aquele desejo de ter a pessoa ao seu lado, o companheirismo! Como se a Violet fosse sua razão de viver e Draco o ar que você respira!

– Não! - gritou Draco

– Sem chance! – exclamei ao mesmo tempo