Pov Mônica

Já estávamos cansados de esperar, e a preocupação também já estava tomando conta do ambiente.

– Tá bom! – gritou Anna, a morena, quebrando o silêncio. – Temos que ir atrás delas!

– Nem pense nisso! – exclamou Gui a segurando pelo pulso a impedindo de seguir em frente.

– Mas elas estão demorando demais! – argumentou Alice se levantando.

– Isso não é um motivo para vocês cometerem essa loucura de querer seguir por um caminho que nunca viram na vida! – exclamou Kaique.

– Mas elas estão lá! – gritou Manu apontando para a floresta.

– O que é que tem? – perguntou Leo se levantando. – Até parece que elas não sabem se cuidar... Peraí. A Patricinha não sabe se cuidar!

– Se ela não soubesse, não seria uma assistente! – murmurou Alice semicerrando os olhos.

– Fala como se fossem próximas. – ele falou entre risos.

– Você também! – falou a ruiva irônica, o encarando com aquele olhar que dizia: “Dei o troco!”.

O sorriso do moreno se desfez e ele ficou cara a cara com ela. Os dois pareciam querer se matar!

– Nunca fale que eu tenho alguma coisa a ver com aquela Patricinha! – ele falou entre dentes.

– Então não faça por onde!

Os dois continuaram se encarando.

Um barulho nos chamou a atenção. Estava próximo, mas não tão próximo assim. Um galho se partindo...

Outro.

– Vem vido alguém! – anunciou Leo.

– Que gênio! – resmungou Alice irônica.

Duas sombras surgiram por entre a neblina e a escuridão. Quando se aproximaram o suficiente, para que as luzes das labaredas quentes da fogueira pudessem revelar seus traços, percebi uma franja roxa inconfundível jogada sobre o olho esquerdo de uma certa garota pálida. E quanto à outra sombra, as linhas negras delicadas que o vento fazia dançar nas costas da garota revelaram quem ela era.

Lili e Magali.

Pelo menos estão bem...

– Ué? – indagou Tinker. – Cadê a loira?

Essas palavras deram vida à dúvida crescente.

– Só falta dizer que está ferida e jogada na floresta! – exclamou Leo arqueando uma sobrancelha.

– Não achamos ela... – lamentou Lili.

– Ela está mesmo ferida e jogada na floresta! – ele falou jogando as mãos para o alto e dando meia volta se aproximando novamente da fogueira.

– Depois ainda tenta falar que não fala como se a conhecesse... – falou Alice irônica.

Ele se voltou novamente para nós e encarou novamente a ruiva.

AQUELES DOIS IAM SE MATAR????

– Uau! – murmurou Cebola. – Ele não pode ser tão idiota a ponto de irritar ela, pode?

– Notou que você acabou de se chamar de idiota? – perguntou Merida com cara de tédio.

– Não precisa de briga nenhuma pra descobrir isso. – falei seca. Ele realmente tinha me desmentido e protegido a Penha? Quem ele pensa que é?

– Como é que é? – ele indagou incrédulo.

Fomos interrompidos por um grito. Ele vinha da floresta.

– Bia... – murmurou Lili.

– Peraí! – exclamou Soluço. – Esse grito foi da Bia?

– Sim... – respondeu Alice olhando fixamente para a floresta.

– Temos que ir pra lá agora! – gritou Manu.

– Pode crer! – concordei me preparando para entrar na floresta, mas...

– Nem pensem nisso! – falaram os assistentes do grupo 1 segurando a gente. Taylor estava me segurando, Kaique estava segurando Manu, Patrick segurou o pulso de Lili, Gui o de Anna e infelizmente Leo segurou Alice, que fez questão de empurra-lo para longe e depois o segurar pela gola da camisa.

– Nossa amiga está presa lá. – Alice começou a murmurar nervosa. – Duas das minhas melhores amigas estavam lá. E agora aquela loirinha pode estar correndo perigo. E AINDA ASSIM VOCÊ QUER ME IMPEDIR?

– Não podemos perder mais ninguém! – ele exclamou segurando seus pulsos e os apertando a forçando a solta-lo.

– São minhas amigas!

– E perdida você acha que vai ajudar?

– Prefiro isso a ficar sentada sem fazer nada!

– Ela é indefesa, mas também não precisa da sua ajuda!

– Você está chamando uma assistente, uma garota que sabe mexer com qualquer espécie de lâminas, a que pode te matar se perder a paciência, a que me conhece! – ela fez uma pausa. – De indefesa?! Você tá mesmo querendo morrer?

– Ela não faria isso.

– Você nunca a viu brava!

– E você? Já viu por acaso?

– Ninguém viu! Ela falou que apenas o quarto dela viu e que ele preferia ser incendiado ao que aconteceu.

– E você acredita?!

– Ela me parece bondosa demais para mentir... – respondeu Alice dando de ombros.

– Esse é o problema! Essa bondade dela acaba com qualquer chance dela acabar com alguém!

– Gente. – chamou Jack. – Não sei se vocês notaram, mas a loira tá com problemas!

– A gente vai! – anunciou Alice terminando a discussão.

– Nós também vamos! – afirmou Taylor.

– Não! Vocês não vão! – exclamou Lili.

– É melhor ficarem aqui para o caso dela conseguir voltar. – aconselhou Alice.

Seguimos correndo para a floresta. Como a trilha era estreita, andamos em fila. Na ordem estava: Alice, Lili, Cascão, Magali, Rapunzel, Violeta, Wilbur, Jack, Cebola, eu, Manu, Bryan, Karine e Anna.

Nossas visões começaram à ficar embaçadas e não conseguíamos enxergar muito à frente.

– Que coisa! – gritou Lili irritada.

– O que foi? – perguntei me inclinando.

–Eu não sou a melhor pessoa desse grupo para achar pistas!

– E quem é a melhor pessoa? – perguntou Merida.

– A loira amante de mistério e detetives, que ironicamente é nossa desaparecida. – respondeu Alice.

– Irônico mesmo! – exclamou Bryan atrás de mim.

– Silêncio! – pediu Alice com o braço esticado.

– O que houve? – perguntou Manu num sussurro.

– Ouçam. – falou a ruiva.

Um silencioso “Reck, reck... Reck, reck” podia ser ouvido logo acima de nós.

– O que significa isso? – questionou Lili.

Um “Creck” e um zumbido de alteração no ar começou a ser ouvido.

– Se afastem! – gritou Anna e todos começaram a correr para entre as árvores que nos cercavam, por um milésimo de segundo não fomos atingidos por um galho gigante que caiu exatamente no nosso caminho.

Nos aproximamos e vimos que aquilo havia aberto uma pequena cratera no chão.

– O que acham disso Li... – a frase de Punzie foi interrompida. Ela não estava lá. A ruiva também não.

– Ué? – perguntou Merida confusa. – Cadê elas?

Algumas folhas começaram a cair em cima de nós. Nossa atenção se voltou para cima, onde um vulto preto e outro dourado atravessavam as árvores próximas.

– Nada... – lamentou Lili descendo de uma árvore.

– Vamos seguir em frente. – aconselhou Anna.

Antes mesmo de qualquer um de nós dar um passo sequer, um barulho de folhas e galhos se quebrando chamou nossa atenção. Estava se aproximando... Mais... E mais...

– Mas quem... – Anna foi interrompida por uma certa loira que surgiu do nada no meio da neblina e esbarrou com tudo nela.

As duas caíram em lados opostos e com uma certa distância entre elas.

– Bia? – perguntou Jack observando a cabeleira loira sobre o rosto da garota.

Começamos a dar alguns passos, mas Bia levantou a cabeça e gritou:

– Não!

Em um segundo outro tronco, mas esse coberto por espinhos, caiu entre nós e ela.

– Bia! – gritou Anna. – Você tá bem?

– Se machucou? – completou Lili preocupada.

– Só porque eu chorei, não significa que sou inútil ou indefesa! – ela exclamou brava.

– Ela voltou a ser a pessoa de antes. – afirmou Manu aliviada.

– Só uma coisa... – chamou Soluço. – Como ela vai chegar desse lado?

Começamos à pensar e poucos segundos depois Lili e Alice começaram com uma chuva de ideias:

– Preciso de uma faca! – gritou a morena.

– E eu de uma espada! – exclamou a ruiva.

– Peraí. – pensei em voz alta. – Espada?

Segundos depois elas apareceram com galhos afiados em mãos.

– Desde quando galhos viraram facas? – questionou Cascão arqueando uma sobrancelha.

– Desde que eles ganharam a capacidade de perfurar carne humana! – respondeu Lili sorrindo e com uma cara meiga.

– Hã... – ele falou se afastando. – Tudo bem, né...

Alice pegou o galho e jogou em uma pequena fissura que havia entre dois galhos. Ela forçou para baixo a ponta que estava em sua mão, e em poucos minutos já havia uma passagem na parede de galhos. Ela não era grande mas já dava para passar uma pessoa.

– Lili! – gritou a ruiva.

A garota foi até a parede de galhos e prendeu sua “faca” na “espada” de Alice, deixando a passagem aberta.

Anna e Manu passaram pela abertura (contorcionistas, sabe?). e em pouco tempo Bia atravessou seguida pelas duas morenas.

– O que estão fazendo aqui?! – gritou Bia se levantando.

Seu vestido estava meio resgado. Algumas partes do tecido haviam ficado presas nos espinhos que enrolavam os galhos da parede à nossa frente.

– Um ‘obrigada’ seria mais útil! – falei.

– Vocês podiam se perder! – exclamou a loira.

– Sabemos nos cuidar... – afirmou Magali.

– Eu não acredito que eu quase fui de novo a causa de perigo pra vocês! – a garota de vestido azul continuou gritando alterada.

– Esquece. – falou Anna com tédio na voz. – Ela não voltou a ser a Bia de antes...

– Não é culpa sua. – consolou Punzie.

– Como não?

– Ne verdade eu só tenho uma pergunta. – falei chamando a atenção de todos. – Quem jogou esses galhos?