A Herdeira dos Riddle escrita por Myla Oliveira


Capítulo 2
Cinco anos depois


Notas iniciais do capítulo

O ano que Sophia irá para Hogwarts ^^



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"As pessoas são solitárias porque constroem muros ao invés de pontes - O Pequeno Príncipe."

– Sophia! - chamou Pansy e eu a encarei por cima do livro que estava lendo - Hora de irmos a Hogsmeade comprar seus materiais para escola.

– Tio Ben vai também? - foi a única coisa que eu perguntei, mas ela simplesmente me olhou friamente e subiu as escadas. Eu sorri, isso significava que ele iria.

Eu não a chamava mais de tia, a única pessoa que eu gostava era tio Ben. Durante todos esses anos eles me ensinaram a ser forte, a não ter sentimentos e principalmente a saber meu objetivo de vida, vingar meu pai. Era isso o que eu faria, era o certo não é? Pelo menos era a única coisa que eu sabia da minha vida, tio Ben disse que quando eu fosse para Hogwarts entenderia a vida e que ele não podia me falar nada.

Subi as escadas e fui para o meu quarto, uma coruja piava impaciente na janela e eu fui até lá pegando a carta.

Querida Sophia,

Hoje você irá comprar seu material escolar para finalmente ir para Hogwarts, finalmente ser livre.

Eu estarei de esperando na Floreios e Borrões, a Pansy provavelmente vai te deixar no Beco Diagonal com dinheiro e irá embora, então se quiser poderá vir dormir aqui em casa.

Com carinho,

Tio Ben.

Sorri para a carta e espantei a coruja com as mãos. Troquei de roupa, não gostava daquelas roupas, Pansy sempre comprava roupas que me deixavam parecendo uma princesinha de conto de fadas e não era isso que eu era. Eu era a vilã da história, sempre me disseram isso, mas me diziam também que assim eu parecia mais doce e eu precisava enganar as pessoas. Eu já fui doce, mas sofri muitos traumas para continuar assim, então decidi me isolar do mundo e confiar apenas em Ben.

Coloquei uma troca de roupas na mochila e desci os degraus lentamente.

– Estou pronta - disse a Pansy.

– Ótimo então vamos - disse ela e eu a segui até o carro.

Fomos em silêncio até o bar, onde eu não cumprimentei ninguém como sempre, ela me levou até a parede de tijolos e bateu em alguns deles que eu nunca conseguia gravar.

– Ben está ai dentro te esperando - disse ela de forma fria, não se importava mais em fingir gostar de mim.

– Eu sei - disse no mesmo tom.

– Para que essa mochila?

– Para não voltar para sua casa essa noite.

Eu não a encarei mais depois de falar isso, apenas observei os tijolos se moverem até abrir passagem para mim, eu entrei e vi vários rostos se virarem para mim. Ergui a cabeça e continuei andando, claro que eles não sabiam quem eu era, mas era estranho.

Fui para Floreios e Borrões procurar por tio Ben e ele não tinha chego ainda.

– Olá - disse um senhor vindo em minha direção e eu segurei o ar - Deseja alguma coisa?

– Não - disse simplesmente - Estou esperando uma pessoa.

– Se precisar de algo é só chamar querida - disse ele sorrindo e saindo dali.

Fiquei estática no mesmo lugar, ele me chamou de querida e foi gentil comigo. As pessoas não costumavam ser gentis comigo, só o tio Ben é claro. Mas ele não me conhecia e não sabia meu sobrenome para sentir medo de mim e por isso ser gentil. Eu fui criada para desconfiar de todas as pessoas ao meu redor e eu devia desconfiar daquele homem? Acho que sim, não sei, estou confusa.

Balancei a cabeça como se pudesse afastar aqueles pensamentos e fui ver os livros, eu já havia lido alguns deles escondidos na cada de tio Ben. Pansy só permitia que eu lesse livros de Arte da Trevas. Então eu e tio Ben encapamos alguns livros bons como capas de livros de Artes das Trevas e eu podia ler em casa sem ser notada, o que era bom. Fiquei na ponta dos pés para pegar um livro que me chamou atenção mas outra pessoa o pegara na mesma hora que eu do outro lado da estante. Nossos dedos se tocaram por cima do livro e eu arregalei os olhos, senti-me arrepiar e pude ver os olhos do garoto do outro lado, azuis, só não deviam ser mais azuis que os meus e fios negros caiam pela sua testa, mas era a única coisa que dava para ver. Meus dedos queimaram pelo tempo que fiquei na ponta dos pés e eu caí no chão, sem o livro, mas eu não me importava mais com ele.

– Sophia! - chamou uma voz conhecida e eu virei-me para porta ainda sentada no chão. Era tio Ben.

– Eu caí - disse me levantando e arrumando a saia branca no corpo.

– Percebi - disse ele rindo e vindo em minha direção - Como vai minha princesinha?

– Bem - disse rindo e o abraçando.

– Me de a mochila - disse ele e pegou a mochila cor de rosa, por que até ela tinha que ser rosa Merlin?

– Como você caiu? - perguntou e eu desviei o olhar para o chão.

– E-eu me desequilibrei - disse engolindo um seco - Tentando pegar um livro.

– Tudo bem - disse ele meio desconfiado - Onde está sua lista de materiais?

– No bolso pequeno - disse e ele abriu o menor bolso da mochila e pegou a lista.

– Vamos? - perguntou ele e eu balancei a cabeça afirmativamente.

Compramos todos os livros que eu precisava para o ano letivo ali dentro mesmo e depois saímos, eu não vi mais o menino de olhos azuis, mas vi o homem que sorrira para mim.

– Tio Ben? - chamei-o.

– Fale.

– Por que aquele homem sorriu para mim? - perguntei e ele parou me encarando.

– O que ele te disse?

– Perguntou se eu precisava de ajuda para achar um livro ou algo do tipo.

– Ele estava sendo educado Soph.

– Mas ele não me conhece - falei como se fosse a coisa mais óbvia do mundo.

– Nem todas as pessoas são como as que você conhece pequena - disse ele sorrindo e eu franzi as sobrancelhas - É uma das coisas que você aprenderá em Hogwarts.

– Quais são as outras?

– Coisas parecidas com essas - disse ele sorrindo - Que você aprenderá com o tempo.

– Então tá.

Compramos penas, tinteiros, pergaminhos e várias outras coisas que se pedia na lista.

– Falta uma varinha e um animal se você quiser.

– Não quero! - disse rápido de mais e ele me encarou piedosamente.

– Sophia nem tudo é como parece.

– Não quero - disse balançando a cabeça e ele suspirou pesadamente e sorriu fraco.

– Tudo bem - disse ele - Vá ao Olivaras então, querida.

– Você não vem?

– É melhor ir sozinha, estarei te esperando na esquina para tomarmos um sorvete.

– Ta certo - disse e entrei na Olivaras.

O lugar estava aparentemente vazio, havia um balcão ali empoeirado e eu me aproximei me inclinando por cima dele.

– Srta Riddle - disse uma voz atrás de mim e eu virei-me assustada.

– Quem é você?

– Olivaras - disse o senhor - O fabricante de varinhas.

– Ah! - espantei-me - Como sabe meu nome?

– Eu sei de muitas coisas que os outros não sabem - disse ele sorrindo e vindo até mim - Não poderá esconder seu nome por muito tempo, em Hogwarts todos saberão.

– Me disseram - disse assentindo - Mas não importará, eu vingarei meu pai para isso que fui criada.

– Nem tudo é como pensa querida - disse ele sorrindo fraco.

– Como assim?

– Em breve saberá - disse ele indo para trás do balcão.

– É o que tio Ben sempre me disse.

– Quem?

– Um amigo, o único.

– É uma pena - disse ele - Vamos procurar sua varinha?

– Procurar?

– Sim - disse ele - A varinha sempre escolhe seu dono.

– Ah, sim! - disse me aproximando do balcão novamente.

– Experimente essa - disse ele me entregando uma varinha, eu a apontei para parede e o espelho que estava ali se quebrou.

– Desculpe!

– Não tem problema - disse ela rindo e pegando a varinha da minha mão - Isso sempre, sempre mesmo, acontece por aqui.

Isso aconteceu no mínimo umas sete vezes antes de uma finalmente brilhar.

– É essa? - perguntei olhando para a varinha boquiaberta.

– Sim - disse ele e veio até mi novamente - Ela é feita de salgueiro, pelo de unicórnio, 31 cm.

– É boa?

– Sim - disse ele - Todas as varinhas são boas, mas elas tem que te escolher, se não não adiantará de nada.

– Como assim?

– Como eu já disse, a varinha tem que escolher o seu dono. Caso contrário não te obedecerá, a não ser que você mate o último dono da varinha ai ela será fiel a você.

– Então se eu te matasse a sua varinha seria fiel a mim? - perguntei e ele me encarou - Não que eu queira te matar senhor.

– Sim - disse ele rindo - É isso.

– Acho melhor eu ir andando - disse e sorri para ele.

– Até mais Sophia - disse e eu virei-me para ele.

– Sophia?

– Acho melhor - disse ele - Você não me parece uma Riddle.

– Eu sou!

– Desde a primeira vez que vi seu pai, sabia que havia algo de errado com ele e você não é como ele e não irá querer ser, acredite em mim.

– Pode ser - disse e saí da loja confusa, olhei para trás novamente e depois corri até a esquina onde encontrei tio Ben.

– O que foi?

– Nada - disse dando de ombros - Encontrei minha varinha.

– Quer tomar um sorvete?

– Sim - disse assentindo.

Tomamos o sorvete e depois fomos para casa de tio Ben, o único lugar no mundo que eu realmente me sentia em casa.


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