A Herdeira dos Riddle escrita por Myla Oliveira
Notas iniciais do capítulo
O ano que Sophia irá para Hogwarts ^^
"As pessoas são solitárias porque constroem muros ao invés de pontes - O Pequeno Príncipe."
– Sophia! - chamou Pansy e eu a encarei por cima do livro que estava lendo - Hora de irmos a Hogsmeade comprar seus materiais para escola.
– Tio Ben vai também? - foi a única coisa que eu perguntei, mas ela simplesmente me olhou friamente e subiu as escadas. Eu sorri, isso significava que ele iria.
Eu não a chamava mais de tia, a única pessoa que eu gostava era tio Ben. Durante todos esses anos eles me ensinaram a ser forte, a não ter sentimentos e principalmente a saber meu objetivo de vida, vingar meu pai. Era isso o que eu faria, era o certo não é? Pelo menos era a única coisa que eu sabia da minha vida, tio Ben disse que quando eu fosse para Hogwarts entenderia a vida e que ele não podia me falar nada.
Subi as escadas e fui para o meu quarto, uma coruja piava impaciente na janela e eu fui até lá pegando a carta.
Querida Sophia,
Hoje você irá comprar seu material escolar para finalmente ir para Hogwarts, finalmente ser livre.
Eu estarei de esperando na Floreios e Borrões, a Pansy provavelmente vai te deixar no Beco Diagonal com dinheiro e irá embora, então se quiser poderá vir dormir aqui em casa.
Com carinho,
Tio Ben.
Sorri para a carta e espantei a coruja com as mãos. Troquei de roupa, não gostava daquelas roupas, Pansy sempre comprava roupas que me deixavam parecendo uma princesinha de conto de fadas e não era isso que eu era. Eu era a vilã da história, sempre me disseram isso, mas me diziam também que assim eu parecia mais doce e eu precisava enganar as pessoas. Eu já fui doce, mas sofri muitos traumas para continuar assim, então decidi me isolar do mundo e confiar apenas em Ben.
Coloquei uma troca de roupas na mochila e desci os degraus lentamente.
– Estou pronta - disse a Pansy.
– Ótimo então vamos - disse ela e eu a segui até o carro.
Fomos em silêncio até o bar, onde eu não cumprimentei ninguém como sempre, ela me levou até a parede de tijolos e bateu em alguns deles que eu nunca conseguia gravar.
– Ben está ai dentro te esperando - disse ela de forma fria, não se importava mais em fingir gostar de mim.
– Eu sei - disse no mesmo tom.
– Para que essa mochila?
– Para não voltar para sua casa essa noite.
Eu não a encarei mais depois de falar isso, apenas observei os tijolos se moverem até abrir passagem para mim, eu entrei e vi vários rostos se virarem para mim. Ergui a cabeça e continuei andando, claro que eles não sabiam quem eu era, mas era estranho.
Fui para Floreios e Borrões procurar por tio Ben e ele não tinha chego ainda.
– Olá - disse um senhor vindo em minha direção e eu segurei o ar - Deseja alguma coisa?
– Não - disse simplesmente - Estou esperando uma pessoa.
– Se precisar de algo é só chamar querida - disse ele sorrindo e saindo dali.
Fiquei estática no mesmo lugar, ele me chamou de querida e foi gentil comigo. As pessoas não costumavam ser gentis comigo, só o tio Ben é claro. Mas ele não me conhecia e não sabia meu sobrenome para sentir medo de mim e por isso ser gentil. Eu fui criada para desconfiar de todas as pessoas ao meu redor e eu devia desconfiar daquele homem? Acho que sim, não sei, estou confusa.
Balancei a cabeça como se pudesse afastar aqueles pensamentos e fui ver os livros, eu já havia lido alguns deles escondidos na cada de tio Ben. Pansy só permitia que eu lesse livros de Arte da Trevas. Então eu e tio Ben encapamos alguns livros bons como capas de livros de Artes das Trevas e eu podia ler em casa sem ser notada, o que era bom. Fiquei na ponta dos pés para pegar um livro que me chamou atenção mas outra pessoa o pegara na mesma hora que eu do outro lado da estante. Nossos dedos se tocaram por cima do livro e eu arregalei os olhos, senti-me arrepiar e pude ver os olhos do garoto do outro lado, azuis, só não deviam ser mais azuis que os meus e fios negros caiam pela sua testa, mas era a única coisa que dava para ver. Meus dedos queimaram pelo tempo que fiquei na ponta dos pés e eu caí no chão, sem o livro, mas eu não me importava mais com ele.
– Sophia! - chamou uma voz conhecida e eu virei-me para porta ainda sentada no chão. Era tio Ben.
– Eu caí - disse me levantando e arrumando a saia branca no corpo.
– Percebi - disse ele rindo e vindo em minha direção - Como vai minha princesinha?
– Bem - disse rindo e o abraçando.
– Me de a mochila - disse ele e pegou a mochila cor de rosa, por que até ela tinha que ser rosa Merlin?
– Como você caiu? - perguntou e eu desviei o olhar para o chão.
– E-eu me desequilibrei - disse engolindo um seco - Tentando pegar um livro.
– Tudo bem - disse ele meio desconfiado - Onde está sua lista de materiais?
– No bolso pequeno - disse e ele abriu o menor bolso da mochila e pegou a lista.
– Vamos? - perguntou ele e eu balancei a cabeça afirmativamente.
Compramos todos os livros que eu precisava para o ano letivo ali dentro mesmo e depois saímos, eu não vi mais o menino de olhos azuis, mas vi o homem que sorrira para mim.
– Tio Ben? - chamei-o.
– Fale.
– Por que aquele homem sorriu para mim? - perguntei e ele parou me encarando.
– O que ele te disse?
– Perguntou se eu precisava de ajuda para achar um livro ou algo do tipo.
– Ele estava sendo educado Soph.
– Mas ele não me conhece - falei como se fosse a coisa mais óbvia do mundo.
– Nem todas as pessoas são como as que você conhece pequena - disse ele sorrindo e eu franzi as sobrancelhas - É uma das coisas que você aprenderá em Hogwarts.
– Quais são as outras?
– Coisas parecidas com essas - disse ele sorrindo - Que você aprenderá com o tempo.
– Então tá.
Compramos penas, tinteiros, pergaminhos e várias outras coisas que se pedia na lista.
– Falta uma varinha e um animal se você quiser.
– Não quero! - disse rápido de mais e ele me encarou piedosamente.
– Sophia nem tudo é como parece.
– Não quero - disse balançando a cabeça e ele suspirou pesadamente e sorriu fraco.
– Tudo bem - disse ele - Vá ao Olivaras então, querida.
– Você não vem?
– É melhor ir sozinha, estarei te esperando na esquina para tomarmos um sorvete.
– Ta certo - disse e entrei na Olivaras.
O lugar estava aparentemente vazio, havia um balcão ali empoeirado e eu me aproximei me inclinando por cima dele.
– Srta Riddle - disse uma voz atrás de mim e eu virei-me assustada.
– Quem é você?
– Olivaras - disse o senhor - O fabricante de varinhas.
– Ah! - espantei-me - Como sabe meu nome?
– Eu sei de muitas coisas que os outros não sabem - disse ele sorrindo e vindo até mim - Não poderá esconder seu nome por muito tempo, em Hogwarts todos saberão.
– Me disseram - disse assentindo - Mas não importará, eu vingarei meu pai para isso que fui criada.
– Nem tudo é como pensa querida - disse ele sorrindo fraco.
– Como assim?
– Em breve saberá - disse ele indo para trás do balcão.
– É o que tio Ben sempre me disse.
– Quem?
– Um amigo, o único.
– É uma pena - disse ele - Vamos procurar sua varinha?
– Procurar?
– Sim - disse ele - A varinha sempre escolhe seu dono.
– Ah, sim! - disse me aproximando do balcão novamente.
– Experimente essa - disse ele me entregando uma varinha, eu a apontei para parede e o espelho que estava ali se quebrou.
– Desculpe!
– Não tem problema - disse ela rindo e pegando a varinha da minha mão - Isso sempre, sempre mesmo, acontece por aqui.
Isso aconteceu no mínimo umas sete vezes antes de uma finalmente brilhar.
– É essa? - perguntei olhando para a varinha boquiaberta.
– Sim - disse ele e veio até mi novamente - Ela é feita de salgueiro, pelo de unicórnio, 31 cm.
– É boa?
– Sim - disse ele - Todas as varinhas são boas, mas elas tem que te escolher, se não não adiantará de nada.
– Como assim?
– Como eu já disse, a varinha tem que escolher o seu dono. Caso contrário não te obedecerá, a não ser que você mate o último dono da varinha ai ela será fiel a você.
– Então se eu te matasse a sua varinha seria fiel a mim? - perguntei e ele me encarou - Não que eu queira te matar senhor.
– Sim - disse ele rindo - É isso.
– Acho melhor eu ir andando - disse e sorri para ele.
– Até mais Sophia - disse e eu virei-me para ele.
– Sophia?
– Acho melhor - disse ele - Você não me parece uma Riddle.
– Eu sou!
– Desde a primeira vez que vi seu pai, sabia que havia algo de errado com ele e você não é como ele e não irá querer ser, acredite em mim.
– Pode ser - disse e saí da loja confusa, olhei para trás novamente e depois corri até a esquina onde encontrei tio Ben.
– O que foi?
– Nada - disse dando de ombros - Encontrei minha varinha.
– Quer tomar um sorvete?
– Sim - disse assentindo.
Tomamos o sorvete e depois fomos para casa de tio Ben, o único lugar no mundo que eu realmente me sentia em casa.
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