Por um pequeno milésimo de segundo acabei me perguntando se está foi a escolha certa, porém logo em seguida me lembrei dos motivos pelos quais desisti de minha vida. E assim continuei a reviver cada segundo do que me levou a fazer esta escolha.

– Você está bem? –perguntou Nico novamente

– Sim! –gritei sem saber ao certo o motivo - Agora me solta e me deixa em paz!

Sai andando num passo apressado, quase que correndo, as lágrimas que antes escorriam pelo meu rosto agora eram apenas um rastro de uma maquiagem escorrida. Ouvi passos apressados atrás de mim.

– Espera Thalia! –gritou Nico – Deixa eu te ajudar.

Não respondi apenas apertei ainda mais o passo na tentativa de não ser alcançado. Esta foi uma tentativa inútil, pois logo senti Nico me segurar com força pelo braço.

– Espera Thalia, eu só quero te ajudar - dizia ele enquanto eu tentava me soltar de suas fortes mãos que agora apertavam com força meus braços. - Você acaba de quase ser atropelada por um carro e está na cara que você andava chorando pelas ruas. Caramba, eu só tô querendo te ajudar será que você pode colaborar um pouco?

– Me solta garoto! - gritei ignorando sua pergunta e me debatendo – Qual o seu problema?!

– Qual o meu problema?! Qual o seu problema?! –ele gritou de volta apertando ainda mais meus braços.

– Me deixa em paz, você está me machucando!

– Não Thalia, eu não vou te deixar em paz! Não antes de você me ouvir - enquanto Nico gritava e apertava meus braços eu via seus olhos se encherem de um misto de raiva e aflição que chegava a dar medo. – Por que você é assim - começou ele agora mais calmamente – Por que você me evita tanto? Ou você acha que não percebo?! Eu vi quando você tentou mudar de turma logo após a minha chegada. Eu vejo toda a vez que você sobe ou desce doze andares de escada apenas para evitar esbarrar comigo no elevador. Eu percebo toda a vez que você ignora qualquer coisa que eu te diga... E você nem ao menos tentou me conhecer! Por que você é assim?

– Eu não te devo satisfações! - gritei novamente - Agora me solta! - ele apertou ainda mais meu braço e seus olhos agora cintilavam de raiva – Qual o seu problema?

– Meu problema é você Grace! – gritou ele de volta.

Aquelas palavras foram como facadas em meu coração. Não consegui mais conter as lágrimas, elas agora corriam insanamente pelo meu rosto. Nico olhou profundamente em meus olhos e seu olhar agora não era mais raivoso e sim calmo e acolhedor. Ele parou de apertar meus braços, estes que agora estavam doloridos e provavelmente com marcas vermelhas de mãos fortes que me machucaram, e me puxou lentamente para mais perto de si, passou os braços em volta da minha cintura e me abraçou de uma maneira acolhedora e aconchegante, coloquei meus braços em volta do seu pescoço e deitei minha cabeça em ombro, podendo assim sentir o agradável cheiro do seu perfume. Naquele momento senti que não precisava de mais nada no mundo, que eu não precisava mais conter as lágrimas, que eu estava protegida e, ali, em seus braços, nada mais me atingiria.