“Ela tem um sorriso que me parece trazer a tona recordações da infância, onde tudo era fresco como o límpido céu azul... Ela tem os olhos como os céus mais azuis, como se eles pensassem na chuva, detesto olhara para aqueles olhos e enxergar o mínimo que seja de dor...”.

Sweet Child O’ Mine – Guns N’ Roses

POV. NICO

Aquela garota iria acabar me enlouquecendo. Como eu cheguei a está conclusão? Simples, desde o primeiro dia que eu a vi, eu simplesmente senti algo por ela que eu nunca tinha sentido antes, algo que mexia comigo de uma maneira estranha, eu tinha vontade de ficar perto dela o tempo todo, tinha vontade de cuidar dela, vê-la chorando era como se estivessem arrancando uma parte, eu sentia que podia contar minha vida inteira para ela e ela ouviria atentamente e depois ficaria ao me lado sabendo que as coisas não são tão fáceis como parecem. Mas ao mesmo tempo em que eu sentia tudo isso, também sustentava um ódio enorme por ela, desde o primeiro dia que a vi, desde que ela ignorou minhas tentativas de falar com ela, e, deuses, desde que percebi que ela descia e subia 12 andares de escada todos os dias apenas para não esbarrar comigo no elevador, como se não fosse me encontrara nas mais de sete aulas que nós tínhamos juntos! Aquela garota com certeza não regula bem das ideias.

Depois de um tempo eu vi, e entendi que aquela garota só era assim por falta de alguém para cuidar dela, de alguém para ama-la, e conforme o tempo passava eu sentia como se eu precisasse ser esse alguém. Depois da noite que passamos juntos eu tive certeza: aquela garota seria minha, minha; Mas ai ela, do nada, começa a agir estranhamente, como se me odiasse mais do que, eu tenho certeza absoluta, já me odiava.

Eu queria entender o que se passa naquela cabeça, entender o que há por trás da eletricidade daqueles olhos, saber cada sentimento mais profundo que ela sente. Você pode até me chamar de galinha, mas eu já peguei muitas garotas e já levei muitas delas para cama, mas com a Thalia foi diferente, tinha algo mais naquele momento que eu não consigo compreender. Então cá estou eu, olhando para o teto da minha sala, exatamente dois meses depois da Thalia ter ido embora batendo a porta e gritando comigo, pensando sobre aquela garota.

Fui tirado dos meus devaneios por meu pai que se jogou quase em cima de mim no sofá.

– Qual é a da vadia da vez? Ela está durando muito no seu pensamento não acha? – perguntou ele se referindo a Thalia

– Ela não é vadia, vadia é a senhora sua esposa – disse frio e irritado.

– Calmo garoto foi uma brincadeira – ele riu, e depois voltou a ter sua expressão seria – Espera, você gosta dela! – ele falou chocado – Gosta?

– Eu não sei- disse me sentando ao seu lado – ela parece que vai me enlouquecer e me matar. Parece até uma brincadeira de mau gosto de algum deus do amor – ri sem graça e vi meu pai, Hades, adquirir uma expressão ainda mais seria e um olhar como de quem se lembrara de algo perigoso...

– Brincadeira? – ele perguntou – Sabe Nico, uma vez uma mulher muito especial me ensinou algo que eu acho que está na hora de você aprender – disse fitando o nada a sua frente – O amor não é uma brincadeira, não é a suavidade das flores. É trabalho pesado, uma busca que nunca termina. Exige tudo de você, especialmente a verdade. Somente então lhe concede recompensas. – então ele me fitou nos olhos e disse serio – A morte e o amor não são tão diferentes. Só que a morte às vezes é mais gentil. – ele me falou de uma maneira como se fosse a própria morte em si, como se fosse o Hades da mitologia grega, ou até mesmo Tânatos, e se retirou da sala me deixando refletir sobre o que ele havia dito.

Foi então que tudo ficou mais claro na minha mente. Eu amava Thalia Grace. Espera, eu amo Thalia Grace? Ah meus, deuses eu amo Thalia Grace. Mas como eu viveria com isso? Aquela garota parece me odiar cada dia mais e sua bipolaridade me irrita. Então eu compreendi o que meu pai quis dizer com “Exige tudo de você, especialmente a verdade. Somente então lhe concede recompensas”. A verdade, quem sabe se eu falasse a verdade para aquela garota louca, bipolar, idiota, punk, eu recebesse recompensas. Mas como? Como eu contaria para Grace que eu amo ela? Foi então que eu tive uma ideia simplesmente brilhante, mas eu só colocaria em prática semana que vem, pois está não é uma boa semana, não é um bom mês, não é uma boa época do ano, não me trás memórias agradáveis.