E Se? escrita por WaalPomps


Capítulo 18
I won’t hide inside




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_ Nós podíamos fazer isso mais vezes. – comentou Giane, enquanto ela e Maurício caminhavam de mãos dadas na beira do mar – Pena que é tão caro viajar.

_ Pena que você é cabeça dura demais para aceitar que eu te dê as coisas. – Maurício lhe deu um selinho, a abraçando – Mas eu gostei desse negócio de viajarmos juntos. Quem sabe não fazemos isso no nosso aniversário? Talvez Campos do Jordão? Ou Gramado?

_ Onde você quiser amor. – ela garantiu, deitando a cabeça no ombro dele – Não acredito que já vai fazer seis anos.

_ Eu sei. – ele sorriu, beijando a testa dela – Eu fico lembrando da primeira vez que eu te vi. Você me esnobou totalmente.

_ Ah Mau, você sabe por quê. – ela corou, enquanto o namorado ria – Mas depois eu vi que você era um cara legal.

_ Eu amo quando você é sincera assim. – Maurício riu, mexendo nos cabelos da namorada –Eu te amo Giane.

_ Também te amo Mau. – ela sorriu, o beijando. Ele a abraçou, e ela deitou no ombro dele, suspirando. Estava ficando cada vez mais difícil dizer isso sem se sentir péssima.

~*~

_ Então vocês vão ficar mais alguns dias? – perguntou Fabinho, enquanto colocavam as últimas malas no carro dele.

_ É, estou me dando uns dias de folga para curtir com a Mayara. Já alugamos um quarto na cidade, e assim vamos poder... Aproveitar mais. – Bento sorriu, abraçando a namorada – Espero que não se importem.

_ Como se vocês tivessem ficado muito tempo com a gente. – debochou Malu, jogando a mala no porta-malas – Fábio, vamos logo que hoje tem uma festa da Fernanda Montenegro, e o pai ligou que ela intimou ele a nos levar.

_ Creio que é a mesma festa que terei que ir. – disse Maurício – Minha mãe ligou avisando que a minha presença é item obrigatório.

_ Bom, levando em conta que o pai vai levar a Irene, eu vou estar com dor de barriga. – garantiu Fabinho, fechando o porta-malas – Divirtam-se.

_ Fernanda Montenegro? – perguntou Mayara, mordendo os lábios. Malu assentiu a contragosto, enquanto Giane revirava os olhos – Deve ser cheio de celebridades.

_ Eles são gente como a gente, não precisa de escarcéu. – Maurício garantiu – Bom, vamos ou perderemos a balsa.

Malu entrou no carro, fechando a porta. Giane a seguiu, enquanto Fabinho e Maurício suspiravam. Eles acenaram para o casal, entrando nos bancos da frente, e saíram com o carro.

~*~

_ A Malu disse que vai, mas o Fabinho se recusa. – suspirou Plínio, colocando o celular de lado e encarando Irene. Ela assentiu, secando os olhos – Ah minha querida, se eu pudesse concertar isso...

_ Nem tudo pode ser feito com dinheiro Plínio, lembre disso. – a ex-atriz lembrou, apertando a medalhinha no pescoço – Ele tem todo o direito de me odiar, o que eu fiz merece isso. não sei como você não me odeia.

_ Porque eu te amo muito Irene, e quando há amor, nós conseguimos esquecer a raiva. – explicou Plínio, acariciando o rosto da mulher – Ele só precisa entender isso, precisa deixar que o amor chegue no coração dele.

_ Mas ele ama você, a Malu e as crianças. – ela lembrou.

_ Claro, porque nós somos a família dele, há muito tempo. – ele suspirou – Irene, o Fabinho teve o coração muito partido quando estava nos Estados Unidos, ele amou muito uma garota, e sofreu muito quando tudo acabou, e isso só o fez se fechar mais. Quando as crianças chegaram, ele demorou muito para deixá-las se aproximar do coração dele. Ele tem medo de amar e se machucar.

_ Mas ele conhece o amor. – Plínio suspirou, balançando a cabeça.

_ Irene, eu conheço bem nosso filho. Ele precisa de um tempo, precisa se permitir deixar você entrar. E quando isso acontecer, a raiva vai se dissipar e vai sobrar o amor que ele sempre sentiu por você, desde pequeno. Por anos, ele tinha uma foto sua no quarto.

_ E quando esse amor se tornou raiva?

_ Quando a fé e a esperança de você voltar se acabou dentro dele. – Plínio enxugou os olhos de Irene – Mas tenha fé em mim meu amor, mais cedo do que imaginamos, essas defesas vão ruir.

~*~

_ Prontinho pivete, está entregue. – Fabinho tirou a mala dela do carro – Espero que tenha gostado do final de semana.

_ Você sabe que sim. – Giane parecia meio envergonhada – Muito obrigada pela ideia. Eu sei que você tinha planos com a Mayara, mas...

_ Eu não quero nada com a sua irmã. – Fabinho riu, afundando as mãos nos bolsos – Eu quero algo com uma Sousa, mas não a Mayara.

_ Tá doido Fabinho? – perguntou Giane, arregalando os olhos – Eu tenho namorado.

_ E o namoro de vocês dois está uma droga, que eu bem sei. – ele retrucou, se aproximando dela. Já haviam deixado Malu e Maurício, que iriam para a festa da atriz, e o publicitário havia ficado encarregado de levar Giane para casa.

_ Fabinho, a gente é amigo, cara. – a corintiana lembrou, nervosa.

_ Se fosse inimigo seria mais difícil, mas acho Romeu e Julieta uma história linda. – ele abriu um sorriso enorme, que fez as pernas de Giane bambearem – Mas pode ficar tranquila maloqueira... Eu não vou te beijar de novo.

_ Beijar? Sério cara, cê deve estar com insolação. – a moça tentava se afastar, mas ele se aproximava cada vez mais – Tá com febre, delirando...

_ Ah não, não to maluco ou delirando. – ele a prensou na parede – Nós vamos nos beijar novamente, mas quem vai me beijar, vai ser você. E quando isso acontecer, você vai ser só minha.

_ Você... Você... – ela tentava formular uma frase inteira, quando Fabinho riu.

_ Você vai ser minha, tranqueira, pode anotar isso. Eu ainda vou dar um jeito no teu sobrenome. – ele beijou a mão dela, começando a se afastar.

_ Cê é louco cara. Eu nunca vou te beijar. Eu estou com o Maurício. – ela rebateu, trêmula. Fabinho virou para ela, com um sorriso enorme.

_ Se você tivesse me dito “eu amo o Maurício”, eu podia até ficar desesperançado. Mas você apenas está com ele. E estar por estar... Bom, uma hora acaba. – ele entrou no carro, dando partida e saindo. Na esquina, buzinou, logo sumindo de vista.

Giane ficou alguns instantes parada, ainda presa ao momento que havia se passado.

_ Filha, já chegou? – virou-se depressa, vendo o pai na soleira da porta. O homem sorria para ela, que não pode evitar sorrir de volta. Pegou sua mala, subindo os degraus até a entrada – Esse final de semana realmente te fez bem... Tá até com uma carinha melhor.

_ É... Me lembre de agradecer o Fabinho depois. – ela entrou em casa, tentando não corar. O homem mais velho ficou parado alguns instantes, antes de suspirar e dar de ombros.

Certas coisas é melhor um pai fingir não entender.

~*~

Assim como todas as festas que seu pai a havia levado na vida, aquela ficou maçante após 15 minutos. Agora, Malu estava sentada no jardim, com um copo de vinho na mão, bebericando o líquido.

_ Se importa se eu me sentar? – perguntou alguém, e a moça virou, encontrando Maurício. Deu de ombros, voltando a atenção ao copo. O rapaz sentou ao seu lado, bebericando seu próprio vinho – Eu te devo desculpas Malu.

_ Você não precisa falar nada Maurício.

_ Preciso sim. – ele tocou o rosto dela – Eu te disse coisas horríveis, sendo que parte da culpa é minha. Eu sabia que você estava bêbada, mas eu estava tão envolto pelo momento... Mas eu devia ter contado a verdade, ter dito que o Zorro era eu. E se algo tivesse acontecido?

_ Você não estava errado, pelo menos não de todo. – ela admitiu, suspirando – Eu simplesmente deixei de me dar o valor, dar o valor a quem eu sou. O quanto o Bento já não me humilhou e menosprezou ao longo desses anos? E eu ainda estou presa na dele, indo para os braços dele assim que ele estrala os dedos.

_ Você aceitaria um convite? – ela arqueou a sobrancelha – Eu vou para Heliópolis três vezes por semana. Eu tenho alguns alunos de grafitagem por lá. Pode ser crime, mas temos uma área permitida, e eu ensino eles a colocar os sentimentos negativos para fora através da arte. Gostaria de ir comigo amanhã?

_ Amanhã eu tenho uma reunião na agência do Fabinho, sem hora para acabar. – Malu sorriu de lado – Mas quarta-feira eu estou livre.

_ Ótimo. – Maurício sorriu de volta – Você vai adorar as crianças que eu ensino. É muito bom vê-los se expressar, e conseguir se livrar dos sentimentos ruins. Além do que, ajuda as mães que trabalham a ter um pouco de alívio.

_ A Giane sabe que você faz isso? – ele negou – Porque é exatamente o que ela faz com o futebol.

_ Eu sei... Vou contar para ela logo, só estou trabalhando em alguns detalhes. – explicou o rapaz – Acertando com a minha mãe e meu pai, para transformar isso em algo mais sério, formal. Um projeto social sabe?

_ Não é só isso que você tem que contar para ela. – avisou Malu, colocando sua taça no banco. Maurício suspirou – Eu te dou uma semana Maurício. Quero muito ir com você até Heliópolis, que possamos ser amigos. Mas eu sou amiga da Giane, gosto muito dela, e ela não merece ser enganada. Ela está passando por um momento delicado, mas ela precisa saber que tem uma cobra dentro de casa. E quanto a você, o que você tem a fazer é rezar para que ela te ame o suficiente para aguentar isso.


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