Mandye Nouve - Nubes

Hoje era o sagrado dia em que os tributos seriam sorteados na nação de Nubes, a maioria das pessoas da vila oeste, que não eram viciadas no soro alimentício, estavam nervosas e com medo de serem escolhidas.

Mandye acorda como todos os dias normais, sem nervosismo ou medo. Sabia que se seu nome fosse tirado no sorteio ela teria capacidade de vencer, sempre treinou, apesar de não saber lutar, manejava armas muito bem... A única coisa que a preocupava era Alexia, sua irmã mais nova.

Não se preocupava pelo fato da garota ser sorteada já só tinha onze anos, mas sim por não saber se seu pai cuidaria dela bem o bastante. Se levanta vestindo uma roupa inteira preta, para mantê-la aquecida.

O inverno em Nubes estava vigorando e se mantendo forte, a neve parecia impenetrável, " que ótimo dia para ser sorteado para morrer" - pensa Mandye.

Caminha pelo corredor longo de sua casa, entrando na primeira porta a direita, parando em frente a soleira da porta encarando a irmã, que serena dormia. Sente mãos grossas e rachadas tocarem seu ombro, era Diggory, seu pai.

— Esta preparada? - pergunta com um sorriso tenso

— Nunca estive mais pronta em toda a minha vida - sua voz era confiante - se o nome que sair daquele globo de vidro for o meu provarei a todos do que sou capaz...

— Sua irmã! - grita - Você não se preocupa com ela?!

— Você tem que se preocupar com ela agora, já tomei minha decisão Diggory - o homem solta seu braço - Além de tudo se eu não for sorteada serei voluntária eu quero ganhar... Querer é sempre metade de poder! - ela vira as costas

— Eu nunca te quis como filha, sempre fiz o meu melhor como pai, não as deixando se viciar nesse maldito soro e agora você quer ir para morte? Ingrata! - Alexia acaba acordando e algumas lágrimas caíam de seus olhos azuis, que algumas invejavam, já que a irmã tinha olhos castanhos esverdeados, nem se pareciam

— Eu já disse que irei vencer, você não sabia mas todas as noites, saía para abater porcos com adagas e armas, eu os massacrava e trazia para você vender para os poucos que ainda não dependem do soro... Nada foi o bastante!

— Saía já da minha casa! Nunca mais ouse pisar aqui e fique longe de Alexia! Demônio! - urra o grisalho, Mandye vira as costas e sai pela porta sem olhar para trás

(...)

Mandye caminhava pela neve encarando o chão. Para em frente a um prédio, ele estava sendo limpo e arrumado para a seleção dos tributos, aquele lugar era o palácio em que a presidente, Madeline Herondale morava, muitos diziam que ela era sádica, terrível e adorava ver a população sofrer com o soro que por acaso causava o vício e até mesmo a morte. A garota tinha de arrumar um jeito de entrar no local e convencer a presidente de que ela queria participar dos Games, porém o local estava cercado de seguranças.

" Preciso dar a volta, entrar pela parte de trás do prédio, tenho certeza de que ninguém estará guardando o local " Mandye se mistura com as pilastras de cimento e caminha despercebida até a parte traseira do edifício.

Lá encontra uma escada de emergência e sobe rapidamente, até chegar á uma porta. Abre-a com facilidade e vê um cômodo largo com veludo nas paredes, uma moça loira esta sentada em uma escrivaninha fazendo anotações em uma espécie de caixa com teclado, atrás dela existe uma outra sala que está totalmente fechada.

A garota nem percebe a presença de Mandye, que resolve falar com ela. Caminha até a mesa e bate nela por cerca de duas vezes.

— Hum-Hum - picarra

— O que a Srta. Faz aqui? - pergunta tirando os olhos da caixa, vendo o olhar intrigado de Mandye - Isso é um computador, usamos para trabalhar, somente pessoas de alta classe podem ter um, vejo que faz parte da zona oeste da nação, onde só vejo pobretões! - desmerece em superioridade

Ela ignora o comentário da secretaria - Quero falar com a presidente... Agora - diz dando ênfase em "agora".

A secretaria ri - Quem você pensa que é? Sua garota desprezível, a presidente nunca falaria com pobres como você!

A morena revira os olhos e ameaça se virar, mas vira e bate com as duas mãos na mesa, fazendo a jovem loira pular, seus olhos azuis estão arregalados - Agora tem medo da pobretona?

— Ouse fazer isso novamente e eu chamo os seguranças!

— Chame quem quiser, o Deus, o Presidente da religião, um Inquisidor e até mesmo a Rainha de Divitiae! Nada vai me tirar daqui! - ela caminha até a porta, mas é impedida pela secretaria, Mandye se vira para ela rindo, fecha as mãos em seu pescoço tempo o bastante para que desmaie.

Ela abre a porta bruscamente e encara a presidente, uma mulher carrancuda, mas não idosa, tinha rugas nos olhos escuros, seu cabelo era um tom chocolate quase preto.

— Eu quero participar! Eu quero representar Nubes! - Madeline arregala os olhos e ameaça apertar um botão para chamar os seguranças, mas Mandye é mais rápida, o joga no chão.

A presidente cruza os braços sorrindo - Corajosa...

— É tudo que tem a dizer? - indaga

— Vamos tomar providências para que você seja sorteada - entorta as sobrancelhas - só lhe permiti competir pois parece habilidosa com as mãos e por consequência deve saber manusear armas, também gostei de ser ousada o bastante para invadir o escritório da chefe de sua nação, mas não pense que se tentar fazer isso novamente será tolerada!

— Bom Sra. - fala ironicamente - Tenho apenas duas exigências...- a mulher faz um sinal para que prossiga - Número um: Quero um lugar no conselho, participar da política da nação - surpreendida e irritada a presidente assente - Número dois: Quero que demita sua maldita secretaria...- rindo Madeline se levanta e caminha para a porta.

— Aceito suas exigências, querida - vê que a secretaria já havia acordado - Quanto a você, Maureen, está despedida - Mandye se apodera da situação e termina a fala da presidente

— Por que não vemos necessidade de termos uma garota fútil e petulante trabalhando para o governo... - humilha, Maureen abaixa a cabeça e sai andando para fora do local com seus objetos de trabalho.

— Tchau, Tchau querida! - Madeline se vira para a jovem - nos vemos no sorteio...

(...)

Já na fila das garotas de dezessete anos, Mandye espera que seu nome saia do globo, uma mulher vestida com roupas verde berrante começa seu discurso.

— Sejam todos bem-vindos, ao primeiro sorteio dos The World Games! Panem ficará muito orgulhosa em receber esses dois corajosos jovens, que terão a chance de se tornarem campeões! - ela caminha até o primeiro globo - Primeiro as damas - enfia sua mão e a gira algumas vezes tirando um único papel - Mandye Nouvel! - a menina sorri e caminha até o palco, depois que ouviu seu nome nada mais importava, apenas a vitória, o garoto foi tirado e eles caminharam para uma espécie de carro voador que era bem grande... Bem provável que a tecnologia viesse de Divitiae...

" Que os Games me aguardem " - pensa por fim.