Levaram Yuna até o monastério. Tanori não poderia dizer quanto tempo demorou a viajem de volta ainda estava completamente sem ação, em sua cabeça pensava desesperadamente em uma forma de protegê-la, antes havia feito de tudo para não envolver a garota naquela loucura, mas agora ela estava ali e não existiria forma de mudar os fatos. Quando deu por si estavam sozinhos num quarto branco rodeados por macas, Yuna dormia tranquilamente em uma delas, ela sorria e isso acalmou quase que por completo a mente do garoto assustado.

Não demorou muito para Ranz aparecer acompanhado pelo líder do monastério, o velho cumprimentou Tanori com um aceno breve de cabeça e voltou toda sua atenção à menina adormecida.

¬ É uma pessoa muito especial. ¬ O tom da voz do líder era mais forte do que Tanori se lembrava, e a abordagem repentina fez o menino pensar no poder de Yuna.

¬ O que disse? ¬ A frase soou bem mais como um guinado rouco.

¬ A garota é muito especial pra você, presumo, já que desde que chegaram você não saiu do lado dela. ¬ O homem tinha um sorriso que emanava confiança do tipo que diz “eu sei seu segredo, mas como vê ainda não pretendo usa-lo contra você”.

¬ Sim, ela é muito especial, nos conhecemos pouco antes de eu ser sequestrado. ¬ Espantado, Tanori percebeu que tinha falado de mais e nem conseguia imaginar o motivo disso.

¬ Vou deixa-los a sós por hora, caso precise de algo há guardas na porta que saberão onde me encontrar. ¬ Ele sorriu e depois partiu.

Guardas na porta, então agora somos prisioneiros. A cada minuto a desconfiança de Tanori aumentava, em parte por ainda não saber nada sobre o lugar onde estavam.

¬ Não se preocupe, não somos seus inimigos. ¬ Só agora percebera a presença de Ranz.

¬ O que você quer dizer?

¬ Você esta tenso, até diria assustado. ¬ E ali estava o sorriso irônico de Ranz ¬ Se quer um conselho existem formas melhores de guardar um segredo.

¬ Eu não tenho um segredo. ¬ Tanori sabia que não conseguiria parecer convincente.

¬ Acho que já sei o que é, claro é meio óbvio.

¬ O que? ¬ Ranz tinha o dom de chatear as pessoas.

¬ Você disse que no dia que foi sequestrado enfrentou um demônio com uma pá, eu aposto que essa menina é a sua pá você só não quer admitir que foi salvo por ela. ¬ Ranz passou de um sorriso para uma gargalhada alta.

¬ Tá legal você me pegou, eu sou um covarde resgatado por uma garota. ¬ No fim qualquer mentira ridícula era melhor que a verdade.

¬ Qual o problema de ser resgatado por uma garota... ¬ Yuna tinha a voz fraca, mas ainda sorria.

¬ Yuna... ¬ Tanori tinha os olhos cheios de lagrimas.

¬ Acho que é minha vez de deixa-los a sós, é bom ver que você esta bem. ¬ A ironia desapareceu completamente dos lábios de Ranz substituída por pura simpatia. Ele se virou e caminhou lentamente até a porta ¬ Cuidado pra não se machucar com sua nova pá Tanori ¬ Disse antes de rir alto.