Fazia frio e naquela noite tudo parecia mais escuro, Tanori se aquecia encolhido contra a parede de um beco, tinha 14 anos e vivia vagando por Okinawa dês dos 12. Àquela hora o silencio reinava completamente, mas algo chamou sua atenção, passos apressados ressoavam na rua e com eles uma respiração pesada e forte, alguém estava em fuga... Logo um segundo som uniu-se ao primeiro, era um barulho áspero e continuo como se algo se arrastasse pelo asfalto. Correu para fora do beco dando a volta pela rua, mas ali já não havia ninguém, encontrou um rastro de sangue que seguia pela curva do quarteirão ao alcança-lo seu coração parou, por um momento pensou que iria desmaiar, uma pessoa contorcida rastejava pela rua em direção a uma garota que parecia ter a mesma idade que ele, o grito da moça tirou ele do transe causado pelo susto e sem pensar ele começou a correr para ajuda-la.

¬ Aaaaaah!!! Socorro!!! Por favor, se afaste! ¬ Lagrimas corriam pelo rosto da menina enquanto ela se debatia contra uma parede, encurralada pela criatura.

O monstro se ergueu, não possuía mais nenhuma feição humana, embora seu corpo deformado ainda lembrasse vagamente contornos de uma mulher adulta. De suas costas brotaram asas semelhante às de morcegos e ela emitiu um barulho muito alto obrigando as crianças a taparem os ouvidos. De braços abertos, Tanori parou na frente da garota impedindo a passagem da “mulher voadora”, por um momento ela pareceu hesitar, mas logo se recompôs, abrindo as grandes asas desceu em um mergulho na direção dos dois...

Tudo pareceu acontecer em câmera lenta. Tanori se virou correndo em direção à menina, a cada passo podia sentir seu coração bater como se fosse explodir, prendeu a respiração e se lançou sobre a moça, seus braços a enrolaram em um abraço apertado, uma luz forte completamente branca inundou a noite, fechou os olhos.... A certeza da morte era a única coisa que ainda restava em seus pensamentos.... Por um momento o mundo caiu em um silencio penoso.

Quando voltaram a abrir os olhos tudo havia desaparecido, estavam só abraçados na calçada se olhando.

¬ Me chamo Yuna ¬ disse a menina com voz fraca ¬ Obrigado.... Por... Isso.

¬ Eu sou... ¬ sirenes soaram alto, os dois se encararam assustados.

¬ Rápido por aqui! ¬ uma senhora gritou do outro lado da rua. Sem pensar Tanori e Yuna correram, a velha indicou uma casa atrás de si com o polegar e os dois forram direto pra lá, entraram ofegantes e suados.

¬ Meu colar!!! ¬ Yuna tateava o pescoço e as roupas ¬ Deve ter caído na rua, tenho que voltar.

¬ Não, eu vou ¬ Tanori não esperou que ela concordasse, correu para fora o mais rápido que pode, seu olhar vasculhando a rua a procura do objeto perdido até que em fim conseguiu acha-lo, brilhando no lugar onde antes ele e sua nova amiga haviam se abraçado, correu para pega-lo, mas, ao faze-lo foi cercado por carros de policia.

¬ Parado! ¬ os policiais tinham armas apontadas para ele.

Um carro preto parou a seu lado e dele saíram dois homens vestidos de terno.

¬ Senhores acalmem-se, nós cuidamos disso ¬ um dos homens se aproximou de Tanori ¬ Não se preocupe a criatura não vai voltar. “Quem são essas pessoas e o que eles pensam que sabem?”, as perguntas se acendiam em flashes na cabeça do menino.

Colocaram o garoto no carro sem fazer perguntas, o outro homem estava ao lado do chefe de policia e eles conversaram por um tempo. O chefe acenou com a cabeça, depois mandou que seus homens se recolhessem dizendo que ali nada mais precisava ser feito. O carro preto começou a se mover. Tanori pensou estar sendo raptado, mas naquela situação nada podia fazer.

“Prometa que não vai me deixar...”.

Podia ouvir a voz de Yuna com muita clareza em sua mente, talvez fosse sua imaginação.

“Prometo, vou te encontrar não importa oque aconteça...”.

Seus olhos se fecharam e ele adormeceu.