Para Lembrar escrita por Beatriz Dionysio


Capítulo 6
A chuva


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoas, demorei um pouco mais voltei. Espero que gostem do capitulo e não quero mata-los de curiosidade, desculpe quanto a isso.
Boas festas e boa leitura, rs
Quero Reviews por favor!



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Mais uma vez a confusão em minha cabeça era tanta que até doía. Quem era Erin? Uma felicidade instantânea me tomou, e se a Blair citada no diário...

Ouvi passos no corredor, rapidamente juntei os diários e os coloquei de volta no fundo falso do assoalho, o selando com a tabua, antes que batidas tímidas soassem na porta.

Levantei e a abri me deparando com Claire. Seu cabelo estava uma bagunça, seus olhos tão vermelhos e lágrimas escorriam por suas bochechas rosadas. Ela atirou-se contra mim, soluçando.

– Não posso dormir sem ele só Blair. – a apertei quando minhas lágrimas também vieram. – Não quero ficar sozinha.

– Você não está amor, estou aqui.

A levei para cama onde ela adormeceu agarrada a mim como se temesse que fosse deixa-la. Não dormi, não pude, não com tantos pensamentos sondando minha mente.

O relógio no criado mudo marcava 3:00. Cuidadosa e delicadamente desvencilhei-me de Car e deixei o quarto, precisava de água. A casa era tão grande que me perdi algumas vezes no percurso. Quando enfim achei a cozinha, minha garganta estava mais seca do que nunca. Praticamente corri até a geladeira. Me deliciando com o liquido fresco, não o vi entrar. O som de algo batendo no chão me assustou, virei-me deixando o copo cair e estilhaçar-se no piso. Derek me encarava de um jeito como nunca havia feito, quase podia ver desejo em seus olhos. Não! Eu estava ficando louca, ou apenas sonhando. Estava arrepiada e era errado culpar o piso frio e a água gelada quando Derek Campbell me olhava daquela maneira. Instantaneamente senti-me nua com a pequena camisola que usava. Talvez devesse apenas ir para trás do balcão e...

Derek deu um passo a frente e eu fiz o mesmo, como se estivesse hipnotizada por aqueles olhos cor de âmbar. Uma dor aguda me atingiu. Olhei para baixo vendo sangue. Meu pé doía consideravelmente e pensei que iria cair quando braços firmes me pegaram. Levantei o olhar, aqueles mesmo olhos estavam sobre mim, agora preocupados. Derek me carregou até o balcão, depois deixou a sala, voltando com um kit de primeiros socorros. Ele retirou o caco de vidro do meu pé, o limpou e fez um curativo. Ao que parece o corte não era profundo o suficiente para precisar de pontos. Não senti dor alguma no processo, tudo o que importava era o homem que cuidava de mim, suas mãos ágeis e carinhosas passando por mim. Assisti enquanto ele guardava tudo de volta na caixa, a tensão que emanava dele era palpável. Derek ergueu a cabeça e nossos olhos se encontraram, algo estranho acontecia em meu estomago e nada a minha volta tinha importância, não mais, não enquanto ele me olhava assim e trazia sua mão até minha bochecha, acariciando-a com adoração. Deliciei-me com seu ato, seus olhos nunca deixavam os meus enquanto ele se aproximava e... seus lábios, tão perto dos meus e... O que eu estava fazendo? Derek era casado, possuía uma filha, uma esposa, um lar, e eu? Eu não era ninguém, não sou ninguém, sou Blair, só Blair. O empurrei e deixei o balcão, ignorando a dor em meu pé, corri até o quarto azul.

Deitei-me ao lado de Claire, a puxei para mim e chorei até ouvir o canto dos pássaros, e mesmo depois deste.

Não dormi, apenas fiquei lá. Percebi quando a respiração de Car mudou de calma e ritmada para descompassada. Ela assim como eu, recusava-se a acordar. A apertei ainda mais enquanto ela fungava em meu pescoço. Deus, ela era apenas uma criança e tinha de lidar com tamanha dor.

Suaves batidas na porta chamaram minha atenção.

– Entre.

Derek timidamente adentrou o quarto.

– Car? A Sra. Miller esta lá embaixo.

Sra. Miller ou Jade, dava aulas de piano a Claire três vezes na semana.

Minha pequena suspirou e deixou meus braços, descendo da cama e saindo do quarto. Derek permaneceu onde estava, ainda me olhando, constrangido. Ele pigarreou e disse:

– Precisamos conversar.

– Se não se importar, preciso de um tempo. – respondi sem de fato olhar para ele. Meus sentimentos eram muitos confusos quando se tratava de Derek Campbell.

Ele suspirou parecendo derrotado e deixou o quarto.

Levantei, tomei um banho e sai para a estufa, pintar sempre ajudava, era como um scape. Quando voltei para a casa já era noite. Tomei mais um banho e fui para a cama, levando comigo um dos diários de Erin.

“ 10, Feverreiro, 2005, 20:10

A vida é como um grande circo, onde nós somos as drogas dos palhaços. Estúpida, essa era a palavra que me descrevia no momento.

11, fevereiro, 2005

Trágico mas não consigo desviar minha atenção daqueles olhos cor de âmbar, ou mesmo quando nossas mãos tocam-se inconscientemente na aula.

12, fevereiro, 2005

Deus! Estou ficando louca. Mason concorda.

13, fevereiro , 2005

B. Me perguntou o que acho sobre Derek. Respondi que ele é adorável quando na verdade gostaria de dizer que amo a maneira como ele sorri e seus cabelos desgrenhados, ou a forma como ele pinta, absorto de tudo a sua volta.

14, fevereiro

Derek me deu uma rosa, também ganhei uma cesta com uma diversidade de livros e chocolates assustadora de Mason, afinal é dia dos namorados.

Virando algumas páginas percebi que ela parou de escrever por quase 6 meses. Erin continuava falando sobre o quanto a relação com ele a machucava. Ela acreditava estar apaixonada por Derek Campbell, seu parceiro nas aulas de artes da faculdade e noivo de sua irmã, Mason Evans, seu melhor amigo e filho da governanta de seus pais também acreditava.

30, julho, 2005

Algo aconteceu, algo inesperado, algo errado. Derek me beijou. A sensação de seus lábios nos meus foi perfeitamente certa e errada. Ao mesmo tempo em que o queria ainda mais perto, o quis afastar, estapeá-lo pelo que havia feito, porém tudo o que fiz foi correr, fugir para casa e chorar.

10, agosto, 2005

A data foi marcada. 13 de Novembro. Todos estão tão felizes e excitados enquanto eu morro por dentro.

20, agosto, 2005

Coisas estranhas sem sentidos me perseguem onde quer que eu vá. Sammy ama Derek, como eu. Blair parece distante nos últimos meses. Não é como se ela fosse uma noiva feliz.

13, novembro, 2005

São quase cinco da manhã, eu ainda não dormi, fiquei bêbada ontem e agora bebo ainda mais para tentar esquecer o fato de que dormi com o noivo da minha irmã na despedida de solteiro dela.

Ainda 13, novembro 9:23

Nove da manhã e estou em um avião para Irlanda. Não pude lidar com o fato de que em algumas horas Derek e Blair se casarão mesmo depois do que aconteceu naquele bar.

15:30

Mamãe e Blair não param de ligar, Derek também...”

Absorta no diário não vi quando Martha entrou.

– Pensei que estivesse com fome, hoje é noite do cachorro quente, então... – Martha era sempre tão atenciosa, trazia consigo uma bandeja com o que parecia um delicioso e gorduroso cachorro quente e um copo de suco. Mesmo não tendo fome, aceitei-o e comecei a comer enquanto ela sentava-se na ponta de minha cama, estudando-me.

– Obrigado Mart, esta maravilhoso. – respondi com a boca cheia.

– Mason ficará feliz em vê-la.

Mason Evans?

– Desculpe, quem é Mason? – mesmo que já desconfiasse de quem era, perguntei.

– Meu filho, ele esta voltando da Inglaterra. – Martha suspirava parecendo cansada.

Tão rápido como veio, ela se foi, deixando-me confusa e com uma dor no peito, uma dor que me acompanhava desde o dia em que abri os olhos e me deparei com este quarto com suas paredes azuis e decoração clara, suas estantes com mais livros do que posso contar, seus cavaletes e tintas, um armário repleto de roupas e sapatos que me servem perfeitamente e um banheiro equipado com tudo o que uma garota tem direito.

Frustrada levantei e guardei o diário antes que as batidas soassem mais uma vez. Abri a porta encontrando Car, agarrada a Brubs, seu coelho de pelúcia.

Fiz a cama e nos deitamos, contei a ela a história de Ariel, assim como vinha fazendo desde a morte de Sammy a uma semana. Ela ainda derramava muitas lágrimas e parecia distante durante o conto.

A tempestade começou as duas. A eletricidade percorria meu corpo me impedindo de dormir. Levantei sabendo que apenas uma coisa acabaria com esse desconforto em meu peito. Sai pelas portas de vidros em direção ao jardim, a chuva era fria, refrescante e purificante. Ela levou consigo meus pensamentos e minha dor. Apenas fiquei lá, deitada no banco confortável vendo os raios refletirem na fonte. Quando estava entorpecida o suficiente, retornei a casa, não tomei banho apenas me sequei, vesti uma camisola seca e deitei ao lado de Clarie que dormia inquieta.

O barulho da chuva e o frio me despertaram. Ainda não tinha amanhecido, olhei para o outro lado da cama, Car não estava lá. Apressadamente levantei, a procurei na cozinha, nos banheiros, nas salas, salas de musica, em seu quarto azul, na biblioteca. Talvez ela estivesse com Derek. Refiz o caminho até as escadas, subi de dois em dois degraus. Bati em sua porta, uma, duas, e três vezes, quando dei por mim estava esmurrando a maldita porta. Um Derek ainda adormecido e semi nu a abriu. Por mais que quisesse não tinha tempo para contempla-lo quando não sabia onde minha pequena estava.

– Não consigo encontrar a Claire.

Sua postura mudou, assim como sua expressão passou de confusa a assustada e preocupada.

– Já procurei pela casa toda, ela não esta aqui. – não sei como, mas lá estava ele, um soluço.

Derek apenas assentiu, tomou minha mão na sua e saímos a procura de nossa princesinha.


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Notas finais do capítulo

Demorei mais aqui estou eu, rs
Reviews? Muito curiosos?