Destino escrita por Ginnie


Capítulo 2
Vienna


Notas iniciais do capítulo

OI PESSOAAAAAAAAAAAAAAAAR!
Demorei um pouquinho, né? Pra compensar, esse capítulo que tá grandinho. E QUINTA EU FICO DE FÉRIAAAAAAAAAAAAAAAAAS
Nos vemos lá embaixo.



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Vienna espera por você

A primeira coisa que percebo é que a garota saiu do banheiro, pela luz que vem de lá e não consigo enxerga-la porque se escondeu nas sombras. Estranhamente fico alerta, pensando ser um monstro. Mas, apesar de serem muitos bons em atuação, a voz pareceu realmente surpresa de eu estar lá. Também, eu que era o intruso ali.

–Eeer, ahn, eu... - respondo.

–Você não é humano, mas eu não consigo enxerga-lo daqui. É outro daqueles monstros horríveis?

–Você enxerga através da Névoa?- pergunto, espantado.

–Eu perguntei primeiro. Quem ou o que é você. E o que está fazendo no meu quarto?

–Meu nome é Nico Di Angelo. Não, eu não sou um monstro. Pelo menos, acho que não sou. E o que faço aqui? É uma longa história.

–Hm. Gosto de longas histórias. Mas não acho que estou vestida o suficiente para isso. Pode entrar no banheiro enquanto eu me troco?

–Acho que sim. –Levanto da cama, desconfiado. Antes que chegue ao banheiro, ela me interrompe.

–Espere! –grita e pela primeira vez vejo algo dela, suas mãos pequenas, alvas e um pouco rosadas, de dedos longos e finos, como os de um artista. –Preciso garantir que não vai me matar quando passar por mim. Acenda o abajur ao lado da cama. –Obedeço a essa ordem. A luz não é suficiente para iluminar todo o cômodo, de modo que não consigo vê-la, mas ela consegue me ver.

–Satisfeita? Eu sou um garoto... Quase normal. Como você.

–Obrigada. –Ela diz, e acho que sorriu. Pensava que sua voz estaria cheia de pena, porque eu realmente não estou na melhor das situações, mas ela parecia calma. –Qual o seu tamanho de roupa?

–Eeer, S adulto, eu acho. –respondo hesitante. –Por quê?

–Esse hotel é meio rigoroso. Estamos descendo para o jantar e, sem ofensas, acho que o proibiriam de entrar com essas roupas. Vou pedir para trazerem um terno pra você, então tome um banho. Ela diz, e de novo tenho um vislumbre de suas mãos, apontando para o banheiro. Dirigindo-me para este, tenho um vislumbre de sua silhueta, baixa e esguia, de cabelos curtos e ruivos que tinham certo brilho na sombra. Entro no banheiro e fico surpreso em dizer que não era uma bagunça, como seria o da maioria das adolescentes, principalmente sozinhas num lugar como esse. Era organizado, sem água sobrando na banheira ou coisas espalhadas. Pelo que me parecia, a garota estava acostumada a lugares assim. Tiro a roupa, encho a tina e me sinto relaxar na espuma. Devo ter adormecido, porque acordo sobressaltado, com espuma até a boca, e batidas na porta.

–Nico! Você está aí faz uma hora, vamos nos atrasar! –ela grita. Coloco o shampoo e tiro na velocidade da luz, ainda cuspindo espuma. Saio da banheira, me enxugo e penteio o cabelo. Ela, ouvindo o movimento, diz num tom casual.

–O terno está pendurado na maçaneta. –Ouço estalidos contra o mármore do chão e sei que ela saiu pra me dar privacidade.

5 minutos depois saio do banheiro, a gravata desamarrada e o blazer abotoado errado. Pela primeira vez a vejo claramente. E ela é realmente espetacular (http://www.polyvore.com/venice_surprises/set?id=105042932). Seu cabelo é ruivo e claro, como o de Rachel Dare, mas os dessa são lisos, com uma franja cobrindo a testa. Assim como as mãos, a pele dela é alva, seus olhos são azuis-acinzentados, mais para azuis, e pareciam brincalhões. Ou vai ver estavam assim porque eu parecia realmente ridículo comparado a sua elegância. De qualquer modo seu sorriso era bonito. E como supus, ela era baixa e magra, pois até com o salto que usava eu ainda era maior que ela. O mais estranho de tudo: ela me trazia de volta as sensações que eu não sentia desde Percy.

–Vem, deixe que eu te ajeite isso. –ela se aproxima, ainda sorrindo e amarra a minha gravata e abotoa corretamente o blazer corretamente, com aquela estranha técnica feminina de arrumar tudo certo. Penteia de novo meu cabelo e analisa o resultado.

– Muito bonito. Fiquei com medo que não coubesse, mas ficou perfeito em você.

–Bom, é você que está a personificação da elegância. –respondo e ela sorri com o elogio.

–Vamos? –ela pergunta e segura o meu braço. –Estou me roendo de curiosidade para saber a história!

–Vou lamentar decepcioná-la depois. Mas sim, podemos ir. Eu estou faminto! -digo e nos encaminhamos para fora.

Todos por ali pareciam respeitá-la, o que era bizarro considerando que ela era tão jovem. Assim que chegamos ao restaurante, todos a cumprimentavam com “boa noite, Srta. Deimling”, garçons vieram atendê-la imediatamente, puxaram a cadeira para ela sentar e fizeram o mesmo comigo, sem perguntar (apesar de notar os olhares curiosos) sobre mim. Ela respondia tudo com um sorriso e agradecimentos. Depois de muito tempo, enquanto ela os convencia educadamente que não precisávamos de nada por enquanto, obrigada, eles nos deixaram.

–Então, Di Angelo, conte-me sua história. –Ela fala, se debruçando um pouco para frente.

–Espere. Posso saber primeiro quem é você? Ao menos seu nome? –exclamo de um jeito não muito formal. Ela sorri e responde.

–Meu nome é Vivian Deimling. Eu tenho 14 anos, e pelo que me dizem, sou a segunda pianista mais jovem a tocar no Central Park e a mais jovem a tocar o Liebestraum sem erro. Honestamente, não ligo muito pra isso. Só gosto de tocar, mas isso me tornou famosa. Agora me conte sua história.

Assim que ela termina a explicação, tudo se torna mais claro. O porquê de sua elegância e naturalidade com hotéis e pessoas que a tratam bem. Normalmente, imagino que celebridades (principalmente um prodígio musical como ela) são mesquinhas e falsas, fingindo ser humildes para ganhar a mídia, mas ela era realmente assim. Não era somente uma exceção na fama, era uma exceção entre todos.

–Terra para Nico. –acordo de meu devaneio com o movimento de suas mãos na minha frente. –Sim, eu sei que sou criança demais pra ser boa e coisa assim. E se está pensando em me pedir autógrafo pra sua mãe ou coisa assim, por favor, não o faça, minha letra é simplesmente horrível!

–Mãe?- Desperto completamente após essa palavra. –Minha mãe morreu há 70 anos. Deixe-me contar minha história. –baixo a cabeça e começo.

Demoro bastante, fazendo apenas um resumo, incluindo a confissão de amar Percy. Conto tudo, desde quando minha mãe morreu, até como vencemos Gaia e eu fugi. Vivian é uma ótima ouvinte, ouviu a história sem interromper. Levanto a cabeça e vejo que seus olhos estão cheios de lágrimas.

–Oh, Nico. –Ela me abraça por cima da mesa. Ninguém nunca me abraçou desse jeito. Devo dizer, a sensação é boa, principalmente por seu perfume doce e floral. –Essa é a história mais triste e linda que eu já ouvi. Principalmente porque é verdadeira. Você é tão corajoso! Não consigo pensar em alguém mais digno de felicidade do que você, que já sofreu tanto. –Ela me solta e se recompõem. Parece que vai dizer alguma coisa, mas uma voz forte a impede.

–Senhoras e senhores, é uma honra dizer que aqui está uma das mais jovens e prodigiosas artistas do mundo. Aplausos, aplausos, para a Srta. Deimling!- Nesse momento, todos se viram para nossa mesa. Ela levanta surpreendentemente firme para alguém que há poucos segundos estava prestes a chorar. Sorri timidamente e aperta a mão do homem. Depois se encaminha para o piano, onde há um microfone. Vivian descarta educadamente a composição e começa a tocar e cantar uma das poucas músicas que já havia escutado, pois era a preferida de mamãe. Vienna.

Após alguns minutos, ela termina a canção e vários aplausos se seguem. Merecidos, sua voz é linda e ela toca muito bem, de acordo com minha amadora avaliação. Depois ela toca uma música que, pelo que o cara da mesa ao lado disse, seria a Fur Elise. Só que ela acrescentou palavras.

Close your eyes, the bad has gone

Keep breathing, my king of bones

I know you fought with monsters and humans and both

Just expecting for someone to give you comfort and love

Acting like you don’t have feelings

When inside you were bleeding

You think you’re not real men

Because you suffer since you’re ten

But tomorrow will be better

You’ll be happy ever after

Go back to your home, I will not lie

Be with your friends, you’ll survive

Don’t forget you’re never alone

I’ll be here when you need to come.

Depois dessa música ela toca mais um soneto ao qual não presto atenção, ainda compenetrado em suas palavras. Somente quando ela senta na minha frente que volto à realidade.

–Entendeu o que quis dizer? –Ela diz. Mesmo sendo mais jovem que eu, nesse momento me sinto uma criança sob seu olhar calmo e antigo.

–Sim. Mas eu não sei o que fazer. –Respondo. Ela dá um sorriso doce e fala:

–Vamos jantar e ter uma boa noite de sono. Amanhã você decide o que fazer. –Eu concordo com a sugestão e nos deliciamos com a comida. Ao subirmos, Vivian insiste em dormir no sofá, mas eu nego, afinal ela já pagou a comida enquanto eu não fiz nada, e consigo vencer. Mal dera 23h00min e nós já estávamos na cama, eu por estar muito cansado, ela por simplesmente ter o hábito de dormir cedo quando não estava em shows. Mas nesse tempo, já nos conhecemos melhor. Vivian era a filha única da família. Richard, seu pai, era professor numa universidade de Direito. Amanda, sua mãe, era advogada. Foi na faculdade que se conheceram. Sua tia Meredith dava aulas de música para crianças, e foi com ela que Viv (como ela pediu para chama-la), aprendeu a tocar. Meredith percebeu que sua sobrinha era um prodígio e a inscreveu num concurso, onde um olheiro viu sua habilidade e fez um contrato. Seu filme preferido é August Rush e seu sonho é estudar em Julliard, a melhor faculdade de música do mundo. Depois de muita conversa, caímos no sono.

No outro dia levantamos cedo. A primeira coisa que diz após bom dia é se eu tomei uma decisão. E sim, eu tomei.

–Eu tenho que ir, Viv. Vou aprender a me aceitar. Vou voltar para o acampamento e recomeçar. –Assim que termino, ela dá um sorriso enorme e um abraço ainda mais apertado, longo e melhor que o de ontem.

–Ande, não há tempo a perder! –Ela exclama e me dá meu casaco e tênis, jogados atrás da privada, ao mesmo tempo em que penteia o cabelo.

–Pela pressa, dá pra imaginar que está feliz com minha partida. –Quando digo isso, ela desacelera ainda procurando uma meia que falta.

–Claro que não, besta. Só estou entusiasmada porque vai voltar pra onde deve. –dito isso, ela finalmente acha a meia. É hora de nos despedirmos.

E eu duvido que já tenha existido um abraço melhor que o nosso.

–Venha me visitar, ouviu? –Viv diz, ainda segurando em mim.

–Com certeza. Mas da próxima vez, eu aviso. –Ela ri e finalmente me solta. Agora parece triste por ter que ir. Mas não há nada mais a dizer.

–Seja feliz, Nico. Saiba que tem uma amiga aqui. Aqui está meu cartão. –Ela pega um papel e escreve seu nome, sua casa e seu telefone pessoal. Entrega-me e me beija na bochecha. Ambos ficamos vermelhos.

–Até algum dia, Viv. –Digo, me encaminhando para a parede.

–Até algum dia, Nico. –É a última coisa que ouço antes de tudo sumir na escuridão.


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Notas finais do capítulo

Não procurem a segunda música, eu que fiz, por isso tá ruim. ESPERO QUE TENHAM GOSTADO.



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