Paixão na Ilha escrita por Sandy Lili Schroeder, rosy silva


Capítulo 5
Capitulo 5


Notas iniciais do capítulo

Olá meninas olha eu aqui de novo, desculpa pela demora, mas acá estou bom espero que gostem


boa leitura



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Na manhã seguinte Léon despertou sentindo-se mais vivo que nunca em muitos meses, estirou-se, bocejou, e ao fazê-lo teve contato com o corpo suave enrolado como um novelo na outra ponta da cama. "Até dormindo", pensou, "separa-se de mim o máximo possível, mas eu mudarei isso", prometeu a ele mesmo. Chegaria o dia em que Villu desejaria seu corpo tanto como ele o dela. "E tenho que admitir que o desejo muito". Inclusive nesse momento, sabendo que o navio e o mar o esperavam, teve que empregar todo seu controle para não girar sobre esse precioso traseiro e desafogar seu desejo sexual entre as pernas da moça. Léon riu entre dentes, devia estar ficando velho. Sempre ouviu dizer que, ao chegar à meia idade, os homens começavam a desejar as garotas bastante jovens que podiam ser suas filhas. Se isso que sentia era próprio da meia idade... bem-vindo, até agora, era fantástico! Moveu a mão sob as mantas, mas as retirou antes de chegar ao seu objetivo. Já era suficiente! Tinha um navio que comandar. Os homens acreditariam que se havia sossegado e que vagabundeava na cama até que o sol estava alto. Era a primeira vez que dormia depois do amanhecer desde que ingressou no mar, quando tinha dezesseis anos. A ideia o fez franzir a testa. As mulheres deviam ser a perdição de muitos homens. Teria que estar alerta para que a fascinação que essa raposinha exercia nele não lhe escapasse das mãos. Embora não fosse provável, tranquilizou-se, deitou-se com muitas mulheres, a maioria eram adoráveis, e todas muito mais peritas em agradar a um homem que a essa menina que estava junto a ele. E, se foi mais carinhoso com ela que com as outras, devia-se a que esta era mais jovem e macia. Era natural que estivesse sentido culpa e remorso ao ver os machucados. Porque até então ela poderia lhe impedir de gozar e nada era mais importante que isso! "Logo que cheguemos ao Cádiz, onde me espera certa viúva alegre eu me desfarei para sempre da pequena sedutora”, pensou. "Igual ao excesso de uísque, uma atração sexual intensa se curava com outra. E qualquer mulher servirá”. Na porta do camarote soou uma batida discreta. Léon saltou da cama. A última coisa que queria era que o surpreendessem deitado, sonhando acordado, como qualquer moço doente de amor, apressou-se a colocar calças, abotoou-as, colocou a camisa e perguntou com brutalidade.

— O que acontece? A porta se abriu uns centímetros e pela abertura apareceu a cabeça do Harry, quando viu o léon carrancudo, com o cabelo arrepiado e o aspecto evidente de que acabou de levantar-se da cama, abriu mais os olhos, surpreso, e sua expressão de assombro fez que a testa de Léon se fizesse mais profundo.

— E, bem? — Lamento capitão - disse Harry, contendo um sorriso. - A tripulação estava preocupada com você. Alguns ouviram todo o barulho que saía daqui ontem à noite e... ahnn... bom, pensaram que talvez a mulher o tinha matado. Como não veio ao convés esta manhã, senhor...

— Muito engraçado - disse Léon, com tom azedo. — Pode dizer a qualquer um que esteja interessado, que ainda estou vivo. E se você não apagar esse estúpido sorriso da sua cara, muito em breve deixará de ficar...

— Sim, senhor capitão! Enquanto retrocedia, Harry ria abertamente. Logo se interrompeu.

— Ah, a propósito, capitão, seu olho está muito machucado...! — Fora daqui! - Vociferou Léon. Harry saiu correndo.

— Passa algo mau? - Perguntou Villu, já que tinha despertado com os gritos de Léon e tratava de sentar-se na cama. Léon a olhou, carrancudo, a comprida cabeleira dourada que caía em ondas brilhantes sobre a nudez da moça e os olhos de cor safira grandes como pratos eram de uma beleza que tirava o fôlego. Só olhar e esses montes suaves dos seios, quase por completo descobertos sobre a manta, fez subir a temperatura de Léon. Por Deus, quanto a desejava! Tanto, que lhe doíam os músculos! De repente, Léon compreendeu que teria que desfazer-se dela o mais rápido possível, pois do contrário se meteria em graves dificuldades.

— Não. Volte a dormir. - Respondeu com tom cortante, irritado de que tivesse a capacidade de perturbá-lo. A noite anterior tinha estado a ponto de obter que ele admitisse, como se fosse um pobre apaixonado, que lamentava lhe haver espancado... quando ela tinha provocado todos os golpes e mais também! Possivelmente a prostituta realmente fosse à bruxa que ele a tinha acusado de ser; não era impossível. A final das contas, essas coisas passavam e Léon começava a acreditar que tinha todos os sintomas de um homem açoitado pelo demônio.

— Que acontece que tanto me olha? - Perguntou-lhe, hostil, ao ver que os olhos azuis abriam ainda mais ao contemplá-lo.

— Você... sua cara - murmurou, ao mesmo tempo que um sorriso trêmulo aparecia no canto dos lábios.

— Que diabos têm minha cara de divertido? - Léon girou para procurar um espelho pequeno que usava quando se barbeava. Agora que pensava, Harry tinha falado de um olho arroxeado, apalpou-se o olho esquerdo e o sentiu um pouco dolorido. Mas já teve olhos negros e nunca deu muita importância. Sua pele estava tão bronzeada pelo sol e pelo vento do mar, que precisava de um poderoso golpe para deixar um hematoma. Encontrou um espelho e olhou. O que ele viu o deixou chateado, parecia o perdedor em uma luta contra 20 grandes homens! Alguns tinham sombras que eram roxos escuros e já eram indícios de um verde amarelado doentio. Três longos arranhões atravessou seu rosto e já sentia que a mão latejava onde a cadela havia mordido ele, sentiu a mesma coisa no ombro dolorido! Villu lançou um olhar maligno, enquanto tentava, sem muito sucesso não rir.

— Então você acha isso muito divertido, verdade, senhorita? - rosnou, avançando para Villu com ar ameaçador. Villu deu um grito e tentou saltar da cama, mas os braços fortes do capitão a agarraram a cada lado, impedindo-a de se mover.

— Não. Oh, não!... - Exclamou ela, com voz trêmula sem conseguir sufocar o riso.

— Sinto muito - disse, entre espasmos.

— Eu... não posso evitá-lo!

— Se eu te levasse ao convés e exibisse seus hematomas roxos, não ficaria rindo por muito tempo - ameaçou-a Léon, em tom áspero, sabendo, porém que ele mesmo não suportaria que os olhos de outros homens percorressem a nudez do Violetta.

— Não seria capaz! - resmungou Villu, fazendo um gesto instintivo para sua parte posterior.

— Seria capaz - advertiu-lhe.

— Não... não vou rir mais - prometeu, mas rompeu em outra onda de gargalhadas incontrolável ao ver novamente o rosto marcado de Léon.

— Prostituta - disse o homem, mas sem convicção, separou-se da moça e se sentou a beira da cama para colocar as botas de cano alto.

— Léon - atreveu-se a dizer Villu, quando finalmente a risada se acalmou um pouco — não quis te machucar... embora quis machucá- lo... naquele momento... agora sinto muito. Sério.

— Sim? - Léon deu a volta e a olhou, desconfiado. Villu sentiu que o coração pulou uma batida ao ver a expressão nos olhos do homem. — S-sim. Nem mesmo Villu estava certa de que ele era franco ou não. Talvez sim, mas também podia ser uma manobra para que ela baixasse as defesas. Esse homem provocava essas mudanças de emoções, já não tinha certeza do que sentia.

— Poderia demonstrar.

— C-como? — Beijando melhor. - Embora a expressão dos olhos cinza fosse divertida, no fundo ardia uma chama.

— Eu... eu... está bem. - Tinha um encanto diferente à ideia de receber um beijo desse homem com o que tinha compartilhado tais intimidades a noite anterior. Submissa, Villu levantou o rosto, fechou os olhos e fez um biquinho com os lábios rosados, em posição adequada para um beijo. éon riu.

— Eu quis dizer que você me desse um beijo, menina, e não ao contrário.

— Ah... Villu se balançou sobre os calcanhares, pensando com rapidez. Surpreendeu-a descobrir que gostava da ideia de posar a boca sobre as feridas do capitão, para alivia-las com seus lábios. O jogo se tornava perigoso, já não sabia se queria ganhar ou perder, nem o que queria dizer perder ou ganhar neste caso. "Mas algo que o acalme será proveitoso", pensou. "Então, lhe dar um beijo por sua própria vontade servirá a meus planos”, ajoelhou-se junto ao Léon, que ainda estava sentado a beira da cama, sem soltar a manta em que estava enrolada. Os olhos do homem se escureceram quando os braços tensos de Villu lhe rodearam o pescoço. Villu ficou surpresa, que seu próprio coração acelerava os batimentos. "Não nenê não se esqueça de seus propósitos", advertiu-se a si mesmo, enquanto se aproximava mais. "Isto é parte de uma vingança...”. Primeiro, depositou uma chuva de beijos suaves sobre o olho e logo percorreu os arranhões das bochechas. Sentiu a pele dura e firme sob a boca, com sabor de sal do mar e aroma de homem. Começava a gostar desse aroma... de repente os braços de Léon a rodearam e enrolou a mão nos cabelos de Villu para atrair a boca dela para si. Os lábios de Léon devoraram famintos sua boca e logo ficaram imóveis, deixando que ela tomasse a iniciativa. Villu abriu os lábios apoiados nos dele, mas Léon seguiu sem mover-se, controlando suas emoções, deixando que ela aprendesse por si mesmo o que precisava saber a respeito dos beijos. A língua pequena da moça lambeu a do homem com acanhamento e se retirou depressa. A reação física de Léon foi tão intensa que lhe doeu, o que mais desejava era deita-la outra vez sobre as almofadas e lhe fazer amor até que perdesse o fôlego, mas não queria assustá-la... Atônito, compreendeu que a ideia do estupro já não lhe parecia tão satisfatória como antes. Queria-a por inteiro, disposta e voluntariosa.

— Senhorita - ouviu-se a voz de Petersham do outro lado da porta e se separaram bruscamente. "Maldição" pensou Léon, frustrado, mas logo reconheceu que era melhor, pois essa moça começava a penetrar sob sua pele. Tinha que sair lá fora, onde poderia lhe dar certa perspectiva ao que ela o fazia sentir. Saltou da cama, lançou um olhar rápido para o Villu por cima do ombro e se encaminhou apressadamente para a porta. A boca da menina esboçava um irritante sorriso da Mona Lisa. Parecia muito satisfeita consigo mesma e Léon se perguntou se não estaria zombando dele...

— Eu deveria te lançar ao mar, - disse, sublinhando as palavras, com um tom de seriedade. — A única maneira de matar a uma bruxa é afogando.

— Não iria servir de nada, as bruxas flutuam. Fez-lhe uma careta travessa, mas Léon nem sequer sorriu.

— Amo

Léon! Ahnnn! Capitão! Não sabia que ainda estava no camarote. Sente-se mal? - Exclamou Petersham, ruborizado, quando léon abriu a porta. Vendo o rosto machucado do capitão, adotou uma expressão de espanto, mas se apressou a conter a exclamação que lutou por sair de sua boca. Era melhor ignorar certas coisas.

— Não, não me sinto mal - respondeu Léon, com secura, olhando carrancudo para Petersham. "É muito óbvio o que pensa esse velho tolo", disse-se.

— Esta manhã eu tinha certos... ahnn... assuntos que era melhor atender a portas fechadas.

— Entendo-o, senhor. Petersham se permitiu um sorriso rápido. Léon afogou uma maldição, passou junto ao mordomo e desapareceu.

— Traga o café da manhã da senhorita. Hesitante, Petersham entrou no camarote, depois de ver as feridas do Léon, detestava olhar à senhorita Violetta. O amo era forte e tinha um caráter difícil, não era condescendente com quem o atacava. Tinha certeza que ela também deveria estar bem machucada, mas ficou atordoado quando viu que Villu lhe sorria descaradamente.

— Bom dia, Petersham. Estou faminta. O que me trouxe para comer? Petersham colocou a comida diante dela, ainda confuso. Por isso sabia, o capitão não tinha o menor escrúpulo em lhe dar um bom bofetão a uma mulher, se acreditava que o merecia. E, se alguma o tivesse deixado marcado como a senhorita Violetta, sabia, conhecendo-o, que lhe pagaria na mesma moeda. No que se referia a essa garota, mostrava-se brando. Refletiu a respeito, mas a única conclusão possível lhe pareceu ridícula.

— Petersham - chamou-o Villu quando ele já estava para deixá-la para tomar seu café da manhã tranquila. - Eu gostaria de ter meus outros baús, por favor. Finalmente ele me permitiu que eu pudesse sair para tomar ar. - Enquanto falava, esboçou um sorriso luminoso.

— Tem certeza, senhorita? - Perguntou Petersham, completamente confuso. — Farei que lhe desçam os baús. Ahnnn!... com a permissão do capitão, é obvio.

— É obvio - admitiu Villu, com voz doce. Se tudo encaminhasse bem, logo o capitão aceitaria qualquer coisa que ela desejasse. Quanto gostava disso! E como o faria se rastejar. Os mesmos marinheiros que haviam levado a banheira na noite anterior carregavam os baldes e embora fossem bem simpáticos Villu se sentiu deprimida por sorrisos suspeitos que lhe dirigiam enquanto os agradecia. “O que será que tanto os diverte”? Logo depois de verificar se estava toda coberta. Ela estava. Villu sacudiu a cabeça e deixou de lado a questão. No melhor dos casos, os homens eram seres estranhos. Passou a hora seguinte arrumando as roupas. Pegou com cuidado as peças intimas e guardou no guarda-roupa. Teve que mudar algumas camisas do Léon para ter espaço para as suas e se encolheu de ombros enquanto as colocava dentro de um baú, estava segura de que ao capitão não lhe incomodaria. Não era muito cuidadoso com sua roupa. Pendurou alguns vestidos que não estavam muito enrugados e colocou o resto aos pés da cama até que pudesse passar o ferro... se é que o Margarida tinha algo tão civilizado como um ferro... Pelo que tudo indicava era que Léon queria que as roupas estivessem limpas e, mesmo em até certas ocasiões isso pouco lhe importava. Um vestido de dia de musselina branca, salpicado de pequenas folhas cor verde menta, era o que menos estava enrugado e Villu decidiu que iria muito bem, ajustava-se à cintura com uma fita de seda verde que se prendia atrás com um laço enorme e o combinou com suas sandálias verdes. A seu julgamento, o chapéu acrescentava o toque ideal, olhou-se no espelho e aprovou o que via. O verde suave do chapéu acentuava o cabelo dourado e fazia ressaltar o azul dos olhos. A simplicidade do vestido chamava a atenção para a pequena cintura de Villu e definia o resto das curvas de cima até embaixo. "Sem duvida, Léon ficará atordoado", pensou. "E atordoa-lo fazia parte de seu plano”. O capitão a havia possuído duas vezes durante a noite e, para ser sincera, devia admitir que tivesse razão, ficava melhor à medida que se repetia. Mesmo assim, causava-lhe ressentimento a ideia de que pudesse tomá-la, gostasse a ela ou não. E seu orgulho exigia que Villu o pusesse de joelhos e fizesse todo o possível para que se apaixonasse por ela. Já tinha passado do meio-dia quando se aventurou a sair ao convés e o sol estava diretamente sobre sua cabeça. O excesso de claridade a fez fechar os olhos uns instantes e logo levantou o rosto para o sol, desfrutando da força dos raios sobre a pele. Abriu os olhos e viu um céu perfeito, com nuvens brancas que corriam pelo céu como ovelhinhas. Uma brisa aguda refrescava o ar. O navio Margarida se balançava para cima e para abaixo como o berço de um bebê, as engrenagens estalavam no vento, as madeiras rangiam. De repente Villu se sentiu maravilhosamente bem. Era magnífico estar outra vez na agitação da vida!

— Lady Violetta. Villu se voltou e viu o jovem que se negou a ajudá-la quando a levaram a bordo. Tinha ouvido que Léon o chamava de Harry. O bom humor da moça se esfriou um pouco, pois a presença do jovem era um aviso de que, no final das contas, ela não era mais que uma prisioneira no navio e dependia das ordens e da boa vontade do capitão. Ao pensar nisso jogou a cabeça atrás, com os olhos azuis piscando, "Não por muito tempo", prometeu-se.

— Senhora, o capitão lhe envia seus cumpridos, e lhe pede que se reúna com ele no tombadilho. Diz que lá o ar é mais saudável para uma jovem dama. Villu o olhou com orgulho, a última vez que se dirigiu a ela não estava nem um pouco tão preocupado pelo bem-estar da prisioneira. Na realidade a tinha deixado diretamente na jaula de um leão feroz! Desde aquele momento Villu tinha aprendido que, embora o leão fosse feroz, não era tão temível como parecia. E a proteção desse leão lhe permitia ignorar a perseguição de outras feras menores, como o homem que estava ante ela. Ao tomar uma decisão desviou o rosto, como se de repente a afetara uma aguda surdez e deixou vagar o olhar ao redor. Os marinheiros interromperam as tarefas e a contemplavam como faria uma matilha ante um osso muito suculento. Sob o olhar de muitos olhos lascivos, Villu estremeceu o que eles tinham em mente era óbvio! Se não contasse com a proteção de Léon, estava convencida de que a passariam de mãos em mãos como uma guloseima. Comparado com o que poderia ter acontecido, o seu destino era quase tolerável.

— Milady - começou Harry, desesperado, mas foi interrompido por um grito colérico do tombadilho.

— Harry! Deixa de tagarelar e a traga aqui. E todos vocês, voltem para trabalho! Terão tempo de sobra para estar com mulheres quando atracarmos no porto!

— Sim, capitão! A questão é se encontraremos um bombom como esse. É muito melhor deitar-se com uma tigresa que com uma gata domesticada! Não é assim, pessoal? Um coro de hurras e gritos saudou a brincadeira. Ao elevar a vista para onde estava o capitão, Villu percebeu, irritada, que até ele ria. Todos eram uns animais cruéis e sua grosseria lhe revolvia o estômago! Sem dúvida a tripulação tinha adivinhado a verdadeira causa das marcas que Léon levava no rosto e durante um tempo fizeram brincadeiras com duplo sentido. "Bom, que pensem o que queiram! Não permitirei que um bando de piratas me envergonhe!”. De repente, ao ver Villu em toda sua glória, com o vestido decotado e fino como o ar, Léon franziu a testa e lhe retribuiu a mesma expressão. Como tinha a audácia de permitir que seus homens a fizessem objeto de brincadeiras sujas! Olhou-o com orgulho e subiu os degraus de madeira. Com expressão severa, Léon observou ela se aproximar, com as pernas abertas para manter o equilíbrio no constante balanço do navio, as mãos presas ao corrimão. A brisa tinha desordenado os cabelos escuros. O sol resplandecia nos tocos de barba negra azulada que escurecia as bochechas. Levava uma camisa branca com rasgões, aberta até a cintura, o peito úmido de suor exposto à brisa. A faixa que lhe rodeava a cintura esbelta levava pistolas e uma faca comprida e as pernas fortes estavam dentro de umas apertadas calças negras. "Graças a Deus, o dia que me tirou do Anna Creer não tinha um aspecto tão temível!”, disse-se Villu, "pois do contrário teria levado um susto de morte”.

— Parece um pirata - acusou-o, ao aproximar-se dele no tombadilho.

— Eu sou um pirata, - respondeu Léon, com secura. — E para seu bem é bom não esquecer, doçura, se não quiser que te obrigue a recordá-lo. A dura advertência intimidou a Villu, depois da gentileza com que a tinha tratado essa manhã e a paixão com que lhe tinha feito amor de noite, a jovem confiava em que Léon já estava pronto para comer na sua mão e, de repente, não estava tão segura. O capitão tinha tido experiência com muitas mulheres; acaso o corpo inexperiente de Villu teria a força suficiente para dominar a relação? Não sabia. Ele era o único que tinha e não tinha alternativa se não subjugar-se. Ela olhou timidamente, mas irritada ao comprovar que não prestou atenção a ela, mas algo que estava em um horizonte distante.

— Você procura pelos meus salvadores? - Ela lhe cutucou. Léon lançou um olhar rápido e sem expressão e, em seguida, desviou novamente para o horizonte.

— Seus "salvadores", como você o chamam perderam o nosso rastro de vista na tempestade. Faz dias que não vemos sinal deles. E agora como o navio Margarida tomou outro curso completamente diferente da última vez que colocaram os olhos sobre nós, tenho a esperança de me livrar de você de um modo mais satisfatório.

— Se estiver tão ansioso para se livrar de mim, por que não me lançou à deriva em um desses botes, a primeira noite? Estou segura de que a Armada Real teria ficado encantada em me recolher.

— O que aconteceu é que naquela primeira noite eu tinha outras intenções para você. O olhar que lhe dedicou não deixou dúvidas para Villu do significado da frase. Com as bochechas coradas, a moça olhou ao redor para comprovar se alguém podia ouvi-los. Só Harry e um marinheiro velho e robusto estavam perto, ambos concentrados em suas tarefas. Entretanto, algo em suas expressões indicou a Villu que escutavam com supremo interesse o que Léon e ela falavam.

— Notei que demonstrava muito interesse pelos demais cativos. As palavras do Léon a fizeram voltar à vista.

— Eu... é obvio que me preocupam - mentiu. Para falar a verdade, estava mais preocupada com sua própria segurança para preocupar-se por três pessoas quase estranhas, mas isso Léon ignorava.

— Limitei-me a supor que, como espera obter uma grande soma de dinheiro de seu resgate, por seu próprio interesse te ocuparia de mantê-los sãos e salvos. Estou errada?

— Não, minha gatinha - murmurou o capitão. — Não está errada, mas sim tem a língua um pouco afiada. Isso logo poderá ser resolvido com um encontro com outro gato. Essa inexplicável mudança de atitude desconcertou a Villu. O que lhe aconteceria? O que teria planejado. Estaria zangado por algo que ela ignorava? Bem, preferia suportar o gato de nove caudas antes de lhe pedir água!

— Faça o que você julga necessário, capitão. - Disse em tom frio. — Sempre soube que os piratas eram uma espécie temível por serem cruéis e terem sede de sangue!

— E nunca te disseram minha senhora, que o orgulho precedeu a queda? - A voz do capitão foi dura. — Um só golpe do gato sobre suas costas nuas bastaria para que te arrastasse de joelhos implorando piedade.

— Nesse caso você não obteria prazer, não é assim, capitão? - Villu sorriu triunfal, sabendo que o tinha apanhado nisso, não podia lhe dar chicotadas, pois se o fizesse logo não poderia deitar-se com ela. O amparo da moça residia no egoísmo e na lascívia do mesmo patife. — Não é assim? Ele sorriu, olhando-a aos olhos.

— Na realidade, se recebesse umas chicotadas não estragaria meu prazer. É verdade que será dolorido para você, embora nós os piratas não nos distinguíssemos por nos preocupar muito pela comodidade de nossos prisioneiros.

— Você...! - Começou Villu, acalorada, mas se interrompeu de repente ao ver que Harry se aproximava deles. Léon lhe lançou um olhar impaciente e Harry pareceu incômodo.

— Perdoe capitão, é hora de trazer os prisioneiros para que façam exercícios. Encarrego-me disso?

— Sim - respondeu Léon, com brutalidade, e girou para que suas largas costas ficassem de frente à Villu. A jovem permaneceu ali, mordendo o lábio, enquanto traziam da adega a seus companheiros dessa infelicidade, que subiam cambaleando-se pela escada da proa, limitou-se a dar a eles um olhar, mais preocupada com o estranho comportamento de Léon que pela difícil situação dos prisioneiros. Logo, voltou a olhar, os três piscavam pelo brilho do sol, os rostos pálidos e magros, a roupa suja e amassada. Não pareciam ter recebido uma comida nem um banho decente desde que colocaram os pés a bordo do Margarida, uma semana atrás, e os lábios de Villu formaram um "Oh" de surpresa e horror. Se acaso tivesse pensado em seus companheiros de cativeiro teria suposto que os alimentava e os acomodava como a ela, e que a única diferença consistiria em que não os obrigavam a deitar-se com ninguém, mas agora compreendia seu engano. Salvo por um detalhe, seu destino foi muito melhor que o deles! Sentiu uma pontada de indignação por Léon, que os tinha maltratado de maneira tão desumana. Com a cabeça alta, a costa rígida, segurou as saias com uma mão e começou a descer do tombadilho com ar suntuoso. Léon a chamou, decisivo, mas ela não fez caso movendo a cabeça em um gesto desafiante. A final, o que podia lhe fazer que já não lhe tivesse feito? Passou por sua mente o comentário referido a um encontro com um gato, mas o descartou. Já veria Léon que ela não se deixava intimidar com facilidade! Villu cruzou rapidamente o convés e se aproximou da duquesa. Ao ouvir a Villu, a senhora girou a cabeça e logo, ao ver quem lhe falava, um sorriso iluminou o rosto desfigurado.

— Lady Violetta! Alegro-me de que esteja bem, ao ver que não se unia a nós comecei a temer por sua segurança. — É evidente que lhe ofereceram um leito muito mais confortável - disse sarcástica, a esposa do comerciante, não tão gorda como antes e olhando a Villu como se a moça acabara de sair arrastando-se de baixo de uma rocha. — Vejo que, pelo menos, eles lhe deram permissão para trocar de roupa, milady. Mas, claro, a duquesa e eu não oferecemos nossos favores aos piratas.

— Senhora Grady - disse a duquesa com o tom autoritário ao que sua alta classe estava acostumada — tenha a gentileza de calar-se. Se lady Violetta foi mais bem tradada que a nós, estou segura de que não é culpa dela. Se não, bom... estou certa mesmo assim de que não foi culpa dela. - Mediante a repreensão, a senhora Grady se zangou e se afastou. A duquesa olhou a Villu com vivacidade.

— Maltrataram você? - Perguntou-lhe, em voz baixa. Villu sentiu que as bochechas lhe avermelhavam, mas respondeu com toda a calma que pôde.

— Não, na realidade... não. Geralmente! Villu detestava as mentiras e aos mentirosos, mas compreendia, com um nó na boca do estômago, que todo seu futuro dependia de que ninguém soubesse o que tinha sofrido na realidade. O ato de uma violação ficaria para sempre marcado. Como já sabia iria desaparecer as esperanças de fazer um matrimônio brilhante, ou qualquer outro. Na Inglaterra Vitoriana uma mulher solteira que não fosse casta era imediatamente apontada como uma prostituta, sem importar em que circunstâncias essa mulher tivesse perdido a castidade.

— Entendo. Os olhos da anciã observaram o rosto de Villu, mas nada em sua expressão indicava que não lhe tivesse acreditado e Villu conteve um suspiro de alívio.

— Onde lhe alojaram?

— Eu... eu... o capitão teve a bondade de me deixar usar seu camarote. Isso era certo, usava o camarote de Léon. E a ninguém importava o preço que pagou por isso

. — Foi muito cavalheiro da parte dele e devo confessar que me surpreendeu. É provável que recorde a uma irmã menor, ou inclusive a uma filha. Imagino que até os assassinos têm seus pontos frágeis.

— Sim, sim, sem dúvida deve ser isso. - Villu se sentia cada vez mais desconfortável. Tinha a vergonha marcada a fogo na testa e se apressou a trocar de assunto. — Diga-me, como foram às coisas para você e para... ahnn... o senhor e a senhora Grady? A duquesa olhou com ar melancólico o vestido manchado que parecia lhe pendurar dos ossos.

— Como vê as coisas não foram muito bem para nós. Ao menos estamos vivos e acredito que temos que lhe dar graças a Deus por isso. Geralmente, aos piratas não importam em nada matar a pessoas inocentes se a tiverem à mão. São pessoas brutais, sem lei.

— Sim, senhora, você tem razão. Somos brutais e sem lei. Quando as mãos de Léon se fecharam com força sobre os ombros descobertos de Villu, a moça saltou. Teria que ter adivinhado que a seguiria, pois o orgulho e a arrogância não lhe permitiriam passar por cima de sua desobediência frente à tripulação, mas iria delatá-la? Sem dar-se conta, deu um olhar suplicante por cima do ombro e ao mesmo tempo, tentou com muita dissimulação livrar-se de seu contato. Para seu assombro, Léon a soltou.

— Fico muito contente que o compreenda jovem, pois se continuar com este modo de vida, sem dúvida o enforcarão. O tom da duquesa era depreciativo e, ao ver que a boca de Léon ficava tensa, Villu temeu pela senhora, Léon não era dos que relevam os que o incomodam.

— Sem dúvida, senhora. Ao perceber que Léon se limitava a responder com um pouco de impaciência, Villu se relaxou.

— Meus homens e eu preferimos que nos enforquem a morrer de fome. A duquesa olhou ao Léon com expressão fria. Se eu já não fosse uma senhora, quase ao final da vida e, embora não lhe temia à morte, também não tinha intenções de apressá-la. Esse sujeito era um pirata e seu ofício, por definição, era o crime. A senhora suavizou o tom.

— Lady Violetta me informou que o alojamento dela é algo melhor que o nosso e isso me alegra. É muito jovem e seria abominável que fosse mal atendida. - Suas palavras significavam uma clara advertência para Léon. Villu tragou com dificuldade. Por favor, Deus que o capitão não a delatasse! Depois de tudo, não ganharia nada a desprestigiando.

— Como a senhora diz, é muito jovem - respondeu Léon, lentamente, com o semblante puro, verdadeiro. — Achei melhor alojá-la onde estivesse livre de perigo. Quanto à falta de comodidade para vocês, na verdade o lamento, mas tem que compreender que o navio Margarida não é um navio de luxo.

— Isso é evidente, jovem. Quando acredita que seremos libertados?

— Assim que seja possível, quando o navio Margarida atracar farão os acertos necessários. É possível que seja dentro de dez dias.

— Capitão, eu lhe garanto que para nós você nunca se moverá rápido o suficiente. — Já sei. E agora, senhora, meus homens tem outras tarefas a cumprir. Se estiver preparada, eles a acompanharam até lá em baixo.

— Ah, sim. Nunca puxe a cauda de um tigre, certo? - Disse a duquesa, com ar sombrio. Sem esperar resposta, deu-se a volta para descer. Um marinheiro que vigiava aos prisioneiros pegou no braço da senhora sem muita gentileza. Outro foi empurrando aos Grady na frente dele como se fossem gansos. Ao observar o rosto abatido da duquesa com uma expressão que estava à beira de um esgotamento físico, Villu sentiu uma pontada de remorso. Teria que fazer todo o possível para ajudá-la, pois do contrário, a sua consciência não a deixaria em paz.

— Um momento! - Gritou, em um impulso e adicionou dirigindo-se ao Léon. — Não pode seguir tratando-os de um modo tão bárbaro! É cruel e desumano! Se seguirem assim, eu quero sofrer junto com eles! Léon a observou da cabeça até as pontas dos pés e Villu sentiu que esse olhar duro a congelava, mas se manteve firme. Podia ser que concordasse com o que ela sugeriu e a mandasse para baixo junto com os outros. Se assim fosse, teria trocado boa alimentação e uma cama macia pela recuperação de sua honra, embora um pouco destruída. Se não, se teimava em lhe dar uma lição e não queria renunciar ao uso de seu corpo, poderia negar-se a submeter-se ao capitão até que os outros prisioneiros fossem bem alimentados e alojados. Claro que ele sempre poderia empregar a força bruta, embora Villu começasse a suspeitar que isso já não lhe satisfizesse. Ao menos, esperava que fosse assim.

— O que você disse? A voz de Léon teve um tom suave e ameaçador, para que só ela o ouvisse, os olhos de Villu brilhavam desafiantes.

— Exijo que trate com decência aos prisioneiros. É uma brutalidade abusar assim deles! Se você pensa em matá-los de fome e os manter presos, eu quero ficar junto!

— Minha doçura, se insistir em passar fome e ficar presa, eu não tenho nada contra. Eu darei as ordens, não você. A voz seguia sendo baixa. Villu esperava que os outros não tivessem ouvido os termos carinhosos com que tinha iniciado sua declaração. O senso comum disse-lhe para se afastar enquanto ela ainda tinha uma chance de retirar-se com graça, mas o orgulho não permitiria isso.

— Deveriam nos tratar a todos do mesmo modo - insistiu. — Se me alimenta e aloja bem, eles também teriam que ter o mesmo. Léon negou com a cabeça.

— Não é muito esperta para aprender, não é mesmo, garota? Sou o capitão deste navio e eu dou as ordens. Não pense você só por que compartilha minha cama pode me indicar o que tenho ou não tenho que fazer! Villu conteve uma exclamação e olhou por cima do ombro, rogando que ninguém tivesse ouvido a crua afirmação do capitão, suas esperanças foram vãs. O casal Grady a olhava espantado, a expressão da duquesa, em troca, era de pena. Villu ficou vermelha. Embora ela mesma tivesse criado a discussão para a sua própria desgraça, negou-se a admiti-lo. Sentiu que odiava mais ao Léon por revelar sua vergonha que por causá-la. Nunca o perdoaria, jamais!

— Eu te odeio! - Murmurou em tom feroz, enquanto Léon indicava aos divertidos marinheiros que levassem abaixo aos outros três prisioneiros. Pegou a Villu pelo braço com rudeza e a arrastou rapidamente para o camarote.

— Pode economizar essa manha de criança para quando estivermos sozinhos, por favor - disse, com aspereza. — Do contrário, serei obrigado também a te surrar em público!

— Não precisava dizer aquilo! Não é o suficiente o que me fizeste, e agora tem a necessidade de contar para o mundo inteiro, capitão? Você tem a necessidade de divulgar suas conquistas para inflamar sua vaidade por isso quer garantir que todos saibam?

— Eu já te disse para calar a boca! O tom selvagem, que o capitão mal conseguia controlar, fez efeito em Villu. Prudente fez o que ele ordenara, mas enquanto arrastava para dentro do camarote ergueu o queixo num gesto desafiante.

— Você fez de propósito - atacou Villu com voz trêmula assim que Léon fechou a porta com um chute.

— Não tive mais remédio – foi a resposta tranquila de Léon, que se apoiou de costas contra a porta e cruzou os braços sobre o peito. Não exibia rastros do aborrecimento que demonstrou minutos antes. — De todos os modos, sabiam. Você pensa que eles são tontos?

— Não tinham certeza até que você os disse diretamente - gritou Cathy. — Tem ideia do que você me fez? Arruinou a minha vida. Agora ninguém quererá casar-se comigo! Nenhum cavalheiro aceitará... as sobras de um pirata

! — Mas você não é sobra... ainda. - De repente éon riu com uma expressão maliciosa dançando-lhe nos olhos. — Quem sabe, talvez tenha sorte, poderia mantê-la como uma mascote. Em ocasiões, eu adoro como ronrona, minha gatinha. Furiosa, Villu conteve o fôlego.

— Sujo canalha, você acredita que meu pai não virá me buscar? Ele virá... e me encontrará. Sua única esperança é me deixar livre em algum canto assim que toquemos a terra. Meu pai é poderoso, vai te enforcar umas vinte vezes pelo que me tem feito! Estava tão zangada que não sabia o que dizia. O sorriso de Léon se tornou irônico.

— Gatinha, antes eles terão que me pegar e isso será difícil. Muitos já tentaram durante anos e aqui estou. O que te faz pensar que seu pai terá êxito em uma missão em que outros fracassaram?

— Ele conseguirá isso é tudo - foi o único que ocorreu a Villu. Falou entre dentes, para compensar a falta de sentido do que dizia.

— Talvez não o tente se você lhe mandar uma mensagem no qual você afirma que decidiu ficar comigo por sua própria vontade. Enquanto Léon dizia com ar indiferente, não tirou os olhos do rosto ruborizado de Villu, ela estava muito zangada para notá-lo

— Ficar contigo? - Riu depreciativa. — Está brincando! Por acaso você acha que posso deixar de lado meu futuro, minha família e meus amigos para ficar com um homem que não tem escrúpulos em violar a uma jovem inocente, um sujeito que assassina e rouba e que mata de fome a uma senhora idosa indefesa? Capitão deve superestimar suas habilidades na cama. No que me diz respeito, não estou de acordo.

— É uma gatinha presunçosa, não é mesmo, doçura? - Léon falou marcando as palavras, com uma estranha luz nos seus olhos. — O que te faz pensar que a possuirei? Só referia a uma possibilidade. Assim que cheguemos ao porto, haverá mulheres de sobra desejosas de me satisfazer na minha cama. E me alegra dizer que serão mulheres muito mais aptas que você para satisfazer a um homem. Já te conheço. Violetta o olhou, furiosa, muito exasperada pelo modo arrogante com que a tinha rebaixado para pensar em uma resposta. Léon continuou com frieza. — E, quanto ao resto de seus comentários, vou considerá-los um por um. Primeiro, pensei que já estávamos de acordo em que não foi estupro. Segundo, roubo para sobreviver. Se alguma vez tivesse tido fome, seria mais compreensiva. Terceiro, se não mato a meus rivais, eles me matarão. E eu prefiro viver. Por último, no que se refere a esses gordos que passam fome, me deixe te dizer que as rações do navio Margarida se calculam com supremo cuidado antes de cada viagem para que alcancem até nosso destino e voltar... e nada mais. Não temos espaço para armazenar mantimentos a mais. Quando assaltamos o navio Anna Creer, nossas reservas já eram escassas. Nós o seguimos mais tempo de que acreditei desde o começo. Se fossemos alimentar bem um dos seus três amigos, não haveria comida suficiente para um de meus homens, a fim de compensar. Recebem o suficiente para manter juntos alma e corpo, e chegaremos ao porto antes que sofram efeitos graves. Teria que agradecer que suas curvas me atraíram o bastante para querer as manter assim.

— Eu te desprezo e te odeio - disse-lhe Villu com lentidão, depois de um longo momento. — Você tem o coração mais duro que já conheci. Se é que tem coração, coisa que duvido.

— Não se preocupe, tenho coração. – Os longos cílios de Léon baixaram para ocultar os olhos. — Mas também tenho raciocínio suficiente para compreender que se não cuidar de mim e do que é meu a ninguém importará nada. Isso é algo que aprenderá quando crescer, minha menina.

— Graças a ti, já não sou uma menina - disse Villu, com amargura. — Você cuidou para que eu crescesse depressa.

— E adorei cada instante de sua educação - outra vez apareceu essa luz travessa nos olhos do capitão. Villu lhe voltou às costas, farta de discutir, e atravessou o quarto em direção à janela, para olhar para fora.

— Pode sair, por favor? Eu gostaria de estar a sós um momento - disse, com voz fria. — A suas ordens, milady. Por um momento. Não te acostume muito à solidão. Lembre-se que é só temporária. Villu apertou os lábios e se negou a dignificar o sarcasmo com uma resposta. Um momento depois escutou que a porta se abria e logo o estalo, ao fechar-se depois do capitão. Através da janela, o sol desenhava formas diferentes e faiscantes sobre as ondas que rompiam com suavidade. Villu as olhou sem ver, sentiu-se destruída, vazia de toda emoção. Pela primeira vez, aceitou que estava por completo a mercê do capitão pirata. Então ela sorriu com expressão triste. Só uma tonta era capaz de esperar misericórdia de um homem sem misericórdia.


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Notas finais do capítulo

espero que tenham gostado

C
O
M
E
N
T
E
M

por favor e leiam minha nova fic http://fanfiction.com.br/historia/459263/Perdida/ bjss lindas