– Gente, gente, gente, silencio − Quiron tentava conter os ânimos, mas não estava funcionando muito bem.

– SILENCIO − o Sr D. faz com que todos se calem − eu, Quiron e a Rachel já tentamos desvendar e interpretar essa profecia de todas as maneiras e não conseguimos, Quiron e Rachel acham que vocês podem desvenda-la, mas não tenho muita fé nisso. Essa profecia se refere a 8 de vocês. Alguém tem alguma ideia?

Um dos filhos de Afrodite se levanta e pede permição para dizer.

– Por favor Sr Douglas, nos fale o que pensa − Quiron agia com muita naturalidade, como se o que ele falasse era tão precioso quanto um rubi.

– Em minha opinião 3 versos dessa profecia já estão na cara: entre todos os semideuses 8 serão escolhidos para serem “servos” de alguma deusa, do mesmo jeito que as caçadoras servem a deusa Ártemis. Outra coisa, a única realeza existente no nosso mundo, o mundo dos deuses, são os olimpianos, então por assim dizer eles servirão a deusa q traiu o marido pelo bem dos olimpianos. E também que ela é mãe de vários deuses menores, como o Sono e a Morte, Sono é Hipnos e Morte é Tânatos...

Sem nem pensar eu olho para Natasha, ela esta encarando o nada com um olhar vago e é por esse motivo que eu tenho certeza que ela sabe quem é, quem é essa deusa, mas o único som que sai da boca dela é:

– Nyx

E como se essa fosse à palavra chave, a fogueira fica totalmente negra e dela surge uma mulher com um aspecto macabro e sombrio. Ela era um pouco alta, pálida, cabelos negros como uma noite sem estrelas, os olhos da mesma cor e boca fina, ela tinha uma aparência jovial, mas que transmitia medo, autoridade e respeito.

– Ola Dionísio − ela encarava Dionísio.

– N-y-x!? − ele gagueja ao se curvar desajeitadamente, quando vejo Quiron e Rachel também se curvaram e depois todos os semideuses seguiam o mesmo exemplo (inclusive eu).

– Isso é uma bela demonstração de respeito, principalmente para você Dionísio, que era sempre o deus mais rebelde. Já podem se levantar.

– O tempo me ensinou a respeitar os mais velhos − ele fala quando todos já estavam em pé − Nyx, deusa primordial da noite e de todos os monstros que nela habitam, como as bruxas, vampiros e lobisomens.

Um verso da profecia começa a martelar em minha cabeça: “mas para isso terão que se alimentar de mortais”. Vampiros se alimentam de mortais, para sobreviver, será que essa deusa teria a coragem de entregar essa maldição a 8 de nós? Provavelmente sim, já que os deuses não se importam muito com as vidas dos semideuses.

– Só estava esperando alguém me chamar − ela olha no fundo dos olhos da Natasha − Uma filha de Hipnos pelo que vejo − Natasha nem se move, ela só sustenta o olhar da Deusa − eu vim aqui para escolher entre tantos de vocês, 8 meio-sangues, mas para isso eu tenho uma condição − ela faz uma pausa esperando alguma pergunta que não vem − esses meios-sangues não poderão ser filhos de nenhum dos 10 olimpianos e nem de Hades.

–Como?! − Dionísio faz uma falsa cara de espanto e descrença, que parecia mais alivio − meus filhos não terão a honra de servi-la?

– Melhor parar Dionísio, não vou acreditar nesse seu teatro, mesmo você sendo o deus do teatro.

– Desculpa, então por quê?

– Porque já tive problemas demais com filhos dos olimpianos − provavelmente Percy e Annabeth (todos sabiam que a deusa Noite já tinha sido passada por eles) − e estou cansada dos deuses menores serem menosprezados pelos olimpianos. Eu sou mãe de Nêmesis, a deusa da vingança e justiça, e eu quero que os filhos dos “não olimpianos” tenham sua chance de brilhar. Vocês já ouviram em algum filho de um menor que fosse famoso? Já ouviu falar em algum herói que era filho de um menor? Não nos dois casos.

– E como você testara esses semideuses? − Quiron indaga.

– Simples. Farei jogos mentais com eles. Dionísio me leve ate um lugar reservado, chame os meio-sangues por ordem de chalé, começando por Iris e mande os filhos dos olimpianos para os chalés.

Dionísio leva Nyx mais o conselheiro de Iris para casa grande. Depois de um tempo vejo Natasha indo da casa grande ate seu chalé, ela andava de um modo esquisito, como todos os outros semideuses que saiam, parecia uma espécie de transe, eles andavam como Zombies.

Como sou a conselheira do meu chalé, sou a primeira filha de Perséfone a ir ate a casa grande, o que me dava um pouco de medo. O que será que acontecia lá dentro?

Nyx estava em cima de um tapete, em posição flor-de-lótus e na frente dela tinha outro tapete.

– Sente-se o mais confortável possível − ela fala sem nem mesmo abrir os olhos − eu vou pegar na sua mão e entrar na sua mente − ela diz ao me sentar.

Quando fecho os olhos estou na encosta de uma montanha.

– Você tem 1h para chegar ate o topo do morro − eu procuro o dono da voz, mas não acho e então me lembro de que Nyx esta em minha cabeça e que essa voz provavelmente é dela.

Começo a subir na montanha. A viagem era cansativa, mas ate agora não ocorreu nenhum ataque de monstro, ao chegar no final do morro avisto um quadro negro, com os seguintes dizeres:

“Três irmão compartilham um esporte familiar: a maratona ‘non stop’. O mais velho é gordo, baixinho e corre lentamente. O irmão do meio é alto, magro e mantém um ritmo constante. O irmão mais novo corre como vento, com muita velocidade.”

“os irmão mais velhos dizem: Ele é muito jovem... então deixamos correr. Com certeza ele é o numero um, mas de certa forma ele é o segundo.”

“Quem são esses irmãos?”

Três irmãos, corrida, baixo e lento, magro e constante, primeiro e segundo. Quem é o primeiro, mas também é segundo?

– Sabe a resposta? − Nyx aparece em minha frente.

– Sei − ela faz um gesto para que eu responda − os três irmãos são os ponteiros de um relógio: hora, minuto e segundo.

– Você passou na primeira fase, agora vai para a segunda.

De repente me vejo numa sala com duas portas e em cima delas tinha escrito:

“A primeira porta contem uma sala construída com lente de aumento (o sol escaldante frita instantaneamente qualquer coisa que entrar). Através da segunda porta há um dragão que cospe fogo.”

“Qual é a sua escolha?”

Penso por um segundo ate achar a resposta mais obvia do mundo.

– Está de noite, não tem como o sol me fritar.

Abro a primeira porta, a que era feita de lentes de aumento, esperando que meu raciocínio estivesse correto.

...

Acordo com uma dor latejante na parte frontal de minha cabeça. E começo a massagea-la.

– Como cheguei? − pergunto olhando para o interior do chalé de Perséfone, onde passei 5 verões.

– Eu te vi saindo da casa grande como todos os outros − Kitty me responde.

–Obrigada − digo ao entrar no banheiro. Eu nem havia trocado de roupa para dormir, nem tirado o sapato eu tirei.

Tomo um rápido banho, visto a tradicional blusa do acampamento, um minimacacão e sapatilhas roxas.

Sigo para o chalé 15, de Hipnos, para falar com Natasha sobre o teste e como ela tinha chegado ao chalé.

Bato 3 vezes na porta e quem me recebe é a própria Natasha.

– Podemos conversar? − pergunto

– Podemos.

Nós caminhamos ate o lago.

– Você se lembra de ter chegado em seu chalé de noite? − pergunto lançando uma pedra no lago.

– Não − ela responde fazendo a mesma coisa que eu − eu me lembro de ter feito a primeira parte do teste e ai quando ela me disse que eu ia fazer a segunda parte, eu acordei na minha cama no chalé, com uma dor latejante na cabeça e nem me lembro do sonho que tive. Uma coisa que nunca acontece com um filho de Hipnos.

– Aconteceu a mesma coisa comigo.

– Você acha que passou?

– Não sei, mas também não quero que isso aconteça.

– Por quê? − ela me olha com duvida − não quer ser imortal não?

– Porque eu não quero ser uma vampira, não quero ser amaldiçoada a ter que ficar sugando vida de mortais, de gente inocente.

– Então se alimenta de ladrões, assassinos, mercenários, torturadores, pedófilos ou estupradores.

– Mas eles continuarão sendo mortais, nem o bronze celestial é capaz de mata-los. E eles não são monstros.

– Tem humanos que são bem piores que muitos monstros − ela rebate.

– Mas do mesmo jeito, eu estaria me igualando a um monstro toda vez que sugar a vida de um mortal. Não vamos continuar com esse assunto o.k?

– O.k.