Quando eu acordei, Maxon já tinha saído. Fiquei estranhamente triste com a ausência dele, . Olhei para o relógio e percebi que estava atrasada para o café da manha. Me arrumei correndo e desci. Entrei apressada, assustando a todos. Sentei ao lado de Maxon e comecei a comer.

– Ops – eu disse quando percebi o meu erro – Bom dia a todos

– Bom dia – todos responderam rindo

Comemos em silencio alguns minutos, Maxon e rei Clarkson conversavam entre si sobre o país, enquanto eu e Amberly ficávamos apenas ouvindo. Sem motivo senti algo estranho tomar conta de mim. Uma tristeza subida, algo que parecia fora do meu controle.

– America? – Amberly disse baixo – você esta chorando?

Ela perguntou baixo, mas foi o suficiente para fazer Maxon e rei Clarkson se calarem e olharem para nós. De fato, eu estava chorando. Sentia as lágrimas descerem contra minha vontade.

– O que aconteceu meu amor? – Maxon perguntou calmamente

– Eu não aguento mais isso! – eu respondi limpando as lagrimas – toda essa historia de esconder a gravidez. Outro dia minha mãe ligou e eu tive que mentir para ela

– America.. – Amberly disse

– Não! Meu vestido hoje não fechou! – eu a cortei, já aos prantos – e esse esta me apertando tanto que mal consigo respirar!

– A gente manda fazer outros e.. – ela disse novamente

– Essa gravidez esta mexendo com meu corpo e hormônios, e eu nem posso falar isso para ninguém!

– Isso é normal America – Amberly estava fazendo o melhor possível para me acalmar

– Normal? Essa manha eu chorei porque Maxon não estava lá quando eu acordei. E agora eu estou chorando porque lembrei disso! – eu disse escondendo o rosto entre as mãos

– America – Maxon disse levantando apressado e ajoelhando ao meu lado – você ficaria melhor se eu prometesse esperar você acordar todos os dias?

Fiz que sim com a cabeça, mesmo sabendo que era bobeira minha. Maxon sorriu e beijou minha testa.

– Eu ia falar sobre isso com vocês – rei Clarkson disse

– Sobre isso o que? – Maxon perguntou sentando novamente em sua cadeira

– Ligue para seus pais America. Conte sobre a gravidez – ele disse – no próximo jornal oficial tornaremos isso publico.

– Serio? Eu posso mesmo? – eu disse animada

– Diremos que esta de três meses de gravidez. Você continuara usando cintas, para esconder a barriga.

– É melhor do que nada – eu disse levantando – vou ligar agora!

Sai correndo e abri a porta, esbarrando repentinamente em um guarda. Quase cai para trás, mas ele me segurou a tempo.

– Olhe por onde anda Meri!

– Aspen? – eu perguntei olhando para o guarda – Aspen!

– Quem mais? – ele disse sorrindo

Abracei ele com força. Era bom ter um amigo ali dentro. Estes últimos meses, Aspen voltou a trabalhar no palácio, mas assim que chegou, já foi mandado para os postos de orientação do fim das castas. Maxon encarregou ele como comandante, o que deixou Aspen muito feliz. Ele nos ajudou no planejamento, nada mais justo do que comandar.

– Estava correndo assim porque? – ele perguntou me soltando

– Porque estava indo ligar para casa. Mas me diga, como esta sendo comandar o fim das castas?

– Um sonho se tornando real. Perdi a conta de quantas pessoas eu pude ajudar.

– Estou muito feliz. Mas agora eu preciso correr. Preciso falar com meus pais, urgente. Te procuro mais tarde, pode ser?

– As suas ordens princesa America – ele disse fazendo uma reverencia

Sorri e voltei a correr. Assim que cheguei na porta, um guarda me interrompeu.

– Desculpe princesa America, mas.. – ele disse

– Mas nada. Eu vou entrar no escritório. Eu tenho permissão para isso.

– E sei, perdão. Mas eu fui incumbido de lhe dar um recado

– Ah! Sim. Diga.

– A senhora tem visita. No salão das mulheres

– É estranho quando me chamam de senhora. Eu me sinto mais velha, sei lá. Você não acha?

– Acho que sim senhora – ele respondeu segurando o riso

– Mas eu sou casada certo? É assim que deve ser. Senhora America.

O guarda sorriu levemente e olhou para a escada atrás de mim. Eu olhei para onde ele olhava e arquejei.

– Kriss?

– America – ela disse se aproximando devagar – é bom revê-la

– Com licença – o guarda disse fazendo uma reverencia e se retirando

– Acho que nunca vou me acostumar com isso – eu disse

Kriss riu e me abraçou forte. Com a mesma força que eu abracei Marlee. Senti minha barriga incomodar de leve, mas mordi o lábio e torci para ela não percebê-la. Kriss se afastou sorrindo.

– Como está o casamento? – ela perguntou, me deixando aliviada.

– Umas briguinhas bobas, mas cada dia melhor.

– Você? Brigando? Não acredito!

– Que ultraje! Insultando um membro da família real! Cortem-lhe a cabeça! – eu disse fazendo uma encenação exagerada, fazendo Kriss rir.

– A mesma America de sempre

– Porque eu mudaria? – perguntei – conquistei o príncipe dessa forma

Kriss sorriu sem graça e baixou a cabeça, me fazendo sentir remorso na hora.

– Kriss – eu disse colocando a mão no ombro dela – perdão!

– Perdão? – ela disse rindo – pelo que? Está mais que certa!

– Ainda assim. Foi um comentário inapropriado – eu disse rindo

– Falou com seus pais meu amor? – Maxon perguntou subindo a escada correndo

Quando ele chegou ao topo da escada, Kriss olhou para trás, fazendo Maxon congelar no lugar.

– Kriss? – ele disse ainda surpreso, mas abriu um sorriso encantador.

Maxon se aproximou dela, dando-lhe um abraço. A America ciumenta começou a fazer força para se libertar. Mas segurei a saia do vestido e olhei para o interessantíssimo quadro ao meu lado.

– O que faz aqui? – ele perguntou, finalmente soltando ela, mas continuando irritantemente próximo.

– Vim rever a America – ela disse dando um passo para trás

– Ah. Claro – Maxon disse, parecendo um pouco decepcionado.

– Kriss, me espera no salão das mulheres, eu preciso resolver umas coisas – eu disse – Maxon? Vem comigo!

– Claro America – Kriss disse e depois olhou para Maxon

Maxon sorriu para ela. Eu já não conseguia mais controlar a raiva e puxei ele pela blusa. Kriss saiu apressada e sumiu. Puxei Maxon para dentro do escritório comigo, empurrei ele para uma das cadeiras e bati a porta. Debrucei sobre ele, prendendo ele ali.

– Qual o seu problema? – perguntei quase gritando

– Que isso America?

– Ia ficar flertando com a Kriss? Na minha cara?

– Eu não estava flertando com ninguém!

– Ainda tem coragem de negar?

– America para!

– Você quase escolheu ela como esposa! – eu disse me afastando – podia muito bem ser ela aqui agora. Escondendo a gravidez.

– America, você esta exagerando!

– Ah! Estou?

– Esta!

– Estou?

– Esta America! Nunca foi segredo que eu amo você. Desde o começo. E muito menos para Kriss. Ela sempre soube que era você America – ele disse se levantando e andando em minha direção – sempre foi, e sempre será!

– Não vou cair no seu papo – eu disse, já mais calma

– Não? – ele passou a mão por debaixo dos meus cabelos – pois eu acho que já caiu

Sorriu e me beijou.

– Vai ver se a Kriss quer seus beijos – eu disse virando o rosto

– Tão difícil – ele disse com o rosto no meu pescoço – eu não a quero America, você sabe.

– Não, não sei! – disse me afastando

– Não faz isso America! – Maxon disse recostando na mesa

Peguei o telefone e liguei para casa. Contei primeiro para minha mãe. Disse que estava com três meses, obvio. Ela ficou histérica no telefone e May assumiu o posto. Contei para ela e ela também ficou histérica. Quando finalmente meu pai pegou o telefone delas e ouviu o motivo da gritaria, ele ficou extremamente feliz e me parabenizou. Contou para Gerad, que tinha chegado perguntando o que houve, e ele ficou feliz do jeito dele. Depois de longos minutos conversando com meu pai e ouvindo os gritos da minha mãe e May ao fundo, eu desliguei. Olhei para Maxon, que sorria ainda encostado na mesa, e sai andando com o queixo para cima.

– America? – ele disse vindo atrás de mim

– Não posso, estou indo falar com sua querida – disse, tentando soar o mais esnobe possível

– Ela não é minha querida, America, para com isso – ele disse me segurando pelo braço.

– Não consigo Maxon. Eu estou com mais raiva que o normal. Me deixe – eu disse puxando meu braço de volta e indo embora.

Maxon não foi atrás de mim, o que me deixou ao mesmo tempo satisfeita e triste. Entrei no salão das mulheres, e Kriss estava levantando.

– Achei que não viria mais – ela disse

– Tive que resolver umas coisas – eu disse me aproximando – demorou mais do que esperava.

– Não posso ficar muito tempo, só vim dar um oi mesmo. Espero que minha visita não tenha causado mais briguinhas

– Um pouco. Mas não é bem sua culpa. Eu que não estou no meu normal – disse sentando no sofá

– Como assim? – Kriss perguntou sentando ao meu lado

– Você logo vai entender, mas agora não é o momento.

Depois de alguns segundos olhando para o nada em silencio, Kriss não se conteve mais.

– Como é? – ela perguntou

– O que?

– Estar casada com o Maxon!

– Ele é perfeito. Se esforça muito para garantir que estou confortável e feliz. Em nenhum momento sinto vontade de voltar para minha cidade. Sinto falta da minha família, mas não me imagino longe dele – eu disse sorrindo – às vezes eu sou ate dura demais com ele.

– Tenho certeza que ele gosta – ela disse – afinal, vocês se conheceram brigando.

– Faz parte do meu charme. Mas e você?

– Estou bem. Cheia de pretendentes.

– Hmm.. Kriss!

– Mas nenhum é o meu amor de infância. Esse ainda não se manifestou. Fala oi e tal, mas nunca falou nada.

– Poxa, que pena! Vou mandar uma carta para ele – eu disse, fazendo Kriss rir

– Ah! Soube da Celeste?

– Não! O Que? Me conta!

– A agencia de modelo que ela trabalhava a dispensou porque o publico pegou raiva dela por causa da seleção!

– Mentira?

– Ninguém a contrata com medo de sair no prejuízo!

– Nossa! Você tornou meu dia mais feliz!

– Tenho que ir America, eu só vim para te ver rapido – Kriss disse levantando

– Poxa. Que pena que já vai. Escreve para mim! – disse levantando devagar

– Irei escrever sim!

– Não vou te levar a porta, porque estou enjoada. Vou dar uma passada no medico agora.

– Tudo bem America, eu sei o caminho!

– Tchau Kriss – eu me despedi com um abraço

– Ate America

Kriss foi embora, olhando em volta. Sentei novamente no sofá e recostei a cabeça. Fazia tempo que não sentia enjoo, então resolvi não inventar de ficar andando sozinha.

Por incrível que pareça, eu acabei dormindo ali mesmo. Acordei com alguém me carregando no colo. Aquele perfume era inconfundível, era Maxon. Abri os olhos devagar. Resmunguei para ele me soltar, mas ele ignorou e continuou me carregando. Abriu a porta do nosso quarto e me colocou delicadamente na cama. Quando vi que ele estava saindo, fiquei triste.

– Max! – eu gritei, fazendo ele parar com a mão na maçaneta

– Sim? – ele disse virando para me olhar

– Volta – eu disse em voz baixa

– Não esta mais com raiva de mim? – ele disse se aproximando

– Não sei – eu disse puxando as cobertas – fica aqui comigo?

Maxon sorriu de lado, tirou o sapato e o paletó e deitou, puxando a coberta para nos cobrir. Me acomodei em seu peito e dormi novamente. Quando acordei, olhei para o relógio, e estávamos atrasados para o almoço. Maxon não dormiu, ficou apenas deitado, lendo um livro e servindo de travesseiro. Sentei na cama, sentindo minha barriga roncar.

– Sonho ruim? – Maxon perguntou colocando o livro sobre o criado mudo

– Não sei o que sonhei – eu disse virando para ele

– Então porque levantou assim?

– To com fome.

– Quando você não esta com fome? – ele perguntou rindo

– Quando eu estou com sono

Maxon gargalhou e me ajudou a levantar.

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Durante a tarde, andei pelo castelo procurando Aspen. Depois de não achar, pedi a um guarda para dizer que estava procurando por ele. Fui para meu quarto e fiquei olhando as anotações de Maxon sobre a mesa. Poucos minutos depois, Aspen me chamou na porta. Pedi que ele entrasse.

– Pois não princesa America? – ele disse fechando a porta

– Precisa mesmo disso? – eu perguntei rindo

– Sou pago para isso! – ele respondeu

– Certo. Eu te chamei para contar uma coisa – eu disse sentando na cama

– Conte – Aspen disse puxando a cadeira e sentando de frente para mim

– Eu estou grávida – disse sem nem pensar

– O que? Mas já? – ele perguntou quase gritando

– SHH! Ninguém sabe ainda!

– Parabéns Meri – ele disse levantando correndo e me puxando para um abraço

– Cena bonita – Maxon disse parado na porta

– Max! – eu disse com uma voz mais aguda

– Explicações agora ou mais tarde? – ele perguntou fechando a porta com um empurrão

– Calma cara – Aspen disse se afastando – só estava parabenizando ela pela novidade

– Contou a ele? – Maxon perguntou, ainda mais irritado

– Melhor você ir Aspen – eu disse devagar

– Ate depois então – ele disse saindo

Depois que Aspen saiu, ficou um silencio mortal no quarto. Maxon respirava rápido e seu peito subia e descia. Não sabia o motivo de tanta raiva e muito menos o porque eu estava me sentindo mal por aquilo.

– Brigou comigo mais cedo por causa da Kriss e eu te pego sozinha com ele? – Maxon diz apontando para a porta

– Eu só estava contando da gravidez

– Porque?

– Porque somos amigos!

– Sei – Maxon disse se virando para ir embora

– Max não! – eu gritei – onde você vai?

– Andar – ele disse fechando a porta

Comecei a chorar e soluçar no mesmo instante. Cai de joelhos no chão, fui deixando meu corpo cair ate estar deitada. Não sei quanto tempo fiquei ali jogada, mas ouvi a porta abrindo seguido por alguém exclamando meu nome. A pessoa me segurou pelos braços e me pôs de pé. Pisquei para tirar a lagrima dos olhos e finalmente vi de quem se tratava. Rei Clarkson. Atrás dele estava Amberly, com as mãos cobrindo os lábios.

Eles me levaram ate a ala hospitalar, sem nem ao menos falar nada. Apenas me puxaram. Fiz meu melhor para me recompor. Alisei o vestido e enxuguei o rosto. Nem tentei sorrir, pois era evidente que não estava bem. Não queria estar no hospital, mas nenhum dos dois quis me dar atenção. Com razão, me encontraram jogada no chão do quarto. Depois do Dr. Marcus fazer seu trabalho e garantir que estou bem, se retirou.

– Esta tudo bem America? – Clarkson perguntou

– O que aconteceu? – Amberly perguntou, me puxando para sentar na cama

– É.. Porque foram ao meu quarto? – disse de cabeça baixa

– Estávamos procurando Maxon - Amberly disse – como foi com seus pais?

– Tudo bem – eu disse, finalmente olhando para cima – eles ficaram muito felizes. E pode deixar, estou apenas com três meses de gravidez.

– Ótimo – Clarkson disse

Amberly se sentou ao meu lado na cama e colocou a mão sobre minha barriga.

– Essa fase ruim vai passar – ela disse – acredite em mim

– Porque você estava deitada no chão? – Clarkson perguntou, se aproximando um pouco mais.

– Não quero falar sobre isso – consegui dizer

Amberly respirou fundo e me abraçou.

– O que aconteceu? – Maxon perguntou entrando no quarto apressado

– Eu que lhe pergunto Maxon – Clarkson perguntou, entrando na frente dele, impedindo Maxon de se aproximar de mim.

– Não sei, acabei de chegar!

– Vamos deixar os dois a sós – Amberly disse levantando

– Deixar eles a sós, ou eu e Maxon a sós? – perguntei começando a levantar

– Você e Maxon, claro – Amberly disse me empurrando de leve de volta para a cama – Vamos Clarkson.

Depois que eles dois saíram, Maxon e eu ficamos em silencio, olhando um para o outro. Esse negocio de silencio constrangedor já estava me irritando. Mas antes que eu quebrasse o silencio, Maxon o fez.

– Então?