War Z - interativa escrita por Gio Boni


Capítulo 1
Lua vermelha


Notas iniciais do capítulo

Esse capitulo é apenas uma lembrança do ultimo dia normal da minha personagem, estarei revezando pelos personagens,medindo a quantidade de rewiens do autor. A história se passa um ano depois do ataque. A ficha esta nas notas finais.
Haverão cargos no grupo,escolha pensando na personalidade do personagem.
E são apenas 6 vagas,no máximo.



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20 de Janeiro de 2014

O dia amanhecera nublado em Atlanta, talvez fosse pela poluição das grandes indústrias ou ate os inúmeros tráfegos de carros já parados nas principais avenidas da enorme cidade. Pessoas sem paciência alguma deveriam, com toda a certeza,morar em cidades do interior,assim não testariam seu mal humor parado no meio de uma fileira de carros.

Era assim que Emma L. J. Willians pensava,semi deitada em uma cama king ,com o corpo seguramente erguido por montanhas de almofadas e travesseiros. Os cabelos loiros e lisos demais para aguentarem um segundo em penteados bem elaborados – que não chegavam a ser tão longos quanto ela queria,devido ao seu trabalho – estavam presos firmemente em um coque apertado no alto de sua cabeça.

Usava uma simples camisola azul-gelo que seguia ate os joelhos – mas , com a despreocupação em arruma-lo, a bainha estava no meio de suas cochas. O rosto sardento e de um tom pálido rosado não possuía marca nenhuma – de Acnes ou cortes. Era esbelta,porem sentia-se desconfortável usando vestidos ou roupas justas,até curtas a irritavam. Agora, com sua pequena mão, ela folheia da página 164 para a 165 – o livro tinha ,ao todo, 340 paginas.

Os olhos azuis e pequeninos leem cada linha com verocidade, demonstrando sua paixão pela leitura. Parece ignorar a mão masculina que insistentemente tenta chamar a sua atenção, o homem deitado ao seu lado encontra-se completamente coberto por um lençol branco, negava-se a sair dali,do aconchego da própria cama.

– Red. – Ela murmurou, encolhendo as pernas,para que em seguida pudesse chutar o tornozelo do homem ao seu lado. Ele nada fez,alem de soltar um gemido doloroso. – Acorde.

Ele se remexeu.

– Red. – Ela chamou-o novamente, agora desviando sua atenção para o homem. – Levante-se. Temos que acordar as crianças...

– O que? – O homem perguntou,a voz rouca e grossa soava sonolenta e fraca. A mão,que antes acariciava as pernas da mulher,agora puxavam o lençol.

Tinha os cabelos pretos e curtos, lisos e arrepiados. Os olhos eram grandes e azuis-piscina,um belo azul, e piscavam curiosos. Bocejou. As sobrancelhas eram grossas e destacavam seus orbes. Tinha o queixo quadrado e imponente,ombros largos e monolíticos, ostentava uma aparência imponente. Talvez fosse perfeito de mais para ser um modelo, mas a verdadeira paixão daquele homem era a cozinha, comidas exóticas. Um perfeito Chef. Seu corpo magro e forte era apenas coberto por uma Box preta, a cor preferida de Red.

– Acordar as crianças. – Repetiu Emma, agora dobrando a ponta da pagina 165 e fechando o livro,para em seguida,pousa-lo sobre o criado mudo.

– Mas ainda são...- ele murmurou,desviando os olhos para o despertador,eram 5:50 A.M. Faltavam dez minutos para que ele tocasse.

– Não importa.

– Emma.

– O que?

– Fala sério,você dormiu essa noite? – A voz masculina soou preocupada,mas ao mesmo tempo soava com um tom de costume. Como se Emma fizesse isso sempre.

Emma virou-se para o homem, despreocupada com a pergunta. Quase a ignorando.

– Emma,você tem que dormir...- Ele dizia exasperado,as sobrancelhas grossas uniam-se em um franzir . – O que a sua mãe vai dizer quando ver a única filha assim,com essas olheiras enormes debaixo dos olhos?

– Não me importo Red. – A loira murmurou.

– Anime-se boneca,estamos entrando de férias depois de anos sem folga. – O homem sorriu e avançou sua mão ate o rosto de Emma,acariciando a bochecha com o polegar. Ela suspirou e então retribuiu o sorriso. – A primeira viagem das crianças.

– A primeira viagem em família. –Corrigiu Emma.

Ela o beija – rapidamente,mas na boca – pouco mais do que um selinho amistoso. O beijo dura alguns segundos. Red sorri,agora de canto,e então a puxa novamente para si,e ouve um suspiro sair do lábios de Emma,quando os seus próprios lábios pairam sobre os dela. Ela se sente flutuar no aconchego do marido,como sempre se sentia. O gosto de Red não mudara, pasta de dente de hortelã, café,fumaça,chiclete Juicy Fruit e também um pouco do maldito gosto da falta de escovação dental matinal,talvez dela própria – era um pouco nojento . Mas isso não a incomodava. Red tinha uma estranha mania de acordar de madrugada para escovar os dentes.

Emma conhecera Red no auge de seus 17 para 18 anos, estava iniciando os estudos de Direito em Oxford. Apenas uma jovem garota atrás de seu sonho,ser uma boa advogada. Red trabalhava na cantina da faculdade, era tão belo que durante todo o dia, a fileira da cantina era enorme – em sua maioria,garotas eufóricas. Ela era uma dessas garotas, junto de suas amigas Valerie e Noreen Waltmore. Fora ela que perguntara seu nome, fora ela que ia sempre visita-lo. E então fora ele que a chamara para sair um dia, quando não estivesse ocupada. Apenas algo normal. Um encontro organizado pelo destino. Então , Bobby viera quando Emma tinha 19 e assim o casal resolveu de uma vez por todas juntarem-se. Casaram-se no mês de Abril,no dia 12 de 2005.Em 2006,viera Ronnie,a garotinha mascote da família. E assim a nova família Willians estabelecera-se financeiramente, socialmente e familiarmente.

Durante todo os nove anos juntos, ele fizera muito por ela. Ela lhe devia sua vida mais de dez vezes. Emma se afasta, abre a boca, pressiona os seios contra ele,e ele sorri divertido.

– O que foi? – Ela o encara, examina os grandes olhos azuis. Ela fizera alguma coisa errada?

– Acordar as crianças. – Ele murmura,repetindo o que sua esposa dissera,minutos atrás.Ela ri sem jeito e o empurra de volta para a cama,suas mãos seguram os ombros masculinos.

– Idiota. – E o beija novamente, agora apenas um toque leve,como se dissesse “ Bom dia,meu amor!”. E então se afasta ,sentando-se na beirada da cama. – Vamos de uma vez...você sabe que eles enrolam demais.

– Não sei a quem puxaram,bonequinha. – Red puxa Emma para trás e a abraça, afundando o rosto por entre o pescoço feminino. – E não se preocupe tanto... Estamos três horas adiantados.

– Sim,mas ate chegarmos ao aeroporto já vai ser uma longa viagem. – A voz feminina soou dramática.

Barulhos de passos são ouvidos por ambos, vinham do corredor. Eram lentos e pareciam se arrastar por toda a extensão do corredor.Emma virou o rosto para Red,curiosa. Eles se aproximavam da porta entreaberta do quarto do casal. Red arqueou a sobrancelha e fixou os orbes azuis sobre a porta de madeira marrom ornamentada com adesivos vermelhos vinho de bonequinhas, obra de Ronnie.

Uma mãozinha pequenina surge por entre o vão da porta,ela agarra a madeira e a empurra. Pela casa ser um tanto escura,a principio eles veem apenas vultos pequenos.

Eram Ronnie e Bobby.

Ronnie,com seus cabelinhos escuros e olhos verdes – herança da mãe de Red – aproximava-se com lentidão.Em suas mãos,estavam o coelhinho cinza que ganhara dos pais ao nascer. Bobby vinha logo atrás,abria a boca de segundo em segundo,mas nada falava.

– Ronnie? – Emma chamou-a.

A garotinha então soltou um gritinho e correu na direção de sua mãe,esticando os braços para frente,tentando aproximar-se o mais rápido possível. Red afastou-se quando viu o corpo da esposa cair sobre a cama e ela rir. Ronnie começou a rir junto da mãe.

– Vejo que esta empolgada querida. – Red diz,observando as duas mulheres de sua vida divertirem-se assim. Bobby ainda caminhava lentamente, bocejava e franzia a testa,sonolento. – E ai garotão,dormiu bem?

A cabeleira escura se remexe a medida em que ele confirma que dormira bem. Usava um pijama de frio e seus olhos voltavam-se para seus pais e sua irmã com sonolência explicita. Aproximou-se o bastante para que pudesse se jogar na cama dos pais e ali mesmo fechar os olhos.

– Ah,não vai dormir de novo não. – Emma negou,empurrando Ronnie para o lado e dedicando-se a beijar a bochecha do garotinho.

– Mamãe... – Chamava Ronnie,agora sentada ao lado de Red. -...A vovó vai preparar os bolinhos de chuva,certo?

– Sim querida,ela vai. – Confirma Red,ao invés da própria Emma responder.E então sorri carinhosamente para a garotinha. – E vamos engordar uns bons quilos lá.

– O que querem para o café? – Perguntou Emma,afastando-se de Bobby e voltando a se sentar na cama.

– Eu quero waffles. – Anunciou Ronny,sorridente. Red agora a abraçava carinhosamente,enquanto murmurava palavras fofas e carinhosas em seu ouvido.

– Eu quero sucrillos. – Respondeu Bobby fracamente.

– Ok. – Red esfregou as mãos e observou Bobby. – Não vai querer waffles do papai?
- Acho que ele sabe o que é melhor. – Brincou Emma piscando para o marido,mas recebeu apenas um olhar azedo. Riu de leve com isso. – Vamos pessoal...vão se arrumar,estaremos preparando o café.

– O que? Mamãe,você é a que demora mais se arrumando,deveria começar agora.- Disse Bobby ingenuamente,mas viu sua mãe apenas dar de ombros,como se não pudesse negar aquilo.

Emma então,aos olhos da sua família,trancou a porta do banheiro.

Red ria ao ouvir Bobby cantando junto do estranho pirata que aparecia na abertura de Bobby Esponja calça quadrada. Ronnie ainda não descera. Os waffles estavam cheirando muito bem, havia mel,geleia e manteigas sobre o enorme balcão de mármore. Uma garrafa de suco de Laranja natural,junto de alguns pedaços de frutas descentemente cortados em cubinhos ou separadas pelo tamanho. Um breve capricho de Red Willians.

Embora estivesse com um embrulho no estomago,sabia que aquele dia seria fantástico para a família. Ronnie e Bobby nunca haviam viajado devido aos pais sempre ocupados. E então,quando a sua sogra comentara sobre a ausência de ambos no crescimento dos filhos,resolveram juntar um tempo grande para viajarem ate o Brasil,direto para a casa de Maria Oliveira Jackson, a doce mãe de Emma. Maria,brasileira, era viúva de John Jackson,um Nova Yorkino alcoólatra que morrera a 20 anos.

Sabia o quão sortudo era por ter aquela família. Por ter Emma e por ter seus filhos,ate agradecia por ter sua sogra – embora ela fosse insuportável as vezes. Os pais de Red moravam na Austrália,como bons Biólogos curiosos e apaixonados demais para se lembrar que possuem filho,netos e nora. Sabia que as vezes era exagerado,ingrato talvez,ou ate egoísta. Sua mãe ligava toda a semana para falar com cada um da família.

Red colocou o waffle num prato simples e encheu-o de chocolate derretido,uma deliciosa combinação que Bobby aprovava com todo o fervor. Havia conseguido convence-lo a come-lo. Ao lado do prato do filho,havia mais três vazios. O homem dos olhos azuis,assim que ouviu passos vindos das escadas, apressou-se em preparar os outros dois pratos com waffles,conhecia o gosto de cada pessoa daquela casa. Ate da estranha irmã de Emma,que morava naquela casa,mas fazia questão de sumir para a casa do namorado por dias.

– Olá. – Ronnie surgiu,usando um vestidinho jeans cheio de botões brancos e bolsos. OS cabelos estavam presos em um rabo de cavalo alto,com as pontas naturalmente onduladas. Sorria abertamente,pois sabia que estava linda. – Hmmm....waffles.

– Sente-se moça bonita. – Red apontou para a cadeira a frente de Bobby,com satisfação em ver a filha tão linda. – E coma seu waffle com geleia de cereja.

– Credo. – Enojou-se Bobby,com os lábios lambuzados de chocolate. – Cereja com waffle.

– Credo você. – Emburrou-se Ronnie,cruzando os braços. – Chocolate de manhã? – E virou-se para o pai,indignada. – Que pais são vocês? Nos incentivando a comer doce de manhã?

– Não reclame. – E Emma adentrava na cozinha sorrindo. Usava uma bermuda feminina branca cheia de bolsos, uma blusa azul de seca com dois botões – que abertos fariam um decote discreto,mas que ela preferia manter pelo menos um fechado. Alcançou o controle e desligou a TV,sendo que ninguém percebera isso. – Minha mãe me fazia comer mingau de manhã querida, então acho que você não deveria reclamar tanto.

– A vovó não fez isso. – Horrorizado,Bobby balançava a cabeça incrédulo. Sabia o quão ruim era mingau,mas não sabia que sua avó era tão má. – Mingau é tãooo ruim.

– Eu sei. – Red riu de leve e apontou a mediana colher de pau para Bobby – a colher estava suja de resquícios dos ovos mexidos ,ainda na panela. – Então parem de falar...se não,talvez eu prepare mingau todas as manhãs.

E o casal se entreolhou divertido. Red por fim serviu a esposa e a si mesmo, Bobby curvou-se sobre o balcão,com um braço apoiando o seu peso e o outro esticado na direção do controle remoto. Havia uma televisão de 29 polegadas ali,presa na parede.Assim que pegou-a,percebeu os orbes azuis da mãe repreende-lo.

– Sem Tv no café. – Ela avisou,abocanhando um bocado dos ovos mexidos e saboreando,deliciada. Bobby soltou o controle,próximo a si.

– Mas mãe...

– Bobby.

– Mãe.

– Red. – Emma parecia irritada com a insistência do garoto.

– Pai. – Bobby tentou.

Ronnie observava a tudo quieta,segurava o riso. Apenas continuou a comer seu waffle. Minutos depois,Bobby sorria vitorioso vendo o desenho.

– Mas pelo menos me deixe ver o jornal. – Emma tomou o controle e trocou de canal subitamente,Bobby tentou reclamar,mas apenas recebeu um cutucão do pai,que negava a cabeça.

Red colocou toda a sua atenção no jornal. Mostrava uma multidão numa correria alarmante,apenas isso. Depois focava nos tanques de guerra,que passeavam,como se fosse a coisa mais normal do mundo,pelas ruas da cidade de Atlanta. E em seguida sobre o exercito,que aproximava-se da cidade.

– Talvez uma guerra. – Exclamou Bobby empolgado.

– Bobão,guerra no centro da cidade? – Exclamou Ronnie,como se o que ele havia dito fosse ridículo.

Emma estava pronta para interromper a briga,quando ouviu o ranger da porta da frente. Encolheu-se,a espera da pessoa. Passos pesados seguiam para a cozinha,e alguns resmungos.

E por fim a irmã de Emma surgiu,usando uma maquiagem fortíssima sobre os grandes olhos azuis. Os cabelos loiros claríssimos eram longos e ondulados, as roupas escuras destacavam a pele extremamente pálida. Em seus ouvidos,grandes fones ligados ao seu mp7,pendendo no bolso do casaco de couro.

– E ai? – Ela acenou.

– Lauryn. – Emma chamou-a,assim que Lauryn deu alguns passos para a escada. – Arrume suas coisas,estamos indo para a casa da mamãe.

– Já? – A loira meneou a cabeça de lado,mostrando o desanimo em viajar para o Brasil. – Odeio o calor de lá.

– Arrume as suas coisas. – Repetiu Emma.

Red sentia-se estranho,ao vê-las discutindo de um modo tão discreto,geralmente Emma pirava a ponto de jogar panelas na irmã e vice-versa.

– Tudo bem policial Willians. – Lauryn sorriu divertida para Emma, deu de ombros e subiu as escadas. – Em meia hora estarei pronta.

– Ande. – Exclamou Emma,enfurecida.

Sim,aos 26 Anos Emma fizera um concurso e passara na primeira chamada. Agora era mais uma policial federal da cidade de Atlanta,trabalhando dois dias sim,dois dias não – Sendo que nesses dois dias de trabalho ,ela vara 24 horas sem parar.

– Aonde a tia Lauryn estava,mamãe? – Questionou Bobby,curioso.

– Na casa de uma amiga. – Murmurou Red,esperando que Emma não descontasse sua raiva nos três. Lauryn era um grande problema que Emma trouxera para Atlanta,quando resolveram viver juntos. Não queria ter que pedir para sua esposa escolher entre eles e a irmã caçula,porque talvez a resposta fosse totalmente o contrário do que gostaria de ouvir.

Assim que os pratos esvaziaram-se,Red tomou a posição de autoridade maior ali e mandou a todos que descessem as malas,para que pudesse chamar o taxi e enfim ir para o aeroporto. Caminhou,em passos apressados,para a sala e lá mesmo discou para uma Campânia de taxi,a espera de que pudessem mandar,pela quantidade crescente de malas, pelo menos dois taxis. Um para as malas,outro para todos ali.

– E ai? – Questionou Emma, colocando no chão sua maletinha de maquiagem e se aproximando do marido,curiosa. – Já resolveu?

– Ninguém atende. – Respondeu e passou a mão livre por entre os cabelos. Realmente, o telefone não fazia nada alem de tocar e tocar.

– Podemos ir com o nosso carro,e então pedir para o Matt ir busca-lo.Que tal? – e a mulher virou para que pudesse ,agora,ajudar as crianças a descerem as próprias malas. – Qualquer coisa ligue pro Matthew e peça pra ele, não há reembolso de passagens querido.

Red assombrou-se,embora não fosse burro, ainda havia essa. Jogou-se sobre o sofá e continuou na tentativa de contatar a Campânia de taxi,agora enfurecido. Discou mais duas vezes,e finalmente desistiu,agora discando um numero muito conhecido.

No primeiro toque,já pode ouvir a voz de Matthew Thompson.

– Alô?

– Matt,aqui é Red. – Disse,com a voz firme. – Sei que,assim como nós,vocês estão indo passar umas férias fora...

– Em um sitio, herança de meu pai. Fica a alguns bons quilômetros de Atlanta.

– Sim,eu sei...bem,não conseguimos taxis para nos levar e levar as malas. – Continuou a explicar. – E Emma falou que talvez,vocês pudessem vir buscar nossos carros no aeroporto.

– Hm...que horas?

– Estaremos saindo de casa daqui uns 30 minutos,chegaremos lá por volta das oito e vinte, se pudesse adiantar-se ate lá...

– Ah,ok. – A voz do Matt soou baixa. - Estamos saindo daqui agora,espero não pegar transito.

–Tudo bem. Obrigado Matthew.

– Ah,de nada cara.

E por fim a ligação chegara ao fim. Red pousou o fone por sobre o gancho e permaneceu ali,deitado no sofá a espera de Emma,Bobby,Ronnie e Lauryn. E ate o final do dia,eles estariam a caminho do Brasil.

Bem,era o que ele esperava.

O transito estava uma loucura.

Emma roia a unha de tanto nervosismo,estava indo ver a sua mãe. Ver seus primos,Avós materno,tios.... Não era como se ela estivesse querendo rever toda a sua – enorme – família,mas ...se ia para o Brasil,teria de se contentar em ver pelo menos 97% da família Oliveira. Lauryn estava deitada no banco de trás,tirava um de seus incontroláveis e petrificantes cochilos. E a caçula da família Jackson não parecia perturbada em rever seus tão problemáticos parentes maternos.

A Willians ousou buzinar não uma,mas várias vezes,como uma lunática. Realmente não sabia como viera morar em uma cidade grande,se não possuía uma paciência característica de Red. Falando em Red,ele estava em seu Ford K Preto,dois carros atrás do de sua esposa,e a cada segundo mandava-lhe mensagens anunciando o quão divertido estava por lá.

– Porque esta buzinando? – Ouviu a voz de Lauryn soar baixa,e a irmã lutar para se sentar no banco.

– Odeio isso. – Respondeu.

– Isso?

– O transito Lauryn,o transito. – Disse Emma com uma sobrancelha arqueada e o rosto virado para trás,os lábios finos e rosados mantidos numa linha reta,as narinas infladas.

– Hm,você parece não ser a única Enny. – Comentou a caçula,coçando os olhos e bocejando em seguida.

Red ouvia a discussão de Bobby e Ronnie, mas ainda não entendia aonde aquelas pequenas e espertas crianças queriam chegar. Olhou para o retrovisor, a procura de algo para pensar ou dizer. Mas não havia absolutamente nada.

– Papai, lei marcial são regras,não são? – Bobby questionou, observando curiosamente o franzir da testa do mais velho.

– Sim, são regras impostas para todo o país. – Respondeu, sentindo-se orgulhoso em saber responder aquela pergunta.

– Viu Ronnie, não tem nada ver com marcianos ou alienígenas. – Exclamou o garotinho euforicamente, apontando, com seu dedo magricela e mediano, para a irmã,que cruzara os braços e virava o rosto para a janela.

– Mas o nome engana qualquer um. – Comentou Ronnie emburrada.

O homem dos grandes olhos azuis agora fitava a garotinha caçula da família com saudosidade, carinho, amor... Ronnie era uma caixinha de excentricidades, como sua própria esposa era. Já Bobby ,um garoto tranquilo e tão inteligente,mas que,assim como o pai,possuía um grande defeito,a arrogância.

– Papai,porque a mamãe não pode vir conosco? – Ronnie desviara o assunto,fixando os orbes verdes em Red. Olhos semelhantes aos de Rachel,a avó paterna daquelas crianças.

– Porque ela se ofereceu em levar as malas,e eu aceitei...- Ele disse,sorrindo de leve para a filha. -...e já pensaram no que vão pedir para a vovó fazer quando chegarmos?

– Bolo de cenoura. – Bobby e Ronnie responderam em unissom,empolgados.

– Tudo bem então,mas lembrem-se. – Red ergueu a mão,como se estivesse pensando.- Vovó não é uma chefe,então o bolo talvez não saia tão bom quanto o do papai aqui.

– Ah pai. – Riu Bobby,parecendo estar um pouco indignado. – Vovó é uma ótima cozinheira.

– O que?

– Ela talvez supere o senhor um dia. – Ronnie comentou pensativa.

Emma sentia-se inundar com a melodia agitada de Obsession,Sky Ferreira. Ouvia os irritados murmúrios vindos de Lauryn,mas ignorava. Suas mãos batiam,com leveza,no volante e ela balançava a cabeça de um lado para o outro,os cabelos soltos balançavam e chicoteavam o ar,ousavam ate a bater no rosto de Lauryn,que estapeava o ombro da irmã mais velha.

– Talvez eu não te trague de volta. – Comentou a Willians ,coçando o queixo e observando a irmã congelar,assustada.

– O que?

– É,mamãe a quer de volta. – Respondeu,fazendo um biquinho. – Quer morar em Santa Catarina?

– Não,estou bem em Atlanta. – Lauryn jogou-se no banco e levantou as pernas,para que os pés,agora descalços,descansassem na janela.

Maria Oliveira Jackson, dona de casa,aposentada,viúva. Conhecera John Jackson em meados dos anos setenta,enquanto se juntara a um movimento hippe, ela usara aquelas calças coloridas sim, os cabelos dela eram armados – porque esse era o estilo da época. John Jackson era um rockeiro,e pelo o que Maria contava as filhas,fora um romance maluco. Emma nascera após 10 anos de namoro do casal,e 13 anos depois viera Lauryn.

John Jackson esta morto.

Emma repetia para si mesma,amargamente. Lauryn não tivera a menor chance de aproveitar o próprio pai,porque um ano depois,o velho alcoólatra morrera ...bêbado. Havia sido espancado por gangues de traficantes,porque talvez estivesse também envolvido com drogas e devesse mais do que tinha.

Era uma parte vergonhosa da vida de Emma,ter um pai bêbado e talvez drogado. Evitava falar sobre isso com qualquer pessoa, inclusive sua mãe. A Pessoa mais afetada. Ainda chorava pela morte do marido. Voltou-se novamente para Lauryn e sorriu levemente.

– Maninha,não vou te deixar lá não. – E piscou o olho direito. – Brasil não é um bom país para se estudar.

– Ah,mas se for assim,eu quero ir.

– Lauryn.

– O quê?

Um estrondo alto calou ambas as irmãs. Lauryn enfiou-se por entre os bancos, ate conseguir colocar-se no banco do passageiro da frente, as duas tentavam ver por alem dos carros e das pessoas fora deles. A muitos – talvez – quilômetros, uma nuvem negra subia pelo céu. Fumaça.

– Acidente? – Murmurou Lauryn ,assustada. – Agora é que não vamos conseguir sair daqui.

– Calma Lauryn.

Mais um barulho alto veio daquela direção. A fumaça se intensificou. Emma curvou-se para frente,cerrando os orbes azuis . Seu coração batia forte,ela deveria ir ver? Como uma policia, seria o dever dela – em meio ao inicio de suas férias de um mês – ir averiguar a situação?

Suspirou pesadamente e abriu a porta, destravando o cinto de segurança e saindo apressada. Lauryn tentou segura-la.

– Enny,você não precisa ir...

A Willians sentiu o celular em seu bolso vibrar,desabotoou o bolso e tirou o aparelho de lá,não dando a mínima em ler o nome na tela. Aceitou a ligação e enfiou o celular na orelha.

– Red?

– Não saia do carro.

– Mas eu...

– Entre nesse carro. – Ele ordenou irritado,Emma virou-se na direção do seu carro e pode vê-lo abrindo a porta ,indicando que iria ate ela. Suspirou e tentou controlar a própria voz. – Entre no carro agora querida.

– Red,você não tem o...

Um alvoroço tornou-se visível tanto para Emma quanto para Red,aliás...todos podiam ver a multidão correndo sentido contrário ao do trafego. Gritavam sem parar. Emma assustou-se,e apressada curvou-se para dentro do carro.

– Saia daí agora Lauryn.

– É mais seguro ficar aqui.

– Temos que ver o que está acontecendo.

– Enny.

– Vamos. – Segurou-a pelo pulso.

Red vinha em passos rápidos, segurava Ronnie no colo,e com a outra mão livre,puxava Bobby. Parou ao lado de Emma.

– Temos que sair daqui. – Disse firmemente,sabendo o quão a curiosidade de Emma poderia atraí-la ate a fonte do horror daquelas pessoas,que fugiam tão apressadas. – Não diga nada Enny,venha de uma vez...

– Red.

– Emma.

– Eu tenho que ir ver...

Emma mal termina a primeira parte da frase quando uma figura sombria e cambaleante aparece por entre os carros a menos de 4 metros de distancia. Red no começo, imagina o quão aquela pessoa bebeu para não sentir dores,porque,pelos machucados que haviam por toda a extensão de seu corpo,nem o homem com uma grande dose de anestesia conseguiria aguentar a tal dor. Mordidas de animais. Um animal teria mordido daquele jeito.

Lauryn pousa sua mão sobre os ombros de Bobby e Ronnie,ficando mais pálida que o habitual.

– Moço,não se aproxime,há crianças aqui. – Red pede calmamente,mas o homem não para.

De algum lugar,Emma tira coragem o suficiente para enfrenta-lo.

– Não se aproxime,ou terá um grande problema. – Gritou furiosa,apontando o dedo fino e pequeno para o homem,que agora arreganhava os dentes podres,como piranhas. Embora Emma nunca houvesse visto uma viva.

Não haveria problema para ele,e sim para ela. Porque,assim que o primeiro homem entrara cambaleando por entre os carros – um cara alto e pálido usando uma bata hospitalar suja,com meta do ombro faltando e as fibras dos tendões pulsando como vermes – era seguido por mais duas pessoas. Uma mulher e um homem,ambos com bocas que parecem valas abertas,lábios descorados vertendo bílis preta,olhos de botão fixos e vidrados.

Os três se aproximam com passos espasmódicos,as mandíbulas estalando, os lábios deixando entrever dentes enegrecidos.

– Mas o que é isso? – Sussurra Lauryn,assustada.

Um novo som alto,um estalo seco,veio por detrás das três pessoas. O tiro viera de um homem negro,alto,corpulento e calvo. Usava uma farda da policia e empunhava uma pistola Ruger Calibre 22. A mulher machucada,ainda continuava a andar,como se não houvesse recebido um tiro nas costas. Outro tiro,e ela grunhi.

Red,tão assustado quanto Emma,coloca Bobby e Ronnie atrás de si,tentando defende-los. O homem,Emma o conhecia,era Jeffrey Morgan. E ele parecia não entender que os tiros não resultariam,não do modo que ele atirava. E foi naquele dia que ela perdeu uma boa parte de sua família, e também a sua vida.

[...]


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Notas finais do capítulo

Ficha

Nome:
Idade:
Aparência:
Ator ou atriz(imagem):
Personalidade (antes e depois);
História ( Conte um pouco de sua infância,adolescência e vida adulta):
Cidade Natal:
Cidade em que se encontrava no surto (Se quiser dar uma sugestão de como o personagem chegou ao grupo,é só falar):
Já fazia parte do grupo,era de outro grupo ou estava sozinho:
Automóvel:
Hétero,Homo ou Bi?:
Par romântico: Sim ou não? (De uma sugestão na aparência ou personalidade):
Armas : ( Não exagere,não colocarei limites de armas) *Branca e de fogo*:
Mudanças físicas e psicológicas ( Opcional):
Medo:
Estilo de se vestir:
Gosta:
Profissão antiga ( Só quero apenas um médico ou enfermeiro, não quero advogados ou empresários,sejam criativos gente, empregos barrelinhas podem ser de grande ajuda):
O que faz no grupo: Cuida dos doentes? Caça? Coleta de alimentos? Cuida do acampamento? Outra coisa?
Mais alguma coisa? :