As Fitas da Retaliação escrita por Radioactive


Capítulo 4
Capítulo 4 - Ajuda Inesperada


Notas iniciais do capítulo

Muuuuito obrigada pelos comentários perfeitos, na moral ♥ Foi incrível de ler, espero que continuem opinando na história :3



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"It's only fear that makes you run

The demons that you're hiding from

When all your promises are gone

I'm the only one."

— I'm The Only One, Melissa Etheridge

Cassidy foi embora no Sábado. Ela e Blake resolveram tentar namoro à distância.

Desde a Festa de Halloween, a hostilidade de Blake para com Fawn se fora completamente, como se nunca tivesse estado lá. Eles conseguiam conviver numa boa, o que a agradava.

Afinal, já bastava ela odiar Cody, não queria desgostar de Blake também.

Peter, por outro lado, era outra história. Eles conversavam o tempo todo — às vezes sobre Danielle.

— Eu odeio minha vida! Odeio! Odeio! Odeio! — Jenny gritou, jogando a própria bolsa num canto e sentando-se ao lado de Fawn.

— Calma. O que houve?

— Aquele cafajeste escroto que eu aparentemente tenho que chamar de pai! — ela bufou, fazendo uma pausa para respirar fundo e acalmar-se. — Ele quer que eu conheça uma amiga dele no sábado que vem.

— Uma "amiga"? — Fawn ergueu uma sobrancelha.

— Exatamente. Humpf. Aparentemente, ela tem um filho no último ano daquela escola particular no centro. Deve ser um mimadinho maldito.

— Qual é o nome dele?

— Hmmm... Lucas.

— Nome legal.

Jenny ergueu uma sobrancelha.

— Quer um relato completo dele, ou algo do gênero, a cada cinco minutos quando eu o conhecer?

— Estou com tanta cara de encalhada assim? — Fawn sorriu levemente.

— Encalhada porque quer.

— Você sempre diz isso, e continua atrás daquele mané do Cody.

Jenny deu de ombros.

— Você não entende.

— Não entendo, mesmo.

— Bom dia, moças — Blake sorriu e se abaixou para beijar a bochecha de Fawn e Jenny.

— Diga a ela que o Cody é um mané — pediu Fawn.

— Ele é um mané.

— Viu só?!

— Vão se juntar para me censurar agora? — Jenny ergueu uma sobrancelha.

— Só queremos ajudar, Simmons — defendeu Blake.

— Que seja — ela revirou os olhos, suspirando. Foi quando os olhos dela se focaram em algo atrás deles. — Fawn.

— Que foi?

— Olha quem voltou.

Holden Wills caminhou pelo pátio, usando sua velha jaqueta vermelha. Os cabelos escuros estavam um pouco mais compridos desde a última vez que Fawn o vira. Agora lhe caíam no rosto, um pouco acima dos ombros.

Ele sempre fora alvo, mas agora parecia bem mais pálido. Também, puderas, depois de tudo o que acontecera...

Holden ouvia as conversas à sua volta, de pessoas que queriam que ele escutasse suas opiniões.

"Assassino"

"Olha, não é aquele garoto que quase foi para um manicômio?"

"A camisa de força devia ser mais estilosa do que essa jaqueta"

"Coitada da Parkinson. Ficou sabendo que o pai dela se casou com a mãe desse garoto?"

As vozes eram tão altas. Havia apenas três pessoas que não sussurravam: Blake Diggory, Jenny Simmons e Fawn Roth Jensen.

Mas apenas uma delas realmente se importava.

— Holden — Fawn correu e deu-lhe um grande abraço, sem dar a mínima para os olhares que atraiu.

— Não me odeia?

— Você é inocente, Wills. Eu sei disso.

Ele queria dizer. Queria dizer que não tinha mais tanta certeza disso, mas não podia afastar a única pessoa que não jogaria fogos de artifício no túmulo dele se ele morresse.

Não era muito, mas era o que ele tinha. E ele sabia que a preocupação de Fawn era sincera.

Holden queria esconder seus distúrbios, mas Fawn o conhecia bem demais.

— Holden — ela o fitou com os grandes olhos escuros. — Me escuta: David está em um lugar melhor agora, está bem? E você não poderia ter feito nada para evitar.

— Deveria ter sido eu — ele resmungou baixinho.

— Holden — chamou novamente, forçando-o a fitá-la. Segurou a mão dele com força. — Não diga isso. Chegou até aqui. Eu sei que você é forte o bastante para continuar. Vamos conseguir, está bem? Juntos.

Holden assentiu. O agradecimento ficou preso em sua garganta, e de lá não saiu.

* * *

Blake estreitou os olhos, observando a cena e encarando todos os que cochichavam. Não conhecia o garoto Holden, mas conhecia as histórias. Boatos, de certo. Blake aprendera a odiar boatos.

E se Fawn estava defendendo-o, de certo havia mais na história do que ele sabia.

Pegou-se olhando para ela, imaginando sua relação com Holden. Como ela podia conhecer todo mundo?

— Ela é louca — Jenny suspirou.

— Hum? Por quê?

— Está brincando? Suicídio social. Nunca vi alguém com tanta vontade de se jogar de um penhasco.

— O que acontece quando ela se joga?

Jenny riu.

— Ela se torna ainda mais popular e relevante. Não é estranho?

Blake estreitou os olhos.

— O quê?

— O fato de não sabermos nada sobre ela, e mesmo assim não perguntarmos?

Ele pensou naquilo por um momento.

— Eu gostaria de saber mais sobre ela.

Jenny colocou uma mecha do próprio cabelo atrás da orelha.

— Diga-me se conseguir, pois venho tentando há dois anos. É tão injusto que ela saiba tanto sobre mim. Tipo, ela nunca tem um dia ruim?!

Blake pensou em quando Cassidy anunciou que iria se mudar, e Fawn soube que Blake ficara sabendo antes dela. O olhar abandonado e magoado em seu rosto.

— Ela tem. Você é quem não percebe.

— Por que está defendendo-a? Achei que não gostasse dela.

Blake levantou-se quando viu que Fawn tinha acabado de falar com Holden.

— Estou revendo meus conceitos.

* * *

— Foi muito legal o que você fez — Blake apareceu ao lado de Fawn, sincero. — Tipo, dar apoio ao Holden com tudo o que aconteceu.

Ela deu de ombros, surpresa com o elogio.

— Bem... Ele já me ajudou com muita coisa. Só estou devolvendo o favor.

— Que tipo de coisa?

Blake percebeu que havia feito a pergunta errada quando viu a expressão no rosto dela.

— É complicado.

— Certo. Jenny me disse.

— Disse o quê?

Blake sorriu.

— Que você não fala sobre seus problemas com ninguém.

Ela desviou o olhar

— Só porque não falo com você, não quer dizer que não falo com ninguém.

— Bem — ele continuou fitando-a. — Se for o caso, eu acho que você deveria falar. Faz bem às vezes.

— Não dá tempo de falar sobre os meus problemas com a Jenny. É só sobre os pais dela, e sobre o Cody, e agora tem esse novo... — ela tampou a boca com a mão rapidamente. — Ai meu Deus. Eu não quis dizer isso. Esqueça que ouviu isso, está bem?

— Por quê?

— Porque não foi educado! Droga, não me entenda mal, eu amo a Simmons... Mas eu passo muito tempo resolvendo os problemas dela, está bem? Mas não faz mal, eu me viro com os meus e... Merda, só estou piorando tudo — ela mordeu o lábio. — Esqueça que ouviu isso.

— Ouvi o quê?

Fawn sorriu.

— Obrigada.

— Se algum dia precisar falar sobre os seus problemas... — Blake fitou-a, sincero. — Pode falar comigo.

— Está falando sério?

— Claro que estou falando sério, Jensen. Quão ruim pode ser?

Por um momento ele achou que ela fosse responder, mas então o sinal tocou e ela correu para a aula.

* * *

— Um B-?! — a mãe de Fawn estreitou os olhos quando viu a nota de Biologia de Fawn. — Está brincando comigo?! Eu pago aquela merda de escola para você chegar aqui com um B-?!

— Primeiro: você não paga, eu tenho bolsa. Segundo: eu dei o meu melhor.

— Bem, o seu melhor não é o suficiente! Você deveria passar menos tempo trancada naquele quarto fazendo Deus sabe o que e mais tempo estudando! Ou vai acabar num colégio público, Fawn. Eu não posso pagar o St. James, você sabe disso.

— E então vai ser problema meu, não acha? — Fawn bufou e saiu andando, saindo da casa.

Andou por alguns minutos antes de perceber que a escola ficava a pelo menos meia hora da casa dela (de carro!) e ela nunca chegaria a tempo a pé.

Além do mais, não estava com humor para caminhar. Então apenas sentou-se num banco de uma praça ali perto e permitiu-se chorar. Fazia muito tempo que não o fazia, mas simplesmente não aguentava mais.

Ligou para Jenny. Explicou a história toda.

Aiihn, Fawn, desculpa, mas eu já estou aqui na escola, e a aula já está começando...

— Jenny, é uma emergência, eu...

Sinto muito mesmo, tá? Amo você! Melhoras!

E então desligou. Fawn bufou.

Cassidy me buscaria, ela pensou. Meu Deus, como sentia saudade de Cassidy.

Suspirou quando percebeu que não tinha mais para quem ligar. Peter estava sem telefone. Danielle não tinha carro.

Foi quando uma picape Chevrolet vermelha parou em frente à praça.

— Entra aí — o vidro baixou e ela se deparou com Blake Diggory.

— Estou bem!

— Não, não está. Entra logo, eu levo você.

Fawn entrou no carro, sentando-se no banco do passageiro. Blake deu partida.

— Como me achou? — perguntou ela quando conseguiu ar suficiente para falar.

— Moro aqui perto.

— Por que não está na escola ainda?

— Me atrasei. Ótimo, minha vez de fazer perguntas — ele fitou-a quando parou em um semáforo vermelho. — Você está bem?

Fawn assentiu levemente.

— Você não parece bem.

— Estou ótima.

— Jensen, você pode me contar, está bem?

Ela hesitou.

— Eu... briguei com a minha mãe.

— Por quê?

— Tirei B- na prova de Biologia.

— E daí?

— E daí que eu não posso tirar nota baixa.

— Por quê?

— Porque... — a voz dela falhou. — Argh, deixa para lá.

Blake assentiu e abriu o porta-luvas. Entregou-lhe uma caixa de lenços de papel.

— Não pergunte por que eu tenho isso aqui.

Ela sorriu e enxugou os olhos com um dos lenços.

Quando chegaram à escola, Fawn fitou-o por um minuto.

— Eu... Hm... Obrigada.

— Sem problemas — ele sorriu levemente. — Seu nariz fica muito vermelho quando você chora.

Ela baixou a cabeça, enrubescida.

— Não, não — ele corrigiu, rindo. — É bonitinho. Bem, eu correria para a classe se fosse você.

— E você?

— Eu não tirei B- na prova de Biologia.

— Tirou quanto?

— A.

— Joga na cara mesmo — ela tentou rir um pouco, mas não deu muito certo.

— Posso ajudá-la, se quiser. Sou sobrenaturalmente bom com aquele monte de organismos com nomes em latim.

Ela mordeu o lábio.

— Blake...

Ele corou um pouco, desviando o olhar.

— Certo. Eu não deveria ter sugerido isso... Érrr... Tchau, Jensen — e destravou a porta do carro, praticamente jogando-a para fora.


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