A Feiticeira escrita por rkaoril


Capítulo 7
Puxe a Espada Artur


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoal! Estão gostando? Aproveitem esses reles momentos bons do começo, por que eu estou planejando muuuuita tristeza (momento discípula do Tio Rick)!

Então, isso é mais ou menos quando a ação começa, espero que gostem!

(Se comentar, ganha um bj de brinde!)



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VI

ELIZABETH

ELIZABETH FUGIU DO CHALÉ 11 e perambulou pelo acampamento a procura de uma de suas amigas. Ela não tinha muita paciência para o lugar – desde que entrara da aconchegante cabine, os filhos de Hermes fizeram todo o tipo de apostas a respeito de quem seria seu pai olimpiano. Ela já tinha tido dias melhores, mas a mistura de estômago roncando, lembretes de que seu pai a abandonara com sua mãe e um rápido mergulho em um lago de gelo estavam dando a ela outra incomum dor de cabeça.

Ela não encontrou nenhuma das meninas, então cometeu o erro de adentrar a floresta.

Elizabeth sempre fora vidrada nas épocas frias do ano e algumas coisas geralmente taxadas como assustadoras – ela gostava de passeios no cemitério, histórias de terror e livros (e animes) sobrenaturais. Estar vivendo em uma acampamento para semideuses e a possibilidade de ter superpoderes providos de um pai divino geralmente deixaria ela excitada, mas ela sentia uma mistura de sonolência e dor de cabeça capazes de aplacar qualquer alegria. Ela escalou uma árvore e sentou em um galho, tendo plena vista do lugar enevoado ao redor dela.

Em qualquer outro dia, ela teria dado todo o seu estoque secreto de chocolates para ser uma meio-sangue, para viver em um mundo de fantasia e poder acreditar que seu pai tinha boas razões para deixa-la sozinha com a doida de pedra de sua mãe. Hoje não. Hoje tudo o que ela queria era deitar em uma cama e acordar apenas quando hoje fosse uma semana mais tarde.
– Pensativa hoje? – disse uma voz ao lado dela. Elizabeth quase caiu da árvore.
– Você está me seguindo?! – ela disse para o fantasma ao lado dela. Ele estava sentado cerca de uma régua longe dela, parecendo tão lindo quanto da última vez que ela tinha visto.
– Na verdade, estou. Você sabe, quando apenas uma pessoa pode te ver em todo mundo, você geralmente quer fazer amizades.
– Então... você está mesmo...
– Morto? – ele interrompeu – Sim, eu estou.
– Oh. – foi tudo o que ela podia dizer. Ele ficou olhando para ela, seus olhos azuis escuros esperando uma espécie de reação – Por que eu posso te ver? Aliás, por que eu posso ver pessoas... como você? – ele deu de ombros.
– Eu não sei. – ele disse, claramente mentindo – Talvez você tenha que descobrir por si mesma.
– E se eu estou ficando louca? – ela disse, em um tom ríspido. Odiava gente sínica.

Para sua surpresa, ele apenas sorriu maldosamente, de um jeito que fez os feromônios de Elizabeth correrem para todos os lados caoticamente dentro de seu corpo. Se aquele fantasma não parasse de ser tão quente, ela estava certa que morreria de sua gostosura.
– Se você estivesse ficando louca, então poderia estar certa de que eu seria o seu pior pesadelo ou o seu maior desejo. Qual dos dois seria?

Elizabeth levantou uma sobrancelha. Certo, não bastava o cara ser morto e quente, era esperto também.
– Você é psicólogo? – foi a resposta mais plausível que ela encontrou. Ele levantou uma sobrancelha e gargalhou por um momento, até que ele parou e saltou da árvore, colapsando contra o chão sem fazer qualquer barulho ou nem mesmo modificando a neve debaixo de seus pés. Ele olhou para cima e sorriu, abrindo os braços.
– Você pula nos meus braços?
– Definitivamente não. – ela se moveu em direção ao tronco principal, agarrando-se aos galhos mais finos e encaixando seus pés para descer.

Então ela quase morreu do coração – um galho quebrou sob um de seus pés, e a mão que segurava em cima resvalou com a neve deslizando a mão para longe do galho. Ela ficou à deriva por meio segundo antes de cair em direção ao chão. Ela apertou seus olhos e esperou que a neve fosse um bom amortecedor.

Subitamente, ela se sentiu envolvida e estável. Ela abriu seus olhos e viu o fantasma com sua face a centímetros da dela, próximo o bastante para que ela pudesse sentir seu cheiro. Ela achava estranho como um fantasma podia parecer tão vivo e cheirar tão bem à lenha e baunilha. Ele levantou suas sobrancelhas negras, sua face mudando de preocupação para divertimento.
– Você está bem? – isso foi o suficiente para que ela tentasse se livrar, consequentemente, ele a largou e ela caiu com tudo no chão de neve.
– Ouch. – ela disse, se levantando e tentando tirar a neve de seus jeans – Obrigado, eu acho.
– Não há de quê. – disse ele.
– A propósito – disse ela ajeitando a postura e olhando para ele – Qual seu nome? – ele ficou sério por um segundo.
– Nomes são coisas perigosas – disse ele.
– Meu nome é Elizabeth Lalonde. – ela estendeu sua mão, sorrindo. Nada como cair para os braços de um fantasma bonitão para melhorar seu humor.

Ele levantou as sobrancelhas, claramente surpreso. Então sorriu e apertou a mão dela.
– Meu nome é Evan O’Sullivan. – disse ele, então largou sua mão – Eu acho que você deveria voltar para o acampamento, se tivesse ficado lá por tempo o suficiente, talvez teria dado tempo suficiente para eles te dizerem quão perigosa é a floresta. Além do mais, eles estão em guerra.
– Você era um semideus? Quando vivo? – ela perguntou a ele, caminhando na direção na qual viera e ignorando o último comentário dele. Ele a seguiu, para sua alegria.
– Sim. – disse ele após uma pausa.
– Quem era seu pai, ou mãe? – ele suspirou, como se fosse algo doloroso – Mas você não precisa me contar se não quiser!
– Não é isso. – disse ele – Minha mãe não era uma deusa muito querida, você vê. Ela era muito bondosa com os que mereciam, mas com os outros era muito severa. Isso fazia dela uma espécie de Inquisidora, e os outros deuses a temiam por demasiado. Por causa disso, eu geralmente era julgado injustamente por causa dela.
– Isso é péssimo. – ela disse – É realmente ruim quando as pessoas te julgam por algo que você não tem poder... – ela se calou. Não gostava de revelar coisas sobre si mesma.
– Eu sinto muito, sobre o seu pai. – ele disse – Mas talvez você mude de ideia.
– Como você pode saber? – ela perguntou, avistando o acampamento ao longe.
– Os mortos tem certo conhecimento sobre o futuro. – ele disse – O tempo é incerto no mundo inferior.

Mortos, mundo inferior. Ele sabia muito bem sobre o assunto. Até onde ela se lembrava, Hades era o deus do mundo inferior, mas ele tinha dito que sua mãe era uma deusa. Seria Perséfone, a esposa de Hades? Elizabeth não pensou que seria isso – até onde ela sabia pelas explicações do pessoal do chalé 11, Perséfone era bondosa em tempo integral e adorada pelos deuses.

Os pensamentos de Elizabeth se enevoaram. Ela se viu pensando em seu pai, de alguma forma. Geralmente afastava os pensamentos sobre esse assunto – família – para não ficar deprimida, mas via motivos suficientes para refletir sobre o assunto agora.

Seu pai certamente seria um deus ligado aos mortos, mas seria Hades? Ela não tinha certeza. Lembrava brevemente de aulas que diziam pouco a respeito dele na escola, e o chalé 13 era definitivamente da pesada. Até onde ela sabia, Hades era como um vilão ou personagem desprezado na mitologia grega, como aquele velho que ninguém queria por perto.

Certo, haviam semelhanças. Mas o que poderia impedir ela de ser filha talvez de Hefesto, outro deus desprezado? Ou um simples e nada importante deus menor, que não traria nenhum impacto em sua vida?

Ela olhou para o lado, percebendo que Evan tinha ido embora.
– Obrigado por sua companhia. – disse ela rispidamente para o nada, enquanto entrava no acampamento.

Quando havia deixado o chalé onze, já era o pôr-do-sol. Agora, o céu se fazia em um azul escuro cheio de estrelas nas quais Elizabeth nunca vira por causa das luzes da cidade. Então algo pareceu estranho, a área na qual ela estava – próxima aos estábulos – estava muito silenciosa. Ela ouvia um ruído em seus ouvidos, algo para a esquerda, a entrada do acampamento.

Ela correu naquela direção, cada vez mais preocupada, cada vez mais vacilante. Ela chegou ao topo da colina meio-sangue, e olhou tudo abaixo dela.

No chão, semideuses e monstros dos mais feios lutavam até a morte, os semideuses protegendo com tudo de si o acampamento. Ela viu Raphael com tênis voadores, atacando os monstros maiores. Ela viu o outro garoto que dirigia a biga, o da jaqueta de couro em uma armadura usando todo o tipo de projéteis e explosivos contra os monstros, e viu muitos outros semideuses, alguns gritando, alguns dando ordens, outros se ferindo. Ela reconheceu alguns sátiros, tocando músicas mágicas para prender os monstros. Ela olhava para todos os lados, procurando pelas pessoas nas quais ela se importava – Suzana e Sabrina. Elas estavam para trás, tentando ajudar os outros que caíam e fugindo dos monstros maiores. Suzana carregava um espada que parecia pesada de mais para ela e Sabrina se protegia com uma adaga. Elizabeth tencionou em ir em sua direção, foi então que Evan apareceu ao seu lado, pegou seu pulso e a arrastou na direção do acampamento.
– O que você está fazendo! – ela gritou – Elas podem morrer!
– Todos morrem – ele disse – mas você será inútil.
– Me larga! – ela tentou se soltar, mas seu aperto era como ferro. Ele então parou de andar e a pegou pelos dois pulsos, encarando ela com raiva, embora extremamente calmo.
– Você quer salvá-las, não quer? – ele disse.

Meu Deus – pensou Elizabeth – os olhos dele são da cor do céu de noite.

Ela se estapeou mentalmente e se focou no problema.
– Eu quero.
– Você está desarmada, e não tem experiência. Eu já fui um guerreiro, eu sei o que você precisa. Venha comigo e salve seus amigos. – ele olhou para ela por um segundo, esperando uma resposta.
– Certo. – ela disse por fim.

Segurando seu pulso, Evan disparou colina abaixo com ela, na direção dos chalés. O vento frio da noite batia contra o rosto de Elizabeth, mas ela não se importou. Teria caído mil vezes ao descer a colina naquela velocidade, mas felizmente Evan estava lá para segurá-la. Enquanto desciam, a parte de Déficit de Atenção da mente de Elizabeth se perguntou como era possível que ela tocasse um fantasma. Ela se lembrava do galho da árvore não aparentar qualquer mudança de peso, e a neve sob seus pés não formava pegadas.

Eles finalmente chegaram ao que parecia um dos chalés, na verdade, o chalé que Elizabeth reconheceu como o de Deméter. Elizabeth não sabia como arrancar ervas doninhas podia ajudar, mas Evan contou alguns rabanetes e a abóboras (oito rabanetes a esquerda, cinco abóboras a direita) e se ajoelhou ao lado do canteiro correspondente àquela combinação. Por alguma razão, era o único canteiro do chalé cujo nada crescia acima. Ele enfiou suas mãos na terra, mas elas passaram sem movê-la. Evan fez uma careta, então olhou para ela.
– Você vai ter que cavar. – disse ele. Ela gostaria de perguntar o como e o porquê, mas estava realmente com pressa.

Elizabeth enfiou suas mãos na terra úmida. Ela escavou e escavou pela lama, provavelmente destruindo o pouco bom existente em suas unhas. Ela cavou tanto que metade de seu braço estava debaixo da terra, e metade do seu braço ela já não sentia por causa do frio. Então ela de repente tocou algo duro, envolveu suas mãos no metal e o puxou com toda a força, destruindo o resto do canteiro que ela finalmente conseguiu tirar.

Mesmo no escuro, Elizabeth percebeu que era uma espada negra. Por alguma razão, a lâmina não a machucou e toda a lama contida na espada se dissipou no momento que ela a trouxe para a superfície. Elizabeth olhou para Evan, que encarava a espada em silêncio.
– Corra. – disse ele.

Ela pegou a espada e correu colina acima.


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