A Feiticeira escrita por rkaoril


Capítulo 43
Problemas de Família


Notas iniciais do capítulo

*resistindo a tentação de colocar o nome do capítulo de altas emoções*

Ideias pra o nome do ship de Elizabeth/Evan e Catherine/Johnathan? (o último vai ter mais cenas na próxima temporada)
A minha amiga (inspiração pra Catherine) pensou em Evanbeth (muito original), eu pensei em Back in Black e Gato-preto (razões) (hehehe) e pra C/J katana (era pra cer CatAn, mas katana é mais bonitinho e os fortes entenderão) Johntherine.
Se tiverem mais alguma ideia COMENTEM



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XLIII

ELIZABETH

AS COISAS ESTAVAM SE REPETINDO muito. Era a segunda vez que ela caía no submundo após algum tempo se agarrando com Evan – embora não se agarrando no sentido de dar uns amassos, e sim de agarrar no sentido literal – e que ela lutava pra respirar. Ela torcia pra que dessa vez ela não levantasse pra encarar seu pai, isso seria muito problemático.

Estar no Mundo Inferior já estava fazendo efeito nela – ela facilmente se recuperou da queda e se pôs de pé como uma pessoa nova. Ela se sentia muito forte, como se vigor e adrenalina corresse em suas veias. Ela se esticou, espreguiçou e então pensou em sair por aí cantando/gritando “bad reputation” mas um pouco longe dela, Evan se sentava em uma pedra olhando para ela como se ela fosse louca. Ela não podia culpa-lo.
– Então – ela disse – pra que lado fica o Elísio? – ela disse. Atrás dela uma voz muito sinistra falou.
– Olá Srta. Lalonde. – Elizabeth quase pulou de suas calças. Ela olhou pra trás e se deparou com... bem, um esqueleto.

Ele usava um capuz que parecia maltrapilho, algo vermelho – como aquelas luzinhas de brinquedos paraguaios – brilhava nos buracos de seus olhos e ele parecia em composição. Elizabeth tentou não gritar “zombie!” e arrancar a cabeça dele fora.
– Oi. – ela respondeu com a voz algumas oitavas mais acima do que o normal.
– Irmão. – o esqueleto saudou Evan.
– Mano. – ele respondeu. Elizabeth desconfiou seriamente que Evan tinha puxado ao lado de seu pai da família se aquele zumbi era seu irmão – Elizabeth, esse carinha aqui é Caronte. Ele vai nos levar para o outro lado do rio.
– Ahhh o Caronte. Aquele carinha que qualquer um compra com uma ou duas dracmas. – Evan olhou pra ela com uma cara de “OQUEDIABOSVOCÊTEMNASUACABEÇA” mas Caronte apenas gargalhou.
– Bem, se seu pai pagasse melhor eu não seria tão comprável. – Elizabeth considerou.
– Eu falo com ele depois. Não é legal pagar menos do que o justo. – Caronte pareceu considerar, enquanto caminhava em direção a barca. Elizabeth e Evan o seguiram.
– Eu gosto de você, esse papo de pagamento é ótimo. – ele disse – Mas se bem que eu acho que sou o único mal pago por aqui. O meu irmãozinho aqui – ele gesticulou para Evan com as mãos esqueléticas enquanto pegava um remo – é muito bem pago.
– Não é um pagamento – disse Evan – é um castigo que é muito bem aproveitado, obrigado.

Elizabeth achou um trocadilho realmente ruim ela estar em uma barca num rio e pensar que estava boiando. Ela concluiu que não ganharia nada perguntando do que eles estavam falando (na verdade, ela não queria se fazer de tonta) e olhou sobre a barca para o rio. Wow, aquilo era nojento – pergaminhos, móveis, alguns pedaços de madeira e o que parecia dinheiro e joias boiavam no rio em direção ao curso. Ela levantou uma sobrancelha, lembrando-se momentaneamente do Rio Estige – o rio que carregava os desejos nunca realizados dos mortos. Ela se perguntou o que o rio carregaria dela depois que ela morresse e o que ele carregava de Evan.

Caronte quase a fez pular das próprias calças de novo.
– Estamos quase chegando. Acho melhor você se preparar, seu pai e a Senhora Perséfone estarão na outra margem. – Elizabeth fez uma cara. Encontrar seu pai já não era bom, encontra-lo com a legítima esposa ia ser ainda pior.
– Eu não posso ir nadando daqui, posso? – Caronte negou com o crâneo.
– A não ser que queira uma morta extremamente dolorosa... – ele disse. Elizabeth bufou.
– Você poderia me deixar em outro lugar na margem, então aparecer milagrosamente para ele?
– Eu acho que você vai ter que acabar falando com ele.

Elizabeth teve um pensamento engraçado do pessoal do submundo dando palpites em sua vida, mas resolveu que Caronte estava parcialmente cego – ela tinha que parar de fugir todas as vezes que uma interação social se mostrava catastrófica.

Quando o barco chegou na margem, Elizabeth pulou dele e saiu caminhando rápido pelo lugar. Ela pensou ter passado por seu pai e uma mulher morena, mas simplesmente seguiu em frente.

Ela não estava exatamente orgulhosa de si mesma.

Quando estava longe o bastante de qualquer alma – viva ou morta – ela tomou tempo pra apreciar o Mundo Inferior. O lugar era felizmente frio, o chão era traiçoeiro – o que no dicionário de Elizabeth queria dizer que tinha frequentemente buracos e pedras preciosas que a faziam cair tombos – e o teto era alto com estalactites enevoadas por sombras. O lugar era realmente legal.

Ela chegou a uma trifurcação de filas – uma era rápida (MORTE EXPRESSA) e outras duas eram lentas (ATENDENTE DE SERVIÇO). Elizabeth estava pra tirar no uni duni tê quando alguém parou do lado dela.
– Sinceramente – disse Evan – se houvesse um concurso de semideus mais imaturo você perderia, por que não teria maturidade pro prêmio. – Elizabeth olhou sem jeitos para seus próprios tênis.
– Bem – ela disse – eu não sou muito boa com pessoas. Vivas ou divinas, principalmente. – Evan levantou uma sobrancelha.
– Você podia ter me avisado – ele disse – eu teria corrido com você então. Mas é claro, eu tive que ficar pra trás e explicar ao seu pai por que você saiu correndo como se estivessem dando chocolate grátis.
– E você como um cavalheiro que é respondeu que...?
– Que você é louca – ele disse sorrindo – vamos, temos o campo de Asfodelos inteiro pra atravessar e então o Elísio. Eu já ia me esquecendo, seu pai te mandou isso. – ele colocou pequena bolinhas vermelho-escarlate em suas mãos.
– O que é isso?
– Sementes de Romã, do mundo inferior. Se você comer uma delas, ficará em transe por um tempo. Seu pai disse que algum dia você pode precisar.

Evan pegou sua mão e entrou na fila de MORTE EXPRESSA, caminhando com ela na direção dos Campos de Asfodelos. Ela passou por Querberos, que a saldou com meia dúzia de palavrões e continuou rosnando para os mortos.

O lugar era abafado e tumultuado com gente de mais, além de um breu de escuridão. Elizabeth queria dar um berro e arredar os mortos mas não achou uma ideia muito boa. Ela estava se convencendo que já tinham passado da metade dos campos quando uma voz familiar falou com ela.
– Elizabeth? – Elizabeth parou, fazendo com que Evan olhasse em interrogação para ela. Ela congelou até que ouviu o chamado de novo, se virando lentamente.

Às suas costas, uma mulher de cerca de 35 anos estava parada em sua frente. Ela tinha um longo cabelo ondulado preto e olhos castanhos claros, assim como uma pele oliva clara e usava um vestido roxo. Seus grandes olhos estavam com olheiras e ela tinha as maçãs do rosto baixas. Ela estava com uma expressão desgostosa, como se não gostasse do que estava vendo.

Ela era muito parecida com Elizabeth para que ela negasse que era sua mãe. Elizabeth estava sem quaisquer palavras para trazer a tona. Sua mãe torceu o nariz, então deu um passo a frente.
– Elizabeth você está morta? Por que seus jeans estão rasgados? Eu não sei como o tempo passa aqui mas você parece muito velha pra ficar rasgando as próprias roupas! E quem disse que podia cortar seu cabelo tão curto, ainda mais desse jeito?! Ah, eu tinha que saber, você sempre foi uma decepção.

Elizabeth largou Evan e saiu correndo.
– ELIZABETH! – a mãe dela gritou enquanto ela corria.

Elizabeth deixou os Campos de Asfodelos para encontrar o que parecia um caminho mais largo, longe ela podia ver as pontas do Palácio de Hades mais longe. Ela se sentou atrás de uma pilha de Ametistas brutas e colocou a cabeça entre os joelhos.
– Elizabeth? – disse uma voz ao seu lado. Ela levantou o rosto para ver Evan depois de uma cortina de lágrimas.
– Seis anos – ela disse, tentando limpar as lágrimas – seis anos morta e ela reclama da minha aparência. Seis anos, e ela ainda não se importa.

Por alguma razão, Evan a abraçou. Ela deitou a cabeça contra o peito dele e tentou não soluçar, não respirar, não fazer qualquer coisa. Ela realmente queria morrer, mas uma vez que sua mãe estava morta, ela não pensou que fosse algo realmente melhor.

Antes de descobrir ser uma semideusa, ela costumava pensar que quando morresse tudo seria mais fácil – ela simplesmente pararia de sofrer. Ela não podia mais se dar ao luxo de pensar assim, uma vez que sua própria existência gritava que ela ainda teria trabalho depois de morta.
– Shhh – disse Evan, acariciando com cuidado o cabelo dela – menina, você não usa condicionador? Eu não consigo tirar a mão do seu cabelo! – Elizabeth levantou do abraço e olhou com uma cara para ele.
– Desculpe! – ele disse – Eu não tomo banho há três dias! Estou tentando salvar o mundo! – Evan então revirou os olhos.
– Isso não é desculpa – ele reclamou. Elizabeth então se deu conta de uma coisa: ela estava rindo.


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