A Feiticeira escrita por rkaoril


Capítulo 21
Uma festa do pijama sem a parte da festa


Notas iniciais do capítulo

Eaew? É, eu sei. Não deu pra postar no finde: minha internet caiu.

Vou provavelmente ficar sem internet a semana toda, entãõ poisé, só vai dar pra postar aqui na escola.



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XXI

SUZANA

A ESTADIA NO ACAMPAMENTO JÚPITER fora muito mais calma e confusa do que Suzana planejava. Ela pensava que iria ter que batalhar em um coliseu pelo direito da hospedagem, cavalgar em algum daqueles elefantes para provar seu valor ou torcer pescoços de cobras (cobras tem pescoços?) para convencê-los a emprestar o filho de Júpiter.

Depois que uma possibilidade de banho romano (ela ainda não sabia qual a exata diferença entre um banho romano e um banho comum) foi barrada, Theo as levou até uma espécie de cabana em Nova Roma, um tanto distanciada da cidade mas perto o bastante para que não estivesse no meio do nada. Ele disse a elas que a cabana inteira estaria a disposição delas, elas iam ter tempo de tomar um banho, tirar um cochilo e checar os mantimentos.

Tudo confundia Suzana naquele acampamento. Os semideuses eram soldados, havia uma cidade e templos, e haviam conselhos também. Haviam pretores, não conselheiros. E quando ela acidentalmente pisou um passo longe do caminho até a cabana, uma estátua começou a gritar com ela.

Tudo era estranho, ela não via a hora de deixar aquele lugar.

A cabana era confortável, mas não era um lugar onde pessoas realmente viveriam. Haviam alguns sacos de dormir no chão, um pequeno balcão e geladeira e um banheiro de luxo. Parecia uma casa na praia depois que você volta no verão seguinte.

Elas tiraram discordar para decidir quem tomava banho primeiro, Sabrina foi a primeira, seguida de Suzana e então Elizabeth. Elas deram graças aos deuses (gregos) que haviam trazido suas próprias roupas e não teriam que pedir emprestado. Quando finalmente todas estavam limpas e cheirosas, elas se deitaram nos sacos de dormir e ficaram olhando umas para as outras.
– Nós chegamos. – disse Suzana, as outras concordaram.
– Não vejo a hora de sairmos daqui. – Sabrina disse. Suzana assentiu, mas Elizabeth parecia confusa.
– Qual o problema? – perguntou.
– Esse lugar... – começou Suzana – é estranho.
– Eu não confio neles – disse Sabrina – estão sendo muito hospitaleiros para o meu gosto. Além do mais, não gosto de dever para as pessoas.
– Eu acho – disse Elizabeth – que eles estão simplesmente desesperados.
– Por que? – disse Suzana, ficando de bruços para olhar melhor para filha de Hades.
– Eles estão tentando esconder agora que estamos aqui – ela disse – mas eu senti, com aquele meu radar sobrenatural. Muitas pessoas já morreram, o acampamento está quase ficando deserto. A desvantagem deles é que diferente de nós, eles não procuram por seus semideuses, eles que os acham. Então o acampamento está se desgastando sem tropas, eles estão ficando sem tempo.
– Isso me faz sentir culpada – disse Sabrina fechando os olhos e colocando os óculos de lado – por que eu estou mais calma.

Suzana se sentia da mesma forma.
– Mas o que foi que você descobriu, sobre o solstício? – perguntou Suzana. Sabrina apertou os olhos.
– Coisas ruins, tenho muito a contar a vocês.

Ela então disse às suas amigas a respeito da conversa que teve com sua mãe, Atena. Suzana ouviu silenciosamente, deixando as perguntas para o final. Ela contou então sobre a luva de ouro que havia se tornado o trenó e contou que achava que a Feiticeira iria tentar despertar no Solstício.
– Isso é preocupante – disse Elizabeth – eu tive um sonho com ela. – Suzana e Sabrina levantaram as sobrancelhas.
– Mesmo? – perguntou Suzana.
– É. Eu estava em uma caverna, e então segui uma luz azul. Quando eu cheguei lá, havia uma cúpula de vidro com grades de ferro estígio no chão, parecendo a metade de um ovo de páscoa cortado da vertical. Ela tentou me convencer a libertá-la, eu acho.
– Acho que faz sentido – disse Sabrina – minha mãe disse que ela foi selada no mundo inferior, então...
– Espera – disse Elizabeth – quanto tempo atrás ela foi re-selada? – Sabrina levantou as sobrancelhas, pegando novamente seus óculos para encarar Elizabeth.
– Trinta anos atrás. – Elizabeth pulou da cama e começou a caminhar de um lado para o outro, lembrando Suzana de quando Catherine fez a mesma coisa (mas mais intimidante).
– Trinta anos atrás, selada por um irmão...
– Certo – confirmou Sabrina, mas Elizabeth não pareceu notar.
– Trinta anos atrás, nos anos oitenta ela foi re-selada por seu próprio irmão, que era um meio-sangue e morreu fazendo isso. Atena também disse que a mãe deles era temida por Zeus, certo?
– É. Elizabeth, o que você está pensando?
– Qual a única deusa que Zeus teme? – ela olhou fixamente para Sabrina, que colocou a mão no queixo.
– Não tenho certeza, provavelmente uma deusa primordial. Acho que Gaia tinha uma irmã... qual era o nome da deusa da Noite?
– Nix. – disse Elizabeth – A deusa da noite é Nix.
– Como você sabe? – perguntou Suzana, curiosa. Elizabeth deu de ombros.
– Eu li House of Night. Mas agora... – ela colocou as mãos nas têmporas, como se estivesse tendo uma forte dor de cabeça – deuses. Como eu não percebi antes? Eles tem os mesmos olhos, a mesma pele translúcida, o mesmo cabelo perfeito.
– O que foi Elizabeth? – ela olhou para Suzana e Sabrina, seus olhos arregalados.
– Evan – ela disse – ele é filho de Nix, irmão da Feiticeira.
– Evan, o gasparizinho? – Perguntou Suzana. Elizabeth assentiu – Oh.
– Elizabeth – disse Sabrina se levantando e parecendo ainda mais preocupada – acho que isso é um pouco pior do que você pensa. – Elizabeth levantou uma sobrancelha negra.
– Como pode ser pior do que eu penso? – Sabrina mordeu o lábio.
– A grande profecia dizia “Os filhos da Noite ascenderão pelas mãos da necromante.” Ascender quer dizer subir, se elevar, suceder. E necromante quer dizer...
– Alguém que fala com os mortos. – completou Elizabeth, empalidecendo ainda mais – E ela disse em meu sonho que a minha alma era dela, só que eu não sabia... – Sabrina foi na direção de Elizabeth. Ela a pegou pelos ombros e chacoalhou um pouco, para ter certeza que tudo estava no lugar.
– Não podemos deixar os romanos saberem disso – ela disse – e nós mal temos certeza disso, pois tudo foi especulado. Além do mais, você não é a única que fala com os mortos. Catherine viu Evan e pode existir algum outro filho de um deus infernal, mas acalme-se, certo? – Elizabeth assentiu.
– Certo. – ela ainda parecia nervosa, mas Suzana conhecia ela suficientemente bem para saber que iria se acalmar mais cedo ou mais tarde e procurar uma forma de contornar isso.
– Agora – disse Sabrina – vamos tentar dormir. Já estamos abusando o bastante dos romanos e se parecer que tivemos uma festa do pijama ou algo assim eles vão nos dar de comer aos elefantes.
– Ew – disse Suzana.

Ela ainda estava preocupada, mas mesmo assim ela fechou seus olhos e suspirou, deixando seu corpo relaxar. Novamente, ela adormeceu.

Sonhou que estava em uma floresta escura. Era um sonho incomum, levando em consideração anos de sono sem sonhos e breves chás com sua mãe. A floresta parecia úmida, e a neve continuava caindo a deixando cinza por que era de noite. Ela ouviu uivos, assim como passos e sons do vento. Na sua frente, um lobo branco saltou de uma pedra, aterrissando na neve bem ao seu lado. Então ele andou em círculo, cheirou um pouco o lugar e uivou.
– Está seguro! – disse uma voz feminina na direção de onde o lobo tinha vindo.

Então uma menina morena, mais ou menos da idade dela saltou ao lado do lobo, sorriu e coçou suas orelhas. Outras meninas – mais ou menos nove –fizeram o mesmo. Todas usavam tiaras de prata com uma lua crescente azul na testa, assim como casacos prateados e alijavas nas costas. A primeira menina, a morena se levantou. Era alguns centímetros maior do que Suzana.

Ela tinha uma pele clara, cabelos curtos pretos repicados como os de Elizabeth e olhos azul elétrico. Os cabelos não eram a única semelhança com Elizabeth – ela tinha uma expressão rebelde, embora bem-humorada e um modo de caminhar que parecia convidar qualquer um para uma luta.

Outra menina sorriu para ela. Ela então puxou o arco e fez sinal as outras, liderando. Ela tinha cabelos castanhos avermelhados e parecia ter cerca de 13 anos. Diferente das outras, algo parecia brilhar a respeito dela.
– Senhora – disse a menina morena – o que você acha? – ela apontou em direção ao chão. Suzana não tinha visto antes, mas notou a neve onde a menina apontara tinha um aspecto dourado.
– Ciclopes – disse a menina que foi chamada de Senhora – a Feiticeira está juntando suas tropas novamente. Ela fez isso da última vez, os ciclopes que não se juntaram à ela foram mortos de formas horrendas. – a morena fez uma cara séria.
– Temos que impedi-la – disse. A outra concordou, mas pareceu séria.
– Não está em nossas mãos. – ela disse, então tudo ficou preto novamente.


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