A Feiticeira escrita por rkaoril


Capítulo 2
Pernas de Bode




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II

SABRINA

SABRINA ESTAVA CALMA DE MAIS, considerando a situação. Ela havia observado a tempestade se formar rápido de mais, considerando a condição climática dos últimos dias. Ela sentiu que algo estava para acontecer, que algo estava errado, mas era como se qualquer explicação lógica fosse inexistente. Ela decidiu ficar quieta.

Quando viu o cavalo de bronze em chamas avançando na direção delas, ela sentiu que ele estava em busca de Elizabeth, como se isso fizesse algum sentindo. Talvez fosse o jeito que os olhos de rubi do cavalo brilhavam na direção dela, ou talvez ele sentisse o pânico da menina – não medo. Elizabeth nunca estava com medo.

Ela pegou Elizabeth e Suzana pelo braço, determinada a mantê-las juntas. Ela disparou arrastando ambas em direção ao degrau, certa de que se pulasse direito ninguém teria contusões nos tornozelos. Quando finalmente alcançaram o chão, ela teve cerca de meio segundo para decidir o que fazer. Ela fechou seus olhos e pensou tão rápido quanto possível – no fim, o cavalo estava realmente com intenções (ou programações) maldosas? Talvez fosse uma espécie de atração turística nova e inofensiva, uma estratégia financeira para atrair turistas.

Um garoto de sua turma despencou do degrau ao lado delas, ele estava inconsciente e parte de seu corpo estava vermelho de queimado.

Certo, não era uma atração turística inofensiva.

Enquanto Elizabeth empalidecia (ainda mais) e Suzana colocava a mão na boca para impedir um grito de medo, ela espreitou rapidamente por cima do degrau, não querendo arriscar mostrar sua localização – no fim, Elizabeth era a melhor nas artes furtivas – e decidiu que o cavalo estava bastante perdido. Talvez elas pudessem deixar o lugar devagarinho e com cuidado, sem mostrar suas localizações...

Um relincho agudo seguido de som de cascos de metal contra o chão cortou a sintonia de gritos na direção delas. Sabrina foi tão rápida quanto o possível – puxou ambas suas amigas na direção do ônibus, apenas para que elas corressem por si mesmas. Surpreendentemente, ambas quase a deixaram comendo poeira.

Sabrina sentiu o calor em sua direção, decidiu que seria horrível ser queimada como o outro garoto e se jogou contra as meninas em sua frente, fazendo com que todas despencassem para o chão úmido da última chuva. Ela ouvia o céu trovoando e se preparando para chover canivetes enquanto o cavalo em chamas saltava sobre elas – ele provavelmente havia tentado se jogar em sua direção.

Sabrina gritou com a garganta seca quando o cavalo colapsou contra o ônibus, amassando a porta de entrada e barrando qualquer possibilidade de fuga automobilística. O ferro soltava fumaça quando o cavalo o deixou, preparando-se para avançar contra elas tão rápido quando possível.

As palmas de Sabrina suavam rios, seus olhos não conseguiam parar de piscar atrás das lentes e ela sentiu como se o mundo estivesse forçando-a contra o chão. Ela precisava fazer alguma coisa, precisava encontrar um jeito de salvar suas amigas e precisava agora.

Para o alívio de Sabrina (ou não), o professor Sheep apareceu do nada e deu um carrinho nos pés traseiros do cavalo, que perdeu o equilíbrio e caiu contra o chão, fazendo com que o mesmo soltasse fumaça. Ele milagrosamente não havia se queimado, aproveitando o momento para se levantar do chão e dar uma olhada preocupada nas três meninas na sua frente. Sabrina teve um segundo para olhar para o professor no geral, reconhecendo a camisa polo vermelha mas notando a miserável falta dos jeans, que foram substituídos por pernas peludas negras e cascos.

Ela soltou um grasno de susto – o professor tinha pernas de bode.

Antes que pudesse fazer qualquer coisa para fugir do cavalo e do meio-bode (até onde ela sabia, todos eram inimigos) o cavalo de bronze se levantou e ignorou o professor Sheep, avançando na direção delas. Sabrina estava pronta para correr de novo, arrastando Elizabeth e Suzana se preciso, quando o Professor Sheep entrou em cena de novo e arrancou uma parte de ferro do ônibus, jogando ela como um disco de freesbe em direção das pernas do cavalo, o deixando novamente inapto a trotar quando suas pernas desprenderam do corpo.

Ele olhou para as três garotas e farejou o ar, fazendo uma momentânea cara de preocupação até que ele olhou para o céu. Ele então correu na direção das três garotas, ajudando-as a levantar.
– Vocês estão bem? – elas responderam com murmúrios.
– O que... – disse Sabrina – diabos está acontecendo aqui?
– Weasley – Elizabeth disse o sobrenome de Sabrina sorrindo, como costumava quando estava pra provoca-la – cuidado com a boca. Os palavrões. – Sabrina ignorou-a.
– O que foi aquilo? Por que você tem pernas de bode? Porque o cavalo está se remontando?

Nesse momento, todos olharam na direção das peças de bronze no chão, que se juntavam involuntariamente como um imã. Suzana soltou um som apavorado.
– Jesus Cristo isso não morre! – Sheep já estava as empurrando na direção da calçada.
– Temos que sair daqui. – disse ele, apressando-as – respostas virão depois.
– Mas e os outros? – perguntou Suzana.
– O cavalo não virá atrás deles – disse ele, de repente fixando o olhar em Elizabeth – ele está sendo atraído pelo sangue de vocês, principalmente o seu.
– O meu? – disse Elizabeth, de repente parecendo transtornada (ou mais do que de costume) – isso... é minha culpa?
– Não. – disse ele – Mas explicações virão mais tarde, por hora, corram!


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