A Feiticeira escrita por rkaoril


Capítulo 18
Descer uma lomba de trenó: você está fazendo isso certo


Notas iniciais do capítulo

Por favor, comentem :3



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XVIII

SABRINA

ATÉ VER O GRIFO GIGANTE NOVAMENTE, Sabrina ousou ter esperança. Tinham morto tantos monstros que ela começou a pensar que eram um bom grupo, talvez conseguissem até encontrar o deus dos ventos sem a ajuda do filho de Júpiter.

O grifo gigante meio que tirou a mágica do lugar. Ela queria gritar com ele como Elizabeth havia feito com outros monstros e a assustá-lo o bastante para que ele saísse se borrando, mas não achava que fosse ajudar. Elizabeth estava certa, ela precisava formar um plano e rápido.

Ela olhou para a descida. Era terrivelmente íngreme e elas não sobreviveriam sem uma lancha ou um trenó. Ela olhou ao redor, pensando em todo o tipo de coisa. Cogitou até pegar uma das cordas que estava trazendo na bolça e amarrar nas pernas do grifo, se segurar na corda e rezar para que ele voasse na direção da rodovia.

Elas estavam definitivamente em apuros.

Ela olhou de novo para a descida, deveria haver algum modo de fazê-la. Então ela se lembrou da luva que sua mãe lhe dera, ela havia dito que tinha mil e uma utilidades.

Ela apertou a pedra no centro da luva e rezou para Atena lhe mandasse algo útil. Atena aparentemente ouviu, transformando a luva em um trenó de ouro com tamanho bastante para três pessoas. Ela se sentou na frente, e colocou o trenó em uma posição de decida e gesticulou para as meninas.
– Depois eu explico.

Assim que começaram a descer, Sabrina se arrependeu de ter ido na frente. Deveria ter pego Elizabeth que podia levianamente controlar terra ou Sabrina que tinha força o suficiente para pular três metros. O trenó descia na velocidade da luz, vento batia contra sua face fazendo seus olhos correrem lágrimas e Sabrina começou realmente a rezar. Então ela sentiu terra indo contra sua cabeça e Suzana arfando atrás dela e olhou para trás.

A situação havia ficado impossivelmente pior. O grifo gigante começara a deslizar pela colina na direção delas gritando, como se Apolo tivesse dito para pegá-las a qualquer custo e esquecido de retirar as ordens quando falou com elas. Sabrina mordeu os lábios carnudos e tentou controlar o trenó, impedi-lo de colapsar contra os apartamentos no fim da colina ou de bater em alguma árvore de eucalipto. Então, bam! Lá estavam elas, voando longe do grifo, do trenó e de si mesmas e indo em direção ao chão.

Sabrina teve sorte. Ela caiu em um arbusto – o que não foi muito confortável, porém melhor do que o asfalto – e não quebrou nada. Elizabeth tinha os poderes de filha de Hades para lhe proteger, então caiu em uma parte fofa de terra como se tivesse caído em um colchão.

Infelizmente, Suzana não teve a mesma sorte. Ela rodou pelo ar até ir na direção asfalto. Sabrina gritou, tentou correr para ela e viu que Elizabeth fazia o mesmo – ambas queriam intercepta-la no ar, almofadar o impacto. Mas então o improvável aconteceu – o grifo terminou de descer a colina, esbarrou no ar e impediu aquele trecho da rodovia, fazendo vários carros bater e Suzana cair contra sua cabeça – a única parte de penas que não era feita de navalhas.

O grifo ficou inconsciente por tempo suficiente para Suzana descer, dar um grito de euforia, Sabrina pegar a luva de volta e sair correndo dali com suas amigas.

Quando Elizabeth apontou para um túnel de construção guardado por dois guardas em armadura romana e elas seguiram naquela direção, o grifo já tinha despertado. Ele corria pela rodovia mandando carros para o mar, provocando acidentes e gritando algo entre um cacarejar e um rosnado.

Sabrina corria com toda a força, mas estava praticamente sendo arrastada por Elizabeth e Suzana (de novo). Os guardas não pareceram se importar que elas eram gregas, gesticularam para a porta de concreto do túnel e ficaram em postos.
– Corram! Logo!

Elizabeth – que estava na frente, de algum modo impossível pois era que tinha as menores pernas – não entrou até que todos estivessem dentro do túnel – incluindo os guardas romanos – ela quase os espancou para que eles entrassem antes dela.

Debaixo da terra, Sabrina se sentia claustrofóbica, mas ignorou isso e continuou correndo encarando as costas de Suzana. Quando ela enxergou a luz no fim do túnel (literalmente) o mesmo tremeu, sacudiu e poeira caiu. Ela olhou para trás relutante, viu os guardas, Elizabeth e logo atrás a cabeça do grifo.

O maldito estava arrombando a entrada.

Aí então que Sabrina correu feito uma louca, deixando os romanos atrás dela para comer poeira.

Sabrina já estava as margens de um rio próximo da entrada quando Sabrina saiu, apoiada em seus joelhos procurando por ar. Foi então que Sabrina sentiu-se sendo empurrada, e viu que era os guardas romanos a tirando do caminho de Elizabeth enquanto ela saia correndo – parecia que o grifo estava em seu encalço.

Ela percebeu que um dos guardas era uma menina de cabelos loiros e com camiseta roxa e jeans por baixo, e que o outro era moreno com a mesma combinação de moda. Então o bico do grifo apareceu na saída do túnel, e todos os semideuses presentes gritaram.

Elizabeth se recuperou do susto primeiro, ela apontou as mãos para o túnel como se fosse jogar bolas de energia e pareceu estar empurrando alguma coisa invisível. Sabrina percebeu que o túnel tremeu, o grifo gritou – era como se estivesse apertando o grifo dentro do túnel.

O garoto moreno e a loira ajudaram Elizabeth, atacando a cabeça do grifo com uma espada e uma lança – primeiro cegando-o, depois atacando o bico. Seus movimentos pareciam naturais, mas ao mesmo tempo combinados. Então finalmente o grifo explodiu em pó dourado por todo o túnel, que voltou ao tamanho normal.

Sabrina teve exatamente dois segundos de alívio até que a loira apontou sua arma na direção de seu pescoço.
– Gregos – cuspiu a menina loira – atacando nosso acampamento quando está mais enfraquecido. Acho que isso termina com 50 anos de paz. – Sabrina teve a vontade de chorar por misericórdia, mas não tinha feito nada de errado.
– Um grifo nos ataca – ela disse – e você considera isso uma ofensa?
– Ei sua loira de farmácia – interveio Elizabeth, estralando os dedos das mãos de forma assustadora – tire a adaga do pescoço dela e quem sabe eu deixe sobrando um fio ou dois.

Antes que a loira pudesse responder (Sabrina tinha que admitir que a loira parecia consideravelmente menos confiante) o outro garoto – aparentemente no comando – colocou a mão no ombro dela.
– Pare com isso Amélia. – ele disse – Estamos em um tratado de paz. O grifo estava atacando tanto elas quanto nós. Vamos apenas leva-las para Catherine e Theo e voltar para a patrulha.
– Você realmente espera que eu siga essas ordens David? – ela disse irritadíssima. Sou eu que tenho uma faca apontada para a minha garganta, quis dizer Sabrina. O menino, David, suspirou.
– Sim, é uma ordem.

Amélia relutantemente tirou a adaga do pescoço de Sabrina. Sabrina pegou o gesto obsceno quase imperceptível que Elizabeth fez pelas costas de Amélia e teve que se segurar para não rir.
– Me desculpe pelos problemas – interveio Suzana tentando amenizar o clima – nós estamos em uma missão, e realmente temos que conversar com seus governantes. Nosso acampamento tem sido atacado por noites seguidas, estamos praticamente sendo dizimados.
– Aposto que querem nossas tropas – resmungou Amélia em um canto. David fez uma cara para ela.
– O que você acha de ficar de vigília enquanto eu as guio? – ela arregalou os olhos azuis – Você não iria...
– É claro que eu iria. – ele piscou para Suzana – Por que eu não iria?
– Vênus, Pluto e Minerva! Pior combinação possível para possíveis inimigos! – ela vociferou – E você quer andar por aí sozinho com elas?! – Sabrina levantou uma sobrancelha para a garota, como era possível que soubesse seus pais olimpianos? Ela tinha que admitir que o de Elizabeth era bem óbvio por causa do truque com o túnel e a espada negra em suas costas. Mas ela e Suzana não eram tão obvias assim.
– É claro. Meninas, por favor, me sigam.

Ele as ajudou a atravessar o rio. Sabrina percebeu uma ponte alguns metros de distância, mas ele insistiu que era melhor atravessar o rio. Completamente encharcados, eles caminharam pelo que parecia o Acampamento Júpiter.

Sabrina tinha que admitir que estava boquiaberta – tinha praticamente o quádruplo do acampamento Meio-Sangue em toda a sua extensão, além do que parecia uma cidade própria e estar conectado à Califórnia embora em seu próprio espaço mágico.
– Eu vou leva-las a principia. – ele disse – Lá vocês encontrarão os pretores, nossos governantes. Isso seria o certo pelo protocolo, levar os representantes gregos até os pretores. Eu sinto muito que Amélia tenha se descontrolado.
– Não tem problema – disse Sabrinaa – eu lutei com górgonas essa manhã. – ele sorriu para ela.

Após uma caminhada em uma espécie de estrada de terra, Sabrina começou a perceber fantasmas roxos por todo o lugar. Eles torciam os narizes para elas, cuspiam no chão e faziam ‘ham’ como garotos mimamos para todo o lado. Eles usavam togas e todos tinham o mesmo corte de cabelo.
– São lares? – ela perguntou. David assentiu.
– Nossos deuses caseiros. Foram muito bem instruídos a não insultar vocês quando chegassem.
– Quando chegassem? – perguntou Elizabeth – Eles sabiam que viríamos?
– Só os centuriões. – disse ele – Não informamos os recrutas por que gregos significam problemas, não queríamos pânico.
– Obrigado pela parte que me toca – murmurou Sabrina.

Eles pararam no meio do acampamento, onde duas ruas se uniam em um T. Uma placa rotulava uma rua como Via Praetoria. A outra rua, atravessando o meio do acampamento, estava rotulada como Via Principalis. Debaixo dos marcadores estavam placas pintadas à mão como BERKELEY A 8 QUILÔMETROS; NOVA ROMA A 1,6 QUILÔMETROS; ROMA ANTIGA A 11648 QUILÔMETROS; HADES A 3696 QUILÔMETROS (apontando diretamente para baixo); RENO A 332 QUILÔMETROS, E MORTE CERTA: VOCÊ ESTÁ AQUI!

A morte certa parecia bem limpa e ordenada. Os prédios eram caiados, arrumados com exagero como se o acampamento tivesse sido projetado por um professor de matemática espalhafatoso. Os quartéis tinham varandas sombrias, onde os campistas descansavam em redes, jogavam cartas e tomavam refrigerante. Cada dormitório tinha uma coleção diferente na frente mostrando algarismos romanos e vários animais — águia, urso, lobo, cavalo, e algo que parecia um hamster. Junto da Via Praetoria, filas de lojas anunciavam comida, armadura, armas, café, equipamentos de gladiador e retalhos de toga.

Em um canto da calçada estava o prédio mais impressionante — uma cunha de dois andares, feita de mármore branco, com pórticos de colunas, como um banco à moda antiga. Guardas romanos estavam em frente a ele. Em cima da porta, estava um cartaz grande e roxo com letras SPQR douradas bordadas dentro de uma coroa de louros.
– A principia. – deduziu Sabrina.
– Isso mesmo. – disse David – Espero que não tenham o costume de mentir, ou de trazer problemas.

Ele entrou primeiro, e então Suzana. Elizabeth e Sabrina se encararam antes de decidir entrar, como se fosse a última coisa que fosse fazer.
– Espero que tenham pizzas e espaguete.
– Por favor – disse Sabrina – não pergunte por isso. – Elizabeth sorriu, elevando as maçãs do rosto baixas e mostrando apenas uma covinha na esquerda. Sabrina entrou na frente, deixando a filha de Hades por último e desejando que não fosse o último lugar que iria entrar.


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