Ainda demorava um pouco a chegar a Bracalândia. E se não chegássemos cedo, ficávamos horas na fila para pegar pulseira. Como eu tinha falado, fui no carro de Brody com Trevor. Mia se juntou a nós com a desculpa que o carro de Jamie era muito pequeno e já estava cheio demais. Claro… Fingi que acreditei nessa.

– Você já foi à Bracalândia Brody? – Mia pergunta e eu tomo atenção.

– Não nunca… - Ele sorri – Não vivia nesta zona.

– Verdade…

– Não se preocupe, não tem como não gostar – Asseguro e vejo Brody assentir com um sorriso.

– Quais as melhores atrações? – Ele questiona interessado.

– O Dragão! – Afirmo.

– Nem lá perto! – Nega Brody – O Dragão é uma brincadeira de crianças ao lado da montanha russa.

O dragão era uma espécie de mini montanha russa, menos veloz e, graças a Deus, mais baixa. Ironicamente ficava bem ao lado da mesma. Enquanto meus amigos desfrutavam da montanha russa eu sempre ia para o dragão.

– Eu tenho pavor de alturas! – Argumento mas ele apenas me dirige um sorriso travesso. - Além disso, parece super frágil!

– A bailarina também é bem legal – Mia opina. A bailarina consiste numa oponente mulher com uma saia rodada em metal. À volta de toda a saia, tem os assentos para as pessoas e ela vai girando para cima e para baixo tão velozmente que só os valentes não ficam minimamente enjoados.

– Parece bem legal. – Trevor fala.

– Você já foi a algum? – Brody interroga.

– Sim, ao Tibidabo, em Barcelona.

– Sério mesmo? – Eu me viro completamente para trás. – Nossas turmas de décimo ano tiveram oportunidade de lá ir! Quer dizer, apenas os melhores na classe de espanhol.

– E vocês foram? – Todos assentimos. – Cara aquele hotel Kruger era demais!

– Tá de brincadeira? – Me faço de ofendida. – Eu quase rasguei a blusa de Malik de tanto agarrar nele com medo.

– Gostava de ter visto a cena – Brody gargalha.

– Não foi divertido! – Cruzo os braços – Como ser perseguida pela garota de “Exorcista”, pelo Jason de “Sexta-feira 13” e mais uma quantidade de vilões de filmes de terror pode ser considerado diversão?

– Eram falsos amorzinho – Mia faz biquinho.

( N/A: Gente, eu estive mesmo no Tibidabo em Barcelona e entrei no Hotel Kruger inocente, eu nem meus amigos sabíamos o que era realmente. Como tinha uma outra “Freak show” mais abaixo, não esperávamos uma casa assombrada. Mas era. E só quando o segurança enorme, que parecia saído do filme “Homens em preto” nos falou que estávamos por nossa conta, que não podíamos correr ou tocar em nada é que a ficha caiu. Foi horrível! Parecia que todas as personagens de terror que eu via nos filmes estavam à minha frente. Até o boneco Chuck estava lá correndo atrás de nós. E então eu desmoronei. O monstro das sequelas “O pesadelo de Helm Street” ou lá como se chama correu até mim, de cara desfigurada e me prendeu contra a parede com uma faca, provavelmente de plástico, no meu pescoço. Vejam o inicio desse vídeo e constatem como as pessoas saem de lá.)

– Ahh que se dane! Eu preferi mesmo o cinema 4D. – Afirmo.

– É o máximo também. Quando o cão baba e sentes a baba na cara o sentes a flecha cortar o ar a teu lado é muito show – Trevor acrescenta.

– Olhem! Chegamos. – Brody nos interrompe. O parque de estacionamento estava já praticamente cheio. Felizmente ainda conseguimos duas vagas, ainda que bem afastadas. Mas bem, pelo menos conseguimos vaga. Fomos até à bilheteira e meia hora depois estávamos entrando com nossas pulseiras verdes que nos dava acesso ilimitado a todos os brinquedos. Paramos no cimo das escadas, tendo vista privilegiada sobre o espaço.

– Onde querem ir primeiro?

– Carrinhos de choque (bate-bate) – Mack sugere aos pulinhos. Todos se entreolham.

– Por mim é uma boa! – Sorrio. Ela me dá a mão e corremos por lá abaixo até ao brinquedo. Ouço o som dos outros correndo atrás de nós. Esperamos na fila e deixamos alguns passarem à nossa frente para podermos ir todos juntos. Após várias reclamações das meninas de que os rapazes eram muito brutos, decidimos mudar de brinquedo. Mas qual é! É o bate-bate! Elas deviam saber como os rapazes se abstraem de tudo aqui. É como quando dá uma partida de futebol. Empolgam-se.

Sem um aviso prévio Vejo Mia correr, puxando Trevor com ela até à área Petit France, onde tem um réplica miniatura da torre Eiffel. Ela se posiciona à frente da torre com Trevor, ambos formando um sorriso enquanto Jamie tira a foto com o celular de Mia. Tirada a foto ele dá o celular a Mia.

– Agora nós! – Grito. Dou meu celular a ele e arrasto Brody para uma foto. Entrelaço meus dedos no seu pescoço e sorrio para a camara. Jamie não parece muito feliz no papel de fotógrafo mas eu estou nem aí. – Obrigada.

Ele me devolve a camara e Mack lhe lança um olhar de cachorrinho e pede para tirar uma foto de todos nós na Belle Tour Eiffel. Fazemos uma dezena de poses. Brincalhões, sérios, Pose de áfio, biquinho de pato coletivo… Enfim, tudo o que possam imaginar.

– Tudo bem, agora eu quero ir na montanha russa! – Mack fala.

– Você já escolheu os bate-bate. Outra pessoa escolhe agora. – Não me importava que fosse ela a escolher novamente. Foi só uma forma de tentar que eles escolhessem outra coisa.

– Eu quero montanha russa também – A traidora da Mia falou.

– Tudo bem então… - Suspiro e os sigo.

– Jamie, você pode ir comigo? Me sinto mais segura com um garoto – A ruiva ronronou. Jade fez um gesto de vómito com os dedos na sua boca, mas eu tremia demais para me importar. Brody abrandou o passo quando estávamos perto da atração.

– Vocês vêm? – Jade perguntou em simpatia sabendo do meu medo.

– Vão indo que já vos alcançamos. – Brody assegurou antes que eu pudesse dizer que eu não iria.

– Tudo bem. – Ela foi em frente.

– Brody, eu não… - Tentei falar.

– Confia em mim – Eu concordei e nesse instante ele reverteu nosso caminho. Nos conduziu até à roda panorâmica, mais conhecida como roda gigante.

– Brody – Alerto.

– Eu sei que tem medo. Eu próprio também tinha. – Confessa.

– E como perdeu o medo? – Eu fiquei curiosa.

– Minha mãe. Vem e eu te mostro como ela me fez perder o medo – Ele esticou sua mão para eu segurar mas estava com receio ainda. Mas resolvi arriscar.

Entramos numa das cabines, apenas nós dois. Ela não arrancou logo. Balançava ligeiramente. Eu me dei conta que enquanto estávamos parados cá em baixo, algum infeliz estava no topo, a cabine a balançar ao sabor do vento.

– Isto não vai cair não é? – Pergunto ao jovem que comanda o painel de controlo. Ele me dá um ligeiro sorriso.

– Inspecionaram ela dois dias atrás. Está impecável. – Falou amigavelmente.

– Se eu pedir, você me faz um favor?

– Se eu puder, sim.

– Não nos pare lá no topo por favor. – Vinha voz é um sussurro. Brody ri ao meu lado.

– Com certeza. Se prepare que vai arrancar.

Meu corpo parece ferro, de tão rijo e estático que fica quando ele diz isso. Não consigo mover nem o dedo mindinho. Brody se aproxima, abraçando-me.

– Esse é o problema – Fala baixinho em meu ouvido. – Você não relaxa.

Sinto seu hálito fresco bem perto de mim. Seu nariz roça no meu e borboletas se instalam no meu ventre. Sua boca se apodera da minha. Sinto meu corpo se descontrair e nesse momento a roda começa a mover-se. Eu nem ligo, tão compenetrada que estou com Brody. Ele se afasta para respirar e observa a paisagem, Sem se afastar de mim. Seu corpo quente me dá uma sensação de proteção e me atrevo a espreitar também. A vista é linda.

– Então sua mãe lhe deu um beijo na boca para perder o medo de alturas? Bizarro – Gracejo.

– Na verdade, ela me deu um beijo na testa mas o resultado é o mesmo – Ele me olha – Nos sentimos seguros, protegidos.

Eu rodeio seu pescoço e o puxo para mais um beijo. No final de contas, a viagem não foi tão ruim quanto eu me lembrava.

– Daqui a nada já andará na mais perigosíssima montanha Russa que existe – Ele brinca.

Corremos até à atração onde os outros estavam, ainda rindo.

– Meu Deus! – Mia bufava branca como neve – Não me lembrava da montanha russa com tantas curvas.

Todos começaram a rir da cara dela.

– Onde estavam vocês dois? – Jamie pergunta demasiado territorial. Eu lhe lanço um olhar fulminante.

– Nós estávamos na última cabine da montanha russa. – Brody mentiu. – Não nos viu? Tenho certeza que todos conseguiam ouvir os gritos de pânico de Zoe.

Eu bato no seu peito. Tá bom, não precisa especificar tanto a mentira né?

– É mesmo a cara dele fazer isso – Jade ri. Trevor segura Mia enquanto ela se recompõe.

– Tá, agora eu escolho onde quero ir – Afianço encaixando meu queixo no ombro de Brody.

– Onde? – Jamie questiona com uma sombra chamada Mack ao lado.

– Roda gigante – Sorrio parvamente assim como Brody. Os outros desconfiam que estamos escondendo algo, pelas suas caras, mas ignoram – E depois vamos almoçar que estou morrendo de fome!