A imagem de Emmelie chorando compulsivamente, o rosto vermelho, com falta de ar, ainda não saía da mente de Emmett Cullen.

Ver a filha sofrendo daquela forma lhe doeu tanto o coração que se pudesse trocaria de lugar com seu bebê e lhe pouparia tamanha dor.

Assim que Emmelie começou a melhorar da crisme asmática, a respiração se reestabilizar, Rosalie, que sentia em sua alma o desespero de uma mãe ao ver a filha sofrer, conseguiu se acalmar. Aquele anjo loiro no céu pôde voltar a ter paz.

Esme ficou fazendo companhia para Emmett por mais algumas horas e depois voltou pra casa. Além de estar cansada, precisava dar notícias ao marido sobre a neta. Fora de que Alice já havia ligado várias vezes, quando chegou do jantar com Jasper, após saber do que ocorreu a sobrinha.

Emmett e Emmelie passaram a noite no hospital já que a pequena precisava ficar em observação. Por volta das sete horas da manhã, Emmelie Meghan Hale Cullen recebeu alta e o pai pôde levá-la de volta pra casa.

Assim que chegou, Emmett deu um banho na filha e a colocou no berço, indo em seguida tomar o seu banho. Precisava relaxar. Tirar outra vez do corpo aquele cheiro de hospital.

Como sua vida havia virado de ponta cabeça da noite para o dia? Como em um momento que você está começando a se conformar com o rumo que a vida tornou as coisas e de repente tudo parece desabar a sua frente sem você saber o que fazer? Era nisso que Emmett pensava quando deitou em sua cama.

Em momento algum estava reclamando do problema de saúde da filha ou da responsabilidade de cuidar dela. Apenas não conseguia entender como em um minuto sua princesinha estava bem e no minuto seguinte estar passando tão mal. Ele queria poder evitar tudo isso. Não podia perder sua filha de maneira alguma.

[...]

Seis meses depois...

Os meses seguintes foram entre altos e baixos. Entre situações desesperadoras e outras tranquilas. Noites perdidas por Emmett com Emmelie no hospital devido às crises. O tratamento da doença não fora interrompido em momento algum. Tudo o que estava ao alcance das famílias Hale e Cullen para o bem estar da pequena Emmy era feito.

Com o tempo, a dor da perda de Rosalie, no coração daquelas famílias, fora diminuindo. Não cessou completamente, apenas foi guardada em uma parte do coração deles onde a memória da jovem que partira ficaria para sempre.

Carlisle aos poucos retomou sua vida. Voltou a trabalhar no próprio consultório de odontologia e uma vez por mês ia ao túmulo da filha levar flores. Jasper sempre acompanhava o pai ao cemitério. Ele havia entrado na Força Aérea dos Estados Unidos como comandante de voo e se mudado para Washington, onde ficava uma das bases das forças armadas do país. Vinha visitar o pai todo mês.

Os Hale, aos poucos, foram se adaptando a falta que a eterna garotinha loira fazia em suas vidas.

Emmett também seguia em frente, mesmo nunca deixando de pensar nela por um dia sequer. Voltou a trabalhar na Agência de Viagens Cullen, contratou uma babá para cuidar de Emmelie no seu horário de trabalho, que se estendia das 10 da manhã às 6 da tarde. Durante a noite e nos fins de semana dava total atenção a sua bonequinha, que a cada dia estava mais linda.

A família de Emmett sempre o ajudava com a filha quando ele precisava. Alice sempre que ia às compras trazia algo para a sobrinha. Emmelie tinha tantos brinquedos, roupas e acessórios, mas Alice nunca se cansava de comprar mais.

Em uma dessas idas às compras, Alice voltou com uma linda pulseira de ouro.

A pequena corrente de ouro se prendia a uma plaquinha fina dourada que tinha o desenho de três lindos ursinhos com corações na barriga. Todo contorna da plaquinha era ondulado. A pulseira era um encanto e tinha em si um significado muito especial que a pequena Emmelie entenderia quando ficasse maior.

Emmett perguntou à Alice o porquê de um presente obviamente caro como aquele e o que significava para ser tão especial.

–Ora essa Emmett, é muito simples. – Alice deu de ombros como se fosse mesmo tão obvia a resposta. – Existe uma tradição que os mais velhos contam que a primeira pessoa a ver o primeiro dentinho do bebê nascendo deve dar de presente algo de ouro. E como ontem, quando você deixou a Emmelie lá em casa de noite para fazer compras, ela começou a chorar no meu colo, eu acabei vendo o dentinho e falei pra mamãe. Ela me contou essa história que a mãe dela contou pra ela, e hoje de manhã eu saí pra comprar o presente da minha sobrinha linda. – Ela explicou, assim que terminou de colocar a pulseirinha dourada no pulso de Emmelie.

Alice havia ido para casa do irmão junto com ele, em carros separados, após saírem do trabalho no fim do dia.

–Ah, agora entendi. Obrigado então, Alice. E deve ser por isso que a Emmy tem chorado mais esses dias. O dente dela está nascendo. – Emmett concluiu.

–É isso, a mamãe disse que os bebês ficam enjoadinhos nessa fase. Mas logo passa, não é meu amor?!- Alice falou a ultima frase com uma voz infantil, virando a sobrinha de frente pra si e lhe beijando a bochechinha rosada.

Emmelie encarava a tia com os grandes olhos castanhos, atenta. Quando Alice sorriu, a pequena refletiu o sorriso da tia abertamente, mostrando as covinhas nas bochechas fofas. Emmett também sorriu encantado com a cena entre tia e sobrinha. Ele segurou o bracinho da filha para ver melhor o presente.

–Lice, porque os três ursos? – perguntou curioso.

–Ué, são você, a Emmelie e a Rose. Sempre que a nossa bonequinha olhar os três ursinhos vai se lembrar de vocês, que são uma família. Que você é o papai urso dela, todo grandão e protetor, e que a mamãe dela sempre vai estar com ela. – Alice explicou.

Emmett ficou encantado com as palavras de irmã. Alice sempre tão esperta e sensível conseguiu pensar no presente perfeito para dar à sobrinha.

Emmelie jamais esqueceria o significado daquele símbolo em sua vida assim que pudesse entender. Ela, seu pai e sua mãe. Os três, uma família. Podia até parecer incompleta, dada as circunstâncias de Rosalie não estar fisicamente com eles, mas ainda sim era uma família, e ela estaria sempre viva em seus corações.

Emmett abraçou Alice, agradecendo a Deus pela irmã amorosa que lhe dera. Emmelie ficou no meio daquele abraço sentindo a felicidade do pai e da tia. Não tinha a menor consciência do que acontecia, mas estava lá sorrindo.

Rosalie Hale, nosso anjo, lá do céu, sorriu. Sentiu dali a alegria da filha, e uma felicidade e calma tomarem sua alma. Felicidade por saber que sua menina estava bem e contente. Calma por saber que ela estava protegida e saudável.

Ela agradeceu mentalmente a Deus, que estava tão perto dela, por ter colocado a ideia deste presente na mente de Alice. Ele, de sua forma divina, havia feito Emmelie ter uma lembrança dela para sempre e que pudesse levar para todo lugar. Um presente que jamais seria posto de lado.

Para alguns poderia ser considerada uma simples pulseirinha de ouro, mas para aquela família, principalmente para Emmett, Emmelie e Rosalie, tinha um significado mais que especial. Significava união, amor e uma promessa de companheirismo eterno.

Três corações. Uma família. Um significado único, expressando o maior e mais forte amor.