Aos poucos as famílias Cullen e Hale se recuperavam após a despedida da jovem Rosalie. A quantidade de lágrimas derramadas por aquelas famílias no velório e enterro dela foram incontáveis. Emmett e Carlisle eram os mais inconsoláveis, os que menos aceitavam a realidade a sua frente. Mas foram forte e resistiram aos dias que se passaram, mesmo sem uma imensa parte de seus corações.

Esme, o marido Eleazar, e os irmãos de Emmett, Alice e Edward, também sofriam, mas tentavam não deixar a dor da perda se agravar e tomar conta do coração deles. Agora o foco era fazer Emmett voltar a viver feliz e cuidar do mais novo membro da família: Emmelie Meghan.

Jasper, tio da garotinha, tentava ao máximo não demonstrar sua dor e angústia. A saudade da irmã era forte demais, mas ele precisava dar forças ao pai. Carlisle parecia ter se trancado numa bolha, num mundo onde Rosalie, sua eterna garotinha de cabelos louros, ainda vivia alegre por aí. Passava horas encarando as fotos de Rosalie e não fazia questão de esconder as lágrimas. Comia por insistência do filho, e não por vontade própria. Resolveu se distanciar por um tempo do próprio consultório de odontologia. Trabalhar agora seria praticamente impossível.

Já completava cinco dias que Emmelie Meghan Hale Cullen, o pedacinho de Rosalie que ficara na terra, estava na incubadora. Por ser um bebê prematuro, nascida ainda de oito meses, um estado não tão crítico, porém que podia gerar complicações, ela adquirira uma dificuldade respiratória. A pequena Emmelie nasceu com Bronquite Asmática, mais conhecida como Asma.

A asma é causada pelo inchaço e obstrução das vias aéreas pulmonares, causando dificuldade respiratória. Essa inflamação causa falta de ar, tosse e aperto no peito, e caso não for tratada corretamente pode levar o paciente a morte. As crises de asma podem ser causadas por poeira, pelo de animais, mudanças climáticas, principalmente na frequência do frio, clima constante em Port Angeles, o que não tornaria as coisas mais fáceis para a recém-nascida. Além desses fatores, produtos químicos no ar ou nos alimentos, exercícios físicos intensos e mofo também podem desencadear as horríveis crises asmáticas.

Após o diagnóstico da doença, os médicos entraram em contato com Emmett para lhe informar e explicar tudo que precisaria saber, além dos tratamentos necessários. Ele não podia acreditar que sua garotinha, tão pequena e frágil, já sofria desta forma. Emmelie já era uma verdadeira guerreira.

Emmett fazia um grande esforço durante esses dias para não pensar em Rosalie, mas era em vão. Era impossível a todo o momento sua mente não vagar para as lembranças de sua amada. Ele só queria neste momento ter Rose ao seu lado para juntos cuidarem da filha frágil.

Era uma manhã de terça-feira, o céu estava nublado, mas alguns raios de sol atravessavam as nuvens aquecendo um pouco o clima. Emmett não estava trabalhando na empresa na família, não tinha condições para isso. Não agora. Ele havia ido ficar com sua filha, assim como fazia todos os dias. Passava horas e horas observando sua pequena na incubadora, sorria-lhe a cada movimento feito por ela. Só nesses instantes ele se sentia feliz, via motivação pra continuar a viver, pra não desistir.

Ele sabia que seguir sem Rosalie seria difícil, quase impossível, mas por Emmelie ele conseguiria. Por seu tão valioso tesouro, ele se esforçaria.

Chegando ao hospital, subiu ao segundo andar, na ala infantil e antes de ir ver sua filha os médicos lhe chamaram para conversar.

Emmett Cullen ouviu atento cada palavra dos médicos e atendeu prontamente a iniciação do tratamento contra a asma. Ele não queria que o problema de Emmelie se agravasse, nem que ela sofresse mais por não conseguir respirar normalmente.

Havia medicamentos preventivos para evitar as crises asmáticas, assim como havia os que davam alívio imediato para usar durante as crises. Uma lista de ambos os medicamentos foram passadas para Emmett e assim que Emmelie fosse para casa ele seria encarregado de lhe dar os remédios. A tão conhecida “bombinha,” que libera uma substancia quando é apertada causando um alívio na dificuldade respiratória, também foi receitada para Emmett comprar. O médico deixou claro que o uso da bombinha seria apenas em situações de extrema necessidade, já que o remédio injetado nela, quando usado em grande quantidade, poderia causar a morte. Emmett não poderia ter nenhum descuido sequer com sua pequena nessa hora.

A partir de agora a rotina dele seria baseada em remédios e hospitais, trazendo a filha para os exames e as sessões de inalação necessárias. De maneira alguma Emmelie poderia interromper o tratamento, do contrário as consequências não seriam nada boas.

Eram tantas informações para Emmett assimilar, mas ele prestou atenção em cada palavra dita. Prometeu a si mesmo que quando chegasse em casa pesquisaria mais sobre a doença, afim de garantir que teria todos os cuidados corretos com Emmelie. Lembraria também de comunicar a empregada da casa para dobrar os cuidados com a limpeza, já que poeira era prejudicial a sua filha.

Após a conversa com os médicos, Emmett foi dar uma última olhada em sua pequena antes de sair para almoçar em um restaurante próximo do hospital.

Ao chegar à sala onde várias incubadoras estavam enfileiradas, com o auxílio da enfermeira e já preparado para adentrar o local, Emmett se aproximou de sua garotinha. Ele colocou uma das mãos pela abertura que havia ali e tocou a perninha dela.

Emmelie parecia dormir, mas assim que sentiu o toque do pai mexeu a perna numa espécie de chute. Abriu os olhinhos mexendo a cabecinha para encarar Emmett.

Como todo pai orgulhoso, ele sorriu.

–Oi, Emmelie. – Emmett sussurrou com um leve sorriso no rosto de querubim.

A garotinha na incubadora o encarava com a feição séria, como se absorvesse cada palavra, gesto e traço do maravilhoso pai a sua frente. Os grandes olhos castanhos abertos, como um reflexo dos mesmos olhos a sua frente.

–Eu vou cuidar de você, filha. Prometi a sua mãe e vou cumprir. Você vai perceber que eu nunca quebro uma promessa. Se você soubesse o quanto eu já te amo... Só queria que sua mãe estivesse aqui para ver o quanto você é linda. –Emmett falou, emocionado, os olhos brilhando com as lágrimas que se formavam.

Emmelie focava os grandes olhos castanhos do pai, parecendo entender cada palavra dita por ele. Depois ela lhe sorriu, revelando as lindas covinhas puxadas do pai. Isto fez com que o sorriso de Emmett se alargasse mais.

Um parecia o reflexo do outro. Pai e filha trocando sorrisos de covinhas. Demonstrando, mesmo que inconscientemente, uma cumplicidade inabalável.