Eu Sempre Vou Amar Você escrita por Joice Santos, Joice Reed Kardashian


Capítulo 26
Epílogo - Flor de Cerejeira


Notas iniciais do capítulo

Olá minhas anjinhas. Quanto tempo, né? Me desculpem, mas só agora conseguir terminar esse epílogo que há dias tento escrever. Espero que meu esforço agrade vcs.
Quero dedicá-lo a todos que me acompanharam, comentaram e recomendaram. Até as fantasminhas. Obrigado. Em especial, dedico a uma pessoa linda que me fez a surpresa de recomendar a fic mesmo depois de ter postado o ultimo capítulo há um bom tempo. vampiresfuckme esse capítulo é pra agradecer as suas palavras incríveis!



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Cinco anos depois...

Os anos se passaram e com eles acontecimentos novos foram colorindo a vida daquela nova família. Não eram apenas os Cullen somente, ou os Hale, também tinham os Houston. Três famílias que tornaram uma só, após a união oficial de Emmett e Shay. O casal não fez questão da cerimônia no religioso, apenas um jantar após assinarem toda papelada oficial no cartório. Emmelie estava mais que feliz, radiante, agora que teria uma mamãe em casa morando com ela, cuidando dela a todo instante. Ver sua bonequinha tão contente aquecia o coração de Emmett, sabia que, enfim, poderia ser completo outra vez.

Alice havia largado o emprego na empresa na família há 2 anos e se mudado para o apartamento de Jasper, em Washington. Os dois moravam juntos, apesar de Jasper passar vários dias na base militar das forças aéreas, onde era comandante de voo. O casal ainda se declarava apenas namorados, mesmo morando juntos. Alice dizia que não queria casar agora, afirmando que em time que está ganhando não se mexe. Ela estava trabalhando como designer numa empresa especializada em fotografia, álbuns de festas e coisas do tipo. Adorava o que fazia e tirar fotos agora também era sua paixão.

Esme e Eleazar estavam mais do que realizados. Ver a felicidades dos filhos era os deixava mais felizes. Edward e Bella se formaram na faculdade, ele como músico e ela em letras. Isabella estava se dedicando a escrever um livro, romance, e Edward estava a todo vapor compondo músicas para quem sabe lançar um CD um dia, como era seu grande sonho. Logicamente os dois trabalhavam enquanto o sucesso não vinha. Edward na empresa com o pai, mas somente meio expediente, e Bella em uma livraria.

Emmett continuava trabalhando para o pai. A empresa da família Cullen crescia cada vez mais, dando orgulho e gratificação a Eleazar. A vaga de Alice havia sido ocupada por, ninguém menos, que nossa querida Shay. A jovem se esforçava ao máximo, não querendo receber regalias por ser parte da família dos donos. Ela progredia a cada dia, se empenhando em cada projeto e surpreendo todos que trabalhavam na empresa por levar tanto jeito com design, fotos e propagandas.

Mas as novidades não acabavam por aí. Emmelie, linda e crescida, agora dava orgulho à família como uma das melhores alunos do colégio de Por Angeles e como uma ótima nadadora. O pediatra que a acompanhara desde pequena achou ótimo a ideia de Emmett matriculá-la na natação. Praticar esportas lhe faria bem, agora que raramente sofria com a asma. Emmelie, enfim, podia ser uma criança normal, correr, pular e se divertir, mas é lógico, tomando os cuidados necessários.

E no meio de tantas realizações, a que mais surpreendeu foi à chegada de um novo membro para grande família. Isso mesmo, há 2 anos e alguns meses, no dia 3 de dezembro, nasceu a pequena e graciosa Emmica Houston Cullen. Foi o presente de Natal mais esperado da vida de todos, principalmente para Shay, Emmett e Emmelie.

Ao contrário do que todos pensavam que Emmelie morreria de ciúmes da irmã por fazer birra toda vez que Emmett deixava lhe dar atenção para cuidar da esposa grávida, ela, no entanto, quando bateu os olhinhos no lindo bebê de pele branquinha e cabelos negros dormindo no berçário hospitalar, criou um laço fortíssimo. Laço de irmã, o qual defenderia e zelaria a vida toda e teria orgulho disso. Emmelie era fascinada na irmãzinha, assim como Emmica nela. Tudo que Emmelie fazia, Emmica queria copiar, e dizia a todos, mesmo com suas palavras enroladas, que um dia seria nadadora como a irmã, que já havia ganhado duas medalhas em competições infantis.

A felicidade de Emmett por poder acompanhar a gravidez de Emmica, sem preocupações, foi extasiante. Encheu seu coração de paz, afugentando os medos que ele sentiu durante a gravidez de sua primogênita. E quando Emmica nasceu? Ah, o coração do pai babão não quase não se conteve no peito. Ele chorou tamanho era sua felicidade, chorou mais do que a própria Shay. E isso continuou com o passar dos anos. Emmett sempre se emocionava a cada progresso alcançado por suas bonecas.

Hoje, todas essas pessoas, com suas histórias particulares, porém que se entrelaçaram unidos pelos laços mais fortes, de amor, família e superação, finalmente podiam dizer que estavam, enfim, completos. Mais felizes do que jamais foram, mas sempre se lembrando de quão bons e realizados foram em momentos do passado.

[...]

Há exatamente uma semana, Emmelie completara seus 8 aninhos de vida. A família toda se reuniu e, sob o comando de Alice, uma linda festa infantil fora organizada no quintal da casa dos Cullen. Aproveitando que era verão em Port Angeles, ela achou que seria adequado organizar uma festa na piscina, ressaltando o fato de Emmy amar natação. E assim foi. Balões de diversas as cores foram espalhados pelo jardim, bolas coloridas jogadas dentro da piscina, muito sorvete, refrigerantes e doces para as crianças. Sem contar nos salgadinhos e o enorme bolo branco decorado com chantilly lilás escrito “Parabéns a nossa nadadora preferida”. Emmelie se divertiu demais com seus amiguinhos do colégio e da equipe. E lógico juntamente de sua família, o que mais ama no mundo.

A festa toda correu bem, os convidados e a aniversariante brincavam alegres, até Emmica sair toda molhada da piscina esbanjando o corpo gordinho vestida num maiô amarelo de bolinhas verdes e babados rosa na cintura. Ela brincou o tempo todo na borda da piscina, no primeiro degrau, sob os cuidados das avós Esme e Cheryl. Mas assim que viu a tia Alice trazendo sorvete para as crianças, pediu para sair. E foi correndo até a titia, que Emmica escorregou quando alcançou o piso do quintal. A choradeira foi ouvida por todos os convidados da festa e Emmelie não conseguiu mais brincar enquanto via a irmãzinha chorar com o lábio superior cortado, por onde escorria um filete de sangue. Shay e Emmett, angustiados pelo choro da filha, tentaram acalma-la após Carlisle ter lhe feito um curativo. Não havia sido nada grave, apenas o susto da queda, e Emmica só parou mesmo de chorar quando ficou sentadinha no colo da irmã, dividindo um sorvete, na beira da piscina.

A compreensão, carinho e cuidado entre irmãs crescendo a cada dia, enchendo de orgulho os corações de cada membro daquela grande família.

Após a festa de aniversário, apesar de completamente cansada, Emmelie, no meio de noite, saiu do aconchego de suas cobertas quentinhas e foi para o quarto dos pais. No corredor, parou apenas para olhar Emmica dormindo tranquila, através de uma fresta deixada pela porta meio aberta, no quarto que antigamente era seu. Agora Emmelie dormia no quarto no fim do corredor, um antigo de hóspedes que fora completamente reformado para ela.

A pequena abriu a porta do quarto dos pais, andou na pontinha dos pés e subiu na cama, entrando por debaixo das cobertas entre eles. Assim que Shay sentiu a presença da filha, a que seu coração permitira escolher amar, sorriu, acariciando os enormes cachos castanhos bagunçados.

–O que foi Emmy? Teve um pesadelo, bebê? – Shay perguntou, acariciando a bochecha dela. Emmelie sorriu, revelando as covinhas, gostando de ser chamada ainda de bebê.

–Não, mamãe. – Ela respondeu se aconchegando nos braços de Shay.

–Então o que foi?

–Eu queria pedir uma coisa... – Emmelie mordeu o lábio inferior hesitante, depois continuou. - Um presente de aniversário atrasado.

–Mas nós já te demos um presente de aniversário, Emmelie. Aliás, um não; vários. Aquele bando de brinquedos e roupas lá no seu quarto são o que? – Shay questionou tentando parecer firme quanto ao ato de mimar mais a filha. Mas sabia que, no fim, acabaria cedendo a qualquer coisa que ela pedisse.

Emmelie revirou os olhos, fazendo bico e assoprando uma mecha de cabelo que caía em seu rosto. Shay afastou o cabelo, sorrindo com a carinha de Emmy.

–Mas não é nada disso que eu quero. – ela negou com a cabeça.

–Então me fala minha vida. Me fala o que você quer. Fala que a mamãe te dá. – Shay segurou o rostinho de Emmelie e começou a distribuir beijos, fazendo a menina se encolher. Emmelie ria sentindo cócegas e pedia para Shay parar.

–Para mamãezinha, já estou sem ar. – ela riu, mas logo ficou séria quando Shay parou a brincadeira a olhando preocupada. – É brincadeira. Tá tudo bem, mãe. – a pequena tratou de tranquilizá-la.

–Então, me diz o que é que minha princesa quer.

Emmelie virou a cabeça olhando para Emmett que dormia atrás dela, indecisa se deveria acordá-lo ou não. Olhou de volta para a mãe, apontando e encolhendo o dedinho repetidas vezes na direção do pai.

–Quer acordar o papai? – Shay perguntou e ela assentiu, com os olhinhos brilhando. – Pode cutucar ele até acordar.

Emmelie riu e começou a cutucar Emmett com o dedinho. Nada dele acordar para ela, mas na verdade ele só estava fingindo, já havia acordado assim que ela começou dar risada ao seu lado. Despertar com o som mais precioso de sua vida não tinha preço para Emmett e, mesmo que já fosse tarde da noite, ele estava feliz por ter sua bonequinha ali.

–Acorda papai. – Emmelie pediu, subindo em cima de Emmett. Apertou as bochechas do pai fazendo-o sorrir. Enfim Emmett abriu os olhos, segurando a cintura da filha. Puxou-a para mais perto e, assim como Shay, encheu o rostinho da pequena de beijos. Emmelie riu e depois encostou as mãozinhas nas bochechas do pai para, dessa vez, lhe dar um beijinho de esquimó. Aquela cumplicidade de pai e filha, que perdurara por anos, crescendo a cada dia. Por mais simples o ato, Emmett e Emmelie se amavam ainda mais. Shay assistia tudo admirada.

– O que a minha bonequinha sapeca está fazendo aqui há essa hora? – Ele perguntou.

–Ela veio pedir outro presente. Vê se pode isso, Emm?! –Shay brincou, acariciando os cachos de Emmelie, que estava deitada sobre a barriga do pai.

–Pode não, papai está sem um tostão. – ele brincou. – Vai ter que pedir pra vovó Esme ou a vovó Cheryl.

–Mas vocês nem me deixaram falar o que é. – Emmelie se endireitou, sentando em cima da barriga do pai e cruzando os braços. – E outra, o que eu quero nem precisa de dinheiro. – Ela fez bico.

–O que é que minha bonequinha tanto quer? – Emmett perguntou tocando o narizinho dela, fazendo o bico da filha se desmanchar, dando lugar a um sorrisinho manhoso.

Ela olhou para a mãe a seu lado que a incentivou com um sorriso sincero e um carinho no queixo, depois, um pouco nervosa e com medo da reação que os pais fossem ter, começou a mexer as mãozinhas uma na outra. Olhando para as mãos, ela disse baixinho:

–Quero levar flores para mamãe Rose. Quero visitá-la e contar do meu aniversário. Eu nunca fui ver ela, papai.

Shay e Emmett trocaram olhares um tanto preocupados. Emmett se ajeitou na cama, se sentando e trazendo Emmelie para encostar-se a seu peito. Ele acariciou os cabelos da filha e beijou o topo da cabeça.

–É só isso que queria pedir, Emmelie? – perguntou.

–É papai. – ela assentiu. – Ela é meu anjinho da guarda e eu sinto falta dela mesmo sem ter conhecido. Ela também é minha mamãe e eu amo tanto quanto a mamãe Shay. – Emmelie olhou para Shay, que tinha os olhos marejados.

–Tudo bem, meu amor. Você pode visitar sua mamãe Rose, não é Emmett? – Shay puxou Emmelie para seu colo e olhou para o marido pedindo confirmação.

Emmett desviou o olhar da esposa e da filha, encarando a janela do outro lado. Sabia que devia isso a filha e a Rose. Sabia que um dia isso aconteceria e seria completamente egoísta e insensato negar o pedido que Emmelie havia feito de coração. Não havia porque negar. Mãe e filha mereciam esse encontro, essa oportunidade.

Ele voltou a encará-las e segurou na mão da filha lhe dando um sorriso confiante de covinhas.

–Lógico que sim. Tenho certeza que a Rose vai ficar feliz onde quer que esteja com sua visita lá, bonequinha. –Ela confirmou, sorrindo.

–E podemos passar numa floricultura e comprar as flores mais bonitas de todas para levar, o que acha? – Shay perguntou, beijando a bochecha de Emmelie.

–Pode ser florzinhas brancas? Papai disse que ela gostava de flores brancas. – Emmelie pediu. Os olhinhos brilhando em expectativa.

–As que você que você quiser princesa. – Shay confirmou, tornando a beijá-la na bochecha. Emmelie gargalhou com a mordidinha que ela lhe deu.

–Agora volta pra cama e aproveitamos que amanhã é domingo e vamos logo depois do café, ok? – Emmett falou, segurando a mão da filha e a ajudando a descer da cama.

–Quer que a gente vá te pôr na cama, meu amor? – Shay ofereceu.

–Não precisa mamãe. Boa noite. – Ela soprou um beijinho da direção dos dois e saiu, fechando a porta atrás de si.

Emmelie foi para seu quarto e deitou na cama, se ajeitando em baixo das cobertas com um sorriso satisfeito no rosto. Finalmente poderia fazer uma pequena homenagem a sua mãe. A mãe que sempre desejou conhecer, mas o destino não as deu essa chance. Agora, seu coraçãozinho inocente e cheio de amor queria, pelo menos uma vez, ter a oportunidade de dizer que amava.

Emmett e Shay conversaram um pouquinho após a saída de Emmelie. Os dois estavam preocupados quanto ao fato de levar uma criança a um cemitério, achando que isso talvez não fosse fazer bem a ela. Afinal, havia sido por isso que jamais levaram Emmelie para lá. Não era um lugar feliz, um lugar para criança estar. Mas agora esse desejo havia partido da própria menina e não podiam negar. Emmett, que depois de tomar a decisão de seguir em frente, só voltava ao cemitério nos aniversários de Rosalie para trocar as flores murchas por novas. Agora retornaria lá para satisfazer a vontade de sua bonequinha, que amava a mãe falecida de maneira inexplicável.

[...]

Na manhã seguinte...

A família estava reunida tomando seu delicioso café da manhã. Emmett olhava alguns emails no notebook em cima da mesa enquanto bebericava seu café. Shay terminava de recolher as panquecas recém-preparadas, Emmelie estava sentada na cadeira em frente ao pai e brincava puxando a chupeta da boca de Emmica, que estava sentada ao lado na cadeira de alimentação.

–Ei Emmica. – Emmelie chamava a irmãzinha quando esta ficava parada encarando a mãe atrás do balcão. Ela tirava a chupeta da boquinha da irmã que a encarava no mesmo instante. Depois estendia a chupeta na direção dela, fingindo devolver. Emmica abria a boca e seguia com a cabeça na direção da chupeta, que Emmelie ia afastando enquanto ria.

–Emmelie, devolve a chupeta da sua irmã, por favor. – Emmett pediu, desviando a atenção por um minuto de seu notebook.

–Mas é engraçado papai, olha. – Ela tornou a afastar a chupeta e Emmica seguiu com a boquinha aberta e os olhos fixos na chupeta branca com detalhes cor de rosa. Emmelie gargalhou e Emmett revirou os olhos.

–Vamos comer logo para podermos ir. Você não quer se atrasar, não é Emmy? Depois ainda vamos almoçar na casa da vovó Esme. – Shay respondeu colocando o prato com panquecas já cortadas cobertas de mel na frente de Emmelie.

–É. Não quero me atrasar pra levar as florzinhas para mamãe Rose. – ela respondeu pegando o garfo e começando a comer.

–Mamãe. – Emmica falou olhando para Shay.

–Não é essa mamãe, Emmica. É a minha mamãe Rose. – Emmelie quis corrigir.

–Minha mamãe Lose? – Emmica fez carinha confusa e a irmã revirou os olhos.

–É Rose. E não é sua mãe, é só minha. –Emmelie parecia estar ficando brava com a irmã menor, talvez enciumada.

Emmett respirou fundo e olhou para filha, a expressão autoritária fez Emmelie desviar o olhar e se encolher na mesa.

–Ok, vamos comer em paz? Sem brigas no café da manhã, por favor, meninas. – Shay pediu se sentando ao lado da filha caçula.

O restante do café foi em silêncio o que pareceu incomodar um pouco cada membro daquela família. Sempre estavam juntos rindo e conversando. Talvez fosse a tensão do casal em ter que levar a filha mais velha a um lugar que achavam que ainda não estava pronta para entrar. Emmelie teve que aprender a dividir tudo com Emmica, inclusive o pai que tanto ama e que sempre fora somente seu. Agora estava nervosa e com ciúmes achando que, talvez, tivesse dividir também a mamãe que nem mesmo conhecera.

Logo que terminaram, Emmett foi retirar o carro da garagem e Shay subiu para buscar os casacos das crianças. Assim que desceu, segurando o casaco azul de Emmelie e o de cor laranja de Emmica, viu as duas conversando na sala. A menor sentada no colo da irmã mais velha. Ela sorriu satisfeita por ver as duas se dando tão bem como sempre.

–Vem vestir o casaco bebê. – Shay falou se aproximando. Tentou pegar Emmica do colo de Emmelie, mas ela se recusou a sair, se agarrando ao pescoço da irmã. – Emmelie?! – Shay pediu ajuda. Era sempre assim, quando estava com a irmã, Emmica não gostava de ser interrompida.

–Deixa que eu visto nela, mãe. – pegou o casaco que Shay lhe estendeu e soltou os braços irmã de seu pescoço. – Vamos vestir Mimica? Eu também vou colocar o meu. – Emmelie falou a chamando pelo apelido carinhoso, fazendo a irmã aceitar de bom grado e esticar os bracinhos para facilitar o trabalho.

–Eu góto desse, Melemie. – Emmica falou passando a mão pelo casaco que vestia.

–Emmelie, Emmica. Meu nome é Emmelie, não “Melemie”. – Emmelie riu da irmãzinha. – E eu também gosto do seu casaco. Agora vamos. – ela pegou a mão da irmã a puxando para porta.

Assim que as duas já estavam vestidas, Shay as conduziu para fora e trancou a casa. Entraram no carro onde Emmett já esperava e partiram rumo à floricultura para seguirem até o cemitério.

Olhando pelo retrovisor, vendo as duas filhas quietinhas, Emmelie segurando a mãozinha de Emmica que esteava na cadeirinha de segurança, seu coração se apertou. Não foi difícil conquistar o amor de Emmelie. De amiga para tia Shay foi num estalar de dedos, e logo após passou para mãe da pequena. Foi fácil até demais, pensou irônica. E agora tinha medo de perder esse amor, esse carinho, esse lugar no coração de sua menina.

Emmett não falou nada também. Esteve imerso em pensamentos o tempo todo. A dúvida de estar agindo corretamente o consumia. Mas o que poderia fazer se sua filha havia feito esse pedido? Era um direito de Emmelie visitar o lugar onde a mãe estava. Ele só não esperava que fosse tão cedo e tão de repente.

[...]

O carro enfim estacionou na frente do cemitério. Foram rápido na escolha das flores numa floricultura próxima. Emmelie queria flores brancas e seus olhinhos buscaram as ideais assim que entrou no estabelecimento. Quando viu um arranjo de flores brancas de cerejeira ficou encantada e foi aquela que escolheu. Eram lindas, delicadas e transmitiam uma sensação de paz e harmonia. Era assim que Emmelie esperava que Rosalie estivesse. Linda e em paz, como a pessoa calma que sempre foi segundo o que lhe contavam.

Apesar de estarem inseguros quanto a deixar Emmelie entrar naquele cemitério, assim que viram a garotinha abrir a porta do carro e correr em direção ao grande portão de ferro cinzento, sorrindo com buquê de flores, Emmett e Shay souberam que estavam fazendo a coisa certa. Emmelie precisa disso tanto quanto Rosalie, que em algum lugar do céu observava seu doce pedacinho que ficara na Terra.

–Vem logo papai. - Emmelie pediu, chamando o pai com um aceno. Na outra mão segurava com cuidado as flores.

Emmett se aproximou segurando a mão de Shay, que tinha no outro braço uma Emmica muito entretida com os próprios dedinhos.

–Nós vamos ficar aqui esperando vocês, tudo bem? - Shay avisou, colocando Emmica no chão e segurando sua mãozinha.

–Certo. Vamos Emmelie. - Emmett se soltou da esposa lhe beijando a cabeça, depois foi até filha mais velha e, juntos de mãos dadas, cruzaram o grande portão.

–Tchau, tchau Melemie. - Emmica acenou para a irmã. A vozinha e o rosto pareciam tristes.

Emmelie revirou os olhos ouvindo, mais uma vez, a irmã pronunciar seu nome errado.

–Papai segura, por favor. - Emmy passou o buquê para o pai e correu de volta para onde a mãe e a irmã estavam.

Emmelie se agachou na frente da irmã segurando as mãozinhas dela.

– Eu não vou demorar Mimica. - A pequena sorriu com o apelido dado pela irmã mais velha. -Fica com a mamãe Shay enquanto eu vou deixar as florzinhas para minha mamãe Rose. Já volto, eu prometo. - Emmelie beijou a testa da irmã e voltou para perto do pai. Então ela e Emmett seguiram de uma vez para lápide de Rosalie.

Pai e filha caminharam em silencio. Emmett curioso para saber a reação de Emmelie quando realmente estivesse em frente ao túmulo da mãe, e ela apenas ansiosa. Assim que encontrou a lápide da falecida esposa, Emmett parou segurando a mão da filha e a conduziu para mais perto.

–É aqui papai? – ela perguntou olhando para ele. Os olhos castanhos pareciam revelar insegurança, talvez até medo. No coraçãozinho dela, esperava pelo menos que pudesse ouvir ou ver algum sinal de sua mãe. Mas não. Tudo ali estava cinza e sem graça. Estava morto.

–É sim, meu anjo. – ela respondeu, apertando sua mãozinha.

Ela tornou a olhar para lápide da mãe, vendo as flores secas jogadas sobre o nome de Rosalie. Soltou da mão do pai e foi até o local, se ajoelhou e tirou as flores velhas de lá. Com a mão mesmo limpou um pouco de terra e folhinhas que estavam sujando o nome da mãe. Depois ajeitou as novas flores no lugar, as lindas flores de cerejeira já dando um toque mais suave ao local. Ela sorriu, satisfeita com o resultado. Limpou as mãos uma na outra e depois passou na saia jeans que vestia, salpicando terra por ela e pela maia-calça preta de coraçõezinhos que vestia.

Emmelie encarava o túmulo com o pescoço inclinado e, assim que uma brisa soprou seus cabelos para o rosto, abaixou a cabeça pensando no que falar. Olhou para trás vendo Emmett encará-la. O pai lhe sorriu confiante, piscou e deu alguns passos para trás, mostrando que ela poderia ter aquele momento particular.

Emmelie respirou fundo, olhou para o céu azul onde o sol brilhava fraco, depois tornou a encarar a lápide de Rose e tocou seu nome.

–Oi mamãe. – ela começou, sentindo a brisa tocar sua pele. – Eu sei que nunca vim aqui te ver, mas... – ela pensava nas palavras antes de falar. – Mas agora eu vim. Vim dizer que eu te amo muito, mamãe, e sinto sua falta.

Seu dedinho fazia o contorno por cima das letras do nome de Rosalie. Emmelie fungou, tentando segurar o choro. Não entendia porque, mas sentia vontade de chorar. Era apenas uma criança emocionada.

–Mesmo não te conhecendo, mamãe. Você sempre vai ser minha mãe, minha mamãe Rose. – ela sorriu no mesmo instante em que uma lágrima cristalina rolou por sua bochecha. Ela secou com o dorso da mão. – Na verdade, eu acho que te conheço sim. Não só pelo que o papai, o vovô Carlisle ou o tio loirinho me contam. Eu sei que te conheço bem aqui, mamãe. – Emmelie colocou a mãozinha sobre o peito, onde batia o coração. Um coraçãozinho cheio de amor e saudade. Que agora se enchia com a certeza de estar tendo a oportunidade de dizer a Rosalie tudo que sempre quis.

–No meu coração. Você sempre esteve comigo, né? – ela riu de leve. – Papai dizia que era meu anjinho. Ainda diz, sabia? – fez silêncio por uns segundos. –Ele sente sua falta também. Ele ficava muito triste, mas aí a mamãe Shay chegou e agora nós somos uma nova família e eu tenho uma irmãzinha. – ela falou orgulhosa. Em sua mente as lembranças de alguns momentos com Shay e depois com Emmica e os novos avós maternos lhe fizeram sorrir. - Mas ninguém nunca vai ocupar seu lugar no meu coração, mamãe Rose. Eu sempre vou me lembrar das histórias que o papai contava, da historinha do meu nome. Essa era minha preferida.

Outra lágrima de se fez presente no rostinho de anjo, mas dessa vez Emmelie não a secou. Deixou escorrer e logo outras vieram.

–Obrigado por me amar sempre, por cuidar de mim mesmo depois de ir para o céu. – ela fungou, chorando baixinho. –Você é só minha mamãe Rose e não quero te dividir com ninguém. É só minha anjinha da guarda. –ela conseguiu abrir um sorrisinho. – Eu sempre tenho que dividir tudo com a Emmica, até o papai. Eu não ligo, eu até gosto. Menos quando ela quer minhas medalhas da natação, aí eu fico brava. – ela riu de leve. –Quando eu ganhar um troféu bem grande numa competição de verdade eu vou dizer que ganhei por você, mamãe. Espero que fique feliz por mim.

Coincidência do destino ou não, outra vez a brisa soprou. Emmelie fechou os olhos, sentindo a sensação gostosa da pele formigar. Era como se a cada pergunta o vento respondesse confirmando que Rosalie estava lhe ouvindo. Era com essa certeza que ela ficava realizada sabendo que sua mamãe estaria sempre prestando atenção nela.

–Eu queria que você estivesse no meu aniversário. O ultimo foi tão legal. Teve piscina, um bolo enorme, balões coloridos e sorvete. A Emmica até caiu e chorou. Mas depois ficou tudo bem. – Emmelie sorriu se lembrando da festa. – Só faltou você, mamãe Rose. Ah, eu ainda tenho a pulseira que a tia Alice me deu quando eu era bebê. – ela ergueu o braço, erguendo a manga do casaco para expor a pulseira com pingentes de ursinhos. – Os ursinhos somos nós: eu, você e o papai. Eu nunca tiro e por isso sei que você está sempre comigo. Mas acho que mesmo se tirasse você ainda estaria aqui. – outra vez tornou colocar a mão sobre o coração.

Nesse momento o celular de Emmett tocou. Emmelie virou para ver o pai atender. Não demorou muito e ele veio até a direção dela.

–Vovó Esme disse que a tia Alice chegou para passar o fim de semana por aqui. Ela está morrendo de saudades da bonequinha dela. – ele falou, ajoelhado ao lado da filha.

–Tá bom, eu já estou indo. Só vou me despedir, posso?

–Claro, meu amor. – ele beijou a testa dela e ficou de pé, se afastando.

–Bom, eu tenho que ir mamãe. Estou morrendo de saudades da tia Lice. Agora ela mora longe com o tio loirinho, que é o tio Jazz. Ele me mostrou fotos de vocês quando eram crianças e, mamãe, eu tinha um vestido vermelho igualzinho o seu. – Emmelie sorriu orgulhosa. Tornou a arrumar as flores sobre a lápide, querendo deixar o local perfeito. –Agora tenho mesmo que ir. Mas eu volto, tá bom? Vou pedir para o papai para voltar e trazer flores novas e cheirosas para quando essas ficarem secas e feias. – ela fez careta, mostrando a língua. – Te amo mamãe. Pra sempre.

Emmelie beijou as pontas dos dedinhos e tocou o nome de Rosalie na plaquinha prateada, onde havia a data de nascimento e óbito. Então ficou de pé, limpou a terra e os matinhos grudados na saia e na meia, enquanto o pai se aproximava.

–Vamos? – ele estendeu a mão para a filha que a apegou apertando com segurança.

–Vamos. – ela confirmou.

Os dois andaram desfazendo o caminho que haviam feito antes. Emmelie olhou uma última vez para o túmulo e acenou.

–Tchau mamãe Rose. – sussurrou, olhando para as flores em cima da lápide. Foi nesse instante que viu a brisa balançar o pequeno buquê das flores de cerejeira. As flores de mexeram, como se o vento fraco as empurrasse para mais perto da lápide, deixando em evidencia o nome completo de Rosalie.

Emmelie sorriu. Era como se a brisa ou as flores quisessem confirmar que aquele presente era para Rosalie, que ela estava ali e o estava recebendo. Isso bastou para satisfazer o coração amoroso da criança. Emmelie dormiria com a sensação de missão cumprida. Dormiria feliz sabendo que sua mamãe estava feliz com ela.

–Melemie, mamãe. É minha imãzinha. –Emmica falou animada vendo Emmelie e o pai se aproximarem.

–É sim, meu amor. E o papai também. – Shay, que estava com a pequena no colo, beijou sua bochecha.

Enfim Emmett e Emmelie cruzaram o portão, deixando para atrás o clima pesado e silencioso do local.

–E aí, como foi? –Shay perguntou, passando Emmica para o colo de Emmelie que esticou os braços contente para receber a irmã. Emmett seu um selinho na esposa, respirando e sorrindo de leve.

–Foi tranquilo. Emmelie falou tudo que seu coraçãozinho pediu. Eu só fiquei ouvindo de longe algumas coisas. Tenho certeza que Rosalie ouviu tudo. – ele suspirou, passando o braço em torno dos ombros de Shay.

–Ouviu sim, amor. E deve ter ficado muito feliz pelo que a filha fez. Só espero que a Emmelie continue... – ela hesitou falar, olhando para os pés depois para as duas irmãs que riam juntas enquanto a mais nova batia palmas. –Só espero que ela continue me amando como mãe também.

Emmett a encarou, notando a tristeza no olhar e na voz dela.

–Amor, não se preocupe. Emmelie jamais deixaria de te amar como mãe. Você tem seu lugar no coração dela, assim como a Rose tem. Não há disputa no coração da nossa bonequinha. Relaxa ok? – Ele beijou lhe a bochecha, acariciando o queixo dela.

Shay sorri, pensando no quanto estava sendo boba. Emmelie sempre soube amar as duas mães. A que estava ao seu lado e a que cuidavas dela lá do céu. Não havia porque ter medo de perder seu lugar, amor e carinho. Esse tipo de sentimento não se conquista da noite para o dia e, quando se forma, é pra sempre.

–Tem razão, estou sendo boba. Obrigado amor. – ela se virou para beijá-lo, segurando o rosto dele e raspando as unhas onde a barba rala já crescia.

O beijo doce, lento e romântico serviu para afastar de uma vez por todas os medos do coração dela. Quem passasse por ali acharia a cena um tanto estranha. Duas crianças rindo e brincando e um casal apaixonado de beijando. Tudo isso em frente a um cemitério. Pena que não saberiam nem metade da história que enfrentaram para terem ido parar ali protagonizando tal cena.

–Eca! Eles estão se beijando, Emmica. É feio, né?! – Emmelie falou fazendo careta, chegando perto dos pais com a irmã no colo.

–Tão bejano. Melemie não góta. Nem Mimica góta. É feio sim. É feio papai. – Emmica mostrou a língua para os dois, fazendo Shay rir.

Emmett pegou a caçulinha no colo, encheu seu rostinho de beijos a fazendo rir. Shay abraçou Emmelie por trás, cruzando as mãos na frente do peito dela. Emmelie olhou para mãe e depois para irmã rindo. Sorriu também se sentindo tão feliz por ter essa família. Pela irmã, papai e nova mãe que tinha.

–Podemos ir, gatinha? – Shay perguntou após dar um beijo estalado na bochecha da filha.

–Aham. Vamos ver a tia Lice! – ela disse animada.

Logo Shay abriu a porta para ela entrar no carro enquanto Emmett, do outro lado, ajeitava Emmica na cadeirinha de segurança.

–Vamo vê a titia fadinha, é? – Emmica perguntou.

–Isso mesmo, bebê. A Tia Alice fadinha. – Shay confirmou, do banco do carona, colocando o cinto em si mesmo.

–Eba! – A pequena comemorou.

Emmett deu a partida do carro e rumaram para casa de Esme. Um pedaço da família indo encurtar outro, para se completarem. Eles eram como um grande e lindo quebra-cabeça. Cada peça essencial para que ficasse tudo encaixado e perfeito. E, apesar de Rosalie ser a peça que faltava no momento haviam encontrado uma forma de se completarem sem ela.

Mas sabe aquele tipo de detalhe que mesmo podendo ser substituído por algo novo sempre seria lembrado e faria falta? Então, era Rosalie. Ninguém havia usado Shay para substituí-la, apenas viraram uma página em que algumas letras tinham sido apagadas por lágrimas, e seguiram para próxima folha do livro.

Os Hale, Cullen e Houston não estavam apenas em uma nova página. Já era um novo capítulo. Mais um capítulo dessa história que teve tantos altos e baixos, mas prometia um final feliz. A história de vidas de que cruzaram de forma essencial. Uma história com lição para uma vida toda. Lição de amor, que quebra barreiras inimagináveis, e superação.


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Notas finais do capítulo

Então, apesar da demora, valeu a pena esperar? Espero que sim.
Com aperto no coração me despeço mais uma vez da minha bonequinha Emmelie, da nova fofura da família, Emmica, e do nosso casal.
Obrigado por estarem comigo até aqui, amei de coração escrever esta fic.
Beijinhos da Joi :33