Nos corredores do grande hospital de Port Angeles era impossível não notar o vai e vem apressado de médicos e enfermeiros. Afinal, um hospital não é um lugar calmo, ao contrário, é local onde perdemos toda calma e o nervosismo toma conta.

No 2º andar, na ala da maternidade, o desespero de um homem tomava conta do ambiente.

Emmett Cullen, 27 anos, cabelos pretos, olhos castanhos envolventes e um sorriso de covinhas que não se fazia presente no rosto perfeito. Isso porque acabara de perder o amor de sua vida.

Há 4 anos, Emmett era casado com Rosalie Hale, uma linda jovem de cabelos cumpridos e dourados, olhos castanhos claros e lábios vermelhos que a tornavam irresistível para qualquer homem. Mas ela só tinha olhos e coração para Emmett Cullen.

Esse casal apaixonado sonhava em construir uma linda família juntos, rodeados de crianças alegres correndo pela casa.

E foi aí que os problemas começaram. Rosalie tinha dificuldades para engravidar, então deram início a um tratamento. Após meses e meses de tentativas frustradas, inseminações fracassadas e a dor de achar que nunca poderia gerar uma criança, finalmente a sorte lhes sorriu e Rose engravidou.

Daí em diante o casal era só sorrisos e empolgação com o mais novo membro da família Cullen Hale. O pai de Rosalie, Carlisle, e o irmão Jasper não continham a felicidade em saber que a eterna garotinha da família Hale estava grávida. Pena era não poderem compartilhar tamanha alegria com Carmem, a esposa de Carlisle, que morreu de tuberculose há 2 anos.

Assim como os Hale, a família Cullen deixava transparecer a todos o quão orgulhosa estava com a notícia. Esme e Eleazar, pais de Emmett, Edward e Alice, não se aguentavam de empolgação. Principalmente a caçula, Alice de 21 anos, que não via a hora de mimar o sobrinho ou sobrinha.

Em meio a tantos sorrisos, emoção, alegria e empolgação, surge uma notícia ruim. É sempre assim, o destino parece que a qualquer momento vai nos arrancar a felicidade. O que era motivo de comemoração passou a ser motivo de preocupação.

Aos 3 meses de gestação, Rosalie descobrira que sua gravidez era de risco e devido ao estresse do trabalho, o que lhe estava causando problemas de pressão alta, teria que deixá-lo para não gerar mais problemas.

Um tanto teimosa e cabeça dura, Rose bateu o pé e disse que aguentava trabalhar por mais um tempo no escritório de advocacia. Ela sabia que não precisava disso, tanto sua família como a de Emmett eram de boa situação, classe média alta, não teria que se preocupar com despesas. Emmett trabalhava na Agência de Viagens Cullen, de sua família, no setor de contabilidade. Mas Rosalie era independente, e assim queria continuar sendo.

Trabalhou até os 5 meses e foi aí que não aguentava mais. Ela sentia constantes dores de cabeça, nas costas, se cansava rápido de mais. Por bem ou por mal teria que ficar em repouso direto, e sob muitos protestos assim o fez.

O restante da gestação foi menos atribulada. E quando chegou a hora do parto, em que parecia que nada daria errado, tudo se complicou. Ainda com 8 meses, Rosalie dera entrada na maternidade do Hospital de Port Angeles.

Na mesa de cirurgia, Rosalie já perdia muito sangue, estava com uma hemorragia interna difícil de ser contida. Pelo que os médicos diziam seria uma tarefa complicada salvar a mãe e o bebê.

Com as forças que lhe restavam, Rose implorava para garantirem a vida de sua filha. Sim, ela esperava uma menina. O nome já estava escolhido. Emmelie, a junção dos nomes Rosalie e Emmett.

O trabalho complicado dos médicos se estendeu por horas. Emmett e a família, tanto os Hale como os Cullen, aguardavam ansiosos e preocupados notícias dos médicos na sala de espera.

Uma enfermeira saiu da sala onde Rosalie estava sendo operada e caminhou até o local onde todos esperavam, trazendo consigo notícias nada agradáveis.

-Senhor Emmett Cullen? – ela chamou.

-Sou eu. Ela está bem? A Rosalie está bem? E minha filha? – Emmett disparou em cima da pobre enfermeira uma enxurrada de perguntas. O desespero em sua voz era palpável.

-Acalme-se, por favor, senhor Cullen. Os médicos pediram pra chamá-lo.

Emmett apenas assentiu, arrastou os pés seguindo a enfermeira e entrou na sala de cirurgia.

Um dos médicos veio falar com ele, e depois de ouvir cada palavra, suas pernas cambalearam tamanha sua angústia.

A notícia que lhe fora entregue era que Rosalie não resistiria mais do que alguns minutos. A hemorragia interna no corpo dela não dava pra ser controlada. Eles apenas o chamaram, pois ela queria se despedir.

Médicos e enfermeiros saíram da sala, deixando um Emmett com a cabeça girando e uma Rosalie quase sem vida na cama hospitalar.

-Rose, meu amor, fala comigo. Por favor, não faz isso. Não me deixa. – Emmett sussurrava no ouvido da esposa.

Rose abriu os olhos, a visão já embaçada, e lhe sorriu. Sorriu como se nada de ruim estive prestes a acontecer.

-Emm, cuide da Emmelie. Ela é tão linda e pequena. Precisa de você. – falou num sussurro quase inaudível.

-Nós vamos cuidar dela juntos. Você não pode me deixar Rose, eu preciso de você. – Emmett falava. A voz embargada pelo choro.

-Ainda vai ter um pedacinho de mim com você. – Rose falou. Os olhos já não aguentavam ficar abertos. Fechavam e abriram constantemente, e a cada piscada ela se sentia mais longe da Terra e mais próxima do céu.

Emmett deitou a cabeça no peito de Rosalie e deixou as lágrimas rolarem mais. Ela também chorava, mas não desesperada como ele. O choro de Rosalie era de saudade, saudade por não poder ficar perto de sua família que tanto ama e de sua filhinha recém-nascida.

-Eu te amo Emm. E sempre vou estar com vocês. – Rosalie falou e seus olhos se fecharam ao som de seu último suspiro.

O grito de desespero de Emmett fora ouvido do lado de fora da sala.

Não, ele não queria aceitar, ele não podia aceitar que sua Rosalie, o amor de sua vida, estava morta.

Não, isso era de mais pra ele.

-Por favor, Rose, não faz isso. Fica comigo. Anjo, por favor. Abre os olhos. – A dor tomando conta de sua voz, fechando sua garganta e o fazendo engasgar com as lágrimas como uma criança assustada.

Ele chorava desesperado agarrado ao corpo da mulher. Não queria soltá-la de jeito nenhum, achando que assim, de alguma forma, poderia a impedir de partir.

Os médicos retornaram a sala, levando Emmett dali para perto de seus familiares. Foi necessário dois enfermeiros para o retirarem do lado da cama hospitalar onde o corpo inerte de Rosalie repousava.

Pelo olhar de Emmett não precisava ser um gênio para entender o que havia acontecido. Rosalie tinha partido. Seu anjo tinha voado para longe.

Reconfortado pelos braços das mãe, Emmett chorou. Chorou como uma criança que não sabe onde os pais estão. Uma criança com medo do escuro ou de coisa pior. Chorou como se sua vida tivesse acabado.E para ele isso realmente havia acontecido.

O que ele faria agora sem sua Rosalie? Qual era o motivo de viver se sua vida havia partido?

Porque para Emmett, Rosalie era sua vida. Nenhuma mulher jamais tocou seu coração de tal forma.

Mas a partir dali outra vida dependia de Emmett.

Emmelie.

Pobre criança. Nas primeiras horas de vida, sem entender nada, já passava por tamanho sofrimento.

Cresceria sem mãe, e talvez se sentisse culpada por isso no futuro.

As últimas palavras de Rosalie ecoavam na mente de Emmett.

Ela sabia que poderia partir em paz, pois Emmett jamais deixaria o fruto de seu amor, de um amor puro e forte, desamparado. Rosalie tinha toda certeza em seu coração que Emmett amaria Emmelie e a protegeria de todo mal que pudesse lhe atingir.

E foi assim que alma de Rosalie se despregou do corpo de anjo para ser livre no céu. No Paraíso.

Mas como ela poderia se entregar a uma eternidade tranquila sabendo que sua filha, tão pequena e indefesa, estaria sem o carinho de mãe que só ela poderia lhe dar?

Não, Rosalie prometeu que estaria sempre com eles e não quebraria sua promessa. Sempre estaria com Emmett e Emmelie e faria o possível e o impossível para vê-los.

E assim sua alma de anjo vagava pelo céu, pelas nuvens. Só esperando o momento em que Emmett ou Emmelie precisassem dela. A partir dali, Rose não seria só mais uma alma bondosa no céu. Agora, ela seria o anjo da guarda de sua pequena Emmelie Meghan Hale Cullen.