O Elo Perdido escrita por Conta órfã


Capítulo 3
Naufrágio


Notas iniciais do capítulo

Tento intercalar capítulos de ação com capítulos mais calmos, para que a leitura não fique cansativa. Espero que gostem!



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– Como assim, ’não tem nada lá fora?’ – Aline perguntou assustada.

– Estamos no mesmo lugar de antes. Apenas depois das explosões. Não restou nada.

– E como saímos daqui?

– Sem a TARDIS funcionando... – ele sentou-se nas escadinhas próximas ao sofá. – Não saímos.

– E você sabe como consertá-la?

– Talvez. – ele passava os dedos pelas estruturas de metal, como se quisesse acariciar a máquina.

Foi quando Clara acordou.

– O que houve? – ela passou a mão pela testa.

– Você foi queimada mas conseguimos chegar a tempo, levantamos voo, a TARDIS foi atingida, caímos e estamos presos no meio do nada. – o Doutor explicou.

– Mas... Onde está minha queimadura? – ela olhava para o buraco na perna da calça. Sua pele, por sua vez, estava intacta.

– Aline a curou. – ele disse, como se fosse a coisa mais óbvia do mundo. Aline o lançou um olhar fulminante.

– Como assim? – Clara franziu a testa.

– Da colônia que eu venho, aprender a curar machucados é tão elementar quanto soma e subtração. Nosso povo não tem tempo a perder com feridas. – Aline manteve a pose.

– E o que vamos fazer em relação à TARDIS? – Clara mudou de assunto, levando pouca fé nas palavras de Aline.

– Vou tentar consertá-la. Agradeço se quiserem me ajudar. – ele respondeu, com um sorriso. Nem mesmo na situação mais desesperadora o Doutor deixava a peteca cair.

– Por que você não usa sua chave sônica? – ela sugeriu.

– Seria um pouco difícil, porque há muito a ser consertado. Ela serve bem como uma ferramenta de precisão, e não de potência.

Clara deu de ombros.

– De qualquer forma, as ferramentas e a caixa de energia ficam na segunda porta à direita do corredor. – ele disse, enquanto dirigia-se corredor adentro.

Clara se levantou e foi atrás dele. Aline, no entanto, permaneceu sentada e pensativa.

– Não acredito que ela não vai nos ajudar. – Clara comentou com o Doutor discretamente. – Afinal de contas, ela também está presa aqui.

– Não a questione, Clara. – ele respondeu, amigável. – Talvez o que ela esteja fazendo agora nos vá ajudar mais do que se ela estivesse pondo a mão na massa.

– Não vejo como ficar sentada vai nos ajudar de qualquer forma.

O Doutor não respondeu; apenas apanhou algumas ferramentas para si e para Clara. Ele a explicou o que deveria ser feito em cada parte, e ambos trabalharam por horas a fio. Logo perceberam que naquele planetinha não anoitecia, ou pelo menos demorava muito para isso, então eles deixaram o cansaço determinar quando eles deveriam dormir.

Enquanto o Doutor e Clara estavam dormindo, Aline levantou-se e foi até a sala de ferramenta, reflexiva. Encontrou uma caixa com chaves sônicas usadas, algumas quebradas, outras apenas antiquadas. Pacientemente, ela desmontou uma por uma e, com as partes boas, construiu uma enorme chave sônica que se parecia com uma grande furadeira. Tendo encarado o problema da chave sônica, ela não criou uma ferramenta de precisão apenas, mas também de potência. A furadeira sônica de Aline possuía vários módulos, nos quais a potência e a precisão poderiam ser reguladas.

Em seguida, Aline abriu a caixa de fiação e viu vários fios queimados e estourados. Sua precisa e potente ferramenta deu conta de todos. Em seguida, ela se dirigiu ao salão principal, onde ficavam os controles e os paineis da TARDIS, e consertou o que ainda restava.

Com a energia que ela acumulara durante sua meditação, Aline fez uma chupeta na TARDIS e conseguiu ressuscitá-la. No entanto, isso a fez descarregar toda sua energia, e ela cambaleou até o sofá, pegando no sono imediatamente.

Ao acordar, Clara foi até o salão principal e levou um susto ao ver tudo no seu devido lugar. Sentou-se ao lado de Aline no sofá. Seus lábios estavam ligeiramente entreabertos, e ela respirava tranquila. Apesar da expressão serena, ela parecia cansada. Seus cabelos curtinhos estavam lindamente bagunçados, e Clara sentia uma enorme de tentação de passar seus dedos por eles, que aparentavam ser macios como veludo.

Ela levou a mão hesitantemente à cabeça de Aline, com medo de seu toque a despertar, e com mais medo ainda da sua reação. Com cuidado, os dedos de Clara entrelaçaram-se nos fios de cabelo de Aline, o carinho sempre delicado. Seu polegar analisava e apreciava a textura, e como Clara estivera errada. Aqueles cabelos eram muito mais macios do que veludo... Na verdade, eles não se comparavam com nada que ela já tivesse tocado.

Infelizmente, ao ouvir os passos do Doutor se aproximando, Clara teve de retirar sua mão rapidamente e disfarçar. Ela pôde ver a expressão dele se abrir num enorme sorriso, e ele segurou Clara pelos braços.

– Minha TARDIS está novinha em folha!

– Agradeça à Aline. Não sei como, mas foi ela quem reconstruiu a TARDIS inteira!...

– Ah, Aline! – o Doutor pulava de alegria. Mas teve de se conter. – Não, não vou acordá-la. Vou preparar um café. Aceita?

– Um cappuccino seria ótimo.

Assim, o Doutor dirigiu-se à cozinha, e Clara olhou novamente para a garota adormecida. Suspirou longamente... O que em Aline a deixava tão encantada?


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