O recomento dos cidadãos das muralhas foi um sucesso de um certo ponto. Mas por outro lado, muitos soldados foram mortos. Nyahmaru foi deles, decapitado por algum traidor. Nenhum dos solados poderia começar uma investigação já que a cena do crime estava cercado de titãs. Dariu acordou num quarto improvisado. Muitos soldados estavam feridos. No local, ele encontrou Adam coberto de ataduras. Do outro lado Yumi encontrava-se sem consciência com uma ferida na cabeça.

– Até que enfim acordou soldado – disse Mayles uniformizado, ele como sempre jogava a franja por cima do olho. Ele parecia estar com o braço machucado já que estava enfaixada. Ao seu lado estava um soldado alto, moreno de boa forma.

– Senhor Mayles, qual foi o resultado da missão? Muitas vidas foram salvas? – perguntou Dariu não conseguindo se mover graças ao cansaço excessivo e dores da queda que tivera.

– Sim, porem muitas vidas acabaram sendo perdidas. Inclusive de Nyahmaru certo? Alguns soldados relataram que ele foi morto por um traidor. Você confirma isso? Porque segundo as testemunhas você era quem estava mais perto do soldado.

– Sim, eu vi quando alguém encapuzado o atingiu no pescoço. Era alguém forte pra ter arrancado a cabeça dele. Logo em seguida eu perdi os sentidos, não pude ver quem era – disse Dariu sentindo sua perna latejar, estava ficando dormente, mas estava tão exausto que nem movê-la conseguia.

– Este é Bartolomeu, ele está me auxiliando nos interrogatórios – O cabo apontou para o soldado que o acompanhava, ele vestia um uniforme com o brasão de unicórnio.

– Senhor, mais algum dos companheiros da minha equipe foram mortos?

– Não, só há feridos. Se na cidade foi esses desastre, não quero nem pensar em lugar aberto, apenas com titãs e árvores. Todos correram risco por sua culpa sabia? Por ter abandonado a missão todos quase foram mortos. Isso é um risco muito grande a se pagar por uma ação mal pensada. Não cometa o mesmo erro – disse Mayles virando-se prestes a sair do local quando fez um anuncio – Tratem de melhorar logo, pois já temos uma nova missão e os titãs não tiram férias. Muito menos os criminosos. Diante desses fatos que atingiram fortemente os soldados, eles estão se aproveitando para fazer furtos e sequestros nas muralhas de Sina. Nós vamos investigar e precisamos de todos vocês recuperados. Entediado?

– Sim senhor – responderam os acordados.

– Até mais tarde – disse saindo com o Bartolomeu.

Se passaram duas semanas desde o segundo ataque do colossal. A maior parte dos soldados estava recuperado. E a onda de sequestros de crianças estava aumentando. A polícia militar não estava dando conta e a tropa de exploração acabou pegando o caso.

– Que bom que a equipe está recuperada, mesmo com a morte de alguns, – disse Mayles sem mudar a expressão do rosto – mas isso não é motivo de desistir. Vamos continuar trabalhando pelo bem da humanidade certo?

– Sim senhor! – gritou o pequeno grupo de soldados fiéis ao cabo e líder.

– Quem deveria ser responsável por você é a Tracey, mas ela voltou para as muralhas hoje e merece descanso. Os seus superiores nessa missão sou eu e o antigo parceiro de vocês, Bartolomeu Marx – ele deu um passo para trás para que o soldado ficasse mais visível – Passe o relatório para eles.

– Há uma série de sequestradores nas muralhas de Sina, são geralmente crianças de 3 à 14 anos de idade. Tudo muito rápido, depois eles mandam uma carta exigindo dinheiro em troca da criança. Nossa missão é desmascarar esses homens.

– Mas quais foram os locais dos sequestros? – perguntou Cayke atenta ao caso.

– Lugares aleatórios, a única coisa em comum nas vítimas são os pais ricos.

– Então são apenas sequestradores no lugar certo na hora certa. Nada mais nada menos. Se forem desorganizados desse jeito, conseguiremos facilmente – comentou Murillo ajeitando os óculos – posso ler os relatórios para fazermos um plano?

– Seus soldados são mais eficientes que eu pensava.

– Cabo Mayles? Posso falar com o senhor por um instante?

– Claro. Algum problema? – perguntou o superior arrumando sua franja.

– No dia da invasão eu lembro perfeitamente que você me salvou do titã. Queria agradecer.

– Nós devemos agir como equipe para salvar a humanidade. Não precisa agradecer.

– Mas se me lembro bem, assim que me tirou da boca do titã você foi engolido. Como escapou apenas com um problema no braço? – perguntou Kimberly olhando para o membro já curado e sem cicatrizes.

– Eu abri um buraco na garganta daquele monstro e sai. Nada tão complexo. A faringe desses monstros é tão sensível quanto a nossa.

– Cabo Mayles! Eu criei uma estratégia para capturar esses criminosos – disse Murillo confiante de que tudo sairia como esperado. Os dois líderes da missão seguiram até a mesa com o mapa da pequena cidade localizada em Sina – Vamos espalhar “iscas” em 4 pontos aleatórios. Dois lugares com movimentos e dois lugares sem. Ficaremos de guarda em cima das casas com o DMT. Se realmente forem um grupo, uma delas será facilmente localizada e sequestrada. Apenas precisamos segui-los até seu esconderijo e pegar todos eles de uma só vez.

– Mas para isso teríamos que nos separar, qual seria o sinal para reunir o grupo? – perguntou Bartolomeu olhando para o mapa.

– Vão ter dois de nós para cada criança. Nós iremos seguir os sequestradores e assim que conseguirmos encontrar onde se reúnem, atiramos com o sinalizador – explicou Adam – mas a equipe deve ficar atenta e ser rápida para se mover até o local ou então será tudo em vão.

– São 4 crianças certo? As duplas serão: Yumi e Kimberly, Emma e Myriam, Adam e Caike, Dariu e Clarie – Mayles deu uma breve pausa, depois de tossir continuou - Murillo e Akemi, assim como Bartolomeu e eu, vão ficar de longe observando esperando o sinal. Nós somos responsáveis em sermos os primeiros a chegar no local, entendidos? Murillo é o mais observador e Akemi é uma das mais velozes. Essa é a melhor estratégia. Todos conseguiram me entender?

– Sim senhor! – responderam em coro.

– Cayke seja gentil com o Adam ok? – disse Mayles olhando para a garota com um leve toque de reprovação, ela apenas sorriu sarcástica – Myriam tem certeza que quer ajudar a tropa de exploração mais uma vez?

– Sim, ainda estou de licença nas tropas de estacionárias e não quero perder a prática.

– Entendo. Está ótimo, mas não atrapalhe desta vez, por favor. – Disse Mayles com dureza.

– A missão começa hoje. Eu posso arranjar as crianças – disse Bartolomeu pegando o equipamento em cima da mesa – se preparem e me encontrem em cima da igreja principal em meia hora.

Os soldados já estavam reunidos no horário marcado, todos armados, devidamente uniformizados com as capas verdes e equipados de DMT.

– Não percam as crianças de vista, nós temos total responsabilidade sobre elas – disse Mayles sério – Não esqueçam de alertar o resto do grupo assim que encontrarem os sequestradores. Vão!

A missão teve inicio, os soldados se separaram dividindo-se como foram ordenados. Dariu e Clarie receberam ordens para vigiar Lire, a pequena filha de um homem poderoso em Sina. A soldado não tirava os olhos da garota que brincava numa praça movimentada, mas algo a incomodava. Dariu não se importava com a missão, ele estava indiferente desde que o plano foi feito.

– O que está acontecendo? – perguntou Claire sem mudar seu foco.

– Nada. Porque está fazendo uma pergunta tão fútil?

– Você está estranho, não está preocupado com as crianças?

– Não, na verdade estou perdendo as esperanças na humanidade aos poucos. Não me importo com uma missão ridícula dessas. A humanidade não vai morrer nas mãos dos gigantes, ela mesma vai se destruir. Anota o que estou falando.

– Eu também acho que os humanos precisam se ajudar ou seremos extintos por nós mesmo. Mas não podemos ficar parados e não fazer nada já que podemos evitar isso.

– Só quem tem poder para essas coisas são os ricos. E ele só pensam em dinheiro e no próprio bem estar. Mas ainda vou acabar com essa situação miserável.

– Olhe! É o sinal! – disse Claire apontando para a fumaça verde que surgiu no céu – Vamos.